Revista Lusitânia Contact #9

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A REVISTA DA COMUNIDADE PORTUGUESA

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DEZ 2014 FEV 2015

4,00 CHF Revista Trimestral Ano 3

FERNANDO DE PÁDUA:

«Pela sua saúde, cuidado com a Hipertensão» Pág. 78

JOSÉ REDONDO:

«Licor Beirão cada vez mais apreciado no estrangeiro» Pág. 22

LEANDRO

A NOVA VOZ ROMÂNTICA DA MÚSICA PORTUGUESA

A Suíça espera por ele

VEREADOR CAPÃO FILIPE:

«Aveiro cidade da inovação e competitividade»

Pág. 10

Pág. 39

TERRAS HELVÉTICAS

La Gruyère

Turismo na Montanha Pág. 30

TERRAS LUSITANAS

Aveiro

Capital da Arte Nova Pág. 6


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Ano III • Trimestral

Sumário 4 Editorial 6 Aveiro / cidade dos canais e da inovação 10 Entrevista / vereador Capão Filipe 12 Nova Bragança, afinal Aveiro 14 Escritores / Mário Sacramento 15 Gastronomia aveirense 16 A Barrica / Associação de artesãos 18 AFECTU / Associação de defesa dos animais 19 Empresas / AIDA 20 Empresas / HFA 22 Empresas / Licor Beirão 24 Postal de Aveiro 29 Postal de Lisboa 30 La Gruyère / cidade e região 37 Gastronomia suíça 38 Português de sucesso / Paulo Calçada 39 Entrevista / Leandro 40 CCRPG / Associação portuguesa 42 Menos portugueses a chegar à Suíça 44 Referendo de 9 de Fevereiro 48 Jornada EPE-Suíça 50 As «Quatro Estações» 52 Plano de incentivo à leitura 53 Um cheirinho a poesia 54 Mensagem de Natal / Embaixador 55 Mensagem de Natal / Consul em Genève / Consul em Zurich 56 Autoridade parental na Suíça 58 Advento / tempo de espera 60 Foi notícia em Portugal 61 Foi notícia na Suíça 64 O Regicídio de Lisboa (1908) 68 Sobre a Dívida Pública 70 Um país a desfalecer 71 Nó górdio 72 Bens da discórdia 76 Escrever e falar, sem erros dar 78 Hipertensão 80 Mime o seu bebé 82 Cemitério sobre o Pacífico 84 Congelar e descongelar 88 Dupla tributação fiscal 89 Ser mulher é uma aventura 90 Formar profissionais ou homens 92 No desporto não há crise 93 Porque é salgada a água do mar? 94 Porque não estão os teclados por ordem alfabética? 95 Sabores de Portugal / castanhas 96 Truques e astúcias 97 Horóscopos 98 Anedotas

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Número

Dezembro2014/Fevereiro2015

Editorial Caras leitoras e caros leitores: Nos últimos números referimos a melhoria da Lusitânia Contact – que é inegável − quer na qualidade e diversificação dos artigos (e prestígio dos novos autores), quer na organização e no design da paginação: melhoria que contou com o esforço de toda a equipa deste projeto. Neste momento contamos com mais um elemento – o Luís Pestana – que desde o início de setembro é o responsável pelo marketing da Ilustrevasion (revista e site) e pelos conteúdos do site e sua gestão. E a revista terá uma nova direção também. Voltámos a aumentar a quantidade de colaboradores e de artigos, que nos permitiu diversificar os temas e responder melhor aos interesses dos leitores: o que implicou fazer esta edição especial de Natal com 96 páginas. Mas a partir do próximo ano reduziremos um pouco o tamanho da revista, regressando, definitivamente, às 80 páginas. Na gestão dos artigos a publicar poderá ter de se fazer a rotatividade dos autores: os que não puderem ser publicados num número da revista ficarão para o seguinte. Em alternativa poderão ser publicados no site, totalmente reorganizado, mais funcional e atrativo: foram criadas novas categorias temáticas; a consulta foi simplificada; vai ser possível o debate e a interatividade com os autores dos artigos; será possível aos visitantes deixar sugestões; foi estabelecida uma parceria com o Diário de Notícias para a publicação de notícias atualizadas. E com a vantagem de os conteúdos do site, incluindo os artigos aí publicados, poderem ser consultados em qualquer parte do mundo. Desde já vos convidamos a visitá-lo e a usufruir as novas funcionalidades e conteúdos. Podemos também anunciar que a próxima cidade portuguesa tema da capa da revista será a capital – Lisboa – e que a suíça será St. Moritz. Deixamos um agradecimento particular a todos os que, na Câmara Municipal de Aveiro e nas empresas e associações desta cidade, nos deram a sua colaboração. Assim como ao senhor Guillaume Schneuwly, de La Gruyère Tourisme, pelo espírito de colaboração e disponibilidade com que acedeu ao nosso pedido. Dirigimo-nos, de novo, aos leitores repetindo o pedido de subscrição da assinatura da revista através do cupão, agora destacável − a usar nos correios suíços ou nos dos outros países da Europa −, desafiando-os, mais uma vez, a darem as suas opiniões e a deixarem as suas sugestões sobre a qualidade da revista. Desejamos-vos um Feliz Natal, um Bom 2015… e boas leituras!

Ficha Técnica Propriedade

Diretor Luís Bandadas Redatores e colaboradores A Barrica – Associação de Artesãos do Distrito de Aveiro Adelino Sá AFECTU – Associação de Felinos E Caninos Todos Unidos AIDA – Associação Industrial do Distrito de Aveiro Alexandre Abreu Amílcar Malhó Bastet Figueiredo Cabeleireira (Ana Figueiredo) Câmara Municipal de Aveiro

Céline Buzgaru Deco Proteste Elizabete Vaz Moreira Fátima Brites Fernando de Pádua Flávio Borda D’Água Gonçalo Cadilhe HFA – Henrique, Fernandes & Alves, SA Isabel Gomes Joaquim Vieira La Gruyère Tourisme / Guillaume Schneuwly Licínio Bingre do Amaral Luciana Graça Luís Pestana Lurdes Gonçalves Manuel Henrique Figueira Miguel Dalla Vecchia

Miguel de Calheiros Velozo Nuno Serra Paulo Tiago Fernandes Jerónimo da Silva Pedro Alves Porfírio Pinheiro Reto Monico Ricardo Paes Mamede Rocha Pires, Neves Fernandes & Associados Rui Marques Sara Vitorino Fernandez Telma Ferreira

DEPARTAMENTO COMERCIAL Luís Mata Tel.: 0041 (0) 76 510 22 44 Tlm.: 00351 96 581 00 18 comercial@ilustrevasion.com

Assinatura anual Suíça, 20 CHF França/Portugal, 20 Euros/25 CHF Resto da Europa, 30 Euros

PUBLICIDADE (Região francesa) Luís Mata (Regiões alemã e italiana) Manuel Correia Tel.: 0041 (0) 79 722 94 70

Periodicidade Trimestral

Fotografias Câmara Municipal de Aveiro La Gruyère Tourisme

lusitania.contact@ilustrevasion.com

Grafismo e copy desk Gabinete técnico da Lusitânia Contact

manuel.correia@ilustrevasion.com

(Portugal) Luís Pestana Correspondência Lusitânia Contact CP 117 - 1211 Genève 8 Suisse Tel.: 0041 (0) 22 329 77 86 Fax: 0041 (0) 22 329 77 86

Tiragem 10.000 exemplares Depósito legal: 357274/13 Leia a Lusitânia Contact em www.ilustrevasion.com

Nota O conteúdo dos artigos é da exclusiva responsabilidade dos seus autores.


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Terras lusitanas cidades

Aveiro:

Cidade dos canais e da inovação

N

ão se pode falar de Aveiro esquecendo a Ria e os seus canais, que cursam pela cidade e lhe dão uma beleza única. Mas Aveiro é também terra de sal e de marinhas milenares que marcam a geografia da região. E de barcos moliceiros, de Arte Nova e de muito mais. E é também uma cidade em crescimento e evolução constantes, um polo dinamizador do ponto de vista social, cultural e económico. Mas hoje tem de se falar também de sucesso e inovação, graças à sua Universidade,

que há 40 anos afirma a excelência internacional e beneficia fortemente a região, levando mais longe o nome da cidade que a acolhe. Aveiro assume-se, cada vez mais, como uma cidade-região, de cerca de quatrocentos mil habitantes, líder de uma comunidade intermunicipal cada vez mais forte, não fosse também a capital do distrito. O município, com cerca de oitenta mil habitantes, apresenta uma localização estratégica relevante, nomeadamente como porta

de entrada atlântica para a Europa, com excelentes vias de comunicação que em muito beneficiam a competitividade económica da região: é assim um centro marítimo, comercial e industrial de referência. O concelho de Aveiro é atualmente servido por três autoestradas (A1, A25 e A17/A29) e pela Linha do Norte (caminho de ferro). É ainda servido por um dos principais portos marítimos nacionais, o que mais tem crescido ao ano − o Porto de Aveiro − e localiza-se a menos de uma hora do Aeroporto Internacional Francisco Sá-Carneiro, na cidade do Porto.


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Terras lusitanas cidades

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História de Aveiro Os primeiros vestígios de ação humana no território do concelho de Aveiro remontam ao período do Paleolítico e intensificam-se no Neolítico, nas idades do Ferro e do Bronze, bem como, mais tarde, no período romano. A primeira referência escrita data de 959, no Testamento da Condessa D. Mumadona Dias ao mosteiro de Guimarães, referindo terras e salinas em Aveiro. É também a terra da Princesa Santa Joana de Portugal, que em 1472 dá entrada no Mosteiro de Jesus acompanhada pelo pai, o rei D. Afonso V. Viria a tornar-se padroeira da cidade, em 1965. Por altura dos Descobrimentos Portugueses era uma das mais importantes vilas de Portugal, a terceira em movimento de naus, e possuía uma muralha que era a cópia da Muralha de Jerusalém. Da história de Aveiro destacam-se ainda outras datas marcantes, como seja o ano de 1515, que ditou a entrega do Foral de Aveiro à então vila do mesmo nome. Cerca de três séculos mais tarde a região vive um dos seus momentos mais importantes, sobretudo quanto ao crescimento económico, com a abertura da Barra da Aveiro, uma obra de Reinaldo Oudinot e Luís Gomes Carvalho, em 1808. Depois dessa data deu-se a inauguração da linha férrea e o início das obras da principal artéria da cidade, a Avenida Dr. Lourenço Peixinho, em 1918.


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Terras lusitanas cidades Monumentos e património

No que a monumentos diz respeito, importa destacar o Museu Nacional de Aveiro, que contém uma das melhores exposições nacionais na área do Barroco, situado no antigo Mosteiro de Jesus, onde se encontra o Túmulo da Princesa Santa Joana. Destaque também para a Sé, antigo convento dominicano, bem como para os diversos exemplares de casas e de fachadas de Arte Nova, movimento que marcou a cidade no início do século XX e que se podem encontrar um pouco por todo o lado na sua zona histórica. Destaque para o edifício do Museu da Arte Nova, na antiga Casa Major Pessoa, e também para o edifício do Museu da Cidade. Aveiro dispõe ainda de um vasto património religioso, com alguns monumentos nacionais, como sejam o Cruzeiro de São Domingos, a Igreja de Jesus, a Igreja da Misericórdia, a Igreja das Carmelitas, a Igreja da Vera Cruz, a Igreja de S. Gonçalinho, a Igreja de Santo António e Capela da Ordem Terceira de São Francisco.

Símbolos identitários Os Ovos-moles de Aveiro são, sem dúvida, um dos símbolos da cidade e da região. Trata-se de um doce conventual criado pelas freiras dominicanas do Mosteiro de Jesus. A receita original contém ovos (recebidos em abundância no mosteiro como meio de pagamento de foros), açúcar e água. Depois de confecionados, são colocados no interior de hóstias que tomam a forma de elementos marinhos ou em barricas de madeira ou de porcelana, pintadas com motivos alusivos à cidade. Reza a história que, naquela época, as claras dos ovos eram utilizadas pelas freiras para engomar os fatos e as gemas utilizadas no fabrico do doce, a que se atribuíam fins medicinais. O Barco Moliceiro assume-se como outra das referências de Aveiro. É uma embarcação tradicional da Ria, que tinha como função original a apanha do moliço, uma

mistura de algas aquáticas utilizadas na fertilização dos campos agrícolas. A sua fisionomia está perfeitamente adaptada à função original e às condições de navegabilidade da Ria. As proas dos moliceiros constituem a parte mais característica da sua estrutura, com realce para os painéis decorativos que retratam episódios da vida quotidiana das gentes da beira-mar, desenhados em tons vivos de amarelo, vermelho, azul ou verde, a que se junta uma legenda elaborada pelo autor. Com a extinção da atividade da apanha do moliço, a função está hoje associada à dinamização turística da cidade, através dos city-boats, passeios de barco pelos principais canais do centro urbano da cidade. Começámos a nossa apresentação de Aveiro falando da sua Ria, que é um dos

elementos diferenciadores desta região e, ao mesmo tempo, o que mais a caracteriza. Trata-se de uma laguna costeira que se estende ao longo do litoral, desde Mira até Ovar, numa extensão de aproximadamente 50 km. A sua formação remonta ao século X, com o desenvolvimento de um extenso cordão dunar que foi assumindo diferentes contornos ao longo dos séculos. A fonte inesgotável de recursos disponíveis na Ria de Aveiro, potenciados pela ação do homem com a construção de salinas, a drenagem de sapais ou a abertura de esteiros explicam a tradição de atividades económicas como a pesca, a salicultura, a apanha do moliço ou a construção naval.


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Terras lusitanas cidades

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Cidade da inovação e do conhecimento A cidade de Aveiro mantém uma relação próxima com a Universidade, considerada, por diversas vezes uma das melhores universidades portuguesas. Desde a sua criação, em 1973, que se tem pautado pelo rigor e excelência, sendo referenciada como uma instituição de alta qualidade na investigação que realiza, no corpo docente e nas infraestruturas que possui. O Campus de Santiago, o maior e melhor campus universitário do país, uma autêntica cidade dentro da cidade, é uma referência da arquitetura contemporânea portuguesa, tendo edifícios assinados por Siza Vieira, Nuno Portas, Souto Moura, entre outros. Para além de cursos de licenciatura, a Universidade de Aveiro dispõe também de

formação especializada, cursos tecnológicos, mestrados e doutoramentos nas mais diversas áreas. Aveiro destaca-se como cidade inovadora, mas também como cidade empreendedora que acredita nas boas ideias de negócio e que apoia os jovens empreendedores na criação do seu próprio emprego. Exemplo disso é o sucesso do Projeto Aveiro Empreendedor, dinamizado pelo município, e que conta com um conjunto de 26 parceiros. Tem no seu tecido industrial diversificado várias fábricas com forte aposta na investigação e desenvolvimento, algumas são líderes mundiais, por exemplo, na área de esquentadores ou das caixas de velocidade para a indústria automóvel.

Aposta no turismo

ex-líbris do concelho de Aveiro. S. Jacinto apresenta um extenso areal, com balneários totalmente equipados, apoios de praia e acesso para pessoas com limitações físicas. Ainda nas atividades ligadas à Natureza, o ecoturismo pode ser outra aposta para quem nos visita, pois a região dispõe de diversas atividades e espaços propícios à sua fruição. Já mencionámos a Reserva Natural das Dunas de São Jacinto, mas temos ainda a Pateira de Requeixo, a zona do Baixo Vouga Lagunar, as Marinhas de Sal e o Eco Museu Marinha da Troncalhada, a frente urbano-ribeirinha da cidade, com destaque para o típico bairro da Beira-Mar. A mobilidade sustentada tem sido uma aposta da região. Uma boa forma de a co-

A cidade de Aveiro recebe anualmente milhares de turistas nacionais e estrangeiros. O município apresenta, no seu todo, diversas ofertas, o que atrai, desta forma, diferentes públicos que vêm em busca de experiências distintas. Para quem procura a praia, associada à beleza natural, temos das praias da região de Aveiro mais cosmopolitas, como a Costa Nova, Barra, Torreira, Furadouro e Vagueira, ou a inconfundível Praia de São Jacinto e a sua Reserva Natural das Dunas, um dos

Edifício da Universidade

nhecer será utilizando a bicicleta de uso gratuito (BUGA). É também uma região de fortes sabores na área da gastronomia, nomeadamente com pratos de marisco e de peixe, como a tradicional caldeirada de Enguias à Moda de Aveiro e de carne, como o Leitão, acompanhados pelos vinhos e espumantes da Região da Bairrada. O Turismo de Negócios é outra área a considerar, atendendo aos inúmeros colóquios e congressos que se realizam no município, fruto da excelente oferta de infraestruturas existentes. Destaca-se o Centro de Congressos que dispõe de dois auditórios (com 730 e 190 lugares), e o Parque de Exposições, que anualmente recebe, para além de seminários e conferências, diversas feiras, com destaque para a tradicional Feira de março, um dos maiores certames de Portugal. Centro Cultural e de Congressos de Aveiro (entrada lateral) Cais da Fonte Nova Apartado 244 3811-904 Aveiro Telefone: 234 406 300 Fax: 234 406 301 E-mail: geral@cm-aveiro.pt Universidade de Aveiro


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Terras lusitanas entrevista O que destaca anualmente na sua cidade na perspetiva turística e cultural, já agora ambiental, pois convive de perto com a Ria, um ex-libris que lhe é associado quase de forma automática, tendo ainda no território do concelho a Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto, ambos ecossistemas sensíveis e fundamentais? Sem dúvida que devemos realçar a Ria de Aveiro. Trata-se de uma das maiores lagunas da Europa, que oferece um conjunto de atividades e de experiências de qualidade ímpar só possíveis pelo seu ecossistema único e de paisagens serenas e mágicas. Destacamos o turismo de natureza e aventura, que também pode ser realizado na Reserva Natural das Dunas de São Jacinto, um excelente lugar para a observação de fauna, sobretudo aves migratórias e flora únicas. É por direito próprio que Aveiro, cidade-região, integra o conjunto de cidades de referência em Portugal no Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. E o que destaca na totalidade do concelho? Através dos seus recursos «genéticos», Aveiro é uma cidade de água − mar e Ria − e de pontes e canais. Apesar de nos conhecerem pela

ENTREVISTA A LUÍS MIGUEL CAPÃO FILIPE, VEREADOR DO TURISMO E CULTURA

A nossa linha de orientação baseia-se na inovação e na competitividade

Aveiro é uma cidade inserida numa das regiões mais desenvolvidas, dinâmicas e produtivas do país. É marcada também pela inovação tecnológica, com raízes na sua Universidade, que faz parte das então chamadas «universidades novas», criadas no início da década de 70 pela Reforma Veiga Simão com vista à revitalização universitária, científica e de investigação. Nas mais recentes eleições autárquicas em Portugal (2013) houve alterações políticas em muitas autarquias. Contudo, em Aveiro tal não aconteceu. O vereador Capão Filipe (CDS-PP), eleito pela coligação PSD/ CDS-PP/PPM, que no mandato anterior tinha sido presidente da Assembleia Municipal, é agora o responsável por este pelouro. A Lusitânia Contact quis conhecer o que pensa sobre estas duas áreas tão importantes para a inovadora e competitiva cidade de Aveiro.

