Edição 203 - Caderno 1

Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo do UniBH

Ano 35 | Nº 203 Belo Horizonte | MG

Novembro | 2016

FOTO: DANILO SILVEIRA

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Dossiê: belezas, desafios e contornos da amizade páginas 4 a 12

O improvável manual do candidato para debates de TV páginas 14 e 15

Dedé Santana relembra seu passado trapalhão

IRMÃOS DE ESTRADA caderno DO!S

A ARTE DE SER AMIGO

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PRIMEIRAS PALAVRAS

Novembro de 2016 Jornal Impressão

AOS AMIGOS, TUDO! Victória Farias Quando me honraram com o papel de escrever o editorial do IMRESSÃO, comecei por refletir sobre meus amigos. Afinal, o dossiê desta edição – tão especial! – do jornal gira em torno das amizades – ou, em outros termos, das mais diversas e misturadas formas de se relacionar com o outro.

Nesse sentido, o leitor encontrará aqui, por exemplo, uma reportagem sobre amizades imaginárias – às quais eu e muitas crianças e adolescentes recorremos, como forma de conforto para o mundo real. Também não poderíamos nos esquecer das “amizades coloridas” (ou “com benefícios”).

Conheço pessoas que cultivam tal tipo de relação, pois pensam que a

intimidade entre amigos irá se tornar ainda mais forte. (Não posso provar, porém, que a especulação seja verdadeira.)

E o que dizer das “amizades de momento”? Falo daqueles amigos que – acreditem!

– reúnem-se para ver aviões tomar os céus, e discutem seus modelos e potenciais. Trata-se dos spotters! Existem, ainda, aqueles amigos que se encontram, aos sábados pela manhã, em uma pracinha lotada de outros meninos, correndo pra lá e pra cá, apenas para discutir quem quer trocar a figurinha repetida de Naruto. (Eu, aliás, tinha muitas figurinhas repetidas, e, consequentemente, muitos e muitos amigos!)

Nem todo laço, contudo, baseia-se em história que se perpetuará.

Há, também, amizades

nascidas, por exemplo, em hospitais. Ali, a solidão de uns se encontra com a solidão de outros, para que, então, possam dividir a dor, formando, assim, as mais bonitas e fortes relações de que se tem notícia: mesmo que não durem para sempre, tais encontros são muitos intensos.

E o que dizer das histórias malucas, que escutamos por aí, sobre amizades entre leões e cordeiros? Os relacionamentos no mundo animal podem ajudar a sobrevivência de vários seres vivos, embora os humanos – muitos dos quais sem saber da ideia de “pirâmide alimentar” – tendam a antropormofizar as relações entre os bichinhos.

E você já se imaginou com a fórmula, em mãos, do prestigiado hambúrguer de siri,

EXPEDIENTE

conforme desejavam tantos personagens da série Bob Esponja, da emissora Nickelodeon?

Nesta edição, no caderno DO!S, isso será possível! (Sim, revelaremos, aqui, a famosa receita!)

Bem... Após vender todos os hambúrgueres do mundo, talvez você ganhe muito dinheiro, e aproveite para dar uma olhadinha no nosso “Você já viu”, também no caderno DO!S, que aborda o filme Como roubar um milhão de dólares, do diretor William Wyler.

Depois de o dinheiro cair na conta, você poderá viajar pelo universo dos livros, ao conhecer o projeto “Malinha Literária”: por meio dele, ao comprar uma obra, você ganha, mensalmente, um kit repleto de novidades e

surpresas do universo das letras. Ah! E o Sol é para quem? Segundo a escritora Harper Lee, o Astro Rei é “para todos”.

Descobriremos isso em nosso “Você já leu”, que discute o livro O sol é para todos.

Bem... Agora, preciso ir! Mas a gente se encontra nas páginas seguintes, para sairmos juntos, por exemplo, de um set de gravação chuvoso. O importante é que nos siga, pois estamos sempre de braços abertos a novas amizades.

Ah! Eu não poderia me esquecer de algo: a frase que dá título a este editorial pertence a um grande amigo, a quem muito admiro: Wilson Albino Pereira, muito obrigada por tudo que me ensinou!

VICE-REITORA Profa. Carolina Marra S. Coelho

INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO E DESIGN Profa. Cynthia Enoque

COORDENAÇÃO DO CURSO DE JORNALISMO Prof. João Carvalho

LABORATÓRIO DE JORNALISMO EDITORES Prof. Leo Cunha Prof. Maurício Guilherme Silva Jr.

DIAGRAMAÇÃO Juliana Rolim (LEGRA)

PROJETO GRÁFICO Laboratório de Experimentações Gráficas (LEGRA)

ESTAGIÁRIOS Danilo Silveira Rodrigo Oliveira Stephanie Morgana

Boa leitura!

ILUSTRAÇÃO William Araújo

EM UMA REDAÇÃO QUALQUER...

WILLIAM ARAÚJO

PARCERIAS Laboratório de Jornalismo Online Laboratório de Fotografia Laboratório de Experimentações Gráficas (LEGRA)

IMPRESSÃO/TIRAGEM Sempre Editora 2.000 exemplares

Eleito o melhor Jornal-laboratório do país na Expocom 2009 e o 2º melhor na Expocom 2003 O jornal IMPRESSÃO é um projeto de ensino coordenado pelos professores Maurício Guilherme e Leo Cunha, com os alunos do curso de Jornalismo do UniBH. Mesmo como projeto do curso de Jornalismo, o jornal está aberto a colaborações de alunos e professores de outros cursos do Centro Universitário.

Espera-se que os alunos possam exercitar a prática e divulgar suas produções neste espaço.

Participe do JORNAL IMPRESSÃO e faça contato com a nossa equipe: Av. Mário Werneck, 1685 BH/MG CEP: 31110-320 Tel.: (31) 3207-2811 Email: impresso@unibh.br

VISÃO CRÍTICA

Setembro de 2016 Jornal Impressão

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Marcelo Gomes Não existe cultura que não tenha seus mitos, e, sobretudo, figuras míticas. Na cultura de massa, isso não é diferente. Personalidades como Madonna e Britney Spears, dentre outras, encarnam e são, ao mesmo tempo, mitos da indústria cultural dos séculos XX e XXI. E a sede dessa indústria é Hollywood. Para nós, que fazemos parte de tal cultura – global –, há de se ressaltar que é de lá que provêm muitas de nossas sensações, provocadoras de atitudes.

Porém, a quem tudo isso interessa?

Os mitos atuais, para concretizar suas mensagens, usam e abusam de recursos imagéticos, por meio de estética que nos transmite sensações, que, por sua vez, desembocam em determinados atos. Para exemplificar tal afirmação, basta analisarmos o novo videoclipe de Britney Spears, “Make Me”.

Nele, a cantora está ávida para que alguém a

satisfaça de felicidade e estado de excitação.

Contudo, como isso pode influenciar nosso comportamento?

O videoclipe de Spears, dentre tantos outros veiculados pela cultura de massa, corrobora com a individualização do homem no século XXI, pois evoca excessivos sentimentos de “eu”, tornando desinteressada a esfera pública. Tais sentimentos, para Britney, no videoclipe, serão satisfeitos com um belo homem, devidamente enquadrado no padrão estético de corpo do Ocidente. E o que incentiva mais a ideologia do que a beleza física?

Essa “personalidade estética” – segundo termo de Umberto Eco – designa aquele que é referência para comportamentos e sentimentos, e pode ser atribuído às celebridades – neste artigo, Britney Spears –, haja vista que o conteúdo de “Make Me” não é um caso isolado em seu trabalho, uma vez que é constantemente

WILLIAM ARAÚJO

DEMI LOVATO NA DOSE CERTA

explorado em outras canções.

Outra celebridade da música, Demi Lovato anunciou, recentemente, que dará uma pausa na carreira. Em seu pronunciamento, disse: “Não fui feita para essa indústria e para a mídia”. Pode parecer mais uma declaração corriqueira de distanciamento dos palcos, como muitos fazem, porém, parece, mesmo, que Lovato chama a atenção de seus fãs acerca,

justamente, da indústria que a produziu.

O problema central desses heróis modelos, como Britney, Madonna e, agora, não mais Demi Lovato, é que eles, como bem salientado por Edgar Morin, “encarnam os mitos de autorrealização da vida privada”. Desse modo, esquecemo-nos da esfera pública, a qual está se desfiando aos poucos. E o que aguça isso, em parte, é a cultura de massa. Preocupados

com o “eu”, as expressões políticas correm perigos, conforme pontuado pelo filósofo George Steiner. “A política tem perdido terreno no mundo todo. As pessoas já não acreditam nela, e isso é muito perigoso”.

Ao retomar uma de minhas primeiras indagações neste texto, a quem interessaria, afinal, a chamada cultura de massas? Pois bem: ela é a consequência da cobiça do mercado, o qual não se impõe

explicitamente, mas por meio de, segundo Morin, “imagens ou palavras que fazem apelo à imitação, conselhos, incitações publicitárias”.

Bem... Pode parecer contraditório um fã de Demi Lovato, como eu, criticar a cultura de massa. Meu intuito com este ensaio, porém, não é fazer com que você nunca mais consuma produtos feitos pela indústria cultural, mas, sim, que deles usufrua criticamente.

