Trabalho autores

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instituição dominante e caminhe na direção de uma autogestão e de uma consciência autônoma. Este é o antídoto para que regimes como o stalinista, que idolatram radicalmente o Estado, sejam destruídos. Gramsci aproveita elementos do pensamento de Benedetto Croce, que acredita na visão da história de um ângulo ético-político. Ele vai, porém, além deste ponto de vista limitado e encontra em Lênin o amparo teórico para explicar o mecanismo histórico total, baseado justamente na crença de que o maior trunfo das camadas dominadas, na criação de um novo regime, é o definitivo combate de cunho cultural e ideológico. A hegemonia leninista, adotada por Gramsci, deve ser compreendida como um poder maior de análise e de respostas aos desafios impostos pela História. Este conceito leva o pensador italiano a transcender qualquer fórmula automatizada de explicação da trajetória histórica e de entendimento simplista do papel das lideranças políticas. Conforme a concepção gramsciana, se os dirigentes deixam de lado a importância da hegemonia, eles estão fadados ao fracasso. Qualquer outra utilização desta expressão cunhada particularmente por Gramsci, principalmente quando é manipulada para designar qualquer espécie de ditadura partidária, só contribui para denegrir e rejeitar a teoria deste pensador. Educação: A educação, processo de formação do homem na sociedade capitalista se faz no processo de convivência social, ensinando e aprendendo, não só na escola, mas, sobretudo, na vida. Conforme o pensamento gramsciano a educação é um processo contínuo e a escola uma via fundamental para a realização de uma educação humana que considere a disciplina no agir, onde o indivíduo aprende na medida em que faz escolhas. E essas escolhas o modificam e modificam outras coisas. De acordo com Schlesener (2002), o problema da escola era um dos problemas essenciais da sociedade italiana e precisava ser enfrentado com profundidade pelo Partido Socialista. Coloca a autora, considerando os estudos de Gramsci, que uma das medidas para a solução do problema da escola seria minimizar a participação do Estado na condução da política escolar, instaurando mecanismo do concurso para a admissão de funcionários administrativos, ou melhor, realizando uma reforma do sistema administrativo. A escola do trabalho defendida por Gramsci tinha características especiais: supunha não só a formação para o trabalho, mas a possibilidade da elaboração de uma cultura autônoma, bem diversa da cultura burguesa. Para os trabalhadores, o desejo de aprender surgia de uma concepção de mundo que a própria vida lhes ensinava e que eles sentiam necessidade de esclarecer para atuá-la concretamente. (SCHLESENER, 2002, p.69) Neste sentido, a escola deveria contribuir para a concretização de uma unidade viva entre teoria e prática, elemento este que a escola burguesa, pela sua característica e função na sociedade capitalista, não podia proporcionar aos trabalhadores. No entanto, a escola deveria respeitar a individualidade do aluno no sentido de que ela é fruto de uma interação entre indivíduos e a entre estes com a natureza. Analisando este contexto, se faz presente umarelação orgânica, produzida por interação e não por justaposição. Da mesma forma a relação do homem com a natureza se dá pelo trabalho e pela técnica, além do conhecimento industrial se faz presente o conhecimento filosófico e científico, a técnica é a expressão desse conhecimento.


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