Veneza de Portugal, Aveiro tem características únicas. Realçamos também o facto de ser a cidade portuguesa capital da Arte Nova, com as suas casas e fachadas que lhe conferem uma visão romântica. Entre o casario, restaurantes e bares da zona da Praça de Peixe, na Beira-Mar, e a contemporaneidade do Campus Universitário ou do Estádio Municipal − construído para o Euro 2004 − premiado, entre outros edifícios, em concursos europeus de arquitetura: tudo isto pode ser apreciado em circuitos a pé ou de bicicleta. Aveiro também é sobejamente conhecida pelo seu empreendedorismo e capacidade económica, sendo uma das cidades mais dinâmicas de Portugal. Em que se concentra presentemente a ação da Câmara e do vereador nestas duas áreas do Turismo e da Cultura? A Cultura, como um todo, sendo a afirmação da identidade, é também um fator decisivo da competitividade de Aveiro e de qualificação e desenvolvimento para o século XXI, incluindo a dinamização do turismo cultural.

Atribuímos à política cultural um papel central e transversal no conjunto de todas as políticas. Na verdade, sem uma Cultura viva e criativa não é hoje possível qualquer desenvolvimento. Que futuro augura para Aveiro e para o seu concelho na perspetiva turística e cultural? Não existe uma fórmula «secreta», mas a marca de uma cidade-região é cada vez mais considerada como um ativo importante no seu desenvolvimento e uma ferramenta fundamental para que os lugares se distingam e melhorem o seu posicionamento. Aveiro é já hoje um dos motores culturais e de turismo da região centro e noroeste de Portugal. Vamos apostar na «Marca Aveiro». A nossa linha de orientação baseia-se na inovação e competitividade. O desafio que temos em mãos é composto por um conjunto de estratégias que passam por transmitir a mensagem, num trabalho em rede que inclui o setor público, o associativo e a iniciativa privada − de que o retorno ao investimento humano, em equipamentos, e financeiro − é suscetível de criar sustentabilidade, qualidade, e de ser atrativo nas áreas da cultura e do turismo. Portugal vive um crescimento na área dos Serviços, designadamente o turismo, mas esta estratégia tem de ter em mente não o imediato mas a sustentabilidade e a afirmação da qualidade. Como sabe, a comunidade portuguesa na Suíça é composta por 237 mil concidadãos. A publicação do extenso artigo sobre Évora, no n.º 6 da Lusitânia Contact, levou à tentativa de organização de uma visita de natureza turística à cidade por parte de um grupo de cidadãos portugueses residentes em terras helvéticas. Se tal acontecer em relação a Aveiro, que roteiro de visita aconselharia aos leitores que decidirem conhecer esta terra? Aqui vão algumas recomendações e propostas em jeito de «roteiro»: − Visita guiada ao Ecomuseu Marinha da Troncalhada, com observação da fauna e flora características das salinas. − Tour pedonal no centro histórico, orientado pelo Museu da Cidade. − Visita ao Museu Nacional de Aveiro, Túmulo da Princesa Santa Joana e Igreja de Jesus. − Almoço com ementa tradicional na zona da Praça de Peixe. − Demonstração de fabrico de Ovos-moles de Aveiro. − Visita guiada ao Museu Arte Nova, com um circuito pedonal para apreciar as fachadas deste estilo artístico. − Passeio de barco moliceiro nos canais urbanos da Ria de Aveiro. − Passeio de BUGA (Bicicleta de Utilização Gratuita de Aveiro). − Visita guiada à Universidade de Aveiro, arquitetura contemporânea e Estádio Municipal. − Passeio de lancha até S. Jacinto, com Visita à Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto.


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Terras lusitanas história e memória

A efémera Nova Bragança, afinal

Flávio Borda d’Água Historiador flavio@bordadagua.org

A

25 de julho de 1759. Carta de Lei da criação da Cidade de Aveiro, in SILVA, António Delgado da, Collecção da Legislação Portugueza desde a última Compilação das Ordenações, Lisboa, Typografia Maigrense, 1828, p. 687-688.

noite de 3 de setembro de 1758 tem um significado particular, não só para a História de Portugal como também para a História de Aveiro. O rei D. José I saiu à noite para se encontrar com a amante predileta, D. Teresa de Távora, facto que irá provocar alterações no curso da nossa História. Ao regressar à Barraca Real o rei é atacado, perpetrando-se então uma tentativa de assassinato. Gravemente ferido, é retirado da vida pública durante alguns dias para não se mostrar que se encontrava debilitado. À imagem do que aconteceu no terramoto que fizera tremer Lisboa três anos antes, Sebastião José de Carvalho e Mello, futuro Conde de Oeiras e Marquês de Pombal, toma, mais uma vez, as rédeas do poder e lança uma investigação com a finalidade de levantar o véu sobre este crime de lesa-majestade. Todo o processo é secreto e tende a demonstrar uma conspiração dos Jesuítas e das famílias nobres Távora, Aveiro e Atouguia e o seu desejo de eliminar o rei. A investigação criminal leva à constituição de um tribunal ad hoc: o tribunal da Inconfidência, que no início do mês de dezembro de 1758 prende praticamente todos os membros das referidas três famílias. O período de instrução do caso, de detenção até ao julgamento, a aplicação da pena e a execução desta demoram apenas um mês. A sentença é ditada no dia 12 de janeiro de 1759 e a execução tem lugar no dia seguinte. A dimensão da pena é impressionante, assim como o seu simbolismo. Os conspiradores contra el-rei devem sofrer uma pena exemplar; daí erguer-se um cadafalso no terreiro de Belém com uma impressionante dimensão. Doze pessoas serão executadas no dia 13 de janeiro de 1759. Primeiro são torturadas e, de seguida, queimadas. O simbolismo na neutralização destas três famílias nobres é enorme, pois no final deste espetáculo o chão da execução é salgado para que fique asséptico. Mas o que terá este episódio de História de Portugal a ver com a História de Aveiro? Uma das famílias conspiradoras, segundo apurou a investigação, é a família dos du-

ques de Aveiro e o ano de 1759 marca também a ascensão de Aveiro à categoria de cidade, como indicam o alvará de 11 de abril de 1759 e a Carta de Lei de 25 de junho do mesmo ano. A administração real não deseja, no entanto, ver o nome de Aveiro ser usado, tendo em conta o processo que tinha terminado três meses antes. É então proposta uma nova toponímia para a novel cidade. Em honra da dinastia real iniciada em 1640 − dos Braganças − adota-se o nome de Nova Bragança. Uma certa particularidade porque estas denominações de «Nova» eram sobretudo utilizadas pelas coroas reais europeias para as cidades criadas nos territórios ultramarinos, de que são exemplo: Nova Amesterdão, Nova Iorque, Nova Orleães, Nova Friburgo, etc. O simbolismo aqui é ainda mais forte porque se trata de nomear uma cidade do território continental, ainda por cima, pelo nome da dinastia que reina no país. A escolha da toponímia é, sobretudo, teórica, porque as gerações seguintes continuam a chamar-lhe Aveiro. Encontram-se registos desta passagem de nome a Nova Bragança em alguns mapas britânicos do início do século XIX, que mencionam «New Bragança or Aveiro». Mas oficialmente, com a morte de D. José I e a queda de Pombal, em 1777, D. Maria I decide retomar a toponímia anterior. O ano de 1759 é, de facto, um ano charneira para a nossa História. Para além do terramoto político com o processo dos Távoras, inicia-se também uma campanha ativa contra outros conspiradores: os Jesuítas. No dia do aniversário do atentado contra D. José I, a 3 de setembro de 1759, esta congregação é expulsa de Portugal e dos territórios ultramarinos, encontrando alguns religiosos refúgio na Rússia, e é lançada uma campanha europeia que levará à extinção dos Jesuítas, a 23 de julho de 1773, com a bula papal Dominus ac Redemptor. Esta é, portanto, uma página de História de Portugal que se interliga com um episódio de História Local. Aveiro continua a chamar-se assim, mesmo se para a administração real fora outrora a efémera Nova Bragança



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Terras lusitanas escritores

Mário Sacramento

a resistência através das Letras

Sara Vitorino Fernandez CLEPUL Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias sara.faria.fernandez@gmail.com

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or vezes, deparamo-nos com personalidades que, pela acção intelectual, pela humanidade e pela resistência, se tornam fascinantes. É o caso de Mário Sacramento, médico e um dos maiores vultos da crítica literária do Neo-Realismo português. Mário Emílio de Morais Sacramento nasceu em Ílhavo em 1920. Em 1931 termina a instrução primária e matricula-se no Liceu José Estevão, onde começa a dirigir o jornal dos alunos do liceu, A Voz Académica. É devido a esta actividade que é preso e torturado pela primeira vez pela PIDE, em 1938. Matricula-se no curso de Medicina na Universidade de Coimbra, em 1939, que frequenta só durante um ano para depois se mudar para as universidades do Porto e de Lisboa. Estas mudanças devem-se a uma constante inquietação intelectual e a uma procura dos melhores professores. Casa-se

em 1944 com Cecília Marques da Maia e, em 1946, licencia-se em Medicina. Cumpre o serviço militar e fixa-se em Ílhavo para exercer a sua profissão de médico. É novamente preso pela polícia política em 1953, 1955 e 1957, ano em que muda a sua residência para Aveiro, onde abre consultório. É também neste ano que promove, juntamente com outros intelectuais, e organiza o I Congresso Republicano, reunião de debate político realizada na cidade de Aveiro em 6 de Outubro, que reuniu as principais figuras da oposição democrática ao regime do Estado Novo. Em 1960 consegue uma bolsa do governo francês e vai para Paris a fim de se especializar em gastroenterologia. No ano de 1962 é preso novamente e, em 1965, participa, em representação da Sociedade Portuguesa de Escritores, no Congresso de Escritores Europeus, que decorre em Itália. Desgastado pela frenética actividade intelectual e pelo mau tratamento que tivera nas prisões da PIDE, morre em 27 de Março de 1969 devido a um derrame cerebral enquanto preparava o II Congresso Republicano, que se viria a realizar de 15 a 17 de Maio seguinte. O III Congresso Republicano, mais conhecido por Congresso da Oposição Democrática, teria lugar, mais uma vez na cidade de Aveiro, de 4 a 8 de Abril de 1973. Apesar das vicissitudes e da perseguição política de que foi alvo toda a sua vida, Mário Sacramento foi um intelectual e um crítico literário respeitado pelos pares. Eduardo Lourenço dedica-lhe a obra de 1968, Sentido e forma da poesia neo-realista; Óscar Lopes dedica-lhe, em 1969, Ler e depois; Manuel Alegre dedica-lhe o volume de poemas O canto e as armas, de 1970. O seu trabalho intelectual é estudado

«Façam o mundo melhor, ouviram? Não me obriguem a voltar cá» (Mário Sacramento)

e citado por José Régio, Eduardo Prado Coelho, Urbano Tavares Rodrigues, Joel Serrão, Fernando Guimarães, João Medina e Agostinho da Silva. Da sua bibliografia completa destaco a obra de teorização crítica da corrente neo-realista, Há uma estética neo-realista?, de 1968, e as obras de crítica literária sobre escritores portugueses. Sobre Eça de Queirós escreveu Retrato de Eça de Queirós, em 1944, e Eça de Queirós – Uma estética da ironia, de 1945, texto que foi merecedor do Prémio Oliveira Martins. Sobre Cesário Verde e Fernando Namora escreveu o artigo «Lírica e dialéctica em Cesário Verde» (1958) e o livro Fernando Namora, a obra e o homem, de 1967. Sobre Fernando Pessoa compõe, durante um período em que esteve preso em Caxias, um ensaio intitulado Fernando Pessoa, Poeta da Hora Absurda, publicado em 1959 e que teve uma 2.ª edição em 1970. Prefaciou, entre outros, os livros Horas Vivas, de Natália Correia e Praça da Canção, de Manuel Alegre e colaborou em diversas obras, das quais destacamos: Livro do centenário de Eça de Queirós, Perspectiva literária portuguesa do século XIX e 21 Ensaios sobre Eugénio de Andrade. Na sua Carta-Testamento, escrita em Abril de 1967 e publicada em1973, rematou com um parágrafo final que mostra bem o fino humor que mantinha, apesar da desilusão e da doença: «Façam o mundo melhor, ouviram? Não me obriguem a voltar cá!» Nota: Por vontade da autora, este texto mantém a ortografia anterior à do último Acordo Ortográfico.


Dezembro

Terras lusitanas gastronomia Caldeirada de Enguias à Moda de Aveiro

Ingredientes: (para 4 pessoas) 1,2 kg de enguias 600 g de batatas 100 g de unto de pão velho (gordura da barriga que se deixou rançar) 1 dl de azeite 2 colheres de sopa de vinagre 2 dentes de alho 2 cebolas grandes 1 folha de louro 1 ramo de salsa 1 colher de sobremesa de pós de enguia (gengibre ou açafrão-da-índia) Sal grosso Pimenta em pó Confeção: Retiram-se as cabeças das enguias, lavam-se em várias águas e raspam-se para se limpar todos os resíduos viscosos (galheiras). Cortam-se em bocados. Descascam-se as batatas e cortam-se às rodelas − tanto mais grossas quanto

as enguias o forem. Descascam-se as cebolas e cortam-se também às rodelas. Num tacho largo põem-se as enguias, as batatas e as cebolas em camadas alternadas. Cada camada é regada com azeite e temperada com alho, louro, salsa, pós de enguia, sal e pimenta. Cortase o unto em fatias finas e dispõe-se por cima. Rega-se com um copo de água. Tapa-se a caldeirada e deixase cozer entre 20 a 30 minutos. Depois de cozidas as enguias − reconhece-se pela consistência − retira-se o unto e esmaga-se com sal grosso. Junta-se o vinagre a esta papa, que se dilui depois com duas conchas do caldo da caldeirada − estas conchas de caldo devem apanhar o máximo da gordura da caldeirada. Este preparado tem o nome de «moira» e é deitado sobre as enguias e as batatas. Do resto do caldo da caldeirada faz-se uma sopa, a que se junta apenas pão torrado e um ramo de hortelã.

Enguias de Escabeche

Ingredientes: 20 a 24 enguias pequenas (cerca de 1,2 Kg) 2.5 dl de vinho branco 2,5 dl de vinagre branco 2 dentes de alho 1 folha de louro Sal Pimenta Azeite para fritar

Confeção: Prepara-se o molho juntando o vinagre, o vinho branco, os dentes de alho, o louro, o sal e a pimenta. Deixa-se em infusão durante algumas horas. Corta-se a cabeça das enguias, amanham-se, lavam-se e põemse de molho durante uma hora em água e sal. Escorrem-se e espetam-se em espetos de madeira de forma a ficarem com o aspeto de uma mola. Fritam-se em azeite. Retiram--se dos espetos e põem-se num prato fundo. Deita-se o molho sobre as enguias e servem-se algum tempo depois. Não querendo enfiar as enguias em espetos, não se corta a cabeça e fritam-se com o rabo na boca.

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Ovos-moles de Aveiro

Ingredientes: 500 g de açúcar 30 gemas de ovos 3 dl de água. Confeção: Leva-se o açúcar ao lume com cerca de 3 dl de água e deixa-se ferver sem mexer até fazer ponto de cabelo. Tira-se do lume e deixa-se arrefecer. Entretanto separam-se as gemas das claras e cortam-se com uma faca para não se baterem.

Juntam-se as gemas ao xarope de açúcar e levam-se ao lume para que cozam e se obtenha a consistência desejada. Durante esta cozedura não se deve mexer o preparado em círculo, mas sim em movimentos de vaivém de um lado para o outro. Querendo, pode juntar-se um pouco de canela em pó. Podem comer-se em creme ou moldados em hóstia e depois passados por uma calda de açúcar.

Raivas

Ingredientes: 100 g de açúcar 75 g de manteiga 3 ovos 250 g de farinha 1 colher de café de canela Confeção: Mistura-se muito bem o açúcar e a manteiga. Juntam-se os ovos

um a um, misturando, finalmente, a farinha previamente peneirada e a canela. Molda-se a massa com a ajuda de farinha em rolinhos muito fininhos. Com estes rolinhos desenham-se num tabuleiro, untado e polvilhado com farinha, uns biscoitos de forma irregular. Leva-se a cozer em forno moderadamente quente.


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Terras lusitanas associações

s o i c í f O e s e t Ar A BARRICA - ASSOCIAÇÃO DE ARTESÃOS DA REGIÃO DE AVEIRO

Promoção das

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Barrica surgiu em 1978 como Grupo de Artesãos da Região de Aveiro, com sede no Edifício da Comissão de Turismo. Em 30 de julho de 1984 foi inscrita na Conservatória do Registo Comercial com a designação A Barrica − Cooperativa de Artesãos da Região CRL, cujos sócios fundadores representavam a totalidade dos artesãos da cidade de Aveiro. Desde 2002 tem a atual designação: Associação de Artesãos da Região de Aveiro − A Barrica. De entre as suas funções, destacamos aquelas para as quais tem uma particular vocação: promover as artes e ofícios, contribuindo assim para a dignificação dos artesãos e das atividades artesanais; promover atividades que incentivem o conhecimento e a difusão do património artesanal; promover a formação profissional dos artesãos; comercializar os produtos artesanais, designadamente os que resultam do trabalho dos seus associados, através do posto permanente de exposição e vendas existente na sua sede. A Barrica estabelece relações de cooperação com outras entidades, públicas e privadas, nacionais e estrangeiras, tendo ainda um papel ativo na qualidade de associada da Federação Portuguesa de Artes e Ofícios, entidade que tem como principal objetivo contribuir para a defesa dos legítimos direitos e interesses das associações que a constituem. De forma a aproximar o público em geral dos artesãos, a Barrica têm vindo a tomar várias iniciativas com vista à promoção do interesse e do conhecimento destas artes. As mais comuns são a organização de feiras em zonas emblemáticas de Aveiro, tal como o Rossio e a Praça Melo Freitas. Adicionalmente, são organizadas duas exposições que pretendem dar a conhecer o artesanato a nível nacional, tendo por temáticas os Santos Populares e os Pre-

sépios Tradicionais Portugueses. No posto permanente de exposição e vendas d’A Barrica podem ser encontrados trabalhos em Cerâmica, Conchas, Madeira, Vidro, Couro, Trapologia, Metal e Tapeçaria. O horário de funcionamento deste posto é o seguinte: De segunda a sexta-feira, das 9h30 às 12h30 e das 14h30 às 18h00. Aos sábados, domingos e feriados das 9h30 às 12h30 e das 14h30 às 17h00. Para mais informações pode ser consultada a página web da associação em: www.aaabarrica.net ou ainda através dos seguintes meios: e-mail abarrica@gmail.com ou o telefone [+351] 234 424 014.


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Terras lusitanas associações «A nossa luta no contacto com pessoas, empresas e entidades oficiais, no sentido de angariar ajudas para fazer face às necessidades prementes (alimentação e saúde), tem sido um trabalho inglório pois o resultado é dececionante».

