Informativo janeiro e fevereiro de 2019

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Sumário. 2. Palavra do Editor 4. História e Espiritualidade Redentorista Afonso de Ligório – Uma vida que inspira Conselhos de Santo Afonso Orar a partir da natureza Dia da aprovação oficial da Congregação Redentorista 9. Perfis e Experiências Beatificação de São Geraldo Majela Beato Pedro Donders – Apóstolo dos tempos atuais e exemplo digno de respeito e imitação 11. Formação e Planejamento Pastoral Pirapora do Bom Jesus e seu Santuário – História e tradição – Rumo aos 300 anos 13. Família Redentorista Maria Celeste Crostarosa e a Ordem Redentorista – Ser Memória Viva do Santíssimo Redentor 15. Padre Vítor Coelho de Almeida Palavra, bênção e unção 17. Pelas Províncias e Vice-Províncias Província do Rio de Janeiro – Caminhada histórica e organização Vice-Província da Bahia A Presença Redentorista nas Filipinas 22. Nossa Senhora Aparecida História e arte em Aparecida 25. Notícias e Informações As doze regras para um bom advogado Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é a Padroeira de Mato Grosso do Sul A Prainha – Que não tem mais Prainha...

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1. Palavra do Editor

Um novo tempo! Em nossa vida pessoal, grupal ou comunitária, sempre estamos fechando ou abrindo ciclos, sucessivamente. Essa tônica de renovação acontece na natureza e no cosmos. Nas províncias redentoristas, um ciclo se fecha ou se abre com a conclusão ou abertura de um novo quadriênio, que coincide com a escolha de um novo Governo Provincial para ser o animador da vida dos congregados. Na Congregação, esse ciclo se dá a cada seis anos, com a abertura de um Sexênio, com a escolha de um Tema para o Sexênio que sintetize os esforços de renovação e de caminhada. Desta vez, o novo ciclo coincide com a mudança no governo civil da sociedade brasileira. Estamos todos, como uma criança recém-nascida, iniciando um novo tempo. Tempo que se faz marcado pela renovação, pela esperança e pelos desejos de um eterno vir a ser, como já escrevia o filósofo, pois tudo existe desde sempre, mas tudo é novo também. Seja essa a grande motivação de nosso viver, pois o ciclo de renovação nos impele, no clamor do evangelho, “a águas mais profundas”. Por causa dessa renovação, as comunidades se constituem e se reorganizam com novos 4

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membros, as frentes apostólicas desdobram-se em novos projetos das novas coordenações, e, mirando o futuro, vemos quanto temos a caminhar. Por isso, é hora de colocar as mãos na massa e seguir adiante! O primeiro texto deste informativo nos dá exatamente a razão maior de nosso caminhar, agindo e vivendo como redentoristas, pois Afonso de Ligório, com seu ideal de anunciar a Copiosa Redenção aos cabreiros, de ontem e de hoje, é “uma vida que inspira”. Entre as muitas datas históricas que temos para celebrar nos dois primeiros meses do ano, recordamos a data da beatificação de São Geraldo e lembramos a aprovação oficial da Congregação, pedindo a intercessão do Beato Pedro Donders. Por isso, boa leitura e que todos tenhamos um início de ano bem promissor e que este novo ciclo, que se abre, seja de muitas e boas realizações.

Pe. Inácio Medeiros, C.Ss.R. Editor pe.inacio@gmail.com


Capa.

Expediente. INFORMATIVO DA PROVÍNCIA Órgão da Província Redentorista de São Paulo Edição N. 264, Janeiro e Fevereiro de 2019 Superior Provincial Pe. Marlos Aurélio da Silva, C.Ss.R. Coordenador Editorial Pe. Mauro Vilela da Silva, C.Ss.R. Editor Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R. Revisão Bruna Vieira da Silva Luana Galvão Design e Diagramação Henrique Baltazar

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2. História e Espiritualidade Redentorista

Afonso de Ligório Uma vida que inspira O COMEÇO DA VIDA Filho de Dom José de Ligori e Dona Ana Cavalieri, Afonso nasceu em 27 de setembro de 1696, em Marianella, perto de Nápoles. Sua formação se deu com aulas particulares de humanidades, música, pintura, harmonia e composição. Aos 12 anos, começou a estudar direito e, em 1713, tornou-se doutor. Tinha 16 anos! CONVERSÃO AO EVANGELHO Até 1722, Afonso não havia perdido nenhuma causa como advogado. Nesse tempo, frequentava a Comunidade do Oratório e fazia parte da Confraria de Doutores, que trabalhava no Hospital dos Incuráveis. Os exercícios espirituais da Semana Santa daquele ano foram fundamentais na vida de Afonso. Na Páscoa, afastou-se da vida social (teatro) e desistiu do casamento como projeto de vida para si (esse era um dos sonhos de seu pai). Em 1723, perdeu uma causa que entrou para história de sua vida (Orsini e Médici); o que estava em jogo era um feudo. 6

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Santo Afonso Maria de Ligório

CRIATIVIDADE MISSIONÁRIA – AS CAPELAS DO ENTARDECER Em 1723, iniciou seus estudos para o sacerdócio. Participou, ainda, da Confraria dos Brancos da Justiça, que acompanhava os condenados à morte e seus familiares. Em 21 de dezembro de 1726, foi ordenado sacerdote. Nápoles contava com 250 mil habitantes. Afonso se preocupou com a massa de trabalhadores, pobres da grande cidade. Por isso, ficou conhecida sua experiência com as Capelas do Entardecer. MOMENTOS DE RUPTURA: NOVIDADES DE DEUS QUE CHEGAM Em 1729, saiu da casa de seus pais. Passou a viver no Colégio dos Chineses, casa sacerdotal fundada por Mateus Ripa, missionário expulso da China. Lá, teve a experiência de pregar as missões e aprofundou o trabalho nas Capelas do Entardecer. Em 1730, esgotado pelo intenso trabalho, foi a Scala para um descanso. Com um grupo de companheiros, seguiu para a ermida de Santa Maria


dos Montes. Lugar de extrema beleza! Foi aí que conheceu um grupo de cabreiros, gente pobre e sem nenhuma instrução religiosa. Seu biógrafo, Pe. Tannoia, escreveu que Afonso partiu de Scala, mas seu coração ficou ligado aos cabreiros. Pensava: quem vai cuidar dessa gente? Em Nápoles, havia um grupo de monjas que tinha Maria Celeste Crostarosa como líder, como visionária. Sua regra foi aceita em 1731, nascendo, assim, a Ordem feminina do Santíssimo Redentor. Em suas revelações, Celeste viu Afonso como superior da Ordem masculina. Afonso foi incentivado por Dom Falcoia. A CONGREGAÇÃO DO SANTÍSSIMO SALVADOR: NOVO GRUPO MISSIONÁRIO Em 9 de novembro de 1732, Dom Falcoia presidiu uma eucaristia, com a presença de Afonso, João Mazzini, Vicente Mannarini, João Batista de Donato, Silvestre Tosquez e Pedro Romano. Nasceu a Congregação Missionária do Santíssimo Salvador, que, em 1749, passou a se chamar Congregação do Santíssimo Redentor. Em 18 de novembro, chegou o irmão Vito Curzio. Já no final de 1732, o grupo se desfez, por desentendimentos. Afonso escreveu em seu caderno “coisas de consciência” e fez voto de não abandonar o instituto. Permaneceram Afonso e o Irmão Vito. Posteriormente, no meio de sua solidão, Afonso se alegrou com o grupo se refazendo: Januário Sarnelli, César Sportelli e Vito Curzio. Sempre buscaram os povoados e as aldeias, usaram a escrita... tudo para anunciar a Copiosa Redenção. Em 1738, o grupo abandonou Scala. Ficou três anos em Vila Liberi e depois se instalou em Ciorani. Nesse lugar, aumentou o número de membros da comunidade, lugar de impulso missionário. Em 1743, morreu Dom Falcoia, e Afonso passou a ser o reitor da comunidade. Em 1749, a Congregação foi aprovada pelo Papa. Nesse tempo, Afonso produziu suas melhores obras escritas (43-58) − são pelo menos 111 obras que escreveu ao longo de sua vida. O pastor, que teve uma proposta moral da misericórdia, em 1762, aos 66 anos, foi nomeado bispo de Santa Águeda. Sabemos como ele relutou para não ser bispo. No seu novo ministério, foi o bom pastor.