RODAPÉ UM CLICK, E O QUE TEMOS? TROTSKISTA, DEMILOVATIANO? Bárbara Lourenço Seu amor pela fotografia veio junto à faculdade, com os trabalhos de campo e uma viagem entre amigos para Trindade (RJ), além de visita acadêmica no Ceará. Conhecer pessoas e lugares, viver a diversidade e perceber o dinamismo da vida são modos de ultrapassar as fronteiras de seu eu.

De três anos para cá, a fotografia constitui sua identidade.

Para Nayara Carneiro, fotografar é um processo permanente de construção e reconstru-

ção da forma de olhar, perceber e sentir o mundo. Como uma câmera, seus olhos registram, o tempo inteiro, o mundo acontecer – e veem o que ninguém vê. Fotos são a materialização da confluência entre ela e o mundo.

Quando se ausenta da câmera, pensa em como o seu cotidiano merecia eternizar momentos. Mas encontra dificuldades para estar e viver com a câmera, por ser mulher, por fazer grandes deslocamentos de ônibus e por sempre retornar à periferia.

Isso não lhe traz a

segurança necessárias para fotografar em quaisquer lugar e hora. Por outro lado, há o aprendizado: a fotografia não pode adquirir importância maior, em sua vida, do que os fatos que originam as próprias imagens.

Hoje, a fotografia e a viagem unem-se para completá-la, com novas experiências e vivências.

As viagens também desafiam sua sensibilidade e instigam seu olhar.

Hoje, a fotografia se faz profissão, por escolha e amor. Eis o melhor arranjo entre o que gosta e o que faz bem.

Marcelo Teixeira Irreverente e deslumbrado ao observar o mundo, o “Lovatic” (fã de Demi Lovato) Marcelo Gomes leva uma vida normal, com afazeres diários. Porém, de forma única, o que contribui com sua enorme felicidade diária. Quem convive com ele o acha meio louco, às vezes, mas também amigo e companheiro de todas as horas. Afinal, está sempre ali para ajudar.

No mundo, para Marcelo, tudo é uma surpresa, do grande acontecimento ao mais

simples dos casos. Ele a tudo reage da mesma forma: como se tratasse da coisa mais fantástica e inusitada. A felicidade não tem preço: fica alegre com cada realização profissional , tanto a sua quanto dos amigos.

Atribui grande valor às coisas simples da vida.

Tudo é tão novo para ele que parece ter acabado de chegar à Terra.

Estudar jornalismo sempre foi seu sonho, e, agora, a realizá-lo, passa os dias preocupado com poucas coisas na vida: a atual situação política do país e a próxima fofoca da mídia. Dois

universos opostos, mas a completar sua pessoa.

Cheio de manias e superstições, Marcelo não se vê no mundo como só mais um marcelo, mas, sim, o “Marcelo Lovato” – como gosta de ser chamado.

Para o futuro, simples pretensões: ser um grande jornalista político, trabalhar numa emissora local e ter vida social agradável.

Descobertas e realizações tornam-se, de certa maneira, um incentivo para que continue a seguir seus sonhos, e a torná-los realidade no decorrer de sua jornada.

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DOSSIÊ AMIZADE

Novembro de 2016 Jornal Impressão

CONTE COMIGO FOTOS: ARIEL THÊMIS

Mesmo que invisível, existe alguém com quem você pode contar

Amigos imaginários contribuem com a apreensão do mundo real pelas crianças

Stephanie Morgana A criança fala, ele responde. Ela dá ordens, ele cumpre. Às vezes, ocorre uma briga, mas é tudo questão de tempo: logo fazem as pazes e voltam a compartilhar dos mesmos momentos.

Ele dá conselhos, ajuda nas tarefas diárias e, ainda, incentiva a comer aqueles alimentos ruins que a mãe insiste em colocar na refeição. Claro que estamos falando do amigo imaginário. Apesar de não existir, essa criatura pode ser vista como positiva na vida de uma criança.

As amigas Isabela e Luiza se conhecem há um ano. A primeira é mais quieta, a outra mais travessa – se Isabe-

la fizer algo de errado, pode ter certeza que foi por influência da Luiza.

Como companheiras inseparáveis, qualquer programa se torna especial, até mesmo ir à casa da avó para chupar jabuticaba. Isabela tem quatro anos, cabelos loiros e adora brincar de “casinha”; Luiza mora na fantasia.

A mãe de Isabela, Erica Bavuso, 33, relata quando percebeu a nova amizade da filha.

“Aos três anos, percebi que ela sempre estava conversando com alguém. É muito engraçado, às vezes, pessoas que não conhecem a situação ficam assustadas ao deduzir que estou conversando com ‘ninguém’. Mas

percebo a satisfação dela ao ver que também estamos brincando e interagindo com a sua amiga”, conta.

Um amigo imaginário pode ser considerado uma construção simbólica presente, em sua maioria, no cotidiano de crianças entre três e sete anos de idade. Geralmente, a criação desse personagem acontece durante a fase lúdica da criança, que já tem um vocabulário formado, emite frases completas e tem capacidade de contar e comer sozinha. Pesquisas na Universidade de Stanford mostram que entre 20% e 30% das crianças apresentam, pelo menos temporariamente, uma companhia

invisível. Algo que não deve ser considerado como anormal, pois quando a criança reproduz, através da brincadeira, situações reais ou de fantasia, contribui na apropriação do mundo e aprende a lidar com os outros, com as suas emoções e desenvolve novos comportamentos e pensamentos.

Existem, também, adolescentes que recordam tal fase da vida e, de certa forma, voltam aos tempos de criança.

No caso do Jhonatan Henrique Silveira, 17, a presença do amigo imaginário deu-se pela necessidade de ter alguém para brincar em horários que a irmã, mesmo mais velha, não estava disponível. Jho-

natan destaca, ainda, a importância de ter vivenciado essa experiência. “Foi uma fase de muito aprendizado que contribuiu na formação do meu próprio conceito, já que as opiniões do meu amigo imaginário eram, exatamente, manifestações de pontos de vistas bem particulares.

Entendo que é necessário não impor limites para a imaginação de uma criança”, recorda o jovem.

Família X Imaginação Companheiros imaginários podem ter funções variadas. Algumas crianças iniciam essa amizade para ter com quem brincar, para suprir a ausência de atenção dos pais ou,

ainda, pela dificuldade de se adequar às regras impostas pelos adultos. Neste último caso, o amigo imaginário se permite viver aquilo que é proibido ao seu criador.

A maneira como os familiares se relacionam com o amigo imaginário é determinante na vida da criança. Como em toda situação, existem aqueles que se opõem e os que aceitam e acabam assumindo o amigo como membro da família. “No início, eu me preocupei bastante, mas depois comecei a entender que era uma maneira que ela encontrou de brincar com alguém da sua idade. Com o passar do tempo, resolvemos “adotar” a Luiza como

DOSSIÊ AMIZADE integrante da família”, diz Erica Bavuso.

Neste aspecto, a psicóloga Soraia Carellos explica como os pais devem se comportar diante desta situação. “É uma convivência que acontece naturalmente, como se estivessem interagindo com mais um brinquedo da própria criança”. Esse vínculo, segundo Soraia, é importante para a criança elaborar a realidade, uma questão emocional que permite viver experiências com outro alguém. Mas alerta: “Os pais devem estar atentos caso a criança se recuse a ter relação com outros amigos”

FOTOS: ARIEL THÊMIS

A hora do adeus A hora de o amigo imaginário ir embora varia de uma criança para outra, mas, geral-

mente, o afastamento acontece entre os sete e oito anos. Nesse caso, o sinal de alerta dos pais deve estar mais associado à intensidade da brincadeira do que o calendário. “É uma despedida que acontece naturalmente. A criança começa a entender a realidade à medida que o pensamento mágico diminui, a partir de então, o amigo imaginário começa a ficar em segundo plano e, consequentemente, deixa de existir”, afirma Soraia.

Na maioria dos casos, a companhia imaginária é uma fase de transição. E, durante esse período, é importante que os pais tenham uma relação normal com a situação, sem dar bronca e sem fazer com que a criança fique insegura e se veja obri-

Novembro de 2016 Jornal Impressão gada a mentir. Entrar e aceitar a brincadeira, entendendo que, por um determinado período, a família tem um novo membro é mesmo a melhor opção. “É interessante não confrontar esse vínculo. Ao mesmo tempo, é aconselhável não alimentar essa relação a ponto de confundir com o real. Deve ser um relacionamento confortável tanto para o filho, quanto para os pais”, explica Carellos.

Só é preciso tomar cuidado para não se apoderar dele. É necessário que a criança saiba – e geralmente sabe – que tal criatura é apenas criação da cabeça dela. Intensificar essa relação pode favorecer o pensamento da criança que aquele ser, ao invés de imaginário é, de fato, real.

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DEUS É UM AMIGO IMAGINÁRIO? Durante a infância, o amigo imaginário é uma criação do subconsciente para simular uma companhia nos momentos de brincadeira da criança. Já na fase adulta, essa atividade é, quase sempre, associada a alguma doença como a esquizofrenia. Mas, quando essa imaginação esbarra na fé, surgem questionamentos acerca da relação entre o homem e Deus.