Conheça a AFECTU - Associação de Felinos e Caninos Todos Unidos

Em Aveiro há quem lute pelos animais, contra tudo e contra todos

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Lusitânia Contact dá-lhe a conhecer a AFECTU, uma associação de Aveiro que nasceu em 1999, com personalidade jurídica de natureza humanitária e sem fins lucrativos. O seu objetivo é promover, através de intervenção social e educativa, a defesa dos animais. A Associação recolhe, no seu espaço abrigo, todo o tipo de animais abandonados; doentes, famintos, esqueléticos, atropelados, abandonados por velhice, etc. Ainda os que vão sendo deixados à nossa porta, em caixotes ou presos por fios, «atos de alguém sem escrúpulos que cobardemente se esconde», sublinham os responsáveis. O percurso desta associação tem sido constituído por momentos «dificílimos que deitam abaixo o mais afoito dos humanos», desabafam. A AFECTU tem sido alvo de «diversos assaltos com destruição de conteúdo de casas de banho, roubo de ração e utensílios, ferramentas, geradores de corrente, redes de vedação, chapas de cobertura e até de alguns animais. Ainda pior quando se trata de todos os medicamentos que constituem a nossa pobre farmácia, sem que sejam descobertos os responsáveis», denunciam à Lusitânia Contact.

Esta Associação depara-se diariamente com grandes dificuldades, principalmente porque ao receber e cuidar de tantos animais (120 residentes) isso torna as faturas elevadas e os apoios são escassos. As despesas são diversas: vão desde o arrendamento do espaço, a alimentação dos animais, os cuidados médicos (que são muitos devido ao estado em que os animais chegam), os produtos de higiene, a desinfeção e muitas mais. Os «magros recursos financeiros» não vão além das quotas, 1€ mensal, de alguns

poucos associados, para fazer face às despesas com a saúde e a alimentação dos animais caninos. Por outro lado, «os meios humanos, em regime de voluntariado, são muito escassos. A nossa luta no contacto com pessoas, empresas e entidades oficiais, no sentido de angariar ajudas para fazer face às necessidades prementes (alimentação e saúde), tem sido um trabalho inglório, pois o resultado é dececionante», lamentam na Associação. Para o futuro, que para a AFECTU é já hoje, os seus responsáveis mostram-se muito preocupados devido a algumas situações em particular; «temos muitas dificuldades em obter autorização para recolha de alimentação animal, como, por exemplo, no Banco Alimentar e nos hipermercados locais». O que «é grave quando sabemos que os animais comem todos os dias e o consumo mensal de alimentação seca ronda os 1200 kg». O abrigo, revelam na Associação, não tem manutenção há mais de três anos. Algo só possível porque, «por um lado, a Associação não tem qualquer tipo de ajuda oficial, contando, somente, com as dádivas de pessoas singulares e anónimas; por outro lado, também porque a Câmara Municipal de Aveiro e as juntas de freguesia desconhecem o nobre trabalho diário que dedicamos aos animais que todos os dias são abandonados, ignorando a nossa existência», critica e lamento destes defensores dos animais. «Temos muita pena que uma Associação, legalmente constituída desde 1999, com cariz de utilidade pública, não seja merecedora de alguma atenção por parte das entidades oficiais», acrescentam ainda.

Como ajudar a AFECTU mesmo à distância A AFECTU aproveita esta oportunidade para deixar um apelo à solidariedade de todas as pessoas nesta sua luta diária para dar uma melhor vida aos felinos e caninos de Aveiro. Assim, poderá fazer os seus donativos através destas contas: NIB 0035 0123 0004 7570 5006 8 ou NIB 0019 0011 0020 0045 1640 3.


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Terras lusitanas empresas

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28 anos

Associação Industrial do Distrito de Aveiro

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a promover os interesses dos empresários

m janeiro de 1986 foi constituída a AIDA. Existia, na altura, vontade de imprimir uma maior dinâmica económica à região de Aveiro. Para tal, era necessário que fossem criadas condições para o exercício da atividade empresarial e adotadas medidas que colmatassem as necessidades sentidas pelas empresas. Surge assim a AIDA, uma associação sem fins lucrativos, de cariz multissetorial, cujo âmbito de intervenção coincide com a área geográfica do distrito de Aveiro. Presentemente com cerca de 856 empresas associadas, de um universo de 6700 empresas industriais do distrito, distribuem-se pelos mais diversos setores da indústria, com especial predominância para o metalúrgico e metalomecânico, cerâmico, calçado, madeira e fabricação de artigos de borracha e matérias plásticas. Residualmente, a AIDA representa, ainda, empresas do setor do comércio e serviços cuja atividade está (in)diretamente ligada à indústria. Nestes 28 anos verificou-se uma profunda alteração da envolvente económica de Portugal e do seu tecido empresarial, o que obrigou as empresas, e por inerência a AIDA,

a acompanhar o ritmo da mudança e a redefinir a sua forma de atuação, tendo estruturado uma série de serviços de apoio ao tecido empresarial: o apoio à internacionalização, o apoio jurídico, a formação profissional, a consultoria e serviços técnicos, além da organização de seminários e workshops. A AIDA desenvolve, conjuntamente, projetos apresentados aos mais variados sistemas de incentivo nos quais explora temáticas como a internacionalização, as redes de cooperação, os sistemas de informação georreferenciada, a eficiência energética, o empreendedorismo e a responsabilidade social. Ciente da importância da prestação de serviços com qualidade, a AIDA encontra-se certificada pela norma EN NP ISO 9001:2000, integrando ainda, há 23 anos, a rede dos Eurogabinetes (agora EEN – Enterprise Europe Network). De destacar o projeto Loja do Empresário, que visa proporcionar maior apoio e acompanhamento personalizado ao tecido empresarial do distrito de Aveiro, pelo que no seu edifício foi criada a Loja do Empresário que contempla o 1.º Cartório de Competência Especializada de Aveiro, IAPMEI, Loja da Exportação e CGD).

A AIDA, enquanto entidade socialmente responsável e ciente de que o trabalho em rede potencia o êxito das ações que se propõe desenvolver em prol do tecido empresarial e das comunidades envolventes, aposta no estabelecimento de parcerias institucionais com entidades da administração direta do Estado, municípios, instituições do ensino superior, centros tecnológicos, associações empresariais nacionais e estrangeiras e ordens profissionais, entre outras. A Associação Industrial do Distrito de Aveiro tem desenvolvido a sua atividade com a preocupação permanente de articular a sua postura interventiva com a otimização de um modelo de organização capaz de dar resposta às necessidades evidenciadas pelas empresas da região, assim promovendo a produtividade e a competitividade da economia nacional. Com este intuito, e em cumprimento da sua missão, aposta na prestação de serviços que satisfaçam as necessidades de representação, informação, apoio e acompanhamento técnico das empresas industriais, promovendo, igualmente, o seu envolvimento nas atividades associativas desenvolvidas.


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Terras lusitanas empresas

HFA – Henrique, Fernandes & Alves, SA

Na vanguarda da eletrónica e das comunicações

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undada em 1995, a empresa foi constituída para providenciar serviços especializados de assemblagem e de teste de placas eletrónicas. Ao longo dos anos a experiência, a tecnologia e o empenho foram progressivamente aumentando, tal como a inovação, a par do crescimento das exigências dos seus clientes. Qualidade, flexibilidade, know-how, inovação e orientação para o cliente são as principais linhas diretoras da sua ação. Conhecendo a exigência dos clientes, o controlo de qualidade está sempre presente face à atividade desenvolvida. A HFA recorre à documentação técnica e aos requisitos de cada cliente para realizar os ensaios e o controlo de qualidade de cada produto. São identificadas as caraterísticas e os princípios de funcionamento de cada produto a fim de se realizarem métodos e técnicas de ensaio apropriados à deteção das suas disfuncionalidades ou das disfuncionalidades dos seus componentes. A empresa executa periodicamente ações de manutenção preventiva aos seus equipamentos a fim de assegurar o seu correto funcionamento. São cinco os fatores que a HTA considera fundamentais para o sucesso obtido até agora: fornecer produtos fiáveis e de qualidade; providenciar entregas atempadas; fornecer suporte personalizado e qualifi-

cado, quer comercial, quer técnico, através de um contacto diário permanente; proporcionar um bom ambiente de trabalho, quer física, quer socialmente, onde os seus trabalhadores se sintam bem a produzir; finalmente, criar valor para os seus parceiros permitindo que todos sejam competitivos e se diferenciem no mercado.

Hoje a HFA oferece uma vasta gama de serviços de que se destacam: a assemblagem convencional (THT) Throug-Hole Techonology; a assemblagem automática (SMT-Surface Mount Techonology) e o teste. Deve dar-se relevo também ao sistema de análise, gestão e controlo da qualidade das linhas de telecomunicações e ao sistema eletrónico de acessos (frota/ tráfego). De entre os objetivos a que a empresa se propõe, podemos destacar os três principais: torná-la uma referência a nível mundial no setor da assemblagem e do teste de placas eletrónicas; realizar, de forma integrada e com elevados padrões de qualidade, os produtos de eletrónica solicitados; estar sempre na vanguarda da tecnologia. A HFA, através do seu trabalho de referência, é hoje em dia um dos nomes que não se podem ignorar no mercado nacional, tendo também já uma expressão internacional de dimensão muito interessante. A empresa está presente praticamente em todos os cantos do mundo. Na Europa marca presença em Espanha, Inglaterra, Noruega, França e Suécia. Na África está no Botswana, Angola, Moçambique, Argélia e Marrocos. No continente americano na Argentina, Brasil, EUA, Venezuela e Equador. E ainda em Timor Leste e no Dubai.



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Terras lusitanas empresas Saúde

MARCA PORTUGUESA CADA VEZ MAIS APRECIADA NO ESTRANGEIRO

Um Licor Beirão para «matar a saudade» Com o mercado português perfeitamente consolidado, a empresa J. Carranca Redondo, produtora do Licor Beirão, tem vindo a apostar em força na exportação. Os resultados estão à vista: um crescimento de 24% em 2014. À Lusitânia Contact, José Redondo, gerente da empresa, afirma com satisfação que o Licor Beirão «tem cada vez mais aceitação nas comunidades portuguesas e nos próprios naturais dos países onde é comercializado».

Com 2014 a terminar, impõe-se a primeira pergunta: Que balanço faz deste ano? Está a ser um ano bom. Ficará para sempre marcado na história do Licor Beirão pela recente alteração que, em outubro, fizemos à imagem da marca: foi o culminar de um intenso ano de trabalho.

Pode destacar, já nesta altura, quais são os principais objetivos para 2015? Os objetivos passam por manter a relação de proximidade com os consumidores e fans do Licor Beirão e por aumentar as exportações para chegar a novos mercados, reforçando, assim, a nossa presença nos países onde a marca já existe.


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Saúde

te. A nossa aposta deste ano consiste na oferta de uma caixa de chocolates com recheio de Licor Beirão na compra de uma garrafa de 70 cl, que, por sua vez, vem acondicionada num bonito estojo com motivos tipicamente portugueses: as filigranas do Minho, os lenços de Viana e o galo de Barcelos. Para promover esta novidade desenvolvemos uma campanha irreverente e divertida, na qual uma garrafa e um chocolate recheado com Licor Beirão nos sugerem o presente de Natal ideal.

Sabendo-se que o Licor Beirão está profundamente enraizado em Portugal, gostava de saber que impacto tem a exportação nos vossos resultados? A exportação é uma forma de estarmos presentes junto da nossa importante e crescente comunidade, mas não só. Estamos empenhados e temos conseguido colocar o Licor Beirão na mente de consumidores naturais dos muitos países para onde exportamos. Só para darmos um exemplo do forte crescimento da marca fora de Portugal, podemos afirmar que, em 2014, o crescimento das exportações foi de 24%. Como referimos anteriormente, temos conquistado cada vez mais consumidores fora da Comunidade Portuguesa. Estamos a fazer uma grande aposta nesse sentido e os resultados estão a ser compensadores.

O que representa a Suíça, o mercado suíço, para o Licor Beirão? A Suíça é um país muito importante para nós. Tem sido dos países onde temos apostado mais, de forma a estarmos mais perto dos 250 mil portugueses e luso-descendentes. São estes que reconhecem o Licor Beirão como um produto tipicamente português que os ajuda a «matar a saudade». Posso

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Qual é o segredo para uma longevidade de sucesso? Normalmente costumo dizer que os dois segredos do nosso sucesso são a boa qualidade do nosso produto e saber vendê-lo bem! Podemos ter um produto de qualidade mas se não tivermos paixão na comunicação e força nas vendas esse produto nunca chegará ao consumidor; por outro lado, podemos ser excelentes marketeers ou vendedores mas se o produto não tiver qualidade conseguimos convencer o consumidor a primeira vez mas não o faremos duas vezes. Acrescentaria que outro grande segredo é a continuidade familiar no negócio, aliada a uma paixão imensa no que fazemos, sempre com os olhos postos no futuro. adiantar-lhe que a aposta no mercado suíço vai ser ainda maior em 2015. Sentimos, cada vez mais, que não são só os portugueses que compram e consomem o Licor Beirão, são também os próprios suíços que começam a procurar a nossa marca, o que para nós é extremamente gratificante e compensador. A prova disto é que estamos presentes em alguns dos principais pontos de venda do país. Na época natalícia o Licor Beirão costuma ser muito imaginativo e ativo no mercado. Por isso mesmo os portugueses podem esperar algumas surpresas neste final de 2014? Como não podia deixar de acontecer, vamos estar muito ativos na época natalícia e voltar a surpreender positivamen-


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Postal de Aveiro

Aveiro capital da Arte Nova

Manuel Henrique Figueira manuelhenrique@netvisao.pt

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veiro é, justamente, considerada a capital da Arte Nova em Portugal, pois possui exemplares arquitectónicos muito significativos deste estilo. O edifício mais emblemático, a Casa Major Pessoa, recuperado, alberga o Museu da Arte Nova.

Este estilo foi iniciado em Aveiro pelo arquitecto Silva Rocha, na construção da sua casa, em 1906, tendo depois feito trabalhos em todo o país. Introduzido tardiamente em relação à Europa, a opção por este estilo resultou do renascimento de Aveiro devido à reabertura da barra, depois de mais de um

Antiga Sapataria Leitão, Aveiro

Casa Silva Rocha, Aveiro

Centro Comunitário de Vera Cruz

Vila Africana, Ílhavo

século de isolamento comercial e económico. Esta nova linguagem arquitectónica simbolizou a prosperidade então vivida. No resto do país a Arte Nova foi essencialmente decorativa, ficando-se pelas fachadas dos edifícios (decoração com azulejos, ferragens nos varandins, cantarias nos

Edifício F. Simões, Estarreja

Museu da Cidade, Aveiro


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Postal de Aveiro

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com motivos florais; azulejos azuis a acentuar as linhas desenhadas pela decoração na pedra, a realçar os arcos sobre as janelas e as portas; telhado a tornar o conjunto mais elegante. Casa das 4 Estações: decoração com azulejos de estilo Arte Nova com motivos florais de cores vivas e alegres; 4 painéis das 4 estações do ano em azul e branco. Casa Major Pessoa: decoração rica da fachada; pedra trabalhada em harmonia com o ferro forjado dos gradeamentos; linhas ondulantes do estilo Arte Nova.

Ao lado: Museu de Arte Nova Em baixo: Museu da Cidade

Pormenor do Museu de Arte Nova

portões e varandas), ao contrário da Casa Tassel (Bruxelas) ou das emblemáticas Casa Batlló e Casa Milà (Barcelona) − em que a globalidade do edifício é concebida segundo este estilo, encerrando o interior uma exuberância semelhante à das fachadas. A lista de edifícios Arte Nova na cidade de

Aveiro é longa, estendendo-se a Ílhavo e a Estarreja. Apresentamos as imagens que nos dão uma ideia do que podemos encontrar numa visita a Aveiro, assim como uma breve descrição das características dos mais emblemáticos. Museu da Cidade: fachada vertical impressionante; balcão do último piso assente em duas colunas elegantes; decoração de motivos florais e vegetais na pedra; ferro forjado nos varandins; água-furtada. Farmácia Ala: linhas sóbrias; decoração na pedra

Casa 4 Estações Aveiro Monumento à Liberdade, Aveiro

Farmácia Ala, Aveiro

Coreto do Parque da Cidade Aveiro

Tribunal de Menores Aveiro Casa Major Pessoa Aveiro


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Postal de Aveiro

Só pela

a cidade de Aveiro merece uma visita.

A Arte Nova tem «proporção, carácter, harmonia e intensidade original como expressão e conceito» (Arquitecto Adães Bermudes, 1864-1948)

A Arte Nova é fruto da 2.ª revolução industrial (que trouxe grande desenvolvimento tecnológico) e da mentalidade da Belle Époque (período cosmopolita europeu de 1871 a 1914, que permitiu o desenvolvimento da cultura e o florescimento de novas correntes artísticas). Surgiu de forma súbita no final do século XIX, em Bruxelas Casa Major Pessoa (Bélgica), pela mão de Museu de Arte Nova Victor Horta, com a edificação da Casa Tassel, em 1890-93, mas teve curta duração. O ponto alto foi a Exposição Universal de Paris, em 1900, onde teve grande destaque. A sua estética manifestou-se, essencialmente, no design: linhas ondulantes, assimétricas, fascínio pelo movimento, ornamentação excessiva com elementos naturais (vegetais: flores, caules, folhas − lírios, flores-de-lis, íris, orquídeas, nenúfares, árvores jovens, botões de flores), elementos animais (insectos, pássaros coloridos, libelinhas, pavões, andorinhas, cobras, galgos), figura feminina (curvas do corpo feminino, cabelei-

ras longas, soltas e fluentes), na decoração (cores vivas contrastantes) e na arquitectura (arredondamento suave dos ângulos, utilização dos arcos japoneses), influenciando ainda as artes plásticas. Explorou novos materiais (ferro e vidro, principais elementos dos seus edifícios) e expressou-se nos avanços tecnológicos da técnica gráfica da litografia colorida, que influenciou os cartazes. A forte presença deste estilo no referido período levou-o a ficar conhecido também por Modern style (estilo moderno). O termo Arte Nova veio do nome de uma loja em Paris (a sede do movimento), chamada, precisamente, Art nouveau, que vendia mobiliário deste estilo. Caracteriza-se pelas formas orgânicas, retorno à Natureza, valorização do trabalho artesanal, entre outros aspectos. Conforme o país onde se desenvolveu recebeu nomes diferentes: Art nouveau em França e na Bélgica; Flower Art ou Arts and Crafts Movement, na Inglaterra, Stile Liberty ou Floreale, na Itália, Sezessionsstill, na Áustria; Arte Joven, na Espanha; Modernismo, na Catalunha; Nieuwe Kunst, na Holanda; Jugendstil, na Alemanha. Tribunal de Menores de Aveiro


ALGARVE 路 PORTUGAL


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Postal de Aveiro

Fontes: Câmara Municipal de Aveiro (2004). Cidade Arte Nova. Aveiro: Câmara Municipal de Aveiro. Fernandes, Maria João (2009). Arquitectura Arte Nova – Uma primavera eterna. Aveiro: Câmara Municipal de Aveiro. IPPAR, Edifício Arte Nova na Rua Dr. Barbosa Magalhães, n.os 9, 10 e 11. Acedido em: http:// www.ippar.pt My Architectural Moleskine. Victor Horta House. Acedido em http://architecturalmoleskine.blogspot.pt/2012/05/victor-horta-house-studio-in-brussels.html Neves, Amaro (1997). A Arte Nova em Aveiro e seu distrito. Aveiro: Câmara Municipal de Aveiro. Oliveira, Cristina, Varum, Humberto & Guerreiro, Luís, Arte Nova em Aveiro e sua relação com o adobe. Acedido em: https://ria.ua.pt/ bitstream/10773/8001/1/I_100.pdf Rota da Luz (2005). Roteiro de Arte Nova – Aveiro, Portugal. Aveiro: Rota da Luz. Sarabando Dias, Mário (2006). O Mistério da Casa Major Pessoa. Aveiro: Câmara Municipal de Aveiro. Tschudi, Stephan Madsen (1967). Art Nouveau. Michigan: University of Michigan / McGraw-Hill. Fotos: Câmara Municipal de Aveiro, excepto as 12 do rodapé das págs. 24 e 25, acedidas em: https://ria.ua.pt/ bitstream/10773/8001/1/I_100.pdf Nota: Por vontade do autor, este texto mantém a ortografia anterior à do último Acordo Ortográfico.