IMPREGNOU NO POVO SUA MORAL Em 1775, voltou à comunidade de Pagani, depois de ter renunciado ao episcopado. Suas ocupações preferidas foram a oração e a direção da Congregação. Esta, porém, ainda não era aceita pelo rei. Confiou, então, a dois conselheiros a escrita de um regulamento. Adaptaram para que fosse aprovado pelo rei. Entretanto o Papa desaprovou e declarou as comunidades do reino de Nápoles fora da Congregação. Mas continuaram observando a regra. Afonso morreu no dia 1º de agosto de 1787; foi canonizado em 1839; tornou-se doutor da Igreja em 1871; padroeiro dos confessores e moralistas em 1950.

Santo Afonso Maria de Ligório

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Conselhos de Santo Afonso Se você quer salvar-se, anote aí os sábios conselhos de Santo Afonso Maria de Ligório: 1. Frequente os santíssimos sacramentos. 2. Faça todos os dias uma meditação. 3. Vá à santa missa diariamente. 4. Visite todos os dias Jesus sacramentado. 5. Examine sua consciência. 6. Tenha, sobretudo, grande devoção a Nossa Senhora, que se chama a “Mãe da perseverança”. 7. Consagre-se, também, muitas vezes, inteiramente ao Senhor e diga-lhe, com ternura, especialmente de manhã, antes de suas ocupações: Ó Deus eterno, eis-me aqui prostrado em presença de vossa infinita majestade, e, adorando-vos humildemente, consagro-vos todos os meus pensamentos, todas as palavras e obras deste dia. Tenho a intenção de fazer tudo por vosso amor, para vossa glória; para cumprir a vossa divina vontade; para vos servir, louvar e bendizer; para ser iluminado acerca dos mistérios de nossa santa fé; para assegurar a minha salvação e esperar na vossa misericórdia; para satisfazer à vossa divina justiça pelos meus muitos e gravíssimos pecados, em sufrágio das almas santas do purgatório; e para obter para todos os pecadores a graça de uma verdadeira conversão. Em uma palavra, tenho a intenção de fazer tudo em união com as intenções puríssimas que em sua vida tiveram Jesus e Maria, todos os santos do céu e todos os justos da terra. Quisera que me fosse possível assinar esta minha intenção com o meu próprio sangue e repeti-la a cada instante tantas vezes, quantos são os instantes de toda a eternidade. Recebei, ó meu Deus amado, essa minha boa vontade; dai-me a vossa santa bênção com a graça eficaz de nunca cometer um pecado mortal em toda a minha vida, e, particularmente neste dia, no qual desejo e pretendo ganhar todas as indulgências que possa ganhar, assistir a todas as missas que hoje vão ser celebradas no mundo inteiro, aplicando-as todas em sufrágio das almas santas do purgatório, a fim de que sejam livradas daquelas penas. Assim seja. Meditações para todos os dias e todas as festas do ano Tomo II 8

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Orar a partir da natureza Santo Afonso Maria de Ligório

No dia primeiro de março, a Igreja no Brasil repetirá uma tradição que já vem acontecendo desde os anos 1960, ao vivenciar mais uma Campanha da Fraternidade. Este ano, a campanha fala dos biomas brasileiros, recuperando uma consciência da riqueza de nossa biodiversidade, que precisa ser preservada e protegida, e tem como tema “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida” e lema “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2,15). Lembremo-nos de que a Campanha da Fraternidade, assim como o agir evangelizador da Igreja, é sempre uma ação dinâmica, ou seja, a partir do entendimento da realidade que se nos apresenta (Ver), buscamos iluminá-la com os ensinamentos da Igreja, do Magistério e com a inspiração das Sagradas Escrituras (Julgar), para depois buscarmos uma postura no mundo, condizente com a nossa missão cristã (Agir). Propositalmente, recuperamos aqui dois textos oracionais de Santo Afonso, os quais, inspirados, ajudam-nos a rezar pela obra da criação. Assim nos diz ele em sua obra “O trato familiar com Deus”: Quando vires os rios e arroios correrem para o mar sem se deterem, pensa que assim deves correr tu para Deus, teu único bem. Quando ouvires o canto dos pássaros, diz para teu coração: – ouve como estes animaizinhos louvam ao Senhor: e eu? E louva-o com atos de amor. Quando vires os vales fertilizados pelas águas que descem das montanhas, pensa que, do mesmo modo, descem do céu as graças sobre os corações humildes... Quando teu olhar descansar sobre o mar, pensa na imensidade e na grandeza de Deus... Quando contemplares a campina, as flores e os frutos que te alegram com sua beleza e perfume, exclama: – quantas maravilhas Deus criou para

mim nesta terra, para convidar-me a amá-lo, e quantas delícias me reserva no paraíso! Quando contemplares o céu estrelado, pensa: – um dia terei a felicidade de caminhar sobre essas estrelas... Quando vires a felicidade que demonstra um cachorrinho, agradecido pelo carinho e pelo alimento que seu dono lhe dá, pensa que tu deves maior fidelidade ao Senhor, que te criou, conserva-te a vida e te cumula de dons”. Ou então nos inspiremos nesta oração, quase que um salmo sobre a criação também de sua obra “O trato familiar com Deus”: Que generoso sois, Senhor, com todos os que vos procuram. Saís a nosso encontro nas maravilhas com que adornastes toda a Criação. Com que prazer vos deixais buscar nos vossos vestígios que são as criaturas. Em vós ponho meu amor e minha alegria. Todas as minhas complacências ponho em vós. Sois o objeto e o único fim de todas as minhas ações, até que este desejo de encontrar-vos totalmente se realize. Entretanto, Senhor, vinde em minha ajuda. Enquanto vos estou buscando, tomai-me e não me deixeis nas mãos de minha própria vontade.

Pe. Inácio Medeiros, C.Ss.R. Informativo da Província

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Dia da aprovação oficial Papa Bento XIV

da Congregação Redentorista

Foi no dia 25 de fevereiro de 1749 – 16 anos após a fundação da Congregação Redentorista por Afonso Maria de Ligório – que os Missionários Redentoristas foram aprovados, oficialmente, pelo papa Bento XIV, por um documento titulado “Ad pastoralis dignitatis fastigium”. Ao mesmo tempo, o texto nomeava como reitor-mor Santo Afonso, fundador da Congregação, que, no ano de 1732, no reino de Nápoles, havia começado essa obra missionária. Desde então, a Congregação é reconhecida oficialmente como uma família religiosa dentro da Igreja, com seu jeito próprio de abraçar a missão apostólica de continuar Cristo, hoje, no mundo. Naquela altura, a Congregação recém-nascida contava com 34 padres, apenas no sul da Itália. Hoje, entre padres e irmãos, são cerca de 5.500 missionários redentoristas espalhados por todo o mundo, sem contar com todos os leigos que, por sua ligação no Espírito Santo, são verdadeiros 10 Informativo da Província

redentoristas! Desde então, muitas gerações viveram e celebraram o 25 de fevereiro, dia da aprovação oficial da Congregação Redentorista. Nossas atuais Constituições e nossos Estatutos foram aprovados em 2 de fevereiro de 1982, celebrando os 250 anos da fundação da Congregação, em Scala. Escreveu Santo Afonso em seu livro sobre a vocação religiosa, consideração 13: “O que é chamado à congregação do Santíssimo Redentor não será nunca santo, nem será verdadeiro seguidor de Jesus Cristo nem terá o verdadeiro espírito do instituto se não se empenhar em cumprir o fim de sua vocação, que é a salvação das pessoas mais privadas de socorros espirituais, como são agora as pobres pessoas do campo. Com este objetivo veio o redentor do mundo, como o declarou na sinagoga: ‘o espírito do senhor me ungiu e me enviou a evangelizar os pobres, curar os que têm o coração de pobre’”.


