IMS Rio: os filmes de dezembro/2019

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Dezembro vermelho filme. Em depoimento a Cyril Neyrat, ele comenta: “Havia um mundo externo de produção, de estrangeiros, que me incomodava. Eu queria estar lá com as pessoas, mas de outra maneira. E o cinema não passava no bairro, nenhum filme podia ser feito lá. Essa é a força de Vanda: era preciso encontrar um filme que não fosse um filme, pelo menos não como Ossos. […] Impúnhamos um aparato enorme a um bairro já explorado por todo mundo, que não precisava ser ainda mais explorado pelo cinema. Já há a polícia, o desemprego, a droga, os brancos… e o cinema? Além disso, uma filmagem tem um lado muito ‘policial’. Chegamos como a polícia, e depois nos vamos como a polícia.” “Eu me libertava de um produtor, e agora me libertava ainda por cima do diretor de fotografia. […] Acontece que passei para vídeo porque é prático, mas em Vanda ou Juventude em marcha (2006), isso vai além do vídeo, é uma maneira de fazer um trabalho em imagens e sons.” [Depoimento de Costa concedido a Cyril Neyrat, disponível no livro que acompanha a edição em DVD de No quarto da Vanda na França (Nantes: Capricci, 2008). Os trechos aqui citados foram extraídos de um texto de Eduardo Escorel publicado no blog Questões Cinematográficas, em 2010, e disponível em: bit.ly/eevanda] Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

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No mês de conscientização para medidas de prevenção, assistência, proteção e promoção dos direitos humanos de pessoas vivendo com HIV/Aids, o Cinema do IMS traz dois filmes que abordam o tema. Caminhos cruzados, documentário vencedor do Oscar de 1989, apresenta diferentes perfis de pessoas que faleceram por conta da doença e que foram homenageadas no Aids Memorial Quilt, uma colcha de retalhos quilométrica apresentada no passeio nacional em Washington em memória das vítimas da Aids. O documentário será apresentado em sua mais recente restauração, inédita no Brasil. O média moçambicano Silêncio da mulher revela a trajetória de Marta, que tem dificuldades para ter filhos e por isso é ostracizada por sua comunidade. Quando finalmente consegue engravidar, se descobre soropositiva. A primeira exibição do filme, no IMS Paulista, será seguida de debate com Aline Ferreira, graduanda em psicologia, ativista do movimento social da Aids e integrante do coletivo Loka de Efavirenz. Ingressos: R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia).

Silêncio da mulher

Gabriel Mondlane | Moçambique, Espanha | 2008, 48’, Arquivo digital Marta vive em uma comunidade rural com o marido e a família dele. As dificuldades para gerar um filho fazem com que ela seja constantemente cobrada por todos a sua volta. Quando, enfim, consegue engravidar, ela descobre que é soropositiva. O média-metragem foi realizado com o apoio da ONG catalã MedicusMundi e da União Europeia, com o objetivo de divulgar programas de prevenção da transmissão vertical do HIV e de segurança na maternidade. “Na África subsaariana, múltiplos fatores socioculturais contribuem a criar barreiras que dificultam a aderência das mulheres aos programas de prevenção da transmissão mãe-filho do HIV”, anunciam os créditos iniciais do filme. “Silêncio da mulher foi concebido como uma ferramenta para pesquisa e comunicação visual destinada a encorajar as comunidades a debater temas sensíveis relacionados com a vida reprodutiva da mulher, o diagnóstico do HIV durante a gravidez e o acesso aos programas de saúde disponíveis na rede sanitária, fatos sobre os quais outros atores sociais e familiares desempenham papéis decisivos.”


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