Rogério Rezende, 27 anos, adventista “Primeiramente, amigo imaginário é algo que você cria. Já Deus é real e eu O sinto. Um amigo imaginário não agiria a meu favor, pois está limitado à minha mente. O companheiro imaginário pode ter infinitas formas, tudo depende do meu pensamento, ao contrário de Deus, que tem sua existência fundamentada na Bíblia. Diferentemente do amigo imaginário, Deus independe da minha crença para existir, a Bíblia mostra como Ele é em suas variações. O psiquiatra Sigmund Freud diz que nós nascemos com carência de alguém que nos proteja e por isso criamos a ‘imagem de Deus’, mas como precisaríamos de algo que não existe? Se Deus é uma ‘imaginação’, por que nascemos carentes por Ele? Muitas pessoas, ao afirmar Deus como um amigo imaginário, estão, geralmente, justificando sua opinião com a prática da crueldade e injustiça no mundo. Quem pode definir o conceito do que é justo ou não? Onde você busca esperança quando precisa dela?

Um amigo imaginário não me dá essa possibilidade”.

Murilo Gontijo, 49 anos, ateu Antes de mais nada, Deus é um grande amigo. Mas nunca deixará de ser uma criação humana. Para uns, será uma energia interna que ajuda a acalmar e encontrar soluções para problemas. Para outros, um Ser supremo que vive no céu, longe de nós a nos observar, atarefado anotando falhas e acertos de seus filhos. Em qualquer situação, Deus, para mim, é ser imaginário, criação dos homens para dar conta de suas próprias infinitas fraquezas. Alguns o imaginam e o põem em prática na vida pela fé. Outros preferem analisá-lo pelo prisma da racionalidade. Estou entre estes, graças a Deus.

Dênith Fernando, 26 anos, católico Sim. O fato d’Ele ser imaginário, na minha opinião, não é no sentido de ser uma invenção da cabeça humana, mas no sentido de imaginar que Ele é onipresente, ou seja, não O vemos, mas Sua presença é perceptível.

Dá pra sentir na pele, na alma, que Ele está me protegendo, guiando e permanecendo ao meu lado. Acredito nessa força do bem que é capaz de fazer coisas sensacionais na vida de qualquer pessoa. Entendo que Deus é imaginário, pois posso pensar Nele da forma que eu me sentir confortável, posso chamá-lo por nomes mais íntimos, acreditar mesmo sem ver, sentir sua presença sem mesmo tocar, conversar mesmo que Ele não me responda oralmente e onde posso instaurar uma confiança que não existe a possibilidade de falha. Deus é o tipo de amigo que transmite a confiança de que nunca vai me abandonar, independentemente das minhas ações, tenho a certeza de que Ele estará disposto a me ouvir, aceitar e perdoar. Deus é o meu melhor amigo. Imaginário sim, mas, muito melhor que os amigos seres humanos no qual convivo. Creio na sua existência em um outro lugar, aqui apenas O sinto.

Paulo Henrique Soares, 30 anos, evangélico Considero que Deus é meu amigo, mas não imaginário. Porém, não posso tocá-lo fisicamente ou ouvir sua voz ao som natural, por exemplo. O tenho como uma certeza. Posso citar o exemplo do oxigênio: não o vejo, não consigo tocar ou ver a sua cor, mas sei que ele existe, pois posso senti-lo ao respirar. Essa é a convicção que tenho de Deus em minha vida. Nos momentos de oração, de louvor, de meditação da palavra bíblica ou de um livramento, eu vejo Deus e sei que Ele está próximo de mim, mais próximo que a minha própria roupa. Não como algo imaginário, mas espiritualmente. Cumpriu-se assim a Escritura que diz: “Abraão creu em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça”, e ele foi chamado amigo de Deus. Tiago 2:23

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DOSSIÊ AMIZADE

Novembro de 2016 Jornal Impressão

PASSAGEIROS, SPOTTERS À VISTA Amizades nascem de um hobby em comum (e incomum): observar aviões Lucas Soares

Amizade turbinada O jornalista Natanael Vieira, 26 anos, é um desses que, se pudesse, viveria voando, pelo tanto que gosta de observar e fotografar aviões. Já o estudante Gabriel Wallace, de 16 anos, se tivesse dinheiro, viveria viajando para fotografar aviões dos mais exóticos possíveis. No Aeroporto

da Pampulha, os dois amigos spotters conversaram com o IMPRESSÃO sobre o esporte, que requer paciência e amor à aviação.

O ambiente não poderia ser outro para a conversa. Em meio a aviões que decolavam e pousavam, Natanael e Gabriel pausaram, diversas vezes, a entrevista para se dedicarem ao que mais lhes faz bem: fotografar aviões. “Olha o tucano ali”, disse Gabriel, ao avistar um Embraer EMB-312. Sacou de dentro da mochila uma máquina fotográfica, mirou na aeronave que estava no pátio do aeroporto e disparou o obturador.

Os dois se conheceram a partir das redes sociais, no grupo Spotter Clube MG, cuja finalidade é reunir os amantes de aeronaves do estado,

compartilhar fotos feitas pelos membros, além de facilitar o acesso aos aeroportos, para que possam fazer seus registros com maior conforto e numa área privilegiada. “Em Confins, em 2013, fomos à torre do aeroporto e fomos tratados muito bem pelos funcionários. Até preparam uma palestra para nós”, lembrou Natanael de um Spotter Day ocorrido no Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Confins (DTCEA-CF).

Spotter Day é o momento do encontro de spotters. No entanto, não há uma data específica para que o evento ocorra, pela dificuldade de juntar grande parte dos membros, quase sempre envolvidos em outras atividades. “No último encontro, mais

ou menos 50 pessoas compareceram. O pessoal gosta desses eventos porque é uma oportunidade de troca de informações, contatos, experiências, fotos”, ressaltou Gabriel.

Painel de instrumentos Natanael listou algumas ferramentas necessárias para um spotter.

“Uma câmera, pode ser de celular, compacta ou power shot. Um tripé, dependendo da velocidade do avião. O colete com faixas reflexivas para segurança do spotter que está tirando fotos muitas vezes em locais perigosos. Além, é claro, do Flightradar”, enumerou.

O aplicativo em questão mostra o tráfego aéreo no mundo em tempo real, as características de cada voo e fotos ampliadas dos

aviões. No momento em que acessava ao aplicativo, Natanael observou que um avião estaria passando ali, naquela hora. Minutos depois, acompanharam o avião rasgando o céu.

Gabriel, apesar da pouca idade, mostrou que é possível ser um spotter aos 16 anos.

Durante a entrevista, um avião de modelo ATR-72 estacionou no aeroporto e, atencioso, explicou o porquê daquela aeronave ser modelo 72500.

“O número final é o que diferencia um do outro. É como se houvesse um carro 1.0 e, no mesmo modelo, um 1.4”, esclareceu.

Ao fotografarem, os spotters não colecionam apenas fotos de aviões. Tem gente que coleciona pinturas FOTOS: LUCAS SOARES

Na Segunda Guerra Mundial, alguns países monitoravam os movimentos aéreos, com a finalidade de se protegerem dos bombardeios nazistas. Caso algo no céu saísse do comum, a população era alertada para que fugissem o mais rápido possível daquelas terras. Atualmente, o ato de observar e fotografar aviões virou um hobby e tem um nome específico – spotters.

Na tradução literal, “spotter” quer dizer “observador”, “guia”, “olheiro”. Os “spottistas” fazem tudo isso, só que em busca de aprendizado, diversão... e companheirismo. Grandes amizades já nasceram a partir do hobby compartilhado.

Os spotters se dedicam a fotografar aviões, planadores, balões, dirigíveis, helicópteros e ultraleves – tudo o que voa e que não é bicho.

Alguns aeroportos recebem, diariamente, esses fãs da aviação, que buscam capturar ângulos diferentes de alguma aeronave, ou fazer a foto de um modelo que ainda não pousou naquele lugar.

Aeroporto da Pampulha recebe o Spotter Day

DOSSIÊ AMIZADE – que são as estampas especiais –, matrículas e prefixos dos aviões – como placas das aeronaves. Fotos de batismos, que é quando acontece a inauguração de algum avião ou de uma rota específica – dois aviões da brigada de incêndio lançam jatos ao lado do avião. “É bem bonito”, declarou Natanael.

Para além dessas fotos, alguns amantes da aviação colecionam registros de aviões exóticos e viajam muito para consegui-los. Há quem também guarde, além de fotos, os cartões de segurança presentes nos compartimentos dos aviões durante as viagens.

“Tem gente que vende copo descartável, fone de ouvido. É uma tara.

Tudo que envolve avião, o pessoal coleciona”, acrescentou o jornalista.

Natanael disse que sempre gostou de aviões. “Quando peque-

no, todos os meus desenhos tinham aviões.

Só depois reparei e me dei conta do meu amor por eles”, lembrou.

Com Gabriel, não foi diferente. O jovem conta que os aviões semepre estiveram presentes em sua vida, mas só se tornou spotter em 2015.

Para além das fotos, ele gosta de fazer vídeos de pousos e decolagen “Acho muito legal fazer esses vídeos também, afinal, a maioria dos spotters fazem só fotos”, salientou Gabriel.

Ao final da conversa, Gabriel avistou um amigo que vinha, de bicicleta, ao aeroporto para observar aviões.

Os três observaram por algum tempo e logo se dirigiram aos seus afazeres do dia a dia. “O legal é que, no nosso grupo, antes de sermos spotters, somos jornalistas, estudantes, engenheiros. É uma troca muito boa”, disse Natanael.