Perfis e Experiências .3

Beatificação de São Geraldo Majela No dia 29 de janeiro, celebramos mais um aniversário da beatificação de São Geraldo Majela pelo papa Leão XIII. Muitos são os milagres atribuídos a ele, principalmente a favor das mães, que renderam a São Geraldo o título de padroeiro das mães e de suas crianças. Sua vida é marcada por diversos fatos extraordinários ligados a visões, curas e revelações. Em seu processo de beatificação, uma testemunha afirmou que Geraldo era conhecido como o santo dos partos felizes. Uma história bastante conhecida a seu respeito, referente ao famoso “lencinho de São Geraldo", diz que, certa vez, uma moça chamou Geraldo para avisá-lo de que ele havia esquecido seu lenço. Sabiamente, respondeu-lhe: “Guarda-o, pois te será útil um dia”. O lenço foi guardado. Anos depois, a mesma moça estava em trabalho de parto e corria risco de vida. Lembrou-se, então, das palavras de Geraldo Majela e pediu que lhe trouxessem o lenço. Não demorou e a situação de perigo passou. A mulher deu à luz uma criança saudável. São Geraldo é o exemplo do puro amor a Deus. Buscou, em vida, fazer a vontade do Pai. Foi inteiramente doação, obediência, comunhão e paixão a Jesus Cristo. Que seu modelo de santidade sempre seja lembrado como inspiração para nossa vida de fé.

São Geraldo Majela

ORAÇÃO Ó Deus, que, desde a sua juventude, quisestes atrair a vós o bem-aventurado Geraldo Majela e torná-lo semelhante à imagem de vosso Filho crucificado, nós vos suplicamos que, seguindo os seus exemplos, sejamos transformados nesta mesma imagem. Pelo mesmo Jesus Cristo, vosso Filho e Nosso Senhor. Amém.

São Geraldo Majela

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Beato Pedro Donders Apóstolo dos tempos atuais e exemplo digno de respeito e imitação

Beato Pedro Donders

Pedro Donders nasceu em Tilburg, na Holanda, no dia 27 de outubro de 1809. De família muito pobre e religiosa, fraco de saúde e de inteligência, teve de deixar a escola aos 12 anos para trabalhar com o pai, que era tecelão. Com 22 anos de idade, foi admitido no seminário, primeiro como empregado, depois como seminarista. Terminado o seminário menor com muita dificuldade, o diretor aconselhou-o a entrar como sacerdote em missões estrangeiras. Foi para Bélgica e tentou entrar para os jesuítas, depois, para os redentoristas e para os franciscanos. Mas foi sempre recusado. Encontrou-se, então, com o vigário apostólico, dom Goof, que estava procurando missionários para o Suriname. Apresentou-se e foi aceito. Ordenado sacerdote em 15 de junho de 1841, viajou para o Suriname em agosto de 1842. Era uma terra de aventureiros, com muita desigualdade entre ricos e pobres, livres e escravos, com muita corrupção e imoralidade. Não só na cidade, Paramaribo, mas também na zona rural, Pedro Donders fazia missões contínuas, com catequese para crianças e adultos e visitas de casa em casa. Em 1856, ofereceu-se para trabalhar no grande leprosário de Batávia, onde estavam confinados mais de 400 leprosos. Em um ambiente triste, onde, além da doença, havia graves males morais, foi conseguindo, com paciência, cativar os doentes e dar-lhes um pouco de esperança e muito amor. 12 Informativo da Província

Em 1863, houve a libertação de 53 mil escravos do Suriname. Isso facilitou a catequese e aumentou o trabalho missionário. Em 1865, Suriname tornou-se prelazia, confiada aos redentoristas da Holanda. Em 1866, chegaram os redentoristas e os missionários, que antes aí trabalhavam e foram autorizados a voltar para a Europa. Pedro Donders pediu admissão na Congregação do Santíssimo Redentor e, em 24 de junho de 1887, após oito meses de noviciado, fez a profissão religiosa. Após a profissão, voltou para Batávia, continuou seu trabalho junto aos leprosos e, ao mesmo tempo, fez uma difícil catequese com os negros fugitivos que viviam nas matas. Durante 44 anos, entregou-se à conservação da fé dos cristãos daquelas regiões tropicais e à propagação da fé para os não cristãos, especialmente indígenas e negros. Foi apóstolo infatigável dos leprosos durante cerca de trinta anos. Faleceu, piedosamente, em Batávia, no Suriname, no dia 14 de janeiro de 1887. Foi beatificado por João Paulo II, em 23 de maio de 1982. Pedro Donders é um autêntico apóstolo dos tempos atuais e um exemplo digno de respeito e imitação.

Fonte: Missal Redentorista


Formação e Planejamento Pastoral 4.

Pirapora do Bom Jesus e seu Santuário História e tradição – Rumo aos 300 anos A tradição popular e oral conta que José de Almeida Naves, morador de Santana de Parnaíba, encontrou, em seu sítio, situado no bairro chamado Pirapora, por volta de 1725, encostada em uma pedra no Rio Anhembi, uma imagem do Bom Jesus, que levou para sua casa, onde colocou em um altar doméstico, para que o povo pudesse fazer suas rezas. No livro do Tombo da paróquia de Santana de Parnaíba, encontramos a primeira referência oficial à imagem do Bom Jesus. Era a resposta que Pe. João Gonçalves Lima, então pároco de Parnaíba, nos anos de 1797 a 1839, mandou, no dia 27 de outubro de 1825, aos quesitos da circular da Cúria de São Paulo sobre as capelas de Parnaíba.

“Em distância de duas léguas para parte norte, junto à margem do Rio Tietê e Salto de Pirapora, existe a Capela do Senhor Bom Jesus – Ecce Homo (Eis o Homem); a gloriosa e veneranda imagem é o Orago dela e foi achada milagrosamente na beira da aguada e pesqueiro do mesmo sítio, na margem do dito rio. Só talhada em madeira e depois aperfeiçoada, e estabelecida a sua Capela perto do lugar de sua invenção.” Ao pedido de José de Almeida Naves, que requereu a necessária licença para construir, nas suas terras, uma capela, com seu adro e cemitério próprios, veio, aos 7 de maio de 1725, o despacho nos seguintes termos: “Passe provisão de licença que damos para Informativo da Província 13


o suplicante poder fazer uma Capela em uma fazenda que tem distante da Vila de Parnaíba duas léguas na Comarca de São Paulo para nela dizer missas...” Padre Jacinto de Albuquerque Saraiva, pároco de Parnaíba, nos anos de 1726 a 1732, em 1730 benzeu a capela do Senhor Bom Jesus e, aos 6 de agosto, celebrou a primeira festa em louvor ao Senhor Bom Jesus. No mesmo livro de Tombo da paróquia do Santana de Parnaíba, consta que, em 1887, a então capela de Bom Jesus, após uma reforma geral, foi elevada a santuário, por dom Lino Deodato de Carvalho, DD., bispo de São Paulo, continuando sempre na dependência da paróquia de Parnaíba. A pedido de dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, bispo de São Paulo, chegaram, em 26 de dezembro de 1896, os primeiros cônegos premonstratenses para assumir a direção do santuário. Eles vieram da Bélgica, pertencendo à ordem fundada, em 1121, por São Norberto em Premontré, um lugarejo situado no norte da França. Em 28 de dezembro de 1897, o santuário do Senhor Bom Jesus, com suas terras adjacentes, foi desmembrado da paróquia de Santana de Parnaíba e canonicamente erigido em paróquia, sendo no mesmo dia nomeado, como primeiro pároco, o cônego Vicente Van Tongel, o. prem., que tomou posse na missa em 2 de janeiro de 1898.

A paróquia do Senhor Bom Jesus, cuja matriz é o santuário, com a criação da diocese de Jundiaí, em 1966, foi desmembrada da diocese de São Paulo, é a sexta paróquia mais antiga dessa diocese. Ela abrange toda a superfície do município de Pirapora do Bom Jesus, tem uma área de 99 Km2 e está situada a 695 m de altitude, conforme o marco em frente à igreja matriz. A paróquia foi administrada pelos cônegos premonstratenses até 2013, que deixaram a cidade e a paróquia de Pirapora do Bom Jesus. Eles, além do santuário, também administravam o seminário, cuja construção foi iniciada pela diocese de São Paulo e por eles continuada a partir de 1897. Durante mais de quarenta e cinco anos, o grande prédio foi a sede do “Seminário Menor Metropolitano da diocese de São Paulo”, depois Seminário Menor e Maior da Ordem Premonstratense e residência dos cônegos premonstratenses. Ainda funcionam nesse prédio: a casa de formação dos jovens religiosos da Ordem, o museu “São Norberto” e a casa de encontros de jovens. Entre 2013 e 2018, a paróquia/santuário foi administrada pelo clero da diocese de Jundiaí até que, depois de um período de conversação e entendimentos, foi assumida pela Congregação Redentorista, em 6 de abril de 2018, inicialmente constituída por 4 confrades; assumiu como reitor e superior da comunidade religiosa o Pe. Rodrigo José Arnoso dos Santos.