Entre nós durou pouco (1905 a 1920) e foi um estilo tardio, surgiu quando desaparecia na Europa, introduzido pela burguesia urbana de Lisboa, Porto, Aveiro e Caldas da Rainha (essencialmente na cerâmica decorativa de Bordalo Pinheiro). Seguiu princípios estéticos semelhantes aos da Europa, embora com maior influência francesa. São exemplos mais emblemáticos: em Lisboa (Animatógrafo do Rossio, Rua dos Sapateiros, junto ao Arco Bandeira; Leitaria Camponesa, Rua dos Sapateiros; Tabacaria Mónaco, Praça do Rossio; Pastelaria Tentadora, Campo de Ourique, no gaveto da Rua Saraiva de Carvalho com a Rua Ferreira Borges; Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, nas Picoas; Garagem Auto-Palace, Rua Alexandre Herculano; Edifícios n.os 87 e 89, Av. da República, em frente à Praça de Touros do Campo Pequeno; Edifícios n.os 1-1c e 74b, Av. Almirante Reis; Padaria Inglesa, Rua de S. Julião; Edifício n.os 70-78, Rua das Janelas Verdes; Casa Ventura Terra, Rua Alexandre Herculano); no Porto (Café Magestic, Rua de Santa Catarina; Casa Vincent, Rua 31 de Janeiro; Livraria Lello

Quer viaje de avião ou de autocarro, pode ter um automóvel à sua espera. Quem sabe, até pode ganhar!!! Cartão de crédito. Não precisa? Quanto mais cedo marcar, mais barato lhe fica. Informe-se já.

Especial Natal. Nesta época natalícia desejamos a todos os nossos clientes, amigos e famílias (e a toda a Comunidade Portuguesa na Suíça) um Feliz Natal e um Ano Novo repleto de saúde e muitas viagens. São os votos sinceros da Família Cepeda.

Para as suas viagens ou férias, escolha o que lhe convém. Nós faremos o resto. Não paga mais! Avião, Carro de aluguer, Autocarro, Hotel, Excursões. 34 anos ao serviço da Comunidade Portuguesa na Suíça. (a primeira Agência de Viagens Portuguesa a defender os interesses desta comunidade). Os nossos objetivos são sempre os mesmos: rigor, confidencialidade, servir sempre melhor. Nós estamos onde você estiver, enviamos-lhe os seus documentos (bilhetes) para onde se encontrar, não paga mais. Não perca o seu tempo, tempo é dinheiro! Reserve já! Marcar pela internet? Pode custar-lhe mais caro. E reclama onde?

Traseiras do Museu de Arte Nova

e Irmão, Rua das Carmelitas; Edifício n.º 28, Rua da Galeria de Paris; Edifícios do Passeio Alegre, entre a Rua de Santa Anastácia e a Capela de Nossa Senhora da Lapa; Ourivesaria Cunha, Rua 31 de Janeiro).


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POSTAL DE LISBOA U

m ano após as eleições autárquicas a capital portuguesa está sem presidente da Câmara. É verdade que quem foi então reeleito, António Costa, ainda se senta na cadeira, mas o seu mais recente comportamento mostra que já tem a cabeça noutro sítio. Duas cheias na cidade, ocorridas no início do outono após minutos de chuva mais intensa, vieram evidenciar o distanciamento do autarca. Foram inundações inesperadas e bravas, very typical indeed, para os turistas, fascinados por um acontecimento que não estava no roteiro, mas causadoras de inúmeros transtornos e danos para os lisboetas, com estabelecimentos alagados, mercadorias perdidas, esplanadas arrastadas, viaturas imobilizadas, trânsito suspenso e tempo perdido. Da primeira vez, Costa estava mesmo ausente, envolvido numa acesa disputa para se substituir ao seu camarada de partido António José Seguro na liderança do PS. Avançou por isso um dos seus vereadores para explicar que a responsabilidade da cheia não fora da Câmara Municipal mas sim dos serviços meteorológicos, que não tinham avisado da borrasca a tempo, como lhes competiria. Lisboa sofre, na realidade, deste mal crónico, que de tempos a tempos transforma em afluentes do Tejo algumas das suas ruas

do a seu contento o conflito com Seguro, impondo-lhe uma esmagadora derrota, pelo que não existiam motivos que o distraíssem. Como aceitar então que a autarquia não tivesse aprendido nada com a inundação inicial, deixando-se apanhar de novo com as calças na mão? Desta feita, o próximo líder socialista emitiu considerações sobre o acontecimento, mas com enorme displicência. A culpa já não era dos meteorologistas e sim do Além, fugindo pois ao controlo humano: «São Pedro goza de um estatuto de imunidade que está acima das responsabilidades». E depois encerrou a polémica, ao considerar que «não existe solução» para as cheias de Lisboa. Desengane-se quem julga que a qualidade de um político se afere pelas soluções que propõe para os problemas da sociedade. Agora é possível dizer que solução não há e continuar a ser respeitado. A questão é que, desde que derrotou Seguro, António Costa deixou de pensar nas soluções para Lisboa: a ele só interessam agora as soluções para Portugal (viáveis ou não), e ninguém o vai ouvir confessar que determinado problema nacional não tem solução. Felizmente, ninguém se afogou nas cheias de Lisboa. Apenas, um pouco, a credibilidade da política.

A cidade submersa

e avenidas, mas esperava-se que ao fim de sete anos à frente da autarquia, fazendo sempre gala da capacidade técnica da sua equipa, o presidente já tivesse desenvolvido algum esforço para minimizar o problema. Mesmo assim, foi então tudo levado à conta de uma distração pelo estio prolongado, quando porventura ainda não houvera tempo para desobstruir caneiros e limpar sargetas. Já da segunda vez, apenas três semanas mais tarde, o déjà vu tornou-se incompreensível. Havia 15 dias que Costa tinha arruma-


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Terras helvéticas cidade / região

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região de La Gruyère foi habitada desde o Paleolítico Superior, tendo feito parte do Reino de Borgonha desde 888 até 1195. Depois de 50 anos de domínio dos bispos de Lausanne, passou para a proteção de Pedro II de Saboia, em 1244. Três séculos

mais tarde o último conde de Gruyères é expulso e a região passa definitivamente para as mãos de Friburgo. A rivalidade com os novos donos conhece o sue auge em 1781. Pierre-Nicolas Chenaux, o chefe da revolta, é decapitado. Frente ao Castelo de Bulle podemos admirar, ainda hoje, a estátua de Chenaux com o punho erguido em sinal de altivez, coragem e rebeldia. O atual distrito de La Gruyère, que data de 1848, tem cerca de 50 000 habitantes, dos quais 23% são estrangeiros. Os 4000 portugueses representam 8% da população e cerca de um terço dos estrangeiros residentes.


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Terras helvéticas cidade / região

© Christophe Dutoit

Visitas:

Museus e gastronomia

Bulle: Musée gruérien

Este museu reconstitui a história, a arte e as tradições da Gruyère. A exposição permanente apresenta uma importante coleção da arte popular da Gruyère. © La Maison Cailler

Broc: Masion Cailler La Chocolaterie Suisse

Quem não sonhou um dia visitar uma fábrica de chocolate! Descubra o processo de fabrico do chocolate e os seus cheiros na célebre fábrica de chocolate Maison Cailler (Nestlé) © Roland Zumbuehl

Charmey: Musée de Charmey

Este museu retrata a história cultural e social do Pays e Vallée de Charmey, lugar importante da produção do queijo Gruyère AOC (Appelation d’Origine Contrôlée, em português DOP: Denominação de Origem Protegida) e de outras tradições.


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© Annie Bertram

Terras helvéticas cidade / região

Gruyères: Museu e bar HR Giger

Mergulhe no mundo da arte fantástica. Hand Ruedi Geiger, artista suíço, ganhou em 1980 o Óscar dos melhores efeitos visuais pela participação artística no filme Alien.

Gruyères: Tibet Musem – Fondation Alain Bordier

Venha descobrir a fascinante beleza da arte dos Himalaias. A coleção convida-nos a descobrir um conjunto representativo de peças da arte budista dos Himalaias e a apreciar a sua beleza na renovada capela St. Joseph.

Moléson/Pringy: La Maison du Gruyère

© Christof Sonderegger

Situada perto do berço da região e das pastagens dos Alpes, ao pé do Château de Gruyères, a Maison du Gruyère convida-os à descoberta do queijo Gruyère AOP (Appellation d’Origine Protégée).

Moléson-sur-Gruyères: Fromagerie d’alpage

Descubra o fabrico artesanal e tradicional do queijo na fogueira a lenha, num auténtico chalet d’alpage de 1686.

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Terras helvéticas cidade / região

Lugares históricos © Thierry Pradervand

Gruyères: Château de Gruyères

Ao visitar o Castelo, poderá percorrer oito séculos de arquitetura, de História e de cultura. Este Castelo era a residência dos Condes de Gruyères.

Gruyères: Cité de Gruyères

Bem vindos a Gruyères, outrora vila pertencente ao condado, hoje reino da descoberta, dos passeios e da gastronomia. Esta joia arquitetónica constitui um verdadeiro prazer para a vista.

© Sandra Mumprecht

© Atelier Mamco

Le Bry: excursion à l’Île d’Ogoz

Excursão de uma hora num batelão à descoberta do Lago de Gruyère. Descubra as falésias de Rossens e visite a ìlha de Ogoz, as suas ruinas e a capela.

Bulle: Descubra o seu centro histórico

Visite o centro histórico de Bulle. Admire os monumentos, as suas curiosidades, as praças, os parques, os miradouros sobre as montanhas à sua volta. Descubra o Musée gruérien e a exposição permanente, «Gruyère, itinéraires et empreintes», concebida em 2012.


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Terras helvéticas cidade / região

Desporto e relaxamento © Atelier Mamco

Charmey: les Bains de la Gruyère

Os banhos da Gruyère têm vista para as montanhas circunvizinhas. Bem-estar, tratamento estético e relaxamento numa encantadora aldeia dos Pré-Alpes.

Charmey: Charmey Aventures

É um parque de aventuras e de lazeres ecológicos, situado entre florestas e pastagens, a 1200m de altitude, numa área natural e selvagem dos Pré-Alpes friburgueses. © Eric Fookes © Sandra Mumprecht

O lago da Gruyère

As encostas de La Berra e do Gibloux convidam-nos a praticar vários desportos e caminhadas numa volta pelas suas aldeias, onde a flora e a fauna se desenvolvem numa harmonia reencontrada. Uma caminhada de 45 km leva-vos perto da água, no meio de uma natureza magnífica.

Moléson-surGruyères: Fun park

Acessível para todos os gostos e capacidades financeiras, um sistema de «pagamento simbólico» permite-vos praticar todos estes lazeres: Bob-trenó, karting, scooter e minigolfe.

La Gruyère: esquis teleféricos

Chegue ao cimo das montanhas da Gruyère sem se cansar para apreciar os melhores miradouros sobre os Pré-Alpes, graças aos esquis teleféricos de Charmey, de La Berra, de Moléson-surGruyères e de Jaun.

Oferta especial para uma estadia na Gruyère: o passaporte La Gruyère

Conhece com certeza o célebre queijo Gruyère. E conhece a região La Gruyère? Venha e mude de ares durante um fimde-semana. Duas noites em quarto duplo, incluindo o pequeno-almoço com produtos locais, bebidas de boas vindas, serão de fondue e um passe de visitas turísticas gratuitas só por 119 francos por pessoa.


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Para mais informações: La Gruyère Tourisme Place des Alpes 26 Case postale 593 1630 Bulle Tel. +41 (0)848 424 424 Fax +41 (0)26 919 85 01 info@la-gruyere.ch www.la-gruyere.ch www.facebook.com/RegionLaGruyere twitter.com/La_Gruyere


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Terras helvéticas gastronomia

Receitas Fondue metade-metade (para 4 pessoas)

400 g de Gruyère AOP 400 g de Vacherin friburguês AOC 1 dente de alho. 3 dl de vinho branco 15 g de fécula Kirsch Pimenta Esfregar o caquelon (panela funda de fondue) com o dente de alho, que se pode deixar no fundo. Misturar o Gruyère, a fécula e o vinho branco e deixar derreter mexendo sempre. Baixar o lume, acrescentar o Vacherin e continuar a misturar até a massa ficar cremosa. Deixar ferver bem mas sem cozer. Acrescentar o kirsch e a pimenta. Servir o fondue num «réchaud» (utensílio de fundo duplo que aquece o fondue) para a manter a temperatura.

Sopa tradicional de chalet (6 pessoas)

10 batatas 2 cebolas Uma mão cheia de folhas de espinafres silvestres Uma mão cheia de folhas de urtigas 1 litro de leite 2 litro de água 200 g de massa cotovelinhos Sal q.b. Nata q.b. Gruyère cortado em lâminas Cozer as batatas cortadas em cubos e as cebolas cortadas com o leite, a água e o sal. Acrescentar os espinafres e as urtigas cortadas aos bocados e deixar cozer entre 45 minutos e uma hora. Acrescentar a massa e cozer mais 10 minutos. Acrescentar a nata (a gosto). Aquecer sem deixar ferver demais. Cortar o queijo nos pratos e servir a sopa. Pode também cozer-se ao mesmo tempo um pedaço de toucinho.

Suspiros com nata (crème double) Claras de ovo 40 g de açúcar por cada clara

Bater as claras vigorosamente, acrescentar o açúcar e continuar a bater até se conseguir uma massa firme e brilhante. Utilizar um saco de pasteleiro com um bico apropriado e formar «conchas» de cerca de 6cm diretamente numa placa revestida a papel vegetal. Cozer em fogo lento, 80ºC-100ºC, com a porta do forno ligeiramente aberta, durante 6 a 7 horas. Controlar a cozedura e, se for necessário, cozer mais alguns minutos. Cinco claras são suficientes para uma placa de 35x40 cm. Quando estiverem prontas decorá-las com nata gorda (crème double) ou com chantilly. © Produits du Terroirs du Pays de Fribourg

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Terras helvéticas portugueses de sucesso

Paulo Calçada

Paulo Calçada Industrial de relojoaria info@calcada.ch

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rubrica «Portugueses de sucesso», no formato de entrevista, tem como finalidade traçar um retrato que dê a conhecer às comunidades portuguesas no mundo onde a revista chega e é lida, quer em suporte de papel, quer em suporte digital, um pouco da vida e dos esforços que levaram alguns portugueses a ser bem sucedidos, certamente com muito esforço, trabalho e perseverança. Quer falar-nos um pouco de si? Sou conhecido apenas por Paulo Calçada, tenho 42 anos, nasci em Louredo, Sta. Maria da Feira, a 10 de julho de 1972. Sou casado e tenho 3 filhos. Os seus pais eram também da mesma região? Sim, o meu pai nasceu em Vale e a minha mãe em Louredo, ambas pertencentes a Sta. Maria da Feira. O meu pai era operador de gruas e a minha mãe era doméstica. Como aconteceu a sua vinda para a Suíça? As dificuldades que se viviam no nosso país obrigaram o meu pai a emigrar. Depois de obter a autorização de estadia permanente (o «Permis C»), o resto da família veio juntar-se a ele na Suíça. Entrei no país no dia 9 de abril de1987, tinha apenas 15 anos, com o «Permis B» (autorização de residência

anual), que foi adquirido pelo meu pai. E começou logo a trabalhar? Sim , não demorei, e de abril 1988 até novembro 1989 trabalhei como ajudante na montagem de andaimes na construção civil. De dezembro de 1989 a fevereiro de 2000 trabalhei numa fábrica de polimento de peças para relógios. Quais foram as suas primeiras impressões, correu bem a sua adaptação à Suíça, teve apoio de outros compatriotas? A adaptação não foi muito difícil porque não demorei a começar a trabalhar. No entanto, difícil foi ter deixado os meus amigos de infância. Como tive a sorte de ter estudado francês durante dois anos quando frequentava a escola em Portugal, isso ajudou-me muito quando cá cheguei. Não senti a necessidade de ajuda dos compatriotas porque o meu pai já estava cá. E hoje quantas línguas fala? Hoje falo português, francês, italiano e espanhol. E qual é a atividade que exerce atualmente? Sou industrial no ramo do polimento de componentes de relógios. Porque pensa que as outras pessoas o consideram um português de sucesso? Acho que o sucesso é relativo. Para mim, o mais importante é ser uma pessoa honesta e cumprir as minhas obrigações. Tenho a

máxima compreensão e, ao mesmo tempo, sou exigente em relação aos meus colaboradores para poder angariar o máximo de trabalho. Se seguirmos estes dois princípios não encontramos muitas surpresas no nosso dia a dia de trabalho. Tem outras informações que ache útil indicar-nos. Depois de dez anos de experiência no ramo da alta relojoaria, decidi lançar-me por minha conta. É claro que vivi momentos difíceis, mas com a confiança do saber-fazer e a persistência venci as primeiras dificuldades, ou seja consegui ter trabalho a tempo inteiro. Pouco a pouco surgiram vários clientes e alguns pertencendo às mais conceituadas marcas mundiais. Atualmente, temos na Suíça 70 trabalhadores. Em 2010, após ter participado no Encontro da Diáspora Portuguesa, patrocinado pelo Presidente da República, no Dia de Camões e das Comunidades Portuguesas, analisei com vários clientes aqui na Suíça a possibilidade de abrir uma sucursal em Portugal. Com o apoio que eles me deram abri uma empresa em Portugal, que tem atualmente 25 trabalhadores e a perspetiva de crescimento. Agradeço a todos os meus trabalhadores e clientes a confiança e o apoio que me têm prestado.