Novembro de 2016 Jornal Impressão

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CHECK-IN – COMO SE TORNAR UM SPOTTER Para se tornar spotter, é necessário cumprir alguns requisitos básicos, listados abaixo pelos praticantes Natanel Vieira e Gabriel Wallace. Se os leitores quiserem embarcar nessa viagem de observar e fotografar aviões, apertem os cintos e tenham todos uma boa viagem! Segundo os spotters, o bilhete é só de ida.

1. O candidato a spotter precisa, a princípio, e necessariamente, gostar de aviões. Muitos desde pequenos se consideram amantes da aviação. Papais e mamães também podem influenciar no gosto dos futuros spotters – embora não haja tempo certo para se tornar um.

2. É preciso entender o funcionamento, mesmo que básico, das aeronaves. Grande parte dos spotters sabem muito. Muitos deles, inclusive, trabalham diretamente com isso, “fazendo o que gostam”.

3. Para fazer os cliques, não é obrigatório que o spotter tenha uma câmera muito boa. Muitos spotters registram os aviões apenas com câmeras de celular. O importante é fotografar e fazer um bom ângulo de uma aeronave. Alguns, no entanto, não fazem fotos e vão aos aeroportos e aos encontros para, somente, observarem as grandes máquinas rasgando os céus.

4. Alguns itens de segurança, como o colete com faixas reflexivas, são necessários em alguns encontros. Tê-los é importante para que o esporte seja mais seguro e que também seja reconhecido por isso.

5. Ir aos encontros de spotters nos aeroportos para fazer alguns cliques, juntos, de aviões que pousam e decolam. Além das fotos, é possível fazer amizade com os outros colegas, promovendo uma relação saudável de interação entre os spotters do clube e de todo o país.

Não é difícil se tornar um spotter. Caso você tenha se interessado pelo hobby, saque sua câmera ou somente a sua vontade de observar aviões e vá ao aeroporto mais próximo da sua casa.

Procure também por grupos nas redes sociais e conheça um pouco mais sobre o “spottismo” – as condições de voo serão favoráveis.

PARA ALÉM DO QUADRO NEGRO A aluna Verônica Cecília conheceu a professora Leísa Torres há nove anos, quando estava no quinto ano. No início, uma destetava a outra.

Eram muitas brigas. Com o passar dos meses, Verônica passou a admirar a professora de ciências e a se dedicar mais aos estudos da disciplina.

Desde então, viraram amigas. Durante os sete anos na escola, eram muito próximas, e os alunos morriam de ciúmes da relação das duas – assim como a aluna, no que se refere à professora. Hoje, três anos depois de formada, Verônica tem uma relação de irmã com Leísa. Frequenta a casa da ex-professora, divide segredos e anseios.

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DOSSIÊ AMIZADE

Novembro de 2016 Jornal Impressão

AMIZADE POR BAIXO DOS LENÇÓIS FOTO: WILSON ALBINO

Conheça histórias de pessoas que desafiaram o limite entre sexo e camaradagem

Após inúmeras aventuras, chegou a hora de descansar

Rodrigo de Oliveira Wilson Albino “Ele tem de saber como é que se pega uma mulher de quatro, e falar no ouvido dela: ‘você é minha, ouviu?

Minha! Entendeu agora?’ Nada de frescuras”. É desse modo que Flor de Maria descreve a relação ideal com quem ela chama de “pau amigo”. Aos 30, a funcionária pública, pós-graduada em Gestão Pública, afirma que, desde a primeira transa, com 16 anos, não fez outra coisa senão “se doar”. Ela própria se considera uma alma muito caridosa, tanto que já até ensinou a um amigo como se faz sexo... direito”, conclui.

Quando se interessa por alguém, não olha nível social. “Curto muito mais a essência que a aparência”, afirma.

Contudo, Flor de Maria impõe condições: “Não saio com homens casados, não transo sem preservativo e não faço sexo anal, em hipótese alguma. São regras mi-

nhas, e delas não abro mão”, ressalta.

Quando perguntada sobre o “yin-yang” entre sexo e amizade, sua boca miúda e sorridente diz: “Saí com alguns rapazes que já conhecia de vista, saí com gente que tomei conhecimento por acaso, mas, também fui para cama com homens que conheci por meio de aplicativos de celular. Vivi loucamente, tanto que não sei precisar com quantos parceiros/amigos já dormi”, explica. Em relação à aproximação dos felizardos, ela diz, “Era mesmo só para trocar umas ideias, porém a coisa evoluía e acabava embaixo dos lençóis”.

As práticas sexuais diárias, com várias pessoas diferentes, contribuíram para que Flor de Maria se visse repleta dos saberes, dona de suas vontades e indiferente ao palavrório alheio. “A vida é minha e o corpo também. Portanto, faço o que quero e pronto”, declara. Os encontros marcados

apenas para transar fluíam muito bem só porque tudo era alicerçado em sexo e amizade. “Às vezes, só em sexo mesmo”, reforça.

Flor de Maria cerra seus olhos negros e muito vivos enquanto rememora fatos ligados às inúmeras aventuras.

“Já transei com homens de farda. Com eles, fiz sexo em lugares desertos, em quartos e dentro de carros. Às vezes, o perigo de ser flagrada era melhor que o ato sexual em si”, admite.

Após as traquinagens, sair e se despedir como se nada além do banal tivesse ocorrido, tinha uma vantagem – zero de cobranças.

Ela fingiu orgasmo muitas vezes, e até deixava o desacerto passar se, depois da transa, o pau amigo não vomitasse idiotice: “Foi bom pra você meu bem?”, “Aí é hora da verdade”, categoriza. “Já falei para um cara: amigo, seu pau é pequeno demais. Não senti absolutamente nada. Falei para outro:

ei, você só tem papo, não entende nada de mulher”. Alguns aceitaram a crítica, outros a chamaram de puta, na cara. Ela retruca: “Puta? Não! Putas cobram e nunca beijam na boca. Mas, quando o amigo é legal, rolam elogios recíprocos. Gostava de dizer, para um determinado cara, que me sentia bem ao lado dele na cama. E, algumas vezes, ele me disse que eu chupava gostoso demais”, confessa.

Hoje, seu maior sonho é “sossegar” a periquita. Flor de Maria quer levar uma vida distante “das baladas de solteira” e das camas e companhias incertas, se tornar esposa e constituir família. Inclusive, entre uns e outros paus amigos, conheceu alguém diferente. “Era para ser só uma dose de sexo e um bocado de amizade, mas a coisa está mudando de rumo.

Se der tudo certo, me caso no ano que vem, como manda o figurino”, completa.

PELO UNIVERSO DO SEU CORPO Pepe e Nat são dois amigos que transam e é apenas isso. Não há amor na jogada, sequer o menor sentimento afetivo. É bola na caçapa e só. Não há nenhuma relação com conto de fadas ou romance. Neste caso, podemos dizer que é mais um jogo de f...das.

Pepe, de 18 anos, conheceu Nat há cinco anos. De lá para cá, a amizade foi ficando cada dia mais forte, e, num determinado dia, surgiu o tesão. Eles já transam há sete meses e não pensam em deixar de transar ou evoluir para algo mais sério. Não se deixam enganar pelos sentimentos. “Bom, quando me descobri (achei ruim esse verbo – não seria melhor “assumi”?) gay, de cara comecei a namorar e o Nat também. Coincidentemente, ambos os relacionamentos terminaram na mesma época e, desde então, a gente se encontrava para conversar, ver como estávamos, etc. Até que um dia rolou algo e resolvemos manter. Desde o primeiro momento deixamos bem claro que era algo estritamente sexual, e isso é o mais divertido porque temos uma intimidade bem grande um com o outro, mas não temos nenhum vínculo amoroso”, relata.

Já Nat, de 20 anos, considera o relacionamento muito bom, mas também não vê a possibilidade de um enlace maior, ficando apenas no sexo, que acontece ocasionalmente. Sobre a possibilidade da prática sexual interferir de modo negativo na amizade, Nat é taxativo: “De maneira alguma! Sempre fomos muito amigos e a transa não intervém em nada. Inclusive, até fazemos piada sobre isso”, conclui.

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ENFIM, NOS CONHECEMOS FOTOS: DÉBORAH CORSINO

Como uma experiência de vida mudou a amizade de um grupo de alunos-repórteres

Camaradagem na imensidão

Bernardo Franco Caetana Lisboa Camilla Ferreira Déborah Corsino Gabriel Ronan Quão inusitado seria fazer uma pauta sobre sobrevivência para o curso de Jornalismo? Foi exatamente o que pensamos quando decidimos o tema desta jornada. Segundo o dicionário Aurélio, sobreviver significa “continuar a viver, escapar, resistir ou superar”.

Inspirados por famosos programas documentais acerca do assunto, resolvemos nos aventurar em uma espécie de “acampamento selvagem”.

Surge, então, a possibilidade de nos instalarmos em um local afastado da “civilização”, na região da Serra do Cipó, no território de Conceição do Mato Dentro. O propósito inicial era o de permanecermos 48 horas em precariedade de conforto, levando conosco, apenas, instrumentos básicos e de necessidade, tais como faca, papel higiênico e odres para água, dentre outros objetos dessa natureza.

Teríamos que procurar por comida na região, além de tentar cumprir o prazo estipulado.