Interior - Santuário de Pirapora

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Família Redentorista .5

Maria Celeste Crostarosa

Maria Celeste Crostarosa e a Ordem Redentorista Ser Memória Viva do Santíssimo Redentor Madre Maria Celeste Crostarosa foi amiga de dois grandes santos, venerados no mundo inteiro: Afonso Maria de Ligório, doutor da Igreja e fundador da Congregação dos Missionários Redentoristas, e do irmão redentorista e patrono das mães, Geraldo Majela. Fundadora de uma Ordem essencialmente contemplativa, as Irmãs ou Monjas Redentoristas, colaborou para a fundação da Congregação dos Missionários Redentoristas com Santo Afonso. Maria Celeste é uma pérola escondida; e descobrir um tesouro nem sempre é fácil, mesmo quando já se sabe onde ele está. É preciso apalpar, raspar sujeiras, tirar até o pó, para que se possa aquilatar toda a intensidade de seu brilho. É o que o padre Jean-Marie Ségalen faz, com sabedoria de mestre. Em poucas pinceladas, consegue fazer brilhar em nossos olhos um retrato simplesmente belo dessa monja lá do século das luzes, que muita “luz” tem para nosso tempo. Essa mística do século XVIII trabalhou

com muita coragem entre os mais necessitados. Foi uma mulher forte, perseverante, enérgica e decidida. Soube dizer sempre “sim” a Deus e, quando necessário, soube dizer “não” aos homens, inclusive aos da Igreja. Sua mensagem com efeito e, sobretudo, sua mensagem eucarística não são reservadas somente aos contemplativos: são dirigidas a todos os cristãos. ORIGEM E VIDA Foi batizada com o nome Giulia. Nasceu em Nápoles, terra de uma beleza extraordinária e contrastes trágicos. Sua gente é apaixonada como vulcão, alegre como o sol e sonhadora como o mar. O sol esteve presente em sua espiritualidade, como imagem da vida do Cristo em quem creu e nele viveu, e lhe fez dizer: “... Outra vez lhe foi dado a entender como Jesus Cristo é o nosso Sol Divino, na luz da eterna glória no céu, e como ele é, semelhantemente, o sol interior da alma justa”. E ainda: “No contemplar Informativo da Província 15


o céu e sua amplidão, era-lhe comunicado interiormente pelo Senhor o reconhecimento da imensidão de Deus, sem limites em seu ser incriado e eterno”. Do sol que surge pela manhã, passa ao Cristo ressuscitado: “Jesus morre para viver ressuscitado em suas criaturas, por semelhança e vida da verdadeira vida”. A VISÃO DE MARIA CELESTE CROSTAROSA Maria Celeste nasceu aos 31 de outubro de 1696. Era a décima entre os doze filhos de uma família cristã e nobre, de alta magistratura. Eram cinco irmãos e sete irmãs. Seu pai foi o Dr. Giuseppe Crostarosa; laureado em ambos os direitos e revestido de alto grau de magistratura na capital; sua mãe foi Paola Batista, da nobre família Caldari. Aos 21 anos de idade, Giulia, com sua irmã mais velha, Úrsula, entrou no Carmelo de Marigliano, entre abril e maio de 1718. Dois anos mais tarde, sua irmã mais jovem, Giovana, fez o mesmo. No dia 21 de novembro de 1718, festa da Apresentação de Maria no Templo, as duas primeiras receberam o hábito religioso; Giulia passou a chamar-se Ir. Maria Celeste do Santo Deserto e, no ano seguinte, fez a profissão religiosa. Deus reservava para Giulia um belo caminho, sendo que Cristo a conduzia para Deus. Nesse processo, descobriu o mistério de Cristo vivo em sua alma. Depois de receber o hábito, escreveu uma regra de pureza para si mesma, dada pelo Espírito Santo. Deus a introduzia na vida espiritual, confiava-lhe suas aspirações divinas e a conduzia na intimidade com Ele. Assim, certo dia, depois da Santa Comunhão, penetrada pelo Olhar Divino, teve uma grande luz interior, e o Senhor lhe disse: “Quero fazer-te mãe de muitas almas que desejo salvar por teu intermédio”. O Carmelo em que vivia, no entanto, ia desaparecer: sua fundadora – a duquesa de Marigliano – Isabel Mastrilli, tomara tal autoridade sobre o Mosteiro que reduziu as pobres Carmelitas a incríveis tribulações. Foi diante de tal situação que o bispo aconselhou fechar o

Mosteiro e orientou que as religiosas procurassem outro lugar para viver. As três irmãs de Crostarosa, a conselho do Pe. Thomaz Falcoia, que conhecia as carmelitas, como pregador de retiro e diretor espiritual do Mosteiro de Scala, entraram nesse Mosteiro; quinze dias depois, receberam o hábito de postulantes. Então, Giulia recebeu o nome de Irmã Maria Celeste. Em 1723, sendo extinto o Carmelo de Marigliano, irmã Celeste foi conduzida a Scala, para realizar a missão que Deus lhe destinara: o nascimento da Ordem das Monjas Redentoristas e da Congregação dos Padres Redentoristas. A semente que haveria de fecundar a obra seria as humilhações e os sofrimentos, com o sangue de seu coração. Em 25 de abril de 1725, no silêncio da oração, Madre Maria Celeste percebeu, como experiência forte de fé, que Deus desejava uma nova família religiosa na Igreja, que fizesse presente no meio da humanidade a expressão do Amor que Ele sempre teve por seus filhos. Compreendeu que um novo instituto seria fundado por seu intermédio, e que as regras e leis que nele se devia observar seriam uma imitação de Jesus. Ele devia ser a Pedra Fundamental; os conselhos evangélicos de sua Divina Doutrina seriam o cimento; o coração dela devia ser a terra em que se elevaria esse edifício; e o Divino Pai seria o obreiro. Beata Maria Celeste Crostarosa faleceu no dia 14 de setembro de 1775, e seu processo de beatificação foi iniciado em 1987. Sua festa é celebrada no dia 11 de setembro.

Monjas

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Padre Vítor Coelho de Almeida .6

Palavra, Pe. Vítor Coelho de Almeira, gravando programas

bênção e unção

Filho de Leão Coelho de Almeida e Maria Sebastiana Alves Moreira. Seu pai era natural de São João da Barra, RJ. Fez o curso de artes decorativas em Paris, na França. Sem boa formação religiosa, não era um católico praticante. Tornou-se, porém, católico fervoroso em 1911, após ter alcançado a promessa de colocar seu filho Vítor em um colégio católico. Sua mãe, natural de Sacramento, MG, era uma mulher meiga e piedosa. Ambos se casaram na matriz de Sacramento, em 20 de janeiro de 1897, e tiveram cinco filhos. Leão foi professor primário na região do Triângulo Mineiro. A mãe faleceu ainda jovem, de tuberculose, e o pai Leão ultrapassou os 90 anos. Em 1911, o cônego Victor Coelho de Almeida internou o menino no Colégio Redentorista de Santo Afonso, em Aparecida. Seu pai, ao receber essa notícia, converteu-se, voltando à prática religiosa. Aconselhado por amigos, o Sr. Leão havia feito uma promessa a Nossa Senhora Aparecida para conseguir colocar seu filho em um colégio. No Seminário Santo Afonso, levado pelo exemplo dos seminaristas e tocado pela graça de Deus, Vítor mudou de comportamento e, embora tivesse sido colocado no seminário sem a vontade de ser padre, decidiu seguir a vocação de missionário redentorista.