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Terras helvéticas entrevista

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LEANDRO A PRESENÇA NA SUÍÇA ESTÁ NOS HORIZONTES DO JOVEM CANTOR PORTUGUÊS

«É um privilégio cantar para as comunidades portuguesas no estrangeiro»

Com 27 anos, Leandro, natural de Lisboa, tem 8 de carreira. Já conta com 8 álbuns editados, 5 platinas conquistadas e mais de 300 mil exemplares vendidos. Assume-se como um cantor romântico. E, nessa qualidade, é uma das revelações musicais mais importantes dos últimos anos em Portugal. A sua música já passou nas grandes salas do país como a Aula Magna, os coliseus de Lisboa e do Porto e também no estrangeiro. O novo álbum, «Sou um Homem Feliz», já está no mercado. Leandro agradece todo este percurso, uma curta, intensa e preenchida carreira, aos seus fans. Luís Pestana, jornalista Pode dizer-nos que passos deu para, num determinado dia, poder dizer que a carreira de cantor era possível? Foi com muita determinação, pois desde os 12 anos que canto, sem empenho e vontade não se chega a lado nenhum. Mas para esse momento chegar houve um caminho a percorrer. Foi difícil, chegou a ter momentos em que pensou que o sonho era impossível de realizar? Com a crise que estamos a passar não é fácil construir uma carreira. Passada essa fase, agora com 8 anos de carreira, considera que já tem o seu lugar consolidado no panorama musical português ou falta-lhe ainda algo para conquistar esse lugar? Nunca temos o nosso lugar garantido, para construirmos algo temos de batalhar. É bom nunca se estar satisfeito. Já atuou em quase todos os palcos icónicos em Portugal, de que se destacam os coliseus de Lisboa e Porto. Como se sentiu nesses ambientes míticos? Senti uma responsabilidade acrescida, pois trata-se de salas emblemáticas nas quais já estiveram grandes nomes nacionais e internacionais. Em que artistas se inspirou para criar o seu estilo pessoal? Em Alejandro Sanz, Luís Miguel e David Bisbal.

Sente-se confortável com o «rótulo» de cantor romântico? Sim, considero-me um eterno romântico. Podemos esperar no futuro alguns trabalhos noutras áreas musicais para além daquela em que se afirmou? Quem sabe! Em que fase está a sua carreira? Acha que o seu nome está plenamente consolidado ou ainda lhe falta percorrer algumas etapas do seu crescimento como artista? Em apenas oito anos de carreira tenho vindo a conquistar cada vez mais o meu público, Mas considero que ainda estou no início. De todos os álbuns que já lançou consegue destacar aquele que, na sua opinião, foi o mais importante para a sua carreira. Se sim, porquê? Foram todos importantes para o meu crescimento, «Sou um Homem Feliz “tem muito sobre mim que considero ser muito importante, “o meu filho». Atuou recentemente na maior sala de espetáculos em Portugal. Como descreve a experiência de estar no Meo Arena perante milhares de fans? Foi fantástico, foi algo com que sempre sonhei e que se tornou realidade.

Com esse espetáculo iniciou a digressão «Sou um Homem Feliz». Pode falar-nos um pouco do que vai ser esse período de grande ligação com o público? Que principais mensagens pretende transmitir-lhe? Sou, de facto, um homem feliz e ao longo de todos estes anos tenho conseguido atingir os meus objetivos: isso ao meu público devo. Por isso o título do álbum «Sou um Homem Feliz». Alargando um pouco os horizontes geográficos, como tem sido a sua carreira no estrangeiro, nomeadamente, junto das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo? É sempre um grande privilégio cantar para as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. Concretamente na Suíça, existe uma comunidade emigrante constituída por cerca de 250 mil portugueses. Como é a sua relação com aquele país? Já lá fez muitos espetáculos, tem algum agendado para breve? Este ano tenho percorrido países fantásticos, também irei estar na Suíça, Bélgica, EUA, Austrália, entre outros… Consegue descrever a diferença de sensações entre atuar em Portugal e no estrangeiro? É totalmente diferente, talvez pela saudade pelos que cá ficaram, no estrangeiro sou muito mais acarinhado. Gostava de deixar alguma mensagem às comunidades portuguesas no estrangeiro que, como sabemos, têm um grande carinho pelos artistas nacionais? Espero brevemente estar convosco para apresentar a nova digressão com novo o disco «Sou um Homem Feliz». Quando olha para o panorama musical português fica preocupado com o futuro ou, pelo contrário, considera que o mercado está equilibrado? Por exemplo, como reage ao desapontamento com o atual cenário revelado por destacados músicos, a último dos quais foi, como se sabe, Rui Veloso? O futuro preocupa-me sempre, mas estou convicto de que o meu público não me abandonará.


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Terras helvéticas associações portuguesas

Comunidade Cultural e Recreativa Portuguesa de Gruyère Como temos vindo a fazer em todos os números da Lusitânia Contact, publicamos agora, em formato de entrevista, o historial de mais esta associação portuguesa em terras helvéticas, ouvindo um seu dirigente e atual presidente da direção, José Gonçalves.

Quer falar-nos um pouco da CCRPG, quando foi criada, etc.? A associação chama-se Comunidade Cultural e Recreativa Portuguesa de Gruyère, foi criada em 1991 e está instalada na Rue de l’Industrie 8, 1630 Bulle. E quais foram os motivos que levaram à sua fundação? O principal motivo foi criar um ponto de encontro onde a comunidade portuguesa da região e arredores possa conviver e ter um pouco de Portugal num país distante como é a Suíça.

Quem tomou a iniciativa de criar a associação? Os fundadores foram os senhores Hedílio Caravela, Marcelino Ferreira dos Santos, José Ribeiro, Antonio Fontes Lopes, Horácio Mendes e Abílio Rodrigues. Atualmente tem uma direção composta por 10 a13 elementos (presidente, vice-presidente, tesoureiro, assistente de direção, diretor da cultura e outros elementos auxiliares). Tem também um Concelho Fiscal com 3 elementos, um Concelho Consultivo e uma Mesa de Assembleia igualmente com 3 elementos.

E quer agora falar um pouco de si e da sua ligação à associação? Sou sócio desde 1999, já faz 15 anos, e antes de assumir a presidência fui diretor recreativo. A minha função era, essencialmente, arranjar grupos musicais para animar os bailes e as festas que se organizavam nos fins de semana. Também servia à mesa, coisa que nunca tinha feito anteriormente. Sou presidente da direção desde de fevereiro de 2010. Qual o motivo que o levou a aceitar este desafio? Foi dar o meu contributo para que esta associação, que já conta 23 anos de existência, continuasse em atividade. Este tipo de cargos normalmente exige muito esforço e dedicação. Que razões o levam a continuar a exercê-lo há tanto tempo? Depois de tantos anos ao serviço desta comunidade, seria difícil virar as costas a este projeto que envolve muitas atividades e muitas pessoas. Continuo com a ideia de encontrar alguém que me possa substituir e que olhe pelos interesses desta casa, assegurando, assim, a perenidade de uma instituição que tem acolhido muitos portugueses ao longo dos anos. Qual é o número de sócios com as quotas em dia, quanto se paga de quota por ano e que benefícios se tem de se ser sócio? Temos cerca de 250 sócios com as quo-


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Terras helvéticas associações portuguesas tas em dia, que pagam 96 francos, ou seja 8 francos por mês. As mulheres dos sócios pagam apenas 2 francos por mês. Os sócios com as quotas em dia têm o privilégio de assistir aos espetáculos e a oportunidade de ver os artistas de forma gratuita ao longo do ano. Poderão também participar e conviver no jantar anual que reúne todos os sócios desta casa. Poderão ainda assistir às assembleias gerais, dando opiniões, assim como votar as propostas que visam o desenvolvimento desta associação. Para que uma pessoa se possa tornar sócio tem de ter nacionalidade portuguesa ou ser originária de uma determinada região ou cidade de Portugal? Não. Nós aceitamos pessoas de qualquer nacionalidade. Basta que preencham uma ficha com os dados pessoais, juntem uma fotografia e paguem 20 francos de joia. E quais são as finalidades que a vossa instituição pretende atingir? Pretende ser uma casa aberta a todos, com um ambiente familiar acolhedor, que possa dar apoio naquilo que for necessário aos novos imigrantes que desejem integrar-se na comunidade portuguesa na Suíça, disponibilizando, por exemplo, um espaço para aulas de francês. E quais são as atividades que a associação desenvolve? Desenvolve várias atividades, como, por exemplo: bailes todos os fins de semana; serviço de restauração; encontros musicais ou culturais; torneios de sueca; aulas de francês para adultos; jantares de convívio (no dia da mulher, na noite de fados, o jantar dos clubes por exemplo, do Futebol Clube do Porto, etc.); espetáculos de passagem de ano; saídas do rancho folclórico; festa da Escola de Língua e Cultura Portuguesa; concentração dos motards «Sem destino». E que objetivos pessoais tem para este mandato? Pretendo conseguir alguns proveitos no final do ano para que possam ser investidos em equipamentos para a associação. Temos também como objetivo a manutenção dos sócios atuais e a inscrição de novos sócios. Fale-nos um pouco da presença da vossa instituição (clube) em torneios, campeonatos ou noutras participações públicas. O centro português teve uma equipa constituída na maioria por portugueses que chegou a integrar, salvo erro, a 2.ª liga. Participou em vários torneios anuais até há 3 anos, deixando depois disso de existir. Que reconhecimento público já tiveram: condecorações, medalhas conquistadas, etc.? Durante o tempo de atividade, esta equipa de que acabei de falar conquistou muitas taças que estão expostas na sala de festas.

E para além dessa equipa têm outra atividade cultural ou recreativa, por exemplo, um rancho folclórico? Sim, temos um rancho folclórico que foi fundado em 1994, cujo reportório é diversificado, interpretando danças e cantares de várias regiões de Portugal, Minho, Algarve, etc. Tem participado em vários festivais nos quais atingiu boas qualificações, tendo obtido o primeiro lugar, salvo erro, em 2001. O rancho foi tendo atuações fora da Suíça, na Alemanha, na França e mesmo em Portugal. Tem conquistado durante os seus 20 anos de existência várias condecorações, que estão também expostas na nossa sala de festas. Além das atividades de que falei, do clube e do rancho, houve nas nossas instalações exposições diversas como de trabalhos manuais, fotografia, pintura, etc. Todas as ideias são bem-vindas. Quais as apresentações ou espetáculos públicos mais importantes em que tenham participado? Em 1996 foi organizada uma festa em que se reuniram as três associações que existiam na altura: a portuguesa, a espanhola e a italiana, que fizeram um desfile nas ruas principais da vila de Bulle. Além disso, houve uma exposição de trajes tradicionais portugueses no musée Gruérien, seguida de uma atuação do rancho folclórico. Temos participado todos os anos na «Bénichon», em Bulle, uma festa suíça tradicional que se realiza anualmente. Como acontece com quase todas as associa-

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ções e clubes, nesta também devem organizar algumas festas anuais. Com que finalidades as realizam e em que datas? Sim, realizamos as festas de São Martinho, dos Santos Populares, o Dia da Mulher, o Dia da Criança, a Passagem de Ano e, como é óbvio, o aniversário da associação. Estas festas têm a finalidade de manter as nossas tradições, mesmo estando-se fora do nosso país. Visto que a associação está aberta nos fins de semana para as festas, essas são geralmente realizadas nas datas mais próximas das suas datas oficiais. A vossa instituição tem bar ou restaurante abertos? E que pratos servem? Sim, o bar está aberto todos os dias e o restaurante está a aberto nos fins de semana. As especialidades do nosso restaurante são os pratos típicos portugueses, como o Bacalhau à narcisa, a Carne de porco à alentejana, o Cozido à portuguesa, o Bacalhau com natas, o famoso Bitoque à casa e muitos mais. Quais são os dias e os respetivos horários de funcionamento. Durante a semana: abertura é às 19h00 e fecho às 23h00. Aos sábados está aberta das 9h00 à 1h00; aos domingos está aberta das 9h00 às 23h00. Se hoje se dirigisse aos sócios, patrocinadores e amigos da vossa instituição o que tinha para lhes dizer? A direção deseja a todos os portugueses, sócios, amigos, músicos e colaboradores um Bom Natal e um Feliz Ano Novo. Obrigado pela vossa preferência.


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Terras helvéticas especial Suíça

Adelino Sá a_sa@gazetalusofona.ch

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chegada de portugueses à Suíça tem diminuído, seria bom um estudo sobre a nossa comunidade. Segundo os últimos dados da Secretaria de Estado da Economia Suíça (SECO), entraram no país 13.000 novos emigrantes portugueses em 2013. E entre 2002 e 2013 tinham entrado cerca de 40.700 por ano. Dos 8 milhões de habitantes registados no final de 2013, 1.949.000 eram estrangeiros. Ora, este número representa um aumento de 70 mil pessoas em relação ao ano anterior. A comunidade portuguesa, só por si, representa 13% do número de estrangeiros que cá vivem, e corresponde, também, a um aumento da população lusitana residente em 23%. São números que refletem, efetivamente, a crise que o nosso país vive e que faz os portugueses procurarem novos horizontes de vida e, essencialmente, um posto de trabalho para poderem honrar os seus compromissos. A Suíça tem picos sazonais de trabalho: no verão necessita de mais mão de obra, apesar dos condicionalismos do tempo; tal como no inverno nas zonas de turismo, nas montanhas. Sente-se, efetivamente, que a grande afluência de portugueses a este país diminuiu em relação aos anos anteriores, pois não conhecemos casos extremos de precariedade como aqueles que, infelizmente, aconteceram no passado. Os setores da construção, limpezas e hotelaria continuam a ser aqueles em que os portugueses têm mais facilidades em encontrar trabalho, o que representa uma mais-valia para a economia suíça. Cada vez mais os portugueses se distin-

guem no mundo pelo entusiasmo e engenho com que ultrapassam as adversidades da vida. Seria interessante um estudo científico-sociológico que analisasse a evolução da comunidade portuguesa neste país. Foi feito um deste género há anos, mas, na minha opinião, ficou muito aquém das expectativas. Isto porque muitos dos pontos relativos à forma como a comunidade se movimenta na sociedade helvética, embora abordados, não foram devidamente aprofundados. Nomeadamente, sobre a estrutura organizativa helvética, que foi sobrevalorizada sem que alguns aspetos pertinentes tivessem sido escalpelizados. Antes da instauração do regime democrático em Portugal, a 25 de abril de 1974, já os portugueses saíam à procura de novos rumos para a sua vida: por motivos económicos; devido ao serviço militar no ultramar; por motivos políticos. Foi a geração da mala de cartão para França. A propósito, a palavra «democracia» tem origem no termo grego demokratia, formado por demos («povo») e kratia («governo»). Trata-se, portanto, de um sistema político em que o povo governa e não outros por si. Mas será mesmo assim? Muitas políticas do regime democrático representativo levam as pessoas cada vez mais a procurar novos rumos para a sua vida. Mas, afinal, que interesses da democracia representativa levaram a um excessivo protecionismo a diversos grupos económicos? As políticas democráticas, hoje, nas sociedades modernas, são elaboradas por pessoas inseridas em grupos políticos, eleitas pelo povo para esse propósito. A sociologia deve procurar a razão

da origem de certos movimentos. Creio que estamos perante um «facto social», como referiu, no seu precioso legado, o sociólogo Émile Durkheim. Assim, no que diz respeita à Suíça, existe evolução da «mobilidade social», uma vez que desde os finais dos anos 80 assistimos ao aumento constante do número de portugueses, de diferentes origens socioeconómicas, que procuram um novo rumo neste país. É também um facto que no nosso país certas políticas levam à desigualdade entre grupos sociais e limitam o acesso à educação e ao emprego bem remunerado. Esta é, certamente, uma das razões da emigração. Existe a convicção na sociedade helvética de que os portugueses são bons apenas nos setores económicos já referidos: construção civil, restauração e limpeza. Não é verdade! Somos bons em tudo; aliás, mesmo muito bons. Sinto um enorme regozijo pelos nossos compatriotas que se afirmam e alcançam sucesso neste país, e que conseguem inserir-se no movimento da tal mobilidade social. Temos capacidade para além do uso dos braços para o trabalho manual às ordens de terceiros. Independentemente de o trabalho manual ser tão nobre como os outros. Somos um movimento que criou raízes, o seu próprio estatuto, ainda que, infelizmente, muitos teimem em não ver que a Suíça precisa dos portugueses − para a economia, para o sistema social e para a evolução demográfica. Obviamente que este texto é um pequeno apontamento, sem qualquer pretensão de análise sociológica da nossa comunidade, a qual, certamente, nos daria muito mais respostas e outras tantas certezas.


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O referendo de 9 de fevereiro na economia e na imigração

Rui Marques Contabilista dream-impots@romandie.com

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9 de fevereiro a iniciativa «Contra a Imigração em Massa» foi aprovada por 50,3% dos eleitores. «O acordo com a União Europeia (UE) sobre a livre circulação de pessoas está em causa», (Didier Burkhalter, ministro dos Negócios Estrangeiros).

Os suíços votaram contra a maioria dos partidos, o Conselho Federal (CF) − 6 dos 7 membros rejeitavam a iniciativa − os sindicatos e o patronato. Quem venceu? A democracia: a UDC e outros partidos locais, como o MCG em Genebra. Os suíços aceitaram a iniciativa popular e a mudança na política de imigração. Isto poderá ter graves consequências nas relações com a UE. Para a UDC (direita nacionalista e populista) os imigrantes ameaçam os postos de trabalho, os salários, provocam uma pressão incomportável nas infraestruturas e no mercado de habitação: desde a livre circulação, em 2002, chegam anualmente 80 mil pessoas, 3/4 provenientes dos estados-membros. «É mau, a Suíça precisa de ter boas relações com a UE, inicia-se um período de incerteza para a economia suíça, o que não é bom», (Paul Rechsteiner, sindicalista e deputado do PS). Na campanha, o patronato lembrou a burocracia e os custos administrativos das quotas, que dificultava a obtenção atempada de mão de obra qualificada, às vezes existente.

Acordos bilaterais

Os acordos bilaterais Suíça/UE terão de ser renegociados nos próximos 3 anos: convém mantê-los. A reação da UE é incerta, mas a pressão aumentará. O CF e Bruxelas encontrarão uma solução respeitadora do referendo sem pôr em causa as relações bilaterais. Antes do referendo Bruxelas não se pronunciou, apesar dos alertas de responsáveis para o risco na livre circulação. «A Suíça não pode ficar só com o que gosta», disse Viviane Reding, comissária da Justiça Direitos Fundamentais e Cidadania, durante a campanha. A livre circulação faz parte de um conjunto de sete acordos que beneficiam a Suíça e a UE. A seguir ao voto a U E lamentou a aprovação das quotas na imigração: irá avaliar as im-


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Terras helvéticas economia plicações nas relações entre as duas partes. A denúncia do acordo de livre circulação torna obsoletos os outros em 6 meses: comercialização de produtos; concursos públicos; agricultura; investigação; transportes aéreos e terrestres, que facilitam as trocas. Estes acordos acabaram com os controlos veterinários especiais e as companhias aéreas suíças acederam a todas as linhas. Acordos bilaterais são essenciais para a economia suíça: há um grande desafio pela frente.