Chegamos ao desti-

Muita criatividade em busca de sobrevivência

no numa quinta-feira, 21 de abril, pouco depois do horário de almoço. Ali, não há sinal de telefone ou de internet – fato necessário de ser relatado quando se trata de quatro jovens representantes de uma geração viciada em tecnologia. É grande a beleza natural, e extensa a área verde. Apesar do terreno inclinado e íngreme, há uma parte plana no lado inferior do território, onde buscamos fazer nossas instalações.

Na parte de cima, uma grande pedra forma o abrigo favorável à instalação de nossa “cozinha”. A mesma rocha, posteriormente, abrigaria uma fogueira.

Mais abaixo, uma queda d’água forma o poço no qual tomamos banho.

Para além disso, tudo o que vemos é mato, vegetação, árvores, árvores e mais árvores.

À caça Nosso projeto inicial é procurar comida e deixá-la estocada.

Será preciso, também, buscar água, para, depois, fervê-la e, então, encher nossos odres e tentar não sentir dor de barriga. Afinal, durante o caminho, na tentativa

de abastecer o estômago, ao máximo, para encarar a empreitada, um de nossos integrantes comeu um sanduíche vencido – há cerca de um mês –, numa lanchonete de Lagoa Santa. Outra ambição é contemplar uma chuva de meteoros, anunciada para o dia.

Só conseguimos acender uma fogueira graças aos isqueiros que trouxemos. É claro que, em função de nossa ignorância, nem tentamos realizar tal façanha sem usar o milagroso aparelhinho – e esperamos ser perdoados por isso.

Quanto à comida, assim que chegamos, encontramos um pé de ananás – espécie de abacaxi menor e com grande número de sementes – e conseguimos coletar vários coquinhos, que, apesar de muito festejados por todos, também nos propunham um desafio imenso: “Como abri-los?”. Depois de uma hora e várias pedras quebradas, conseguimos estourá-los, para conhecermos a pequena castanha em seu interior. Após tal descoberta, foram mais e mais pedras estilhaçadas.

E o que mais fazemos, afora caçar comida

e beber água? Conversamos, rimos, pulamos sem roupas na água, e, principalmente, nos conhecemos mais, já que nos dedicamos a coisas que não costumamos fazer diariamente, por estarmos ocupados demais, a gastar nosso tempo livre “dentro” de seis polegadas.

Na primeira noite, a lua aparece completamente cheia e reaviva a ilusão de estar mais próxima de nós.

Conversamos sobre isso, e sobre estrelas e outros tantos assuntos.

Por fim, cantamos, ao perceber que já falavamos de seres extraterrestres e do fim do mundo. Tentamos esperar a chuva de meteoros, prometida para

as duas da manhã, mas não temos relógio, nem noção das horas. O frio e o sono aumentam, o que nos força a dormir.

Best friends Amanhece e acordamos bem, apesar do pouco conforto. Caminhamos em torno da área preservada e conhecemos cachoeiras e paredões d’água. Após mais coquinhos, é hora de assaltar o pomar da fazenda vizinha, com a crença de que, se estamos ali, em busca de sobrevivência, temos o direito de tirar proveito da situação. Conseguimos grande variedade de frutas: mexericas, laranjas, limões, acerolas, e, até mesmo, cana-de-açúcar. Todo

AMIZADE ITINERANTE Era uma tarde como outra qualquer. Larissa voltava cansada e estressada do preparatório do Enem. Na linha de ônibus, que levava a jovem ao curso, conheceu Inês. A senhora estava sentada do seu lado no coletivo e percebeu o nervosismo e o estresse da jovem, após ligação telefônica, e lhe ofereceu ajuda. Elas começaram a conversar e perceberam a quantidade de coincidências que compartilhavam. Todos os dias, durante um ano, encontravam-se no ônibus e na igreja. Hoje, são amigas. Não se encontram mais no coletivo, mas se veem sempre na igreja e trocam mensagens por rede social.

aquele sabor é como o prato de um restaurante cinco estrelas ou o tropeiro do antigo Mineirão: tudo, simplesmente, espetacular àquela altura.

Fato é que não sentimos falta dos smartphones. Em dois dias, nos conhecemos mais do que em três anos de convivência, dentro e fora do centro acadêmico. Pode ser que nos afastemos com o tempo, que a vida nos leve para caminhos diferentes, e, provavelmente, que voltemos, com a mesma intensidade, a nosso mundo de seis polegadas. Nesses dois dias, porém, ao menos por um momento, fomos, com certeza, melhores amigos.

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AMIZADE ANIMAL? FRANCYNE PERÁCIO

Por mais que humanizemos os bichinhos de estimação, seus laços de carinho dizem respeito à necessidade de sobrevivência OUTRAS HISTÓRIAS DE CHAMEGO O esperto neném, de fofo, tem só o nome e a cara, pois se aproveita da aparência para atrair a atenção das pessoas, mas, em poucos segundos, retribui o carinho com uma bela mordida. Seu comportamento, quase bipolar, fez com que vivesse isolado do restante dos cães. Na verdade, ele vive muito bem, com a sombra de uma jabuticabeira e o “piso” forrado com folhas, atributos que tornam sua casa confortável e aconchegante, à maneira de um lorde.

Cada morador do abrigo tem suas peculiaridades, mas a grande amizade é o que prevalece entre eles. Toda esta alegria, porém, está ameaçada: a casa onde vivem os 19 cães, em breve, será devolvida à proprietária e eles precisarão de um novo lar. “Até lá, eles serão adotados. Enquanto isso, toda doação de alimentos é bem-vinda. Afinal, cuidar dessa grande família gera muitas despesas”, comenta Márcia Malheiros.

Por falar em família, as primas Bia e Bel não deixam por menos, principalmente, quando o assunto é bagunça e diversão. Apesar de seu pouco contato, foi amizade à primeira vista. Bia reside em Belo Horizonte, em um apartamento com a mãe (a dona) e a avó. Bel, por sua vez, mora no interior, em uma casa, também com sua mãe (a dona) e a avó, mas sempre participa das reuniões familiares, junto aos tios, primos e “bisos”, todos humanos.

Infelizmente, Bia e Bel não costumam se ver, mesmo com a ajuda das redes sociais, que, para o mundo canino, não é bastante. Elas sentem a necessidade de pular, cheirar e brincar uma com a outra. Na verdade, a relação é quase uma irmandade, embora as raças sejam distintas, e o parentesco, criado pelas donas. A semelhança física e a conexão entre elas, porém, são impressionantes.

Até que a morte os separe

Francyne Perácio Marcelo Gomes No abrigo de animais mantido pela cuidadora Márcia Malheiros, é só alegria! Os 19 cachorros vivem como uma grande família: a mãezona, Joana, impõe respeito, mas, quando necessário, sabe acalentar seus filhotes adotivos. Ela é o alfa dessa matilha, pois protege a prole de todos os perigos, além de ser muito receptiva com as visitas. Toda família tem um palhaço brincalhão, que anima a todos e está sempre de alto astral. Eis o Anjo da casa – que, de santo, só carrega o nome, pois adora incomodar seus irmãos: Karin é um dos mais novos.

Com apenas dois anos, é carente e adora roubar as atenções.

Além disso, é extre-

mamente amável e carinhoso. Já Helena, a mais tímida, prefere seu cantinho. Tal introversão é justificada por sua deficiência. Ela foi encontrada com a pata direita dianteira ainda não recuperada de uma fratura. Por isso, locomove-se com dificuldade. Contudo, seu estado físico não impede que ela brinque e seja feliz com os irmãos e amigos.

Para compor o time dos folgados da família, Maria une-se ao Anjo quando o assunto é confusão e bagunça.

Existem, ainda, os famosos do abrigo, a dupla Dior e Delon, que não fazem o mesmo sucesso de certas duplas sertanejas, mas, para o restante daquela família, a amizade e o carisma desses cãezinhos caramelos já são, realmente, o bastante.

Diante dos relatos acima (veja outras histórias no box à página 10), como você descreveria a relação entre os animais? Trata-se de amizade? Por quê?

Será que os bichos têm mesmo tal sentimento, de modo similar aos humanos? Segundo o dicionário Aurélio, amizade é “um sentimento fiel de afeição, apreço estima ou ternura entre as PESSOAS”. Portanto, na perspectiva do “pai dos burros”, o termo não se aplica a outros seres. Entretanto, muitos de nós classificaríamos os referidos relatos como amizade.

Por qual razão?

Para que haja a adaptação ao meio, é preciso que os animais – não, necessariamente, todos – estabeleçam relações de cooperação entre si. Porém, os humanos

estabelecem laços de amizade, com seus bichinhos, ao vê-los em seus ambientes de convívio. Ou seja: antropomorfizamos os comportamentos dos outros seres – ou, em outros termos, damos aspecto humano a tais relações.

Há, também, muitos desenhos animados que corroboram com a visão antropomorfizada dos animais, a exemplo de Bob esponja, Tom e Jerry ou Ursinho Poh.

É a mamãe!

A ciência já observou e analisou que as “amizades” entre animais são geradas por uma série de fatores, entre os quais, o instinto. Certas aves, como galinhas, perus e cisnes, quando fisiologicamente preparadas para deixar o ninho, seguem o primeiro “objeto” que veem. Isso pode estar relacionado ao instinto de sobrevivência da espécie, que deve seguir, a priori, os pais – os quais darão suporte de sobrevivência ao recém-nascido.Pesquisas revelam,

também, que um filhote de pato pode seguir, até mesmo, um homem, caso se trate do primeiro ser a observá-lo. A prevalência por seguir qualquer coisa, porém, cessa no período juvenil do animal.

