Fotos: acervo da família Heubel
Marion e Hans-Helmut Heubel, casal de amigos alemães cuja história Guimarães Rosa relata em Ave, palavra
ral Joaquim Antonio de Souza Ribeiro. Com base em pesquisa realizada no decorrer dos últimos três anos, durante a qual foram coletados documentos, imagens inéditas e depoimentos, o documentário refaz os caminhos percorridos por Guimarães Rosa, mostrando seus lugares prediletos na cidade, como o zoológico Hagenbeck e as margens do Alster. No verão europeu desse mesmo ano, Guimarães Rosa conhece Marion Madsen, cuja história é relatada em “O mau humor de Wotan”, publicado no volume Ave, palavra. Nele, o escritor reproduz a atmosfera sufocante da Alemanha nazista e relata o triste acaso que levou à morte de Hans-Helmut (marido de Marion e seu grande amigo), na Segunda Guerra. Outro sertão documenta os rastros dessa família, redescobre na Alemanha uma Marion idosa, que ignora por completo o fato de que detalhes de sua vida estão registrados e publicados no outro lado do Atlântico, num idioma que ela não compreende. Nas lembranças de Marion, Guimarães Rosa permanece sendo “o cônsul” da Hamburgo dos anos 1930. O documentário comprova, dessa forma, o caráter autobiográfico de “O mau humor de Wotan” e a fidelidade das descrições de Rosa à realidade da época.
Impressões e decepções A ingenuidade inicial do deslumbramento com o país deixaria lugar, pouco mais tarde, no outono-inverno de 1938-1939, a uma insatisfação com a “fascinaçao bélica”, a “comida detestável” e a “pouca originalidade” dos alemães, como se lê nas cartas enviadas a seu tio Vicente. 3