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Opinião

13 A 19 DE MARÇO DE 2016 WWW.IMPACTOMS.COM

E-mail: jornalimpactoms@hotmail.com

EDITORIAL

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povo brasileiro é carente de heróis. Ao longo dos seus 515 anos de existência oficial poucos são os nomes inscritos no seu Livro de Heróis, alguns, inclusive, contestados, como o caso do Mártir da Independência, José Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes. Outros heróis brasileiros nem brasileiros são. Casos específicos são o responsável pela proclamação da Independência, imperador dom Pedro I, e o padre jesuíta José de Anchieta, beatificado por João Paulo II, em 1980, e santificado pelo papa Francisco em 2014, o primeiro português e o primeiro santo brasileiro, natural da Espanha. Talvez seja por essa verdade que o povo brasileiro

Herói ou bandido? tem mania de transformar em heróis nacionais os piores trastes, como foi o caso do ex-deputado Roberto Jefferson, ex-presidente nacional do Partido Trabalhista Brasileiro – PTB -, delator do esquema de corrupção que ficou conhecido como “mensalão do PT” e que levou para a cadeia a alta cúpula do Partido dos Trabalhadores (PT) e deu início ao desmanche da falsa imagem que o PT vendia ao povo brasileiro. Agora já há quem fale, ainda em nível de Mato Grosso do Sul, que, dependendo o desenrolar das investigações da operação Lava Jato daqui para frente, outra liderança política que poderá se tornar uma espécie de “herói nacional”

será o senador Delcídio do Amaral (PT/MS) que teria assinado acordo de delação premiada e através de suas “dedurações” a Polícia Federal poderia chegar a mais figurões envolvidos no esquema de sangria desatada do dinheiro da Petrobras. Herói ou bandido? Esta é a pergunta que se formula em relação a Delcídio do Amaral. Afinal, a primeira coisa que faz quem assina acordo de delação premiada é admitir que cometeu crimes graves. Delcídio, portanto, ao delatar seus companheiros de partido e mesmo adversários políticos no Senado estaria o fazendo para abrandar pesadas punições que sofreria senão o fizesse. Ao assinar delação premiada, Delcídio do Amaral

teria se transformado em herói nacional ou herói de si próprio e de seus familiares que o pressionaram para não pagar sozinho pelos crimes cometidos em quadrilha? O brasileiro precisa rever seus conceitos de herói sob pena de uma futurologia de Delcídio se fazer verdade, a de que quem pensa que ele está morto politicamente falando, está muito enganado. O brasileiro precisa aprender e entender que herói é o pai de família que mora num barraco alugado, que levanta cedo para trabalhar e ganhar um salário mínimo e com esse mínimo dos mínimos sustenta a esposa, dois ou três filhos, paga aluguel, água luz... Desses heróis nós temos aos milhões!

BOMBICÍDIO E ALETHEIA Luciana Maria Allan (*)

D

uas bombas de forte impacto e alto grau de precisão acabam de explodir sobre as cadeiras onde se sentam a presidente Dilma, no Palácio do Planalto, e o ex-presidente Lula, no Instituto que leva seu nome. O primeiro artefato foi a divulgação, pela revista Isto É, de trechos da delação premiada que o senador Delcídio Amaral negocia com a justiça, onde relata a participação de dois maiores protagonistas do PT nos casos da compra da refinaria Pasadena, pagamentos à família de Cerveró e compra do silêncio de Marcos Valério, operador do mensalão. O segundo explosivo é esta 24ª. fase da Operação Lava Jato, de nome Aletheia ( Busca da Verdade), que tira Lula de sua casa para prestar depoimentos sobre os negócios envolvendo sua empresa, LILS Palestras, o Instituto Lula, o tríplex do Guarujá, o sítio em Atibaia e eventuais conexões com cinco empreiteiras. O bombicídio, a bomba de Delcídio, terá um efeito devastador, eis que puxa Dilma e Lula para o centro da fogueira aberta pela Operação que apura desvios e propinas nas cercanias da Petrobras. O senador pinça, ainda, a Ação Penal 470, para dizer que o ex-presidente manobrou para comprar o silêncio do ex-operador do mensalão, o publicitário Marcos Valério, que teria pedido de R$ 220 milhões para ficar de bico calado. (Diz-se que se conformou com menos no arranjo financeiro feito pelo ex-ministro da Fazenda, Antonio Palloci). Como se pode aduzir, a delação do senador Delcídio, que aguarda homologação pelo ministro Teori