Saldo positivo dos acordos bilaterais

Os indicadores da abertura da Suíça à UE mostram-no: a) Desemprego: 3,4% na população em geral, 2% nos suíços; b) Salários: cresceram, em média, 0,6% desde 2002; c) Economia: cresceu sempre acima da média europeia, prevê-se 2% em 2014. Mais de metade das exportações suíças vão para a UE, mas há forte pressão nos salários nas zonas fronteiriças (francesa, alemã e italiana), pior na italiana do que no resto do país. Há 12 anos, antes da livre circulação, a Suíça tinha 20% de imigrantes; hoje 23,5% em oito milhões de habitantes. Os italianos e os alemães têm 291 e 284 mil pessoas, respetivamente; os de língua albanesa cerca de 270 mil e os portugueses quase 240 mil. Para a UDC os imigrantes são culpados de todo o mal. A Suíça precisa dos estrangeiros, nos últimos anos pode ter havido abusos, como se viu nas obras do HUG (Hospital Cantonal de Genebra): os trabalhadores recebiam 1200€/ mês (cerca de 1500 CHF), um escândalo.

dos Negócios Estrangeiros, antes de uma reunião em Bruxelas). «O mercado interno não é um queijo suíço, não se pode ter um mercado interno com buracos» (Viviane Reding, Comissária Europeia da Justiça). «Vamos rever as relações com a Suíça», (Laurent Fabius, ministro francês dos Negócios Estrangeiros. Lembrou que o acordo com Berna tem uma cláusula «guilhotina», se um dos seus elementos essenciais for posto em causa «cai tudo», é preciso «renegociar» tudo). «Para mim é uma má notícia tanto para a Europa como para os suíços, a Suíça fechada sobre si mesma será penalizada», pois «sozinha não representa uma potência económica considerável», (Laurent Fabius, lembrando que 60% do comércio externo é com a UE). A CE, órgão executivo da UE, disse que examinaria as implicações nas relações bilaterais, pois o resultado do referendo poderá restringir o acesso ao mercado interno da UE. Para os defensores da iniciativa a UE será compreensiva, quererá manter boas relações económicas com a Suíça. Certos países, em especial a Grã-Bretanha, também enfrentam forte imigração. Para os adversários, uma reação dura será inevitável, pois a livre circulação de pessoas é muito importante na política de integração da UE. A Suíça não é membro da UE mas beneficia desde 1999 de acesso ao mercado comunitário, fruto de um acordo que implicou a integração na sua legislação boa parte do direito comunitário, incluindo o referente às 4 liberdades de circulação: cidadãos, mercadorias, capitais e serviços. O CF suíço negociará com a UE (nos próximos 3 anos) os contingentes de imigrantes. Nesta altura entram milhares de estrangeiros assim como os dos países fronteiriços (os frontaliers). Isto causa problemas no mercado de trabalho, bloqueia os salários, empobrece a classe média. Os Serviços Sociais de Genebra, p. ex., estão a ser solicitados exageradamente, o que sobrecarrega a população com impostos.

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pressão nos transportes e na habitação, aumentando o valor dos preços. Mas a maior crítica é ao «dumping salarial». Os patrões aproveitar-se-iam da mão de obra estrangeira – de pessoas já no país ou através de empresas estrangeiras – para pressionar os salários. As autoridades tomaram «medidas de acompanhamento» da livre circulação para garantir que as condições salariais correspondem aos critérios usuais na Suíça. No entanto, há frequentes infrações (p. ex. na obra do HUG). Alguns acham que os estrangeiros provocam uma pressão social, em especial nos sistemas de seguro-desemprego e de assistência social. Essas queixas são piores nas regiões fronteiriças por onde passam diariamente milhares de trabalhadores. No Ticino (sul) e em Genebra (oeste) alguns partidos políticos cresceram eleitoralmente explorando o descontentamento.

te explorando esse descontentamento.

Uma chance para a Suíça

A política migratória em relação à UE também tem defensores. Muitos acham que a mão de obra estrangeira é vantajosa para a economia suíça. Sem ela a hotelaria e a restauração teriam falta de profissionais. Os estrangeiros compensaram a carência de trabalhadores especializados: a Suíça não forma engenheiros, médicos ou enfermeiros (e outras profissões) em número suficiente. Na Segurança Social os estrangeiros são também benéficos, pois pagam quotas ao sistema social suíço, compensando os efeitos do envelhecimento da população. Para os defensores da livre circulação de pessoas esta política garante a prosperidade económica do país. Ver-se-á os efeitos desta votação no futuro.

Consequências do voto na livre circulação dos cidadãos europeus

O voto suíço «terá consequências», pode restringir o acesso ao mercado comunitário (Responsáveis da UE). «Não se pode deixar passar o resultado da votação» (Didier Reynders, ministro belga

Descontentamento

A entrada limitada de emigrantes da UE descontentou parte da população, pela forte

A Confederação Helvética é um exemplo de democracia

A votação foi uma das mais importantes das últimas décadas, com efeitos na Europa.


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Na Suíça, quando há questões relevantes, o governo ouve o povo, a democracia é plena, o povo decide sobre as grandes questões. No dia 9 de fevereiro os suíços votaram 3 questões importantes: a limitação da imigração em massa (50,34% a favor); o pagamento da IVG (vulgo aborto) pelo seguro de saúde (69,8% a favor, lembrando que a IGV fora aprovada no plebiscito de 2002); o investimento de 6,4 bilhões de CHF na ampliação da rede ferroviária (62% a favor). É fantástico! A participação foi de 56,6%. A votação foi feita também pelo correio: é democracia, a plena cidadania. Trata-se de um sistema capitalista avançado e moderno com justiça social, que dá prioridade à geração de riqueza, à subida dos salários e à aproximação dos rendimentos dos vários grupos sociais. Porque não poderá acontecer em Portugal e no resto da Europa?

gor Zemp, secretário-geral da Câmara de Comércio e Indústria Suíça em Portugal, radicado há 13 anos neste país, ficou preocupado pela decisão dos compatriotas. Considera os riscos para o relacionamento económico entre os dois países. Todavia, defende o sistema de democracia direta suíço.

O voto poderá prejudicar os investimentos portugueses na Suíça?

«Acho que a Suíça ficará ainda mais fora dos circuitos económicos. Já temos muitos problemas para exportar as mercadorias. Muitas empresas evitam a Suíça, pois há muitas complicações. Muitos camiões, p. ex., nem entram no país pois é preciso os bilhetes na alfândega. Isso vai reforçar-se mais».

Os números da imigração

Os recentes números do Departamento Federal de Migração são claros: a Suíça continua a ser atraente para os emigrantes, especialmente dos países da UE. De setembro de 2011 a agosto de 2012 entraram 146 mil pessoas. Atualmente 22,7% da população não tem o passaporte vermelho com a cruz branca. O grupo que mais cresce é o dos portugueses, como mostram os números de outubro de 2012: o número total de imigrantes é 1.818.064 (um aumento de 2,9% em relação a outubro de 2011). População permanente (situação em final de agosto de 2012): Gregos: 8075; Italianos: 292.040; Portugueses: 234.074 e Espanhóis: 68.199. Imigração entre janeiro e agosto de 2012: Gregos: 928; Italianos: 7822; Portugueses: 12.345 e Espanhóis: 3962.

A Suíça vai ficar mais fora dos circuitos económicos?

Em Portugal, origem do 4.º grupo migratório, pessoas ligadas à economia ficaram preocupadas com o referendo. O suíço Gre-

sociações. Um dos seus representantes, antigo sindicalista, disse: «Acho preocupante. Isto pode pôr em causa muita coisa alcançada, tanto entre os estados como para os cidadãos. Não sabemos se os tratados internacionais com a UE serão cancelados, mas isso poderá ter um grande impacto no dia a dia e também no comércio. Por outro lado, o referendo expressa a opinião dos suíços. Sou democrata e fã da democracia direta. Se o povo assim decidiu, está decidido. Embora não goste do resultado, respeito-o. O voto mostra apenas que existem preocupações».

A imagem da Suíça piorou?

«Não acho! Há pessoas que entenderam a decisão de se controlar a imigração. Porém, a Suíça continua a gozar uma imagem muito positiva. Os produtos suíços são considerados de qualidade: sempre foram. Não acho que haja grande impacto. Talvez as empresas evitem a Suíça devido às complicações que referi antes. As pessoas dirão: ”a Suíça traz muitas chatices, vamos evitá-la, vamos para a Alemanha, Itália, França e outros mercados. A Suíça não merece tanto esforço”. Estas reações são naturais mas exageradas, o objetivo da futura lei é manter a Suíça no topo da competitividade, conservando o máximo possível de postos de trabalho estrangeiros».

O futuro das relações Portugal-Suíça

Portugal é um parceiro económico tradicional da Suíça, em especial devido à importância da comunidade portuguesa naquele país. Todavia, o intercâmbio com Portugal permanece a um baixo nível (0,4% do comércio exterior suíço em 2012). Os produtos farmacêuticos dominam as exportações para Portugal (40%), seguidos pelas máquinas e relojoaria, cada um com uma quota de 14%, entre outros. As exportações suíças em 2013 (janeiro a novembro) foram de 1,01 biliões de CHF e as importações 934 milhões. A Suíça importa de Portugal veículos, peças de aviões, máquinas, produtos têxteis e agrícolas. Segundo o Banco Nacional Suíço, o valor dos investimentos suíços em Portugal é 1,7 biliões de CHF, que representam 8800 empregos. Segundo o Banco de Portugal, a Suíça era, em 2012, o 7.° maior investidor direto estrangeiro com de 5,8%. As principais multinacionais suíças estão em Portugal, em especial no setor químico, farmacêutico, alimentar, de máquinas, de produtos têxteis e dos transportes. A Secretaria de Estado da Economia não dispõe de informações sobre os investimentos portugueses na Suíça. No entanto, várias gerações de portugueses trabalham, vivem e investem na Suíça, sem dúvida, um país com um futuro risonho.

Portugueses preocupados com as futuras mudanças

O resultado da votação inquieta os portugueses na Suíça, mas não há reações das as-

Rui Marques



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Lurdes Gonçalves Coordenadora de Ensino de Português epse@bluewin.ch

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Sessão de Abertura: S. Ex.ª o Embaixador de Portugal, Paulo Tiago Jerónimo da Silva; a Diretora de Serviços da Língua e Cultura do Camões, Instituto da Cooperação e da Língua, Madalena Arroja; a Coordenadora do Ensino Português na Suíça, Maria de Lurdes Gonçalves.

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or iniciativa da Coordenação de Ensino de Português na Suíça, realizou-se a 18/10/14 em Friburgo a Jornada EPE-Suíça, sob o lema: «Partilhar e discutir para melhorar as práticas pedagógicas». A principal finalidade foi proporcionar um espaço de partilha e discussão de experiências pedagógicas ao corpo docente do EPE neste país. Dada a dispersão geográfica que caracteriza a rede deste ensino, são escassas as oportunidades para os docentes, em conjunto, refletirem sobre as práticas pedagógicas ou debaterem os assuntos da atividade profissional que os preocupam e com os quais lidam dia a dia. Participou 74% do corpo docente na Suíça e esteve presente Sua Excelência o Embaixador de Portugal, Paulo Tiago Jerónimo da Silva, e a Dr.ª Madalena Arroja, Diretora de Serviços da Língua e Cultura do Camões, Instituto da Cooperação e da Língua, I.P., num total de 71 participantes. A conferência de abertura, Grandir bilingue: qu’est-ce que cela signifie? foi proferida pela Prof.ª Doutora Amelia Lambelet, da Universidade de Friburgo. Foram apresentados os projetos em curso da responsabilidade da Coordenação de Ensino, a saber: Introdução de Cursos Facultativos de Português no Ensino Pós-Obrigratório do cantão de Genebra; DIP-Portugal, cujo objetivo é ajudar à integração dos alunos luso-descendentes no sistema escolar suíço; EOL (École Ouverte aux Langues) que se ocupa da sensibilização à diversidade linguística, final-

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mente, Mocerelco, com o objetivo de promover a colaboração entre os professores de «Língua de herança» e os professores suíços. Foram apresentados 15 pósteres abrangendo uma grande diversidade de atividades desenvolvidas com os alunos nos cursos de Língua e Cultura Portuguesas ao longo do ano letivo transato na Suíça: 1 − Cantar Portugal; 2 − Palavras a voar; 3 − Ler em Português; 4 − Concurso: Uma aventura literária 2014; 5 − Klappentext; 6 − De Lausanne a Bern; 7 − Ateliê de S. Martinho; 8 − Visita de estudo a Lisboa; 9 − Europa Park; 10 − Cultura portuguesa em Romont; 11 − Final de ano letivo; 12 − Laço de gerações; 13 − Concurso literário «Raízes»; 14 − Curso intensivo de Português – UNIL; 15 − Países de expressão portuguesa. Os docentes dinamizaram ainda 4 workshops: 1 − Aula em contexto heterogéneo; 2 − Un air de famille: la diversité langagière et culturelle au sein d’une classe régulière; 3 − Escrita Criativa; 4 − Caderno Impulse für das Schreiben in der Erstsprache. A fechar o dia de trabalho realizou-se uma mesa redonda subordinada ao tema «Pensar o EPE e o seu futuro: valorizar e otimizar a aprendizagem da língua portuguesa». A partilha de práticas pedagógicas através da apresentação de pósteres e da dinamização de workshops pelos docentes, a par da análise e discussão de conceitos ligados à prática, contribuíram para promover e estimular o questiona-

mento e a discussão das práticas docentes, no respeito pelas vozes dos professores, que são quem conhece como ninguém os contornos específicos e os desafios quotidianos. Tendo em conta que o sucesso de qualquer projeto educativo depende, não só do conhecimento do público-alvo mas também de uma formação profissional atualizada e pertinente, esta jornada de formação constituiu um precioso contributo para a discussão do desenvolvimento de perspetivas pedagógico-didáticas bottom-up, ou seja, da base para o topo. Mais especificamente, este dia de trabalho sublinhou a urgência e a pertinência de serem os professores os construtores da(s) abordagen(s) didática(s) mais adequadas à realidade do EPE na Suíça. No dizer de uma das docentes «foi feito muito em pouco tempo». Resta-me deixar uma palavra de agradecimento a todos os que, através da sua participação ativa, tornaram possível esta jornada, bem como ao Service des Écoles Administration Communale de Fribourg, à Agence Leitão, à Patisserie et Boulangerie Bessa e ainda à Editora Lidel, cujos generosos contributos ajudaram a realização do encontro. Coordenação do Ensino Português Weltpoststrasse 20, CH-3015 Berne Telef. 031 352 73 49 Fax 031 351 68 54 www.ensinoportugues.ch


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As «Quatro Estações»

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U Céline Buzgaru Professora de Língua e Cultura Portuguesas celine.buzgaru@gmail.com

ma chuva de corações ao vento, borboletas multicolores, folhas e flocos de neve, foi o que aconteceu na noite de 15 de março na escola primária de Müntschemier, no cantão de Berna. Os 55 alunos que frequentam os cursos de Língua Portuguesa nesta localidade empenharam-se arduamente para levar ao palco um projeto de grande envergadura: uma peça teatral musical. Neste tipo de espetáculo tudo se mistura: música, interpretação teatral, poesia e dança. Quatro turmas, quatro estações, dezoito canções. Com duas horas de duração, o musical «As Quatro Estações» trouxe à cena uma releitura muito particular de canções emblemáticas da música portuguesa, como a «Desfolhada» (Simone de Oliveira) e a «Chuva» (Mariza), para além de canções tradicionais e infantis como o «Alecrim» e «O inverno é mau», ainda grandes temas

de musicais como «A música nasce no meu coração» (Lúcia Moniz), entre outros. Cada uma das canções do musical foi inserida numa história criada para cada uma das estações do ano, da primavera ao inverno. Todas as canções foram escolhidas de acordo com a temática deste espetáculo, o que justifica a inserção de temas como «Singin’ in the rain» (Frank Sinatra), interpretado coreograficamente, e «La pluie» (Zaz), sendo a letra desta última recriada para uma versão bilíngue. Também se fez alusão à lusofonia através do tema «Voá Borboleta», interpretado em crioulo de Cabo Verde. Para além dos temas musicais foram interpretados três poemas de escritores conceituados da Língua Portuguesa, nomeadamente «Andorinha» e «Canção da Leonoreta», de Eugénio de Andrade, e fragmentos do poema «O dia deu em chuvoso», de Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa. Os diálogos para as cenas teatrais foram genuinamente


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A Primavera brotou alegremente com o tema «Flor Amarela», interpretado pelos alunos Afonso e Bibi.

O desfile das 4 estações termina com uma história contada e cantada pela aluna Erika Correia, soprano e pianista, acompanhada pelo seu colega Marco Cardoso.

Uma chuva de ritmos cadenciados foi a proposta outonal dos alunos Telmo e Juliana, ao som do emblemático tema de Frank Sinatra «’Singin’ in the Rain».

As finalistas Beatriz Silva e Catarina Santos brilharam no palco de Müntschemier ao interpretar o papel de mãe e filha numa emocionante história com sabor a Verão.

produzidos por alunos do 6.° ao 10.° anos e pela professora de Língua e Cultura Portuguesas, a qual organizou e encenou este espetáculo. Durante os ensaios foi possível observar o progresso dos alunos na arte dramática e os resultados obtidos foram bastante satisfatórios. Fazer teatro na sala de aulas traz aos alunos uma série de benefícios: aprendem a improvisar, desenvolvem a oralidade, a expressão corporal e o vocabulário, trabalham o lado emocional, desinibem-se e adquirem autoconfiança (qualidades importantes na procura de um emprego), estimulam a imaginação e melhoram a organização do pensamento. Enfim, são incontáveis as vantagens em trabalhar o teatro na sala de aulas. Estamos certos de que os alunos irão utilizar estes conhecimentos e estas técnicas aqui adquiridos ao longo das suas vidas. Para muitos dos alunos do elenco esta foi a primeira experiência no palco, alguns dos

quais se estrearam no canto, outros na interpretação. Para alguns dos que já haviam cantado e atuado anteriormente esta foi, no entanto, a primeira oportunidade de praticar em conjunto estas três vertentes das artes performativas: canto, interpretação e dança. Alguns alunos participaram em todas as vertentes do espetáculo no papel de atores ou de figurantes, de cantores e de bailarinos, enquanto outros trabalharam nos bastidores como cenógrafos, iluminadores e sonoplastas. Todos os 55 alunos de Müntschemier estiveram envolvidos e contribuíram para que este espetáculo se realizasse. O projeto musical «As Quatro Estações» surgiu de um sonho de longa data e provou que os sonhos, quando trabalhados com vontade e determinação, conseguem tornar-se realidade. A ideia era fazer um espetáculo multifacetado, já que havia em Müntschemier alunos com «veia artística». Esses talentos ocultos não podiam ser de-

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O Inverno chegou com um clássico da Disney, «Mundo Ideal», interpretado pelo Bruno e pela professora Céline Buzgaru.

saproveitados. Assim, a ideia foi germinando nos nossos corações e deu à luz este empolgante projeto de escola que se desenvolveu ao longo de cinco meses e que teve implicações extracurriculares (intervalos de duração reduzida, ensaios aos sábados, etc.) Todos estávamos cientes da dimensão gigantesca deste projeto e, ao mesmo tempo, das dificuldades que iríamos encontrar pela frente, assim como das nossas próprias limitações. Mas ainda assim reunimos forças e demos o nosso melhor. Cerca de 250 pessoas, entre as quais professores suíços e a coordenadora do EPE, Doutora Lurdes Gonçalves, estiveram presentes para assistir ao elogio das «Quatro Estações». Agradecemos aos nossos convidados, colaboradores e amigos que apostaram nesse sonho juntamente connosco, todos em uníssono dispostos a levar este musical às suas últimas consequências: ao palco!