Outra curiosidade diz respeito ao fato de que os animais que mais praticam atividades homossexuais, além dos seres humanos, são os carneiros domesticados.

Para muitos, contudo, o carinho entre colegas parecia sinal de... amizade. Ao observá-los, no século XIX, cientistas tentaram explicar seus comportamentos como resultado de forças físicas e químicas que atuam sobre seus organismos.

Já no século XIX, nasce um dos maiores legados da Biologia à compreensão da evolução entre os seres: os escritos de Charles Darwin, que introduziu e defendeu a tese de que as espécies lutam pela sobrevivência.

Uma das possíveis explicações da “amizade”

entre animais, portanto, seria a de que eles se relacionam para obter condições de existência.

Na ecologia, essas relações têm várias classificações. Dentre as que mais se assemelham à amizade, destaca-se o chamado mutualismo.

Um exemplo desse tipo de relação ocorre com o pássaro-palito e o crocodilo. A ave se introduz na boca do réptil, de onde retira sanguessugas que parasitárias.

No fim das contas, um é beneficiado com a eliminação dos parasitas, enquanto o outro consegue alimento. Entre o anu e o boi, acontece o mesmo. O pássaro come os carrapatos sanguessugas na pele do gado.

Muitos que se deparassem com cenas como essa afirmariam que não passava de amizade. Percebe-se que as relações de Mutualismo, realizadas entre animais de espécies diferentes, ocorrem em prol de um ser benéfico à existência do outro.

Isso, por razões evolucionárias de adaptação.

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AMIZADE VIRTUAL DE OCASIÃO ARQUIVO PESSOAL

REPRODUÇÃO

Quando não se tem uma companhia para ir à festa, o inusitado pode nos reservar grandes e boas surpresas

Patrícia e Mileny mantêm a amizade nascida das artimanhas do acaso

Patrícia Luz Ter amigos é algo fundamental na vida de qualquer ser humano. Será possível viver sozinho, sem amizades e família? Claro que não! Não é preciso ser especialista para saber da importância de ter companhia para os momentos alegres, tristes, divertidos e de descontração ao longo da vida.

Cultivar amigos tem a ver com “socialização”.

Segundo o dicionário, tal termo é “o ato ou efeito de socializar”. Ou seja: de tornar social, de reunir em sociedade. É o processo de integração dos indivíduos em grupo. Já parou para pensar quantos amigos já passaram e quantos ainda passarão por sua vida?

Existem aqueles mais íntimos, outros nem tanto, mas, com certeza, você viveu momentos únicos com cada um deles. É possível fazer uma amizade sem planejar?

Ou ver surgir um relacionamento por mera circunstância?

Com certeza! Para provar isso, resolvi contar aqui a minha história.

Tudo começou com o desejo de participar da festa de aniversário do Clube Chalezinho, casa noturna de Belo Horizonte, mas não tinha companhia. Vasculhei toda a minha lista de contatos e consultei minhas amigas “baladeiras” para saber quem iria à festa, que, inclusive, foi muito divulgada nas redes sociais.

O resultado não foi dos melhores: uma não tinha dinheiro e as outras trabalhariam, estudariam ou não se identificavam com o perfil da festa.

Quando dei por mim, estava desanimada e, praticamente, desistindo de sair de casa. Eu não teria coragem de ir sozinha para a balada! Afinal, tenho receio de ser malvista pelas pessoas que lá es-

tariam, por meus amigos, e, principalmente, por meus pais.

O início de tudo Ao apreciar fotos de amigos no feed do Instagram, vi a imagem de uma conhecida da época de colégio, Luisa Mendonça. Iniciamos uma conversa por inbox e aproveitei para contar minha aflição. Ela, como sempre, foi superatenciosa e me indicou duas de suas amigas, que também iriam à festa e, certamente, poderiam me fazer companhia. Naquela hora, eu me animei e acendi a última esperança que me restava.

Depois de trocar contatos via WhatsApp, comecei a conversar com Ana Amélia, uma das amigas de Luisa.

Pois combinei tudo certinho: horário e local de encontro.

Chegado o tão esperado dia, 16 de setembro de 2016, passei o dia a me arrumar... Fui

ao salão pintar as unhas, arrumei o cabelo e até comprei roupa nova.

Animação não faltava para a festa de 14 anos, open bar e open food do Clube Chalezinho. Cheguei ao local à meia noite, mandei mensagem no WhatsApp da Ana Amélia e fui ao encontro dela e da outra amiga, Mileny.

O encontro entre nós três foi ótimo! Eu, Ana Amélia e Mileny ficamos

juntas a noite inteira... dançando, bebendo, comendo e curtindo ao máximo aquele momento descontraído.

Foram nove horas seguidas de festa e com direito a café da manhã.

Dentre as duas, me identifiquei mais com Mileny. Tiramos muitas fotos, gravamos vídeos e, é claro, aproveitamos para relaxar e esquecer dos problemas que envolvem trabalho e faculdade.

Depois que a festa terminou, às 9h, fui para a casa da Mileny esperar pela minha carona. Trocamos os números de WhatsApp e ainda mantemos contato nas redes sociais.

Continuamos marcando de nos encontrar. Fico muito feliz, pois ganhei uma amizade sem esperar nada por isso. Às vezes, na vida, precisamos,mesmo, mergulhar no inesperado.

COM PRAZER, PADRINHOS!

Pâmela conheceu Mateus na Igreja. À época, namoravam outras pessoas. Algum tempo depois, os dois se separaram, mas logo se encontraram e começaram a namorar. Por rumos da vida, Pedro, o best friend de Mateus, começou a namorar Lorrayne – ex do amigo. Porém, nada que estragasse a amizade entre eles. Hoje, os dois casais curtem vários programas juntos: vão ao cinema, saem para jantar etc. O mais incrível é que Mateus e Pâmela serão padrinhos do casório de Pedro e Lorrayne. Que confusão, não é mesmo?! O mais importante, contudo, é que a amizade sempre esteve presente.

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QUALQUER DIA, AMIGO, A GENTE SE ENCONTRA FOTO: DANILO SILVEIRA

Sobre grandes amizades que nascem em momentos de dor, despedida e silêncio

Mariana Fernandes Tainá Silveira “Na vida, só há duas formas de aprender. Pelo amor ou pela dor”, dizem as mães de plantão. Mas, e quando o aprendizado concilia as duas coisas? Calma, caro leitor! Não estamos falando de sadomasoquismo, e, sim, de amizades (Existe amor mais puro?!) que nascem de situações nada agradáveis, e que trazem, consigo, muito aprendizado.

Três vezes na semana, Gisele Silva faz hemodiálise. Seus rins já não realizam um bom trabalho em seu corpo.

Em todas as sessões do tratamento, ela encontra Sônia, senhora que passa pela mesma situação.

Pouco provável, mas a amizade se iniciou no final de 2015, devido a uma confusão com o horário das duas pacientes. “Certo dia, em um fim de ano, a clínica pediu para entrarmos mais cedo. Acredito que só eu e ela entendemos que era para estar lá às 6h, quando, na verdade,

o horário correto 11h.

Eu fiquei bem nervosa, mas a querida dona Sônia, como uma boa serva de Deus que é, me acalmou, e ficamos conversando até o momento da hemodiálise”, conta Gisele.

A amizade entre as duas se desenvolve dentro das paredes da clínica, e se fortalece a cada ligação telefônica. Gisele destaca que a amizade com Sônia lhe deu ânimo, além de ter tornado mais leve o tratamento. “Fico feliz por saber que ela estará na clínica, para conversar sobre o dia a dia, a família. Desse modo, trocamos experiências”, relata.

Um fator, porém, ameaça essa amizade: o inevitável medo da perda, que ronda a todos os pacientes. “Por mais que eu esteja consciente de que, a cada semana, uma pessoa morre na clínica, a realidade é bem difícil e dolorida”, explica Gisele, que sempre pede a Deus que dê mais alguns bons anos de vida a Sônia.

“Pretendo ainda viver

muitas coisas boas com ela”, conclui.

Vida e amor Outras amizades surgem de crenças em comum entre os pacientes. É o caso de Vinicius Conrado, que conheceu Edno durante o tratamento contra tuberculose. Eles dividiam o mesmo quarto.

Cristãos, conversavam muito e liam a bíblia juntos. “Nosso convívio era muito bom. Nunca tivemos uma discussão, por nenhum motivo.

Eu sempre via os médicos que o olhavam, e ele sempre via os que me olhavam. Era bem legal”, recorda-se Vinicius. Edno faleceu há alguns dias, após deixar o hospital. Mesmo no breve período de tempo em que os companheiros de quarto estiveram juntos, ambos se ajudaram a superar as dores. Como mensagem a Vinicius, Edno deixou a máxima de que é muito importante ter a capacidade de perceber o quanto a vida é breve.

Em alguns casos, a amizade em situações

como essas pode se transformar em algo mais. Dermeval Sabino conheceu sua esposa, Clemires Sabino, durante o tratamento de hemodiálise. O casal, que recentemente completou 18 anos de matrimônio, não tinha motivos para viver no início do tratamento. “Antes, não ligava para nada. Hoje, vivemos para nos amar”, conta Dermeval.