Expediente

Zavascki, do STF, mesmo sob a forma de roteiro, mostra potencial para ser o fato de maior impacto da Operação Lava Jato. Afável e respeitado, o senador mato-grossense goza de prestígio junto aos pares, a ponto de ter sido escolhido pela presidente Dilma para ser líder do Governo no Senado. Nos últimos tempos, comandava a poderosa Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Amigo de Lula, com quem conversava frequentemente, Delcídio é uma das maiores fontes de informações e segredos sobre as veredas do Planalto. Pois este “sabe tudo” decidiu entrar no jogo da delação premiada para aliviar o peso de eventual condenação pelo Supremo. Não se trata de pessoa que perdeu a credibilidade, conforme a desconstrução de seu perfil que governistas tentam fazer. A nota em que o senador e seu advogado dizem não reconhecer trechos pinçados pela revista Isto É deve ser entendida como uma carta de seguro, na medida em que ainda não foi oficializada. A Aletheia, abrigando 44 mandados judiciais, sendo 33 de busca e apreensão e outros 11 de condução coercitiva, incluindo Lula e seu filho Fábio Luis Lula da Silva, mesmo não tendo relação com a delação de Delcídio, se soma ao repertório de eventos negativos que se abatem sobre as principais figuras do governo e do PT, fornecendo munição para acirrar a luta política e o ânimo social. Analisemos alternativas que poderão advir a partir destas duas explosões. O impeachment, como se sabe, iniciara uma descida no terreno das probabilidades. A delação de Delcídio puxa a ideia para o centro

Editor Valdovir José Jota Menon - DRT 180/MS jota.menon@uol.com.br

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do debate político. Ele terá de comprovar o que disser, até para se apurar a extensão de eventuais sinais de vingança por se sentir abandonado pelos próceres petistas. Mesmo considerando as idas e vindas que ocorrem num processo de impeachment (oitivas, recursos de apelação etc) trata-se de alternativa que ganha força. Mas o caminho da decisão passa pelo clamor das turbas. O dia 13 de março será um termômetro importante para aferirmos a temperatura social. Já a renúncia é hipótese descartada, tendo em vista a índole de auto-suficiência da presidente Dilma. Já a busca de verdade no entorno do ex-presidente, com depoimentos e mandados de apreensão que ganharão ampla visibilidade, corroerá ainda mais os costados de Lula. Se houver prisão (dele ou de filhos), o incêndio chegará às alturas. Os eventos dessa fase da Lava Jato mancharão a imagem da presidente, contribuindo para desgastar a imagem da pupila. O impedimento da presidente, decisão de cunho político, correria mais rápido que o percurso da análise de contas no âmbito do TSE. Nesse Tribunal, o affaire entraria no próximo ano, com a possibilidade de se ter a separação de contas entre as campanhas da titular e do vice. A permanência de Dilma se apresenta também como hipótese viável, com o agravante de que seu governo seria um dândi na escuridão. Perdido e sem rumo. Jorrando sangue por todos os lados, perderia todas as forças. Cenário devastador na economia, paisagem caótica na seara social, guerra de guerrilhas na arena política, onde o lema seria: sal-