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Plano de Incentivo à Leitura (ano letivo de 2013/14)

Iniciativas desenvolvidas em novembro e março

A escritora são-tomense Olinda Beja

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o âmbito do Plano de Incentivo à Leitura promovido pelo Instituto Camões e pela Coordenação de Ensino da Suíça, foi aplicado durante este ano letivo, nas turmas de Nyon e de Bex, o projeto «Consigo, Ler», em articulação com a iniciativa «Voluntários/Companheiros de Leitura». Esta iniciativa visou, essencialmente, sensibilizar e envolver os pais e encarregados de educação no desenvolvimento e promoção de atividades de leitura, como mediadores informais, atividades que se destinaram a promover e a fomentar a competência leitora e a desenvolver a literacia.

Assim, os pais e encarregados de educação que aceitaram colaborar neste projeto desenvolveram atividades de leitura e de compreensão leitora com os alunos em contexto de sala de aula, durante a semana de 25 a 30 de novembro de 2013. A este respeito é de enaltecer o envolvimento, entusiasmo e dedicação dos «voluntários de leitura» durante as sessões propriamente ditas, ao procurarem seguir as orientações constantes no prospeto promovido pelo Instituto Camões e, desta forma, contribuírem para a criação de um ambiente social mais favorável ao alargamento de hábitos culturais na área do livro e da leitura. A par destas atividades de leitura, foi ainda promovido o concurso «Leitor(a) do Ano», em que os alunos foram desafiados a levar livros para casa e a completar as respetivas fichas de leitura. Ainda neste âmbito se promoveu, em março de 2014, outra iniciativa de leitura cujo objetivo central consistiu em apresentar aos alunos e à comunidade educativa escritores da Lusofonia, tendo para isso sido convidada a escritora / contadora de histórias Olinda Beja, que prontamente aceitou dinamizar o conto de sua autoria Um Grão de Café.

Elisabete Vaz Moreira Professora de Língua e Cultura Portuguesas moreiraelisabet@gmail.com

De destacar a participação de mais de 60 alunos e respetivos encarregados de educação nas três sessões de leitura, que tiveram lugar em Nyon, nos dias 10, 17 e 24 de março. Quanto às sessões de leitura à volta do conto, é de referir e enaltecer o alcance pedagógico e cultural desta iniciativa, ao promover-se o contacto com os livros através do diálogo interativo e intercultural. Aliás, toda a envolvência (e mística) criada pela autora em torno do conto proporcionou-nos a (re)descoberta da Lusofonia e a experiência de novas melodias, sensações, cores, sabores e palavras. Foi, de facto, uma viagem de pura e singular literacia! Com vimos, são inúmeras as atividades capazes de seduzir os alunos para o contacto com os livros e a leitura, sendo infinitas as potencialidades e possibilidades que se descobrem e se promovem a partir de um livro: quem lê adquire cultura, passa a escrever melhor, desenvolve o sentido crítico e apresenta melhores desempenhos escolares.

Vencedores do concurso “Leitor/a do Ano” , promovido nas turmas A2 de Nyon.


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Terras helvéticas educação e ensino

Um cheirinho a poesia na sala de aula A poesia é uma constante nas nossas vidas. Desde cedo, normalmente com os nossos pais ou avós, aprendemos a ouvi-la nas canções de embalar. Outras vezes ouvimo-la nas músicas que expressam sentimentos, desejos e atitudes, jogos de palavras em verso. Outras ainda em poemas, quadras, acrósticos, trava-línguas, cantilenas, cantigas de roda, pregões. Escrever de forma poética não é, obrigatoriamente, um trabalho elaborado. Na escola e nos livros de leitura encontramos este tipo de linguagem. Os alunos gostam de versos que rimam, de jogos com palavras, de estilos diferenciados, simples ou mais Fátima Brites complexos. Professora de Língua Acreditamos, porém, que a escola pode e deve ser um local de e Cultura Portuguesas ftmbrites@gmail.com aproximação à poesia, com espontaneidade, dando a conhecer aos alunos estilos e autores, reavivando a capacidade de olhar e de ver em que consiste a arte poética, proporcionando atividades que permitam uma melhor compreensão desta linguagem, dando-lhes condições para que ensaiem os seus próprios passos na poesia. Apresentamos uma atividade de trabalho poético desenvolvida com os alunos na sala de aula no ano letivo de 2013/14, que enviámos para o Concurso Clube Caminho Fantástico, na qual explorámos vários temas.

Acróstico «Eu sou capaz»

Eu aproveitei bem o tempo, portanto estou ótima. Usarei amanhã a minha caneta da sorte. Só vou conseguir se trabalhar bem. Ou se for a algum encontro. Uso-a sempre na escola.

Com ela tenho muita alegria. Adoro-a muito, ela dá-me sorte. Posso levá-la para onde quiser. Agora ando sempre feliz. Zebra, às riscas, branca e preta, é a minha caneta.

(Escola Steindler, Unterseen)

• Eu aproveitei bem o tempo, portanto estou ótimo. Usarei amanhã a minha caneta da sorte. Serve para escrever histórias. Ou simplesmente rabiscar alguma coisa. Um lindo desenho…

Conquista as letras e as palavras. As somas e as divisões. Parece ser magia… Aguento com ela as piores horas. Zangado, risco, mas depressa volto ao início.

(Escola Steindler, Unterseen)

Eu aproveitei bem o tempo, portanto estou ótima. Usarei amanhã a minha caneta da sorte. Sonho ser cantora com uma linda coroa. O amor anda no ar, até já o vejo passar. Uma hora sem ti, é como um dia sem fim.

Cristina, Cristina, é o nome da minha vizinha. Anda comigo, vais ter o teu castigo. Pato nada, até chegar a Braga. Amarante é o meu cão, que até cai no chão. Zero anos tenho, vou ali e já venho.

(Escola Kapellen, Meiringen)

«Na noite das bruxas é só diversão…» Na noite das bruxas é só diversão, Pela calada da noite armar confusão. De vassoura em punho, trajados a rigor, Entra na festa e semeia o terror.

(Quadra premiada do Grupo «Os Vampiros», Interlaken)

«Pregão de S. Martinho» É comprar, senhores, é comprar! Castanhas são bom alimento! Dão saúde, calor e alegria! Dão força ao meu sustento!

(Alunos da Escola Graben, Grindelwald - Quadra/ pregão que obteve um prémio)

«Frases com livros de Natal» O Natal está a chegar Uma prenda vou preparar Para os meus amigos um livro Cheio de amor e carinho •

(Miguel Jorge, 5.º ano)

Eu vou à biblioteca e não apanho uma seca. Uma boa história eu leio mas às vezes fico com receio. Ou uma lenda de Natal que seja universal.

(Patrick Mendes, 8.º ano)

• O meu coração se aquece no Natal Quando eu o festejo em Portugal Para mim é um sonho como em livros Quando eu o festejo com os meus amigos.

(Alexandre Aparício, 9.º ano)

• Eu gosto muito do Natal Porque para mim ele é especial É como um livro cheio De amor e carinho Para oferecer aos amigos. • Um livro extraordinário Roubado ao Pai Natal Sabe a proibido Mas é muito divertido.

(Alex e Mica, 9.º ano)

• Uma boa prenda de Natal É uma coisa muito especial Ter de prenda um livro É como receber um amigo.

(Miky, 9.º ano)

(Patrick, 8.º ano - frase premiada)

«Dia dos Namorados» O meu amor anda triste, ausente. Vou-lhe oferecer um presente: Um cálice de amor ardente!

(Alunos da Escola Steindler, Interlaken - Frase premiada)

• Enamorada ando eu. Desorientada fico eu. Apavorada estou eu. Meu Deus, que confusão! Estou a perder a razão. • Estou apaixonada. Ele não sabe. Ele não me liga. Não sei o que fazer. Não como. Não durmo. Um poema vou-lhe escrever! • eNtendimento Amor estiMa cOnfusão caRinho Abraço espeRança • O meu amor é lindo! Lindo como uma flor! Cor, calor, luz! Ao regá-lo, ele reluz!

(4 poemas de um trabalho de grupo de alunos da Escola Steindler, Unterseen)


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Terras helvéticas mensagens de Natal

Chancelaria: Weltpoststrasse, 20 • CH - 3015 Bern Tel.: (0041) 31 352 83 29 • (0041) 31 352 86 02 Fax: (0041) 31 351 44 32 • Telex: 912 837 E-mail: embpt.berna@scber.dgaccp.pt Secção consular: Weltpoststrasse, 20 • CH - 3015 Bern Tel: (041) 31 351 17 73 • (041) 31 351 17 74 Fax: (0041) 31 351 44 32 E-mail: mail@scber.dgaccp.pt Atendimento: De 2.ª a 6.ª: 08h30 - 14h30

Paulo Tiago Fernandes Jerónimo da Silva Embaixador de Portugal em Berna

T

endo assumido funções na Suíça no início do passado mês de setembro, esta será a primeira vez que irei celebrar convosco a época natalícia, plena de tradições e com grande significado para a grande maioria dos portugueses, para quem esta quadra é um momento muito especial de celebração religiosa e de convivência familiar. Espero que o Natal seja para todos os portugueses que vivem na Suíça uma época plena de afetos e momentos felizes, na companhia da família e amigos. A todos os que, por razões diversas, se encontram momentaneamente distantes daqueles de quem mais gostam, dirijo uma palavra muito especial de conforto e ânimo fazendo votos para que no próximo ano possam já celebrar esta quadra na companhia dos seus. As relações de Portugal com a Suíça são excelentes e para este excelente relacionamento muito contribuem o apreço e a consideração que os portugueses aqui residentes conseguiram granjear, mercê das suas reconhecidas qualidades pessoais e profissionais. A chegada à Suíça no decurso dos últimos anos de uma nova vaga de trabalhadores portugueses, muitos deles com uma formação básica mais qualificada em termos educacionais e profissionais, em nada afetou, se não mesmo reforçou, essa imagem globalmente positiva de que a comunidade portuguesa desfruta. De uma forma geral os portugueses residentes na Suíça conseguiram integrar-se com êxito na sociedade que os acolhe, mas não mostram grande empenho em ganhar nela uma influência proporcional à sua dimensão. Estão bem integrados mas mostram-se relutantes em participar mais ativamente e assim reforçar a sua visibilidade. No entanto, as necessárias condições para que uma participação mais ativa e gratificante possa acontecer parecem já estar reunidas neste momento, pelo que é de prever que a participação da comunidade portuguesa nesta sociedade se irá acelerar nos próximos anos, fortalecendo ainda mais a sua integração. Enquanto Embaixador de Portugal farei tudo o que estiver ao meu alcance para que a valorização da comunidade portuguesa na Suíça prossiga e se reforce. A bem sucedida integração não teve, felizmente, como consequência o desaparecimento, ou mesmo a diluição, dos laços afetivos que unem os portugueses aqui residentes a Portugal. Mesmo longe, não esquecem as suas origens e orgulham-se da sua língua e das suas tradições. Continuam aa seguir com atenção o que se passa em Portugal e a acarinhar as memórias que dele trouxeram. Esse vínculo é precioso e por isso considero ser uma obrigação no exercício das minhas funções contribuir para que os portugueses e os luso-descendentes aqui residentes mantenham os laços que os unem a Portugal, para que continuem a ser os depositários e guardiões em terras suíças de um património cultural e linguístico que é partilhado por todos os portugueses. Desejo a todos um Feliz Natal e um próspero Ano Novo.


Dezembro

Terras helvéticas mensagens de Natal

Consulado-Geral de Portugal em Genebra 220, Route de Ferney 1218 Le Grand-Saconnex Genève-CH Telefone: (+41) 22 791 76 36 Fax: (+41) 22 788 16 78 E-mail: genebra@mne.pt Atendimento: De 2.ª a 6.ª - 08h00 às 14h00

Miguel de Calheiros Velozo

Consul-Geral de Portugal em Genebra

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esta altura do Natal em que o afastamento da família e dos amigos mais se faz sentir, gostaria de começar por manifestar a maior consideração e apreço pela Comunidade Portuguesa desta área consular. A coragem de recomeçar tudo de novo num país diferente, com outra cultura, as dificuldades enfrentadas à chegada, e vencidas, a aprendizagem de uma nova língua, a integração numa sociedade com um modo de vida distinto, constituíram desafios que os portugueses e as portuguesas souberam vencer à custa de suor e abnegação, capacidade de adaptação, resistência ao sofrimento e persistência, com vista à prossecução do seu objetivo de conseguirem para si e para os seus uma vida melhor. Num outro plano, as associações, ranchos folclóricos, meios de comunicação social lusófonos, estabelecimentos de comércio, restaurantes portugueses, paróquias e comunidades religiosas que congregam compatriotas, oferecem um enquadramento social que merece igualmente ser realçado por serem, por um lado, espaços de convívio e solidariedade, de apoio constante aos expatriados e, por outro, por constituírem um fator inequívoco de afirmação da nossa identidade cultural.

Escritório Consular em Sion Av. du Midi, n.º 7 1950 Sion Tel.: +41 27 323 16 10 Fax: +41 27 323 51 11 E-mail: mail@genebra.dgaccp.pt Atendimento: De 2.ª a 6.ª: 08h30 - 14h30

Como corolário de tudo isto, a Comunidade Portuguesa tem vindo a reforçar na Suíça romanda a sua imagem de comunidade trabalhadora, ordeira, bem-sucedida, integrada, rica de tradições e cultura. É por isso considerada e respeitada. No entanto, volvido o primeiro ano completo nas funções de cônsul-geral, apercebo-me junto das autoridades e instituições locais de que o seu peso como comunidade, com influência nas decisões da sociedade que a acolhe, não corresponde ao inegável perfil de mérito, qualidades e características que construiu com o tempo e lhe devia corresponder. Assim, é necessário aproveitar todas as oportunidades de participação cívica e política como meio de defesa dos interesses individuais e do interesse coletivo. Sendo o tempo de Natal, e o dobrar de mais um ano, tempo também de reflexão e de decisões, aqui deixo um apelo para que, no futuro, nos envolvamos todos com maior empenho nos processos de auscultação das questões aqui submetidas ao parecer de cada um de vós, de cada um de nós. Uma maior participação dar-nos-á, indubitavelmente, mais força como Comunidade. Votos de Feliz Natal e de um Melhor Ano em 2015!

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Consulado-Geral de Portugal em Zurique Zeltweg 13, 8032 Zürich Tel.: (0041) 44 200 30 41 Fax: (0041) 44 200 30 50 E-mail: consul.zurique@mne.pt Atendimento: De 2.ª a 6.ª: 08h00 - 15h30

Licínio Bingre do Amaral Consul-Geral de Portugal em Zurique

C C

aros concidadãos:

Queria aproveitar esta ocasião para vos saudar e desejar um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo. Mais um ano está a chegar ao fim e nele tivemos algumas boas notícias, a situação económica em Portugal está a melhorar, esperemos que de forma consistente, de maneira a permitir um crescimento sustentado que crie emprego e dê boas condições a todos os nossos cidadãos que residem em território nacional. Aqui na Suíça, onde residimos, é com prazer que tenho constatado, nos vários encontros que tenho tido com as autoridades locais e com empresários, que a Comunidade Portuguesa é sempre referida elogiosamente, destacando as suas qualidades humanas e de trabalho. É um orgulho poder ser referido por todos como um exemplo a seguir. Existe, por vezes apenas, um senão, alguma resistência à aprendizagem da língua alemã, que urge ultrapassar, pois com o domínio da língua de Goethe será possível obter melhores qualificações profissionais e maior rendimento financeiro. Convém também que aqueles que aqui residem há mais tempo tenham uma maior participação cívica na vida da Suíça, a fim de haver uma maior integração.

Não quero também deixar de me referir às Associações Portuguesas na Suíça. Elas têm um papel muito importante ao criarem um espaço de encontro entre todos os Portugueses residentes neste país. Elas permitem manter vivos os laços com o nosso Portugal. Tenho visto dirigentes associativos empenhados, que fazem tudo o que está ao seu alcance para dinamizar as associações, divulgando a cultura portuguesa e reforçando os laços entre Portugueses e Suíços. Temos de continuar a apoiar este esforço louvável e permitir que as associações frutifiquem e atraiam mais jovens, que serão o nosso futuro. O Consulado-Geral de Portugal em Zurique estará sempre à vossa disposição para tudo o que for necessário. Contem connosco para vos apoiarmos na vossa vivência na Suíça e na ligação a Portugal. Relembro, novamente, que o Consulado-Geral em Zurique atende mediante marcação prévia, preferencialmente para o seguinte e-mail: mail.zurique@mne.pt. Caros concidadãos, espero que 2015 vos traga tudo o que desejam e que continuemos a ver a situação em Portugal a melhorar, de maneira a que a nossa Pátria honre o nosso passado e permita a construção de um futuro digno para todos nós.


56 S.

Terras helvéticas informações consulares

R.

CONSULADO-GERAL DE PORTUGAL EM GENEBRA

A «AUTORIDADE PARENTAL» NA SUÍÇA NOVAS DISPOSIÇÕES LEGAIS DESDE 1 DE JULHO DE 2014

ponsabilidades parentais») independentemente do tipo de união entre os progenitores, a menos que o Tribunal decida o contrário, caso o superior interesse da criança o justifique.

Porfírio Pinheiro profirio.pinheiro@mne.pt

II – CARACTERIZAÇÃO DO REGIME ACTUAL SUÍÇO E OS RESPECTIVOS PROCEDIMENTOS 1 - NA CONSTÂNCIA DO CASAMENTO

I – CONCEITO DE «AUTORIDADE PARENTAL» E NOVO REGIME-REGRA

A «autoridade parental conjunta» pertence automaticamente a ambos os pais, sem qualquer distinção em relação ao pai ou à mãe.

A matéria da regulação do poder paternal na Suíça sofreu sucessivas alterações desde 2000, as quais culminaram com a adopção pelo Parlamento, em 21 de Junho de 2013, dos princípios da «autoridade parental conjunta» e da «guarda exclusiva ou alternada/ partilhada» e a sua aplicação desde 1 de Julho do corrente ano.