Médico X Paciente Tecnicamente, médicos e enfermeiros não podem se relacionar com pacientes. Contudo, é difícil, para os profissionais, não criar vínculos com pessoas que fazem tratamentos mais severos, como aqueles que exigem internação prolongada.

Valério Leandro de Freitas, que tinha diabetes, passou mal em uma sexta-feira de julho de 2015. Tudo parecia uma crise causada pela doença, mas o quadro estava mais grave que o de costume. Depois de passar por exames de sangue, na segundafeira, surgiu a suspeita,

confirmada, dias depois, por meio de um mielograma: Valério estava com leucemia. Devido à baixa imunidade causada pelo câncer no sangue, os pacientes têm pouco – ou nenhum – contato entre si, e acabam por estabelecer vínculo maior com médicos e outros profissionais de saúde.

Cinco enfermeiras acompanhavam Valério de perto, e, segundo a filha, Isabela Freitas, ele e outra paciente eram os “queridinhos” de todos no hospital, por encararem, de maneira leve, uma situação tão delicada.

“Havia hora para tudo.

E era a mesma coisa todos os dias. Mas ele quebrava a rotina, com esse contato que tinha com as enfermeiras, com o hábito de fazer gracejos. Ele era muito piadista, como se nem fosse paciente, como estivesse de visita ali”, relembra Isabela.

Apesar de não haver contato entre os pacientes, enfermeiras sempre comentavam sobre outros doentes. “Então, a

gente imagina quem era quem, em qual quarto estava. Às vezes, quando a passávamos pelo corredor, víamos um paciente de relance. E rolava aquela curiosidade: “Como ele é?”; “Como a família tem reagido?”; “Está internado há muito tempo?”, conta a filha de Valério.

Em julho de 2016, os pacientes tiveram um encontro. Numa festa junina, um deles recitou um poema: “Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho para sempre”. A lição era que as grandes transformações acontecem quando as pessoas passam pelo fogo.

Valério faleceu em agosto. A médica enviou, à família dele, uma mensagem, na qual dizia que esperava não ser mais necessária como profissional da saúde, mas como pessoa. Ela estaria sempre ali para “dar uma força”. E contou, a todos, a última conversa que teve com Valério. “Ele estava calmo e sereno. E me disse saber que todos têm um papel maior: a vida”.

EU ESTAVA LÁ

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INDEPENDÊNCIA PARA QUEM? FOTOS: JULIA AMORIM

Repórter acompanha a multiplicidade da luta por direitos sociais durante o “Grito dos Excluídos” ele, o grupo estava ali em prol daqueles que se sentem excluídos.

“Sempre defenderemos os menosprezados pela sociedade”, completa.

Alegria é ingrediente fundamental à busca pela igualdade de direitos

Julia Amorim “Caminhando e cantando e seguindo a canção, somos todos iguais, braços dados ou não...”

Os versos de “Pra não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré, embalavam pastorais, sindicatos e movimentos sociais, no dia 7 de setembro de 2016, durante marcha, em Belo Horizonte, entre as praças Raul Soares e da Estação. Era mais uma edição do “Grito dos Excluídos”.

No movimento, havia grupos de ciclistas, negros, indígenas, feministas, LGBTs, religiosos, jovens e idosos, que se manifestavam contra o governo de Michel Temer. Uma multidão de vozes clamava por eleições diretas, pela prisão de Eduardo Cunha, por mais direito à educação e por respeito à nature-

za, aos trabalhadores e às minorias, de modo geral.

Estavam presentes militantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que comparecem todos os anos, mas, dessa vez, diziam lutar pelos moradores de Mariana, atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão, de propriedade da mineradora Samarco. “Não há política de defesa do povo atingido por barragens”, afirma uma das organizadoras.

“O Grito do Excluídos” é um conjunto de manifestações realizado, anualmente, no Dia da Independência do Brasil, 7 de setembro, com o intuito de unir os grupos que se sentem socialmente excluídos, além de denunciar o modelo político e econômico que os exclui, e de questionar e repensar a tão propalada “in-

dependência” do país.

A ideia do movimento surgiu em 1994, por iniciativa das Pastorais Sociais, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e de movimentos sociais. Em 1995, realizou-se o primeiro Grito, com o objetivo de aprofundar a “Campanha da fraternidade”, cujo tema era “A fraternidade e os excluídos” e o lema, “A ida em primeiro lugar” – que, mais tarde, viraria tema geral do evento.

No ano seguinte, o Grito passou a fazer parte do “Projeto Rumo ao Novo Milênio”, e, em 1999, estendeu-se a outros países da América.

“A igreja precisa estar em tudo. Ela é tudo.

Ser igreja é ser povo”, destaca Felipe Barbosa, integrante da Ordem de Santo Agostinho, que foi ao Grito pela primeira vez neste ano. Segundo

Papa Francisco O lema escolhido para 2016 – “Este sistema é insuportável: exclui, degrada, mata!”

– diz respeito a pronunciamento do Papa Francisco, durante o Encontro Mundial dos Movimentos Populares, ocorrido na Bolívia, em julho de 2015, quando o pontífice afirmou que o capitalismo não compreende o sentido de cuidar da casa comum.

“Neste ano, o movimento dialoga com a conjuntura do país, porque questiona esse sistema insustentável e insuportável, que exclui os trabalhadores, mata e destrói. O Grito cresce a cada ano. Nessa conjuntura, o povo começa a se juntar porque percebe que não dá mais”, comenta uma das organizadoras.

Para Roberta, de 23 anos, estudante de Direito, o povo brasileiro está sendo excluído por não ter seu voto respeitado. “Foram muitos anos lutando pelo voto direto, para, agora, isso ser tirado da gente”, diz, ao lembrar que esteve presente, em Brasília,

para acompanhar a votação do impeachment.

Já o cabeleireiro Oziel Fernandes, 43, participa há dez anos do Grito, e estava ali em prol da democracia e dos excluídos. “Sou gay, negro, e me sinto excluído por não optar por um governo golpista. A população inteira sofreu um golpe”, frisa.

Débora Regina, 33, também participa ano a ano, e, em 2016, trouxe a família e o filho, um neném de colo. “Ele pertence à geração do futuro. Daqui para a frente, é ele quem vai para a rua”. Outro participante, Paulo Chagas, 62, pertence ao grupo de pedaladas. “Sentimo-nos excluídos no sentido da mobilidade.

Precisamos de políticas públicas de inclusão do ciclista, por meio das quais a bicicleta seja reconhecida como meio de transporte”.

Políticos também estavam presentes, dentre os quais, Reginaldo Lopes e Jô Morais, candidatos derrotados à prefeitura – por PT e PC do B, respectivamente –, e Áurea Carolina, vereadora eleita pelo PSOL. Na Praça Sete, o movimento parou. Houve muitas vaias diante do desfile cívico, realizado pela prefeitura, que se

Evento reuniu grupos diversos, com reivindicações também as mais diversas

cruzava com a manifestação. Uma tenda, em especial, chamou a atenção: militares também exibiam suas reinvindicações. Eles pediam a própria independência e protestavam pelo fim da corrupção.

Rapidamente, intensificaram-se, então, os gritos pelo fim da Polícia Militar. Ali, Camilla Rocha, estudante de edificações do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), de 16 anos, foi obrigada, por um policial, a vestir a roupa. “Tirei a blusa porque estava com calor. Por que os homens podem e eu não posso?

Por que isso é um gesto obsceno? A natureza é obscena? Minha mãe me criou para morrer se tiver outra ditadura”, ressalta, ao revelar que se sente excluída por ser mulher, socialista, pobre, favelada e maconheira.

Na Praça da Estação, um pouco antes das duas da tarde, os gritos de guerra eram fortes, e o rufar dos tambores, bastante alto.

O cântico “Pai Nosso dos Mártires”, de PJ e Raiz, foi cantado. Palmas, abraços. O chafariz da Praça, ligado para amenizar o calor, jorra água para todo os lados – e encerra a edição 2016 do “Grito dos Excluídos”.

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HUMOR

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MANUAL POLITICAMENTE INCORRETO Danilo Silveira Nunca antes, na história deste país, houve um manual que correspondesse às necessidades dos candidatos à prefeitura em um debate televisivo. Nos quesitos abaixo, você, que pleiteia um cargo público, poderá aprender noções básicas de postura, ética e moral sobre o comportamento adequado para tal evento. Vale lembrar que o método abaixo apresentado foi apurado ao longo de duas noites de insônia, nos melhores laboratórios científico-político da cidade: os botecos do baixo Centro (Não leia as letras miúdas no rodapé da página!).

TOP LIST Nunca vá a um debate desacompanhado. Leve a esposa!

Ostente o vice-papagaio-de-pirata! Ações como essa amenizam sua imagem desgastada. Às vezes, o vice ajuda na partilha da surra que tomará da imprensa.

Caso não se lembre de algo que disse em outras ocasiões, ou o assunto seja delicado demais, assessores rapidamente irão te salvar.

Se for desacompanhado, não há problema. Chegue ao salão onde a imprensa o espera e faça carão (cruze os braços, mostre um olhar que mistura nojo e indiferença e force o beiço para fora), para que os fotógrafos cliquem sua cara de político indignado, ou de antipolítico.

Ofenda o marqueteiro do concorrente!

Tudo é uma ação de marketing, não há pessoa melhor a quem xingar.