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ve-se quem puder. Some-se a essas visões catastróficas a moldura da Câmara sem o comando de Eduardo Cunha, afastado da presidência pelo STF. O pedido de afastamento, feito pelo Procurador Geral, Rodrigo Janot, deverá ser analisado pelo plenário da Corte. Mas o STF não tem tanta certeza de que este pode ser o rumo. Teme entrar no terreno do Legislativo. Enquanto isso, o Conselho de Ética dará encaminhamento ao pedido de cassação de Cunha. Se aprová-la, a decisão irá ao plenário, onde o deputado conserva grande parcela de aliados. A equação do impeachment dependerá sempre do volume das ruas. Os números das multidões, por sua vez, inflarão ou murcharão nas ondas das marés alta e baixa, a primeira apontando para o bolso cheio, a segunda para o bolso vazio. Ora, a economia não melhorará nos próximos meses. Ou melhor, pode haver recuperação sob a égide de outro governante. Basta ver o movimento das bolsas nesses últimos dias. Cresceu quase 10% com o perigo se aproximando de Dilma e Lula. Por último, resta acompanhar a estratégia traçada pelo PT para defender Luiz Inácio: mobilização da militância, enxurrada vermelha, slogans e palavras de ordem (“não vai haver golpe”), confrontos físicos, grupinhos de professores expressando “defesa da democracia” etc. Tudo sob o olhar aparvalhado do novo ministro da Justiça, Wellington César, que teria sido escolhido para “administrar a independência” da Polícia Federal. (*) É jornalista, é professor titular da USP, consultor político e de comunicação Twitter@ gaudtorquato Sucursal Dourados Pastor Waldemir Fone (67) 8125-4991 Sucursal Rochedo Zé Fotógrafo Sucursal Corguinho Flores

Reprodução

NOVO MS – “Um Estado que não foge dos problemas. Não terceiriza responsabilidades. Não se omite perante os desafios que estão à nossa frente.” Governador Reinaldo Azambuja, do PSDB. ** BALANÇO – A declaração foi durante o balanço do primeiro ano de mandato do governador e foi palco para a assinatura dos contratos dos Planos de Gestão, com as 13 secretarias estaduais e a Procuradoria Geral do Estado. ** PROFICIÊNCIA – “Se pudesse traduzir, de maneira simples, o que hoje estamos fazendo aqui, eu diria que é cuidar com zelo dos recursos públicos e respeitar o grande sacrifício dos que pagam impostos”, afirmou Reinaldo. ** DESTAQUES – Caravana da Saúde, que esteve em sete regiões na área da saúde; aumento do efetivo policial com 1,6 mil contratações e, a educação, o aumento que tornou o piso salarial dos professores o maior do País. ** AUSTERIDADE – Apesar das muitas restrições do cenário econômico, Reinaldo Azambuja não tem nenhuma dúvida de que “conseguiu atravessar a tempestade em posição muito melhor que outros estados”. ** MEDIDAS FUTURAS – Embasando as 174 metas para 2016, Azambuja disse que os projetos têm como objetivo melhorar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica; além de diminuir a mortalidade materna e a criminalidade. ** COMPROMISSO ASSEGURADO – “Ninguém fará por nós o que é nosso dever. Por isso, mãos à obra. Vamos trabalhar muito, porque o Mato Grosso do Sul tem pressa”, finalizou Reinaldo, ciente da responsabilidade. ** SOMOS IGUAIS – Desde que Luiz Inácio Lula da Silva transmitiu ‘o cargo de presidente da República para Dilma Rousseff, ele passou à condição de cidadão comum’, exceto se a Constituição Brasileia estiver errada. ** PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA – Diz o texto da Constituição Brasileira de 1988 em seu artigo 5.°, inciso LVII: “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. ** SOB SUSPEITA – O mesmo tratamento vale para todos os acusados na Operação Lava Jato que ainda não foram julgados e condenados. Presunção de inocência assegura ao acusado direito à ampla defesa. ** SURREAL – Márcio Fernandes, agora filiado ao PMDB, conseguiu a proeza de reunir na mesma solenidade, três novos adversários: o ex-governador André Puccinelli, o governador Reinaldo Azambuja, e o ex-prefeito Nelsinho Trad. ** NOBEL DA PAZ – O poder de persuasão do deputado estadual sul-mato-grossense o credencia a conquista de honraria até então jamais pensada por um representante da política guaicuru. ** CARO, HEIN! - Um juiz do interior de São Paulo usou a ironia ao condenar um homem a indenizar, em R$ 1, o diretório do Partido dos Trabalhadores em Piracicaba. O problema é conseguir a moeda para honrar a sentença. ** CONDENAÇÃO OU DELAÇÃO – Afinal, o que é melhor: uma delação premiada ou ser condenado a 19 anos e quatro meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa?

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