2 - PAIS DIVORCIADOS

Globalmente os dois regimes actuais − o suíço e o português − são muito semelhantes. Não obstante a nomenclatura utilizada no direito suíço ser mais restrita do que a utilizada no direito português, o conceito suíço de «autoridade parental» está muito próximo do conceito português de «responsabilidades parentais», isto é, um conjunto de direitos e deveres que asseguram o bem-estar moral e material do(s) filho(s), os quais abrangem os cuidados diários, a relação pessoal, a educação, o sustento, a representação legal e a administração dos seus bens. Como no direito português, a nova lei suíça consagra, como regime-regra, o exercício conjunto da «autoridade parental» («res-

Desde 1 de Julho de 2014 que o divórcio não tem incidência sobre a autoridade parental. Assim, em caso de divórcio, o princípio é o do exercício conjunto da «autoridade parental». Todavia, se o interesse da criança assim o reclamar, o juiz poderá decidir que essa autoridade/poder (responsabilidade) seja exercida apenas por um dos progenitores. 3 - PAIS NÃO CASADOS ENTRE SI Desde 1 de Julho de 2014, a exemplo do que acontece no direito português, a lei suíça actual permite que os pais não casados (mesmo que não vivam em união de facto) possam, de comum acordo, exercer conjuntamente o poder paternal. Todavia, contrariamente ao que acontece no direito português, a lei suíça faz depender (*) a possibilidade do exercício conjunto do poder paternal pelos pais não casados de uma declaração comum nesse sentido referindo: que estão dispostos a assumir conjuntamente a autoridade parental;

que chegaram a um acordo quanto à guarda da criança, às relações pessoais ou à participação nos encargos e vigilância do menor, bem como quanto à contrinuição para o sustento do mesmo. (*) Importa referir que, enquanto não houver acordo e declaração de tal intenção, se mantém a solução legal anterior do exercício do poder paternal pela mãe. A declaração comum do exercício conjunto da «autoridade parental» é feita presencialmente através do formulário apropriado para o efeito, junto do Conservador do Registo Civil («Officier de l´Etat Civil»): se a declaração comum for feita no momento do reconhecimento da criança pelo pai. junto da autoridade de protecção de menores do lugar de domicílio da criança nas situações seguintes: se a declaração comum for feita após o reconhecimento da criança pelo pai ou se um dos progenitores recusar apresentar a declaração comum.

III – DIREITO TRANSITÓRIO (PARA OS PAIS DIVORCIADOS APÓS 30 DE JUNHO DE 2009 E PARA OS PROGENITORES NÃO CASADOS, PAIS DE FILHOS NASCIDOS ANTES DE 1 DE JULHO DE 2014) Os progenitores cujo divórcio tenha sido pronunciado depois de 30 de Junho de 2009 ou os progenitores não casados, pais de filhos nascidos antes de 1 de Julho de 2014 (data de entrada em vigor da nova lei) mas menores de 18 anos, que nesta data não eram detentores da autoridade parental, dispõem do prazo de um ano (isto é, até 30 de Junho de 2015) para requerer a autoridade parental conjunta.

A petição deve ser apresentada: no caso de pais divorciados: junto do juiz que proferiu a sentença de divórcio; no caso de pais não casados: junto da autoridade de protecção do lugar de domicílio do menor. • Os elementos acima referidos não são, de forma alguma, uma lista exaustiva nem referem, com precisão, tudo o que é necessário cumprir na sequência das novas disposições legais suíças em matéria de «autoridade parental». Os interessados deverão, pois, contactar os organismos/entidades mais adequados/as ao caso concreto para obterem também uma resposta mais precisa (ex.: «Office d’État Civil» e «Autorité de Protection de l’Adulte et de l’Enfant»). Os inscritos no Consulado-Geral de Portugal em Genebra ou no Escritório consular de Sion (posto dependente de Genebra) poderão, mediante a simples indicação do seu número de inscrição consular, obter a Nota Informativa mais extensa que contém outros elementos de informação. São eles: a COMPARAÇÃO ENTRE O QUE ESTAVA EM VIGOR ATÉ 30 DE JULHO DE 2014 e O QUE MUDOU NAQUELA DATA; o estudo sobre outros aspectos como, por exemplo, as CONSEQUÊNCIAS DA REVISÃO RELATIVA À AUTORIDADE PARENTAL SOBRE AS MELHORIAS/BONIFICAÇÕES AVS POR TAREFAS EDUCATIVAS; o DIREITO DE ESCOLHER A RESIDÊNCIA DO MENOR; o PEDIDO DE DOCUMENTOS DE IDENTIDADE PARA O MENOR; os nomes, endereços e demais contactos das entidades administrativas e judiciais competentes na matéria; as condições e prazos a respeitar, etc. CONSULADO-GERAL DE PORTUGAL EM GENEBRA, Setembro de 2014


Dezembro

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Terras helvéticas a palavra ao Padre Miguel

ADVENTO

Tempo de espera P.e Miguel Dalla Vecchia Missionário Scalabriniano miguel.dv@scalabrini.net

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o domingo, dia 30 de novembro, a Igreja inicia o novo Ano Litúrgico com a celebração do primeiro domingo do Advento. Diferentemente do ano civil, com o tempo do Advento a liturgia da Igreja inicia um novo ciclo para as leituras bíblicas dominicais do ano B, leituras que no seu conjunto são marcadas pelo evangelista São Marcos. Como sabemos, o Ano Litúrgico está dividido em três anos consecutivos, A, B e C, ao longo dos quais se desenvolve. Se o ano A, em certo sentido, é o ano eclesiológico, pela presença da teologia mateana (de Mateus) da Igreja como verdadeiro Israel, podemos dizer que o ano B é, principalmente, cristológico, pois é caraterizado pela meditação do evangelho de Marcos sobre o caráter messiânico de Jesus e do Reino que ele inaugura, ainda que de modo inesperado e não manifesto. No evangelho de São Marcos encontramos o anúncio da atuação, morte e ressurreição do Cristo como era proclamado no início da pregação cristã. O Advento compreende os quatro domingos que antecedem o Natal. É um tempo de espera, de oração e de vigilância, pois algo de importante vai acontecer, ou seja, a vinda do Salvador, o Emanuel, o Deus connosco. Todos nós conhecemos a coroa do Advento, com as quatro velas que são acesas progressivamente em cada domingo para marcar as quatro etapas do Advento. O primeiro domingo sugere uma atitude de preparação geral para o encontro com

o Senhor no fim dos tempos. A liturgia transborda de uma confiante esperança. É um convite à vigilância e à oração. O segundo domingo é um convite à conversão, ou seja, à transformação da vida com vista ao grande encontro final. A liturgia evoca a pregação escatológica de João Batista: «preparai os caminhos do Senhor». Já no terceiro domingo do Advento ressoa a alegria por causa da presença de Deus, testemunhada pelo Batista e pelo arauto de Isaías que anuncia a boa-nova aos pobres. Finalmente, o quarto domingo é considerado o domingo de Maria, pois são confrontados o «sim» de Deus (promessa) e o «sim» da pessoa humana, ou seja, de Maria. Realiza-se assim a promessa do Messias da linhagem de David, graças à disponibilidade da Serva do Senhor. A natividade do Senhor é luz para os nossos caminhos. Desejo a todos uma boa e santa caminhada rumo ao Natal do Senhor. Boas Festas e um 2015 de Paz, Justiça e Fraternidade.

Horários da missão católica de língua portuguesa de Genebra ATENDIMENTO NA SECRETARIA: Terça a sexta: das 15h00 às 18h30 Sábados: das 9h00 às 11h30 MISSAS: Sábados, às 19h00 Domingos às 9h30, às 11h00 e às 18h00 Terça a sexta às 19h00 (na capela) HORÁRIOS DAS MISSAS DURANTE AS FESTAS DE NATAL:

24 de dezembro: 24h00 (meia-noite) 25 de dezembro, Natal: 11h00 e 18h00 31 de dezembro: 19h00 01 de janeiro: 18h00 Av. de Sainte Clotilde, 14 bis 1205 - GENÈVE Tel. 022 70 80 190

A Coroa de advento O círculo: Não tem princípio nem fim. É sinal do amor eterno de Deus, sem princípio em fim, e também do nosso amor a Deus e ao próximo que nunca deve terminar. Além disso, o círculo dá uma ideia de «elo», de união entre Deus e as pessoas como uma grande «aliança». As ramas verdes: O verde é a cor da esperança e da vida. Deus quer que esperemos a sua graça, o seu perdão misericordioso e a glória da vida eterna no final de nossa vida. Bênçãos que nos foram derramadas pelo Senhor Jesus na sua 1.ª vinda entre nós, e agora, com esperança renovada, aguardamos a sua consumação na 2.ª e definitiva vinda. Os ramos dos pinheiros permanecem verdes apesar dos rigorosos invernos, assim como os cristãos devem manter fé e a esperança apesar das atribulações da vida. A fita vermelha: A fita e o laço avermelhados que envolvem a grinalda simbolizam o Amor de Deus ou o próprio Espírito Santo a embalar toda a criação que é remida com a chegada de Jesus. As bolas: Simbolizam os frutos do Espírito Santo que brotam no coração de cada cristão. As 4 velas: Simbolizam as 4 semanas do Advento: a 1.ª lembra o perdão concedido a Adão e Eva; a 2.ª simboliza a fé de Abraão e dos outros Patriarcas a quem foi anunciada a Terra Prometida; a 3.ª lembra a alegria do rei Davi que recebeu de Deus a promessa de uma aliança eterna; a 4.ª recorda os Profetas que anunciaram a chegada do Salvador. O mais adequado é que todas as velas da coroa do Advento sejam roxas, com exceção de uma que pode ser rosa para lembrar o Domingo Gaudete (o 3.º domingo do Advento).


Dezembro

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HORÁRIO DE ATENDIMENTO: SEGUNDA A SEXTA: DAS 17:00H ÀS 20:00H SÁBADO: DAS 09:00H ÀS 17:00H DOMINGO: DAS 09:00H ÀS 12:00H

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os, n r a t i s i v Venham o agradecidos ui t m s o m e Visi ta ficar a s s o v pela

FAMÍLIA MENDES • DORFSTRASSE 1 • 3232 INS (SUÍÇA) • TEL.: +41 79 794 60 58 • E-MAIL: paulopicaa@hotmail.com aroucacity@gmail.com


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Foi notícia...

L ...EM PORTUGA As principais medidas do OE para 2015 O governo determinou a eliminação da Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES), que cortava entre 3,5% e 10% em todas as reformas acima de mil euros. Mas esta taxa não será extinta. No fundo, o que acontece é uma eliminação da CES nos seus moldes «normais» e a manutenção da contribuição que já existe, que taxa as pensões entre 4611 euros e 7126 euros. (ln Diário de Notícias)

Dux do caso do Meco constituído arguido A comarca de Setúbal decidiu que João Gouveia, o único sobrevivente da tragédia que vitimou seis jovens a 15 de dezembro na Praia do Meco, é agora arguido no processo. A abertura da instrução, decidida a 15 de outubro, vai agora basear-se na audição de quatro novas testemunhas, estudantes da Universidade Lusófona. E decidiu ainda a marcação de algumas diligências relativamente aos registos telefónicos e às vias verdes relativas às viaturas de algumas das vítimas. (ln Diário de Notícias)

Restrição à entrada de carros em Lisboa adiada para janeiro Era para entrar em vigor no início de novembro mas, afinal, só a partir de 15 de janeiro os automóveis fabricados até 1 de janeiro de 1996, que não pertençam a residentes na capital, vão deixar de entrar, entre as 07.00 e as 21.00 dos dias úteis. Ao todo, segundo dados revelados em setembro pela autarquia no âmbito da Semana Europeia da Mobilidade, deverão ser impedidos de aceder ao centro da capital mais de 100 mil automóveis − mais 60 mil do que hoje. (ln Diário de Notícias)

Há 1,1 milhões de pessoas a receber menos de 600 euros Segundo o Inquérito ao Emprego do INE referente ao terceiro trimestre, o número de trabalhadores a ganhar menos subiu face ao mesmo período do ano passado. O número de trabalhadores a receber menos de 600 euros por mês aumentou no 3.º trimestre face ao mesmo período do ano passado. No final de setembro havia mais 43 mil trabalhadores por conta de outrem, públicos e privados, com salários mensais entre 310 e menos de 600 euros. (ln Diário de Notícias)

Turistas já preferem Lisboa ao Algarve De acordo com um estudo divulgado pelo site de viagens Trivago, a capital portuguesa já é o destino nacional mais procurado pelos turistas estrangeiros, à frente de Albufeira, Porto, Portimão, Lagos, Vilamoura e Funchal. Um estatuto que foi ganhando através da notoriedade de grandes eventos internacionais − desde a Expo 98 ao Euro 2004, passando pela recente final da Liga dos Campeões − da oferta de espetáculos, principalmente os festivais de verão. (ln Diário de Notícias)

Médicos de família vão ganhar mais no interior As regiões do país com mais falta de médicos, como as de interior, vão conseguir ter mais especialistas já nos primeiros meses de 2015. A ideia é captar, sobretudo, médicos de família, mas também de áreas como anestesiologia, psiquiatria, ginecologia ou pediatria, segundo exemplificou ao Diário de Notícias o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Leal da Costa. Prevê-se que haja uma verba entre 2 a 4 milhões de euros para levar a cabo a medida. O pagamento de incentivos para atrair médicos para zonas mais necessitadas está previsto no orçamento de Estado para 2015. (ln Diário de Notícias)

76 mil portugueses têm mais de um milhão de dólares Portugal continua a ser, ainda assim, o único país da Europa Ocidental a não conseguir entrar no grupo dos mais ricos do mundo, do qual até a Irlanda e a Grécia fazem parte. Este é o número de portugueses com um património superior a um milhão de dólares, o equivalente a quase 790 mil euros. Os dados são do Global Wealth Report 2014, publicados pelo Credit Suisse Research. (ln Diário de Notícias)

Governo vai reduzir 697 postos de trabalho na Função Pública

Legionella já não assusta Vila Franca de Xira

O secretário de Estado da Administração Pública, Leite Martins, aprovou a proposta do Instituto de Segurança Social para a redução de 697 postos de trabalho, cujos funcionários deverão ser colocados em inatividade no âmbito do regime de requalificação. Em setembro, vários centros regionais de Segurança Social fizeram reuniões com cerca de 700 trabalhadores, sobretudo assistentes operacionais (motoristas e telefonistas), para os informar da intenção de os colocar em requalificação (ex-mobilidade especial).

A Câmara Municipal ordenou a reabertura das piscinas e pavilhões municipais no Forte da Casa, Póvoa de Santa Iria e Vialonga. Em comunicado, a autarquia refere que «a decisão de reabertura surge na sequência de contactos com as autoridades de saúde e da apresentação pública dos resultados dos estudos epidemiológicos deste surto». A 7 de novembro ocorreu um surto de legionella (doença do legionário) neste município que, segundo a Direção-Geral de Saúde, causou 7 mortos e afetou 316 pessoas.

(ln Diário de Notícias)

(ln Diário de Notícias)


Dezembro

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Foi notícia...

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Rancho Folclórico do Centro Lusitano de Zurique está de parabéns

Federação Portuguesa de Folclore e Etnografia na Suíça esteve no Vaticano

Esta deslocação, em parceria com o Consulado-Geral de Portugal em Zurique, proporcionou aos participantes dias inesquecíveis em Roma. A comitiva passou pelos lugares ícones da «Cidade Eterna», como o Vaticano, o Panteão, o Castelo de Santo Ângelo Gabriel, a Fonte de Trevi e, inevitavelmente, o Coliseu. Mas o momento mais alto desta viagem foi a presença na missa celebrada pelo Papa Francisco. Na Basílica de S. Pedro, os membros da Federação apresentaram-se rigorosamente trajados.

O dia 13 de setembro 2014 foi de festa para esta importante coletividade portuguesa na Suíça, que comemorou 25 anos de existência. O local escolhido para o encontro foi a conhecida sala comunidade portuguesa Sporthalle Unterrohr, em Schlieren.

No pensamento dos responsáveis do Rancho Folclórico está a certeza de que outros 25 anos virão. Alguns cá estarão, outros estarão noutro lugar a zelar para que o grupo não deixe morrer estas profundas raízes que se têm alimentado nas memórias de Portugal.


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Foi notícia...

Conselho Consultivo de Genebra reuniu-se pela primeira vez Realizou-se, nas instalações do Consulado-Geral de Portugal em Genève, no sábado passado, 20 de setembro, a primeira reunião do Conselho Consultivo desta área consular. Foram debatidas várias questões, nomeadamente, as ações presentes e futuras a desenvolver no âmbito dos assuntos e permanências consulares, a promoção económica e cultural, a estratégia de comunicação consular e do apoio social, bem como outras relacionadas com o desemprego, a formação profissional, a educação, o ensino de português, os direitos políticos, a cidadania ativa e a sensibilização da comunidade portuguesa para a participação cívica e política, entre outros.

Reunião do Conselho Consultivo da área consular de Genève A Lusitânia Contact ouve o Consul em Genève, Miguel de Calheiros Velozo, sobre o Conselho Consultivo: Com que intuito é formado o Conselho Consultivo e quais os seus objetivos? A formação do Conselho Consultivo decorre da lei (Regulamento Consular, D. L. n.º 71/2009, de 31/03/2014). É um órgão de consulta do Cônsul-Geral e compete-lhe, segundo a lei, «produzir informações e pareceres sobre as matérias que afetem os portugueses residentes na respetiva área consular, assim como elaborar e propor recomendações respeitantes à aplicação das

políticas dirigidas às comunidades portuguesas» (Art. 16.º, n.º 4 do citado diploma). Qual o trabalho dos seus membros junto da população portuguesa da área consular? Os membros do Conselho Consultivo da área consular de Genève são 14 e residem nos 3 cantões desta área: Genebra, Vaud e Valais. Vêm dos mais diversos setores profissionais e, de uma forma ou de outra, estão há muito ligados à Comunidade portuguesa, seja como dirigentes associativos, animadores de órgãos de comunicação social, responsáveis pelo ensino da Língua portuguesa, professores universitários. Há ainda um sindicalista e um especialista em serviço social e jurídico. De todos se espera que tragam entusiamo, ideias e espírito construtivo em prol da melhor defesa dos interesses da Comunidade portuguesa. Embora saibamos que há vários casos pendentes, quais os que mais o preocupam? Da primeira reunião do Conselho Consultivo saíram duas linhas de orientação para os próximos trabalhos. A primeira consiste em encontrar as melhores formas de resposta às situações de precarização que afetam muitas famílias e cidadãos portugueses; a segunda consiste em promover a valorização e o reconhecimento da Comunidade portuguesa junto da sociedade local. Neste sentido, estão a ser pensadas iniciativas concretas que em breve serão divulgadas. Finalmente, gostaria de acrescentar que é meu propósito que a atividade do Conselho

Consultivo seja o mais aberta e transparente possível, pelo que estarei sempre disponível para responder às questões sobre o assunto.

Composição do Conselho Consultivo Ernesto Ricou

professor e dirigente associativo

António da Cunha

professor catedrático e dirigente associativo

Eugénia Ferreira

dirigente associativo

José Pereira

diretor órgão comunicação social

Álvaro Oliveira

professor e dirigente associativo

Mariana Correia

fadista e dirigente associativo

Luís Mata

diretor de órgão de comunicação social

Vítor Amaral sindicalista

Adérito Marques

dirigente associativo

Nuno Simões

enfermeiro e dirigente associativo

Nuno Fernandes

professor catedrático

Porfírio Pinheiro

funcionário consular

Carlos Oliveira

coordenador-adjunto do ensino

Miguel de Calheiros Velozo

Cônsul-Geral, Presidente do Conselho Consultivo


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História e memória

O Regicídio de Lisboa visto por um jornal do Rio de Janeiro (fevereiro de 1908)

E

Reto Monico Historiador retomonico@gmail.com

m maio de 1906, D. Carlos nomeia João Franco — o fundador, em 1901, do Partido Regenerador Liberal — chefe do Governo. É uma tentativa por parte do Rei para mudar o sistema «rotativista» em vigor em Portugal, no qual se alternavam no poder o partido Regenerador, chefiado por Hintze Ