Edição 479

Page 29

Inside

FARROUPILHA, 31 DE MARÇO DE 2017

Primeiro Parágrafo

9

Lauro Edson Da Cás ldacas@hotmail.com

Imagem: Reprodução

A lógica da conveniência

O Império do Oprimido Autor: Guilherme Fiuza Gênero: Romance Literatura Brasileira Ano de publicação: 2016 Editora: Planeta Nº de páginas: 347 Preço médio: R$ 30,00

positiva; da eterna briga de egos entre ministros (formado em sua grande maioria por desqualificados e incompetentes que se acham importantes) a chantagem feita por colaboradores que sabem da sujeira e ameaçam denunciá-la quando estão prestes a serem degolados pela gestão. Nada passa incólume por Fiuza, um atento observador da política nacional e colunista do jornal O Globo e revista Época. O jornalista faz realmente um compêndio de todas as ações desencadeadas no período. Elas pouco têm a ver com o bem-estar do povo, mas sim com a conquista e preservação de interesses particulares.

Iniciativas que, quase sempre, podem ser tipificadas no Código Penal, inclusive com queimas de arquivo. Não custa lembrar que o caso Celso Daniel ainda reclama solução. Fiuza desmascara essa turma de charlatões com ironia e inteligência. Gente que, se ainda não está presa e não está porque estamos no Brasil, precisa ser urgentemente ridicularizada. A adaptação de O Império do Oprimido para a telona (veja entrevista com o escritor na capa e página 3 do Inside) deve deixar esse processo ainda mais latente. Espera-se que a maior parte dos personagens assista ao filme atrás das grades.

Diante de tantos devaneios escandalosos nas mais diversas áreas e esferas, algo notório e tão secular se apresenta, em outras palavras, a lógica da conveniência é a base articuladora de toda ação desenrolada nos inúmeros fatos que ultimamente estão sendo denunciados pelos meios de comunicação. Tudo bem, afinal é dia 31 e nos encontramos em mais um final de mês. A conveniência, neste contexto contemporâneo, está alicerçada naquele ‘drops’: “Vale se nos valer”. Eis o ponto culminante para entender nossas relações sociais, políticas, econômicas, religiosas, e como dito anteriormente, praticamente em toda e qualquer área. Como as coisas mudam. Como o homem se transforma! Quantos valores, perguntando para você amigo(a), já foram perdidos e/ou substituídos em seu viver? É possível manter valores na sua real essência, na sua integridade? Por outro lado, obviamente, é necessário ressaltar que encontramos pessoas, não que vivem sem princípios, mas que talvez baseiam sua vida em interesses. Por vezes, vivem inconsequentemente, apenas, correndo atrás disso. Cegam-se. E o que mais impressiona, dificilmente se cansam. E você conhece ou consegue perceber que existem pessoas que se comportam (vivem) assim? As relações humanas são fantásticas. Tanto é que, mesmo na economia e na administração empresarial, o setor responsável de ‘cuidar o humano’ ganhou uma atenção redobrada dentro de qualquer ramo de atividade. Sabe-se que esta situação de maior atenção se deve ao fato de valorizar e harmonizar o ambiente de trabalho. Viu-se que o segredo não estava no querer produzir mais, mas sim naquele que produz ou ajuda a produzir. Inovação e compromisso com a pessoa. Invariavelmente, assuntos que abordam valores e relações humanas, sempre trazem desafios e debates. O certo é que ninguém conseguiu deixar o ponto final nesta temática. E, para variar, muito já foi produzido e muito já foi jogado no lixo. Entretanto, em cada época, novos desafios e novas perspectivas para compreender a evolução, tanto da sociedade, como do próprio homem. Para o homem de boa vontade, ir ao encontro das boas relações e dos bons valores se tornam tarefas que jamais devem ser postas no esquecimento. Nem por cansaço e nem por simples desistência. Padecemos por tantos escândalos que não param de chegar. Padecemos pela crise que afeta uma grande parcela da sociedade (para não afirmar, todo o País). Padecemos por não aceitar o outro. Enfim, cabe a nós nos questionar que mundo queremos, mesmo sabendo que, nesta contemporaneidade, a aposta está na assertividade de se correr em busca de vantagens pessoais ou no simples: “vale se vale para nós”. * Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.