Após os estudos, recebeu o hábito redentorista, em primeiro de agosto de 1917, e fez os votos religiosos na Congregação dos Missionários Redentoristas, após o ano de noviciado, em 2 de agosto de 1918, na cidade de Perdões, SP. Iniciou os estudos superiores em Aparecida, continuando-os na Alemanha, para onde viajou em 1920. Foi ordenado padre em Gars am Inn, em 5 de agosto de 1923, voltando para o Brasil em setembro de 1924. Vítor foi o segundo filho e teve uma infância atribulada. De temperamento extrovertido, não foi uma criança dócil e piedosa, tornando-se a cruz de seu pai. Aos 7 anos esteve à morte por três dias, com febre alta que comprometeu seus pulmões. Em duas outras ocasiões a tuberculose ameaçou sua vida: em 1921, quando estudava teologia na Alemanha, e em 1940, durante a Santa Missão na cidade de Ribeirão Preto, SP. Aos 8 anos ficou órfão de mãe. Como seu pai não tinha como cuidar dele, pois lecionava na zona rural de Sacramento, entregou seu filho aos cuidados da avó materna, que não conseguiu educá-lo. Sem o amparo da mãe, tornou-se um moleque insuportável, aprendendo com os companheiros de rua os vícios e as diabruras. Seu primo, padre e Informativo da Província 17


pároco de Bangu, na cidade do Rio de Janeiro, cônego Victor Coelho de Almeida, tomou-o consigo, mas também fracassou na tentativa de educá-lo. Padre Vítor trabalhou com muito zelo nas Santas Missões, na Rádio Aparecida e no Santuário de Aparecida. Foi um bom catequista, dedicando-se com amor às crianças. Não queria que elas sofressem o que ele sofreu por falta de formação religiosa. Durante 10 anos (1931 – 1940), dedicou-se, como missionário, à pregação das Santas Missões, revelando seu carisma extraordinário de pregador da palavra de Deus. Anunciando a misericórdia de Deus, levou grande número de pessoas à conversão de vida. Seu carisma e sua fama atraíam multidões. As crianças, especialmente, não perdiam a missãozinha especial para elas. Sabia despertar nas crianças e nos jovens o interesse pela vocação religiosa. Muitos missionários redentoristas, padres diocesanos e religiosos lhe devem a vocação. Acometido gravemente pela tuberculose, durante a grande missão na cidade de Ribeirão Preto, SP, em agosto de 1940, retirou-se, em janeiro de 1941, para o Sanatório da Divina Providência, em Campos do Jordão, SP. Ali, sujeitou-se, com resignação, ao penoso tratamento da tuberculose e aprendeu com o Cristo Sofredor o mistério da dor e da solidão. Esteve muito mal durante quatro anos (1941 a 1944), chegando a perder um dos pulmões. Ele atribuiu sua cura à oração do servo de Deus, padre Eustáquio, que o visitou em 1944. No Sanatório ele transformou o ambiente, despertando nos doentes o amor à vida e muita confiança em Jesus Cristo e Nossa Senhora. Em 1949, já curado, voltou para Aparecida, onde Deus lhe indicou um novo caminho missionário: o anúncio da palavra de Deus no Santuário e na Rádio Aparecida. Iniciou, então, sua missão de pregador carismático da palavra convertedora aos romeiros. Incentivou a fundação da Rádio Aparecida e, desde sua fundação, em 1951, foi sua voz profética durante 36 anos. Seus assuntos prediletos eram: catequese, sagrada escritura, formação de comunidades rurais, saúde pública, sanitária e doutrina social da Igreja. A audiência cativa de seus programas era enorme. O povo o chamava de santo já em vida. Lutou contra seu gênio agressivo e extrovertido, herdado de 18 Informativo da Província

sua avó paterna, natural de Champagne, na França, Victorine Cousin. Humilde, sabia pedir perdão, o que fez muitas vezes em público. Considerava-se indigno de ser sacerdote por causa do mau comportamento de sua infância. Costumava dizer que foi nessa direção que desenvolveu toda a sua vida espiritual e seu zelo apostólico. Tinha fé inquebrantável, conformidade com a vontade de Deus, dedicação e fervor na oração e ardor no zelo da salvação das almas. Com grande unção, procurava incutir nos seus evangelizados a mesma confiança na misericórdia de Cristo e de Maria. A devoção a Nossa Senhora Aparecida foi a força de sua piedade pessoal e de seu zelo na prática da vida religiosa. Tornou-se muito admirado pelo povo, especialmente pelos devotos de Nossa Senhora Aparecida. Os romeiros que vinham a Aparecida, depois de satisfazerem suas devoções a Nossa Senhora, não dispensavam a palavra e a bênção do Pe. Vítor Coelho. ROMARIA DOS DEVOTOS Desde 2012, o Missionário Redentorista Padre Vítor Coelho de Almeida é homenageado pelo Santuário Nacional de Aparecida com a Romaria que leva seu nome. A primeira edição foi preparada para celebrar os 25 anos de seu falecimento, promovendo um momento especial que refaz a memória de suas virtudes, de seu valor e de tudo aquilo que ele representa para o povo brasileiro. A cada ano, a Romaria Padre Vítor torna-se mais popular, atraindo devotos para os quatro dias de oração, incluindo o Tríduo de Preparação, em que são revelados o carisma e as obras de Padre Vítor, além de sua fervorosa devoção a Nossa Senhora Aparecida. Desse modo, milhares de fiéis podem reunir-se em intenção do Servo de Deus, que já possui aberto seu processo de beatificação junto à Congregação para as Causas dos Santos, na Santa Sé. Padre Vítor faleceu em plena atividade apostólica, em Aparecida, no dia 21 de julho de 1987, aos 87 anos de vida. Seus restos mortais encontram-se na Capela do Memorial Redentorista em Aparecida (SP), onde muitos devotos fazem seu momento de oração, pedindo e agradecendo a intercessão do Servo de Deus.


Pelas Províncias e Vice-Províncias .7

Província do Rio de Janeiro Basílica de Curvelo

Caminhada histórica e organização

A primeira fundação da chamada Vice-Província brasileira foi na cidade de Juiz de Fora (MG), junto à igreja de Nossa Senhora da Glória. Em 1951, deu-se sua separação definitiva da Província Holandesa. Já em 1971, foi efetuada a mudança de foro para a cidade de Belo Horizonte (MG) e transferida a sede provincial para Juiz de Fora. A Província do Rio contempla as comunidades redentoristas dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Atualmente, são cinco paróquias: Paróquia Santo Afonso – Rio de Janeiro; Paróquia São José – Belo Horizonte; Paróquia de São Sebastião –

Coronel Fabriciano; Paróquia Nossa Senhora da Glória e Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro – Juiz de Fora. Também fazem parte da composição da Província do Rio: basílica de São Geraldo, em Curvelo (MG); santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Campos (RJ); o Centro Missionário, em Cariacica (ES). A Província mantém duas casas de retiros: uma em Belo Horizonte (Casa de Retiros São José) e outra em Juiz de Fora (Seminário da Floresta). Em Juiz de Fora, funcionam também duas casas de formação: CVSA (Comunidade Vocacional Santo Afonso), para seminaristas do ensino médio, e CVSC (Comunidade Vocacional Informativo da Província 19


partir de 2001, foram realizadas uma série de obras, incluindo a construção de um gradil em torno do adro do templo, a reforma da secretaria e das salas de atendimento, a restauração de todo o revestimento externo, uma nova iluminação e, recentemente, a troca de todo o telhado. Igreja da Glória

São Clemente), para seminaristas que estudam filosofia. Em Coronel Fabriciano (MG), no ANO SPES, permanecem durante um ano os jovens que terminaram o curso de filosofia e se preparam para o noviciado. Este funciona atualmente de forma integrada, em Tietê (SP). Em Belo Horizonte, está a CVDM (Comunidade Vocacional Dom Muniz) para os junioristas, jovens que fizeram a profissão religiosa e estudam teologia.

A residência da comunidade foi a primeira casa redentorista no Brasil. Nela se estabeleceram os primeiros redentoristas no país, vindos da Província da Holanda, padres Matias Tulkens e Francisco Lohmeyer. Eles chegaram ao Brasil em 2 de julho de 1893. Ficaram algum tempo no Seminário de Mariana (MG) para aprenderem a nova língua. Em princípios de 1894, os dois redentoristas se fixaram em Juiz de Fora. No dia 26 de abril desse mesmo ano, chegaram mais redentoristas para a primeira comunidade redentorista no Brasil: padres Geraldo Schrauwen, Teodoro Helsen, Afonso Mathysen e os irmãos Gregório Mulders, Filipe Winter e Doroteu van Leent. Eles residiam em uma pequena casa. Em fevereiro de 1895, começou a construção da residência da comunidade (convento), terminada em abril de 1899. A igreja da Glória foi construída de 1920 a 1924. Foi solenemente consagrada no dia 24 de agosto de 1924, por D. Helvécio Gomes de Oliveira. Em mais de cem anos de existência, a paróquia não perdeu seu primitivo dinamismo. As antigas associações ficaram enfraquecidas, mas nasceram os ministérios pastorais, dentro do chamado protagonismo dos leigos. Geograficamente, a paróquia está reduzida à matriz e à igreja de São Roque. Em outubro de 2000, a igreja da Glória foi tombada como Patrimônio Histórico Municipal. Para garantir a segurança desse patrimônio, a 20 Informativo da Província

Seminário da Floresta - Juiz de Fora

IGREJA DA GLÓRIA – ONDE TUDO COMEÇOU


Vice-Província Arraial d'Ajuda

da Bahia

Em 9 de novembro de 1992, foi instituída a Vice-Província Redentorista da Bahia como resultado do crescimento da presença redentorista na Bahia, expansão do trabalho e da qualidade na evangelização. A data marca a independência da província mãe. A presença redentorista na Bahia remonta aos anos de 1948, quando os missionários holandeses e brasileiros começaram suas atividades na basílica do Senhor do Bonfim e no Santuário do Bom Jesus da Lapa. O superior-geral dos redentoristas, Pe. Tarcísio Ariovaldo do Amaral, C.Ss.R. (1919-1994), propôs que a Província de Varsóvia assumisse esse campo de missão. Em 1972, os redentoristas poloneses, substituindo os redentoristas da Vice-Província de Recife, assumiram a pastoral do Santuário de Bom Jesus da Lapa, a paróquia e as comunidades

rurais, nessa região semiárida do oeste baiano. Os primeiros missionários foram: Pe. Ceslau Stanula, Pe. Josef Danieluk, Pe. Lukas Kocik, Pe. Franciszek Deluga e Pe. Tadeusz Mazurkiewicz. A partir de 1976, assumiram, em Salvador, o atendimento da paróquia da Ressurreição do Senhor, em Ondina, e de seus bairros periféricos, entre os quais se destaca a igreja de São Lázaro. A igreja de São Lázaro funciona como santuário, recebendo devotos de Salvador, principalmente do povo ligado às religiões afro, bem característico na capital baiana. Ao longo do tempo, outras frentes de trabalho foram assumidas em locais carentes da capital Salvador: Tororó, Malvinas e Pituaçu. Os redentoristas atenderam também a famosa basílica de Senhor do Bonfim e a cidade de Senhor do Bonfim/BA. Informativo da Província 21


22 Informativo da Província

Pioneiros

Jesus da Lapa-BA (quatro comunidades: São Clemente – Casa Provincial; Santo Afonso – Centro Missionário; São Lázaro – Paróquia da Ressurreição do Senhor/Ondina; São Geraldo – Pituaçu – Casa de Formação), Porto Seguro-BA (uma comunidade: Santuário e Paróquia Nossa Senhora D’ajuda) e Itabuna-BA (uma comunidade: Paróquia Nossa Senhora da Piedade) e Bom Jesus da Lapa (três comunidades: Santuário Bom Jesus; Paróquia Bom Jesus – Catedral; Paróquia São João Batista e Beato Gaspar – Formação). Os estudantes professos cursam teologia na Comunidade Vocacional Dom Muniz, em Belo Horizonte, com a Província do Rio e a Vice-Província de Fortaleza. A Vice-Província da Bahia, a pedido do Governo-Geral e da URB (União dos Redentoristas do Brasil), colabora, também, com a participação de dois confrades, um na missão redentorista no Suriname e outro em Portugal. Bom Jesus da Lapa

As Santas Missões Populares e os santuários são as prioridades principais da Vice-Província da Bahia. A pregação das missões populares ao povo pobre e humilde é dever principal do redentorista. Na Vice-Província, o Centro Missionário e a Equipe Missionária estão destinados a pregar as Santas Missões, realizar a formação de missionários e as lideranças leigas e a colaborar na formação missionária das paróquias. Porém, cada confrade é convidado a participar, pelo menos uma vez por ano, da pregação das Santas Missões. Como santuários, atendem o de Nossa Senhora d’Ajuda, em Porto Seguro-BA, o de São Lázaro, em Salvador-BA, e, entre eles, destaca-se o de Bom Jesus da Lapa-BA, situado às margens do Rio São Francisco, original em sua beleza natural, com amplas grutas, que abrigam as imagens milagrosas do Bom Jesus e de Nossa Senhora da Soledade. Atualmente, padres e irmãos redentoristas, poloneses e brasileiros, professos de votos religiosos, formam um grupo de 49 confrades e atuam pastoralmente em Salvador-BA, Bom

Pe. Roque Silva Alves, C.Ss.R. Vice-Provincial


Novos Redentoristas das Filipinas - Maio 2018

A presença redentorista Santuário de Nossa Senhora Perpétuo Socorro − Baclaran, Filipinas

nas Filipinas

A MISSÃO DAS FILIPINAS Os primeiros redentoristas, pertencentes à província irlandesa, chegaram a Opon, Cebu, no dia 30 de junho de 1906, organizando missões em Compostela, São Francisco e nas Ilhas Camotes. De 1914 a 1928, outras comunidades foram fundadas, sendo as mais importantes: Luzon (onde os redentoristas pregaram a primeira missão em Tagalo), Lipa, Iloilo, Tacloban e Cagayan de Oro, em Mindanao. Em 1928, as Filipinas se dividiram em duas Vice-Províncias, cada uma pertencendo a uma província diferente: a Vice-Província de Cebu, responsável por Visayas e Mindanao, sob os cuidados da província irlandesa; e a Vice-Província de Manila, responsável por Luzon, sob os cuidados da província australiana, agora com sede no Santuário Nacional de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Baclaran. REDENTORISTAS HOJE Os redentoristas possuem duas unidades nas Filipinas: a Província de Cebu e a Vice-Província de Manila. A Vice-Província de Manila tem cinco comunidades em Luzon, que têm uma região

especial designada para a missão. As comunidades de Legaspi e Albay são designadas para dar continuidade às suas missões em toda a região de Bicol. A comunidade de Lipa, em Batangas, é designada para realizar missões na região sul do Tagalog. A comunidade de Laoag é designada para fornecer missões à região de Ilocos. A comunidade de Baclaran está encarregada de cuidar do Santuário Nacional de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e das missões urbanas em Manila. Já a comunidade de formação cuida da formação de futuros Redentoristas. Hoje, os redentoristas nas Filipinas somam 106 (82 sacerdotes, 9 irmãos, 15 estudantes temporários professos). Há também onze fundações (4 em Luzon, 5 em Visayas e 2 em Mindanao). Os redentoristas estão associados a grupos de religiosas em vista de seus vários ministérios. Os redentoristas das Filipinas estão abraçando novas iniciativas pastorais, como cuidar de crianças de rua, populações indígenas, pastoral da juventude, o ministério de prisão, leprosário, o pobre, o diálogo inter-religioso e a missão no estrangeiro.

Informativo da Província 23


8. Nossa Senhora Aparecida

Campanário

História e arte em Aparecida

Retábulo Arcanjos

Altar Central - Santuário Nossa Senhora Aparecida

Faz 301 anos que a pequena imagem de Nossa Senhora da Conceição foi encontrada no Rio Paraíba do Sul pelos pescadores João Alves, Felipe Pedroso e Domingos Garcia. Estima-se que, mês a mês, cerca de um milhão de devotos se dirijam até o interior paulista para visitar o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. No dia 11 de outubro de 2017, finalmente, foi apresentada ao público a parte que faltava para completar a basílica: o mosaico cúpula, que, formado por mais de 5 milhões de pastilhas estendidas por 2 mil metros quadrados, retrata a figura bíblica da árvore da vida, rodeada de pássaros da fauna brasileira. Assim, está quase concluído o interior do Santuário Nacional – a segunda maior igreja do mundo, atrás apenas da basílica de São Pedro, no Vaticano –, 71 anos depois do lançamento de sua pedra fundamental. 24 Informativo da Província

UMA BASÍLICA ÚNICA NO MUNDO Algumas características fazem do Santuário Nacional uma igreja única. Não se trata apenas de suas dimensões monumentais, mas chama atenção o cuidado com a concepção artística e litúrgica do local, assinada pelo artista sacro Cláudio Pastro, falecido. “Pastro soube aproximar a piedade popular e a liturgia, a fé do povo e a teologia e, assim, revelar uma Igreja de muitos rostos, cores e sotaques. Temos orgulho, do ponto de vista litúrgico-teológico e arquitetônico, de termos um espaço como o Santuário Nacional”, garante o padre Thiago Faccini Paro, assessor da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no setor dedicado ao espaço litúrgico. “Em Aparecida, todos os espaços dialogam entre si. Cada cor,


imagem, textura e material tem uma função e significado.” O projeto arquitetônico do santuário data de 1947 e é assinado por Benedito Calixto Neto, que viajou naquele ano para a América do Norte, a fim de estudar a arquitetura religiosa moderna. O projeto de Calixto é uma versão mais simplificada, mas maior que a do Santuário Nacional da Imaculada Conceição, em Washington. Não se tratou de nenhuma grande inovação, mas para Pastro esse era o grande trunfo da construção. Isso porque a basílica segue o estilo neorromânico, que remonta ao primeiro milênio, e ganhou um revival no início do século XX. Para o artista, tratava-se de um estilo arquitetônico especialmente apropriado para a liturgia católica, por sua austeridade, repetição de formas e espaços amplos. Sobre os tijolos que revestem o templo – de barro cozido, assim como a imagem de Nossa Senhora – Pastro projetou 34 painéis retratando cenas do Evangelho. Além disso, há outros quatro painéis maiores, retratando patriarcas, profetas, apóstolos, santos e personagens da história da Igreja no Brasil, tudo em azulejo. A opção pela azulejaria se baseou na herança da colonização portuguesa do país e na durabilidade do material – no Brasil, a umidade degenera as pinturas com facilidade. O altar, no centro da basílica, é circundado por linhas em zigue-zague que, na tradição indígena, representam o movimento das águas. O símbolo remete ao profeta Ezequiel, que falava da água que corre do altar e fecunda toda a terra. A preocupação do projeto do interior da basílica era refletir a centralidade de Cristo na vida da Igreja e conduzir os fiéis a uma grande catequese sobre os grandes temas da vida cristã. “O centro é o altar e a cruz. Maria está ao fundo de uma das naves, fora do espaço celebrativo, acolhendo e conduzindo para aquele que é o centro de nossa fé”, dizia Pastro. “Por meio da devoção a Maria, deseja-se aproximar os peregrinos e devotos do seu filho Jesus.”

COMEMORAÇÃO As atividades começam cedo no dia a dia em Aparecida, para que seja possível atender todos os que visitam o santuário, que, de um simples oratório à beira da estrada, transformou-se em uma basílica imensa, visitada por três papas. A história do Santuário Nacional: 1717 – Três pescadores encontram a imagem no Rio Paraíba, primeiro o corpo, depois a cabeça. Conta-se que a pesca, que não havia dado resultado até então, foi abundante logo depois da descoberta. 1745 – É inaugurada a primeira igreja dedicada a Nossa Senhora da Conceição Aparecida. A imagem, que até então ficava na casa de Felipe Pedroso, um dos pescadores, e depois foi para um oratório à beira da estrada, foi levada para a capela. 1888 – É inaugurada a igreja de Monte Carmelo, hoje conhecida como Basílica Velha ou Matriz Basílica, cuja construção havia sido iniciada em 1844. 1894 – As atividades da igreja são confiadas a missionários redentoristas vindos da Alemanha. 1930 – Papa Pio XI proclama Nossa Senhora Aparecida Padroeira do Brasil. 1946 – É lançada a pedra fundamental do novo santuário, mas ela foi roubada na mesma noite; a nova pedra só foi colocada em 1954. 1953 – A data da festa de Aparecida é fixada em 12 de outubro. Antes disso, ela era festejada em 7 de setembro. 1955 – Tem início a construção do santuário. 1978 – A imagem é retirada do nicho por um rapaz com distúrbios psicológicos, que, ao ser pego, derruba-a quebrando-a em mais de duzentos pedaços. Reconstituída, a imagem só volta à igreja no ano seguinte. 1980 – Papa João Paulo II inaugura o novo santuário. Uma lei declara 12 de outubro feriado nacional. 1983 – CNBB dá ao templo o título de Santuário Nacional. Informativo da Província 25


2007 – Santuário recebe a visita do papa Bento XVI e sedia a 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano. 2013 – Papa Francisco visita o santuário. COMO A IMAGEM FOI PARAR NO RIO? Segundo a historiadora Tereza Pasin, a imagem venerada em Aparecida teria sido esculpida no século XVII. Nossa Senhora da Conceição era uma devoção em alta naquela época e era costume que imagens pequenas como a de Aparecida adornassem oratórios domésticos. O frei Agostinho de Jesus é considerado o provável autor da imagem. Mas como a imagem foi parar no rio? Segundo Pasin, pode ser que alguém, desejando se desfazer da imagem quebrada, tenha-a jogado ali. Outra hipótese é que ela ficasse em uma capelinha na cidade vizinha de Roseira, que foi arrastada por uma enchente.

71 ANOS? Os 71 anos da basílica de Aparecida – na verdade 62, se contarmos a partir do início efetivo da construção, em 1955 – são um piscar de olhos perto do tempo de construção de outras grandes igrejas do mundo: • Catedral de Colônia, Alemanha – 1248-1473 e 1840-1880 – 245 anos. • Catedral de Notre-Dame, Paris, França – 1163-1345 – 182 anos. • Templo Expiatório da Sagrada Família, Barcelona, Espanha – 1882-2028 (previsto) – 146 anos. • Basílica de São Pedro, Vaticano – 15061626 – 120 anos.

Capela das Velas Fonte Batismal

26 Informativo da Província

In: www.seprefamilia.com.br


Notícias e Informações .9

As doze regras para um bom advogado Santo Afonso Maria de Ligório

A lista de comportamentos éticos pode ser aplicada ainda hoje e serve de reflexão para outras profissões. Afonso Maria de Ligório, aos 20 anos de idade, estava no ápice de sua carreira como advogado, sem que tivesse perdido uma única causa em Nápoles, Itália, no início do século XVIII. Ele estava muito empenhado em se dedicar ao direito com desinteresse e ganhava todas as causas, porque apenas defendia aquelas que julgava justas.

Em sua vida particular, Afonso tinha atitudes que podemos interpretar como protesto diante da corrupção de seu meio ambiente. Com seu estilo de vida, fez uma forte crítica a seu tempo e sua sociedade. Preocupado com a malícia e a mentira com que agiam seus colegas de profissão, antes de desistir da carreira e ser ordenado padre, São Afonso escreveu uma lista de comportamentos éticos que podem ser aplicados também hoje: Informativo da Província 27


01. Não é lícito jamais aceitar causas injustas, pois são prejudiciais para a consciência e para o decoro. 02. Não se deve defender uma causa com meios ilícitos. 03. Não se deve carregar o cliente com despesas demais, tendo a obrigação de restituir o não necessário. 04. As causas dos clientes devem ser tratadas com a mesma dedicação com a qual se tratam as próprias causas. 05. É necessário o estudo dos processos para tirar deles os argumentos precisos para a defesa da causa. 06. Muitas vezes, a procrastinação dos advogados prejudica os clientes, e os prejuízos devem ser reparados; caso contrário, peca-se contra a justiça. 07. O advogado deve implorar a Deus seu socorro na defesa, pois Deus é o primeiro protetor da justiça. 08. Não é digno de louvor um advogado que aceita muitas causas, superiores a seus talentos, a suas forças e ao tempo que, muitas vezes, lhe faltará com o fim de se preparar para a defesa. 09. A justiça e a honradez nunca devem ser separadas de um advogado; pelo contrário, devem sempre ser guardadas como se guarda a menina de seus olhos. 10. Um advogado que perde uma causa por negligência sua é obrigado a reparar os danos. 11. Ao defender as causas, é preciso ser verdadeiro, sincero, respeitoso e razoável. 12. Finalmente, os requisitos de um advogado são: ciência, diligência, verdade, fidelidade, justiça.

Santo Afonso Maria de Ligório

Michelotto, João Batista, C.Ss.R. Peripécias de um Santo. 3ª ed. Editora Santuário, 1980 28 Informativo da Província


Nossa Senhora do Perpétuo Socorro Santuário Perpétuo Socorro - Campo Grande, MS

é a Padroeira de Mato Grosso do Sul

NO ANO EM QUE MATO GROSSO DO SUL COMPLETOU 40 ANOS, O ESTADO GANHOU UMA PADROEIRA COMO PRESENTE: NOSSA SENHORA DO PERPÉTUO SOCORRO O Governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, sancionou, no dia 27 de dezembro de 2017, quarta-feira, durante a novena das 9h, a Lei que institui Nossa Senhora do Perpétuo Socorro a Padroeira de MS. O chefe do executivo estadual fez, pela primeira vez, a assinatura de um documento sancionando uma lei formalmente fora da governadoria. A solenidade aconteceu durante a celebração da novena.