Nunca deixe de levar algo que o lembre de suas propostas de governo. Pode ser um maço de papeis repleto de post-it coloridos, apontando suas intenções. Você pode optar, também, por levar um papel pardo dobrado dentro do bolso do paletó. Ou, se preferir, leve a mão ao bolso traseiro da calça, fale qualquer coisa, pergunte bulhufas, mas dê a cara a bater – Isso vende!

Atenção! É estritamente

proibido levar algum manual religioso, ético ou de instruções de qualquer eletrodoméstico para o púlpito enquanto discursa. Nem adianta falar que aquilo que carrega em mãos é um documento imaterial da nação.

Caso já tenha esgotado os xingamentos aos marqueteiros, ofenda o rival. Fale de suas posses mal resolvidas, das dívidas monstruosas, das empresas falidas.

Agradeça! Primeiramente, à emissora de TV na qual está.

Depois, vem a família (pais, filhos, sobrinhos, cunhados, amantes e animais de estimação) e as personalidades importantes da sua religião (Jesus, Maomé, Baphomet, Maradona etc.). No final, lembrese de seus eleitores e dos telespectadores.

Diga que é pobre: esse discurso nunca falha! Mas use com parcimônia, pois poderá ser desmascarado e terá que arrumar outra desculpa para que votem em você.

Comparar-se a outro candidato pode ser uma decisão muito arriscada. Seu rival pode ser, ao mesmo tempo, o menino bom e o mau pagador.

Caso queira destruir um rival muito potente, chame para um debate outro candidato que também queira o mesmo e comecem a ofendê-lo. Mas não se esqueça de que esse

rival em comum tem, também, o direito de resposta e sabe xingar.

O direito à resposta não é dado a qualquer um. Você terá que ser ofendido pessoalmente. Não adianta ter o partido político insultado ou sua mãe comparada às progenitoras dos árbitros de futebol.

Não precisa renovar o discurso, caso seja perguntado sobre o mesmo tema.

Ah, seu discurso pode ser ilustrado por uma mímica cheia de caras e bocas da tradutora de Libras da emissora de TV, mesmo que você seja caricato e qualquer deficiente auditivo entenda sua postura.

S e quiser aparentar proximidade aos de baixa renda, use seu nome na terceira pessoa.

Não ligue que coisas assim sejam usadas por jogadores de futebol, boxeadores e bicheiros – Seja povão, mermão!

Sempre lembre as palavras de ordem de qualquer candidato que pleiteia um cargo no executivo: “Vamos fazer diferente!”, “A população não pode esperar!” etc.

Use todo o tempo disponível para falar. Repita as coisas que já disse em outras oportunidades, seja prolixo, agradeça a deus e blá-blá-blá! Não há problema em exceder o tempo limite: o mediador irá te avisar quando acabar.

Todos os candidatos rivais propõem coisas novas. Mas, não se preocupe, só com você as novidades funcionarão.

ATENÇÃO! Seguir os quesitos não é garantia de que será eleito. Ao contrário, caso siga as regras propostas, também pode não se eleger, justamente, em função de tal escolha.

HUMOR

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O DO CANDIDATO EM DEBATES DE TV

ILUSTRAÇÕES: EDUARDO CONSTANTINO

QUAL DOS CANDIDATOS MALVESTIDOS VOCÊ É?

PRA QUEM PODE!

ALELUIA, IRMÃO! Você se esqueceu de combinar com os outros candidatos: todos foram sem gravata, exceto você – Ih, se deu mal! Para que sua postura não se assemelhe à de um pastor neopentecostal, desabotoe o paletó e evite gesticular, para que de sua testa não mine suor. Abanar os braços ou subir o tom de voz estão proibidos. Seu trabalho é apresentar propostas e não expulsar demônios. Só procure não confundir dízimos com impostos.

SOU MANEIRO, TIO! Não quis ir engravatado para não parecer um maricas? ERROR 404 A intenção de parecer mais jovem é até boa, mas seu vocabulário é mais antigo que a primeira formação dos Demônios da Garoa e suas propostas já foram até refutadas por Hamurabi. É aconselhável dispensar o paletó para que você seja o mais “descoladão” dos candidatos – mas, tenha bom senso! Não use sapatênis: Judas fez questão de perder um par deles antes das botas.

Camisa com cores alegres, com as mangas dobradas até o antebraço e calça jeans?

Você é ousado, garotão! Entretanto, você não pode parecer um bicheiro. Sua intenção de renovar o vocabulário é importante, mas “balela” e “moçada” já eram desatualizadas na época em que Antônio Houaiss entrou no jardim de infância. Só não apele para a falta de “s” nas palavras plurais, porque suas intenções para a Educação irão por água abaixo. Só tire a mão do bolso traseiro às vezes – é feio! Ah, pelo amor de São Paulo Maluf (padroeiro das causas políticas), abandone aquele Très Marchand horroroso e comece a usar um aerosol – o telespectador pode até não saber seu malgosto de tiozão, mas seus colegas vão comentar isso lá nos jogos de damas da Praça Sete.

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Novembro de 2016 Jornal Impressão

JORNAL DAQUI (BURITIS E REGIÃO)

UM BAIRRO EM CONSTRUÇÃO FOTO: WELLESON MENDES

Mesmo com mercado imobiliário expressivo, Buritis conta com diversos prédios inacabados ou abandonados

Welleson Mendes William Araújo Ao caminhar pelas ruas do Buritis – em locais como a avenida Professor Mário Werneck e ruas adjacentes –, além da grande concentração de prédios, devido à verticalização do bairro, veem-se vários prédios abandonados ou em construção.

Entre 1990 e 2000, o Buritis sofreu expressivo crescimento populacional. Parte desse aumento se deveu à ligação direta do bairro com o centro da cidade. A partir daí, a demanda por imóveis se ampliou, justificando a forte verticalização dos últimos anos.

O curioso é que, nas propostas iniciais de desenvolvimento da região, a construção de tantos edifícios não estava nos planos das empreiteiras, que viam o lugar como último portal de ocupação familiar da Zona Sul

belo-horizontina. Tal molde não se popularizou, e, com o crescimento populacional, aumentou a demanda por condomínios.

O problema da verticalização é que, após altas aplicações – e diante das incertezas do mercado imobiliário –, proprietários e investidores deixaram obras inacabadas pelo bairro, ou as repassaram a outros investidores. Com a burocracia da transferência, as construções permanecem paradas por longos períodos. Algumas estão paradas há mais de 20 anos, a exemplo do prédio localizado na avenida Professor Mário Werneck, na esquina com a rua Maria Heilbuth Surette.

Riscos Os prédios inacabados, em diversas regiões do bairro, trazem grandes riscos à população.

Um dos mais preocupantes diz respeito à estrutura das construções. Com o passar do

tempo, sob mudança constante de temperatura, o esqueleto exposto da obra pode se degradar. A iminência de desabamento é grande e põe em risco a vida de quem mora ou trabalha em áreas próximas à obra abandonada.

Ao todo, foram encontradas 21 obras inacabadas (confira box) em áreas as mais diversas variadas do Buritis.

Algumas ruas chegam a abrigar dois prédios “em processo”. No dia 12 de novembro, durante a chuva que caiu sobre Belo Horizonte, um muro desabou na rua Tito Guimarães.

O acidente interditou uma área de lazer e um apartamento. Com a chegada das “águas de verão” ao bairro, o risco aumenta. Afinal, estruturas antigas e fracas podem ceder à força dos temporais.

Limpeza e segurança Depois de muito tempo abandonados,

os prédios começam a se encher de detritos em seu interior – e, por vezes, no exterior, com o acúmulo de lixo nas entradas. Além dos animais peçonhentos e dos insetos, atraídos pelo acúmulo de lixo, há o problema da dengue, com a disseminação do Aedes aegypti.

Segundo o último balanço sobre a dengue, de 18 de novembro de 2016, pela Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), a região Oeste é a sétima com mais casos da doença em BH. Porém, trata-se da área com maior proliferação de ovos do Aedes. Em 2016, foram 13.852 casos confirmados da enfermidade na região.

Com as chuvas frequentes em certos períodos do ano, a situação se agrava. Sem limpeza adequada, os prédios se tornam criadouros de mosquitos da dengue.

Mesmo que os condôminos vizinhos tomem

precauções para evitar a doença, as obras inacabadas hospedam os transmissores e representam um perigo para quem vive próximo.

Em março, a prefeitura autorizou a entrada forçada em certos prédios do Buritis para limpeza, como aqueles da avenida Professor Mário Werneck, na esquina com rua Maria Heilbuth Surette, e na

obra pausada da rua Ernani Agrícola, nº 169.

Mesmo com a limpeza, as obras continuam paradas.

Outro problema dos prédios abandonados é o uso inadequado. Alguns prédios, como o da rua Líbero Leone, estão abertos. Tais construções podem ser usadas para atividades ilícitas, e representam outro perigo para a população.

Avenida Professor Mario Werneck Rua Líbero Leone Rua Jandiatuba Rua Laura Socres Carneiro Rua Alessandra Salum Cadar Avenida Protássio de Oliveira Pena Rua Professor Miguel de Sousa Rua Maria Heilbuth Surette Rua Ernani Agrícola Rua Stella Hanriot Avenida Aggeo Pio Sobrinho Rua Tereza Mota Valadares Rua Iracy Manata Rua Consul Walter Avenida Deputado Cristovam Chiaradia Rua Moisés Kalil