Estiveram presentes diversas autoridades: o arcebispo de Campo Grande, dom Dimas Lara Barbosa, o bispo auxiliar, dom Mariano Danecki, o bispo emérito, Vitório Pavanello, missionários redentoristas de Campo Grande e do interior do Estado, o autor da proposta, deputado Paulo Siufi, o presidente da Assembleia Legislativa de MS, Junior Mochi, além de diversos outros parlamentares estaduais e municipais. Informativo da Província 29


“Mato Grosso do Sul não tinha uma Padroeira e agora tem Nossa Senhora do Perpétuo Socorro como a nossa protetora. É um marco na história do Estado, e ficamos muito felizes de hoje podermos sancionar a Lei no santuário que mais recebe fiéis no estado”, declarou o governador, Reinaldo Azambuja. “Temos a certeza de que, tendo Nossa Senhora do Perpétuo Socorro como a Padroeira de MS, estamos lembrando a Mãe de Jesus e todas as outras Nossas Senhoras que nós temos na Igreja católica”, afirmou o arcebispo de Campo Grande, dom Dimas. “Agora coroou alguns anos de sonhos, de luta, de diálogo, de respeito pelos que eram contra, mas principalmente de vitória. Desde o começo pensamos que, se fosse da vontade de Deus e da igreja, iria acontecer. E acho que era da vontade dele. Agora é oficial. Que nossa Mãe possa estar abençoando todo o Estado”, declarou Pe. Dirson Gonçalves. O Projeto de Lei para instituir “Nossa Senhora do Perpétuo Socorro” como a Padroeira de Mato Grosso do Sul foi aprovado na Assembleia Legislativa de MS em 2017. A Lei incluiu, no Calendário Oficial de Eventos do Estado, o dia 27 de junho, Dia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, como a data festiva de honras para a Padroeira. Conforme a Lei, não será feriado na data. A devoção por Nossa Senhora do Perpétuo Socorro em Mato Grosso do Sul é reconhecida por todos e começou há muitos anos. Mas foi se espalhando cada vez mais no ainda Mato Grosso Uno, em 1930, quando foram trazidos dos Estados Unidos três ícones da Mãe. Os ícones pertenciam aos redentoristas norte-americanos e estão hoje em Campo Grande, Aquidauana e Curitiba. Em Campo Grande, é o ícone central do Santuário Nossa Senhora do Perpétuo Socorro que está por aqui desde 1941, quando foi construída a igreja. A história do santuário e da devoção caminham com o desenvolvimento do Estado. O Santuário Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Campo Grande, é o que mais realiza novenas no mundo inteiro: 18 por quarta-feira. As novenas atraem cerca de 25 mil pessoas. Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é 30 Informativo da Província

Padroeira de cinco cidades em Mato Grosso do Sul: Antônio João, Bodoquena, Caracol, Itaquiraí e Sete Quedas. HISTÓRIA A paróquia foi criada em 2 de janeiro de 1939, fundada pelo então bispo de Corumbá, dom Vicente Priante, e ficou sob os cuidados da Congregação do Santíssimo Redentor, dos

Vista aérea do Santuário Perpétuo Socorro − Campo Grande, MS


Missionários Redentoristas, para atender a população de toda a região acima do rio. O templo começou a ser construído em 1940 e concretizado em 1941. Essa mesma igreja recebe até hoje milhares de devotos. Como o local sempre recebeu, todas as semanas, fiéis vindos de várias regiões de Campo Grande e, até mesmo, de outras cidades e estados, no dia 10 de janeiro de 1999, foi

publicado o decreto elevando a igreja a santuário. Em 2018, completam-se 19 anos da elevação. O documento foi publicado pelo então arcebispo de Campo Grande, dom Vitório Pavanello, motivado pelas tradicionais novenas.

Informativo da Província 31


A Prainha Que não tem mais Prainha... Em fevereiro de 1943, tendo terminado o ano de noviciado em Pindamonhangaba (SP) e emitido os votos religiosos, vim para a cidade de Tietê, a fim de cursar os estudos superiores de filosofia e teologia. Nessa cidade do interior paulista, situada às margens do rio que lhe dá o nome, a Província Redentorista de São Paulo construiu 32 Informativo da Província

um prédio que foi batizado como Seminário Santa Teresinha, que já abrigou os estudantes de filosofia e teologia, os seminaristas menores e, atualmente, os noviços. Pois bem, como ninguém é de ferro, os estudantes seminaristas tinham também seus dias de folga, que chamavam, e ainda hoje chamam, de “dias de recreio”. Nesses dias, o mais


comum era irmos para a beira do Rio Tietê, onde passávamos boas horas nadando e mergulhando nas águas, se não cristalinas, pelo menos ainda bem limpas. O dono ou os donos dos terrenos que “invadíamos” nada se opunham a nossas invasões. Mas, e a Prainha? No local que frequentávamos, havia, de fato, uma praia. Pequena sim, mas suficiente

para dar espaço às brincadeiras, com ou sem bola. E onde acabava a areia, começava um espaço maior, coberto por pedregulho, que avançava pelo leito do Rio Tietê, até não se dar mais pé. Para não incomodar os donos das propriedades que frequentávamos, o Governo Provincial negociou um terreno que pertencia ao pai de nosso irmão Gregório, que era Informativo da Província 33


irmão leigo Redentorista. Ele negociou com a Congregação por um preço bem camarada, com esta condição: se um dia a Província desistisse do terreno, para vendê-lo, deveria colocá-lo como primeiro interessado em reaver a propriedade. E aqui entra algo de vergonhoso para a Província, mas, como aconteceu e é verdade, não há como disfarçar. Não sabemos por que resolveram vender a Prainha. E pelo que fora tratado, o primeiro interessado no negócio deveria ser o pai do irmão Gregório. Infelizmente, os responsáveis pela Província faltaram com a palavra, vendendo o terreno a outro, não dando a mínima para o pai de nosso confrade. Ele sempre se lamentou disso e morreu desgostoso com a Província, a quem dera um filho e facilitara a aquisição do terreno. Nesse terreno, fora construído um barracão, no qual se reservou, de um lado, um espaço para a celebração de missas e, de outro, um espaço para a cozinha. Distante do barracão, ergueu-se uma casa para que os padres professores pudessem ter seu espaço para um justo descanso, longe do alvoroço dos estudantes. Vendido esse terreno, voltamos à desagradável rotina de depender dos outros para algumas horas de descanso e recreação. Isso até que a Província resolveu solucionar definitivamente o assunto. Como estavam loteando parte do vasto terreno do seminário na cidade, reconhecendo a necessidade de um lugar de descanso para a comunidade, permutaram, ignoro em que proporção, lotes da cidade por lotes na Prainha. Tempos depois, para evitar possível vizinhança indesejável, trocaram outro, ou outros lotes da cidade, por mais dois no sítio. Logo que se confirmaram as negociações, nosso confrade, Pe. Olívio Copetti, providenciou a planta e a construção de nossa casa. Com a valiosa ajuda de amigos, que doavam gratuitamente um dia de trabalho por semana, em pouco tempo a casa ficou pronta. Ele mesmo colocava a mão na massa, e eu, sempre que podia, era o servente, ou “meia colher”, como se diz. E a construção foi tão rápida que nosso querido dom Carlinhos, 34 Informativo da Província

bispo emérito de Rubiataba/Mozarlândia-GO, na época em que era superior provincial, gostava de comentar que, quando viera a Tietê para aprovar a planta da casa, ela já estava pronta. Nosso Copetti não brincava mesmo em serviço. Limpou o terreno, plantou mais árvores e fez uma escadaria para facilitar o acesso ao Rio Tietê. Lembro que, naquele tempo, ainda era possível nadar e pescar no Tietê. Os anos foram passando e, com reformas e melhorias, nossa querida Prainha continuou sendo um lugar privilegiado para o descanso físico e espiritual de quem quer passar um tempo desfrutando da quietude do lugar. Mas hoje só se conserva o nome simbólico de Prainha, pois as brancas areias e o pedregulho os caminhões basculantes, em um triste e constante vai e vem, levaram tudo para nunca mais voltar. Só não conseguiram levar a saudade que ficou no coração dos que puderam conhecer e aproveitar as alegrias proporcionadas por aquela que hoje só é conhecida pelo nome de Prainha.

Pe. Ruben Leme Galvão, C.Ss.R. Comunidade Santa Teresinha, Tietê 28 de agosto de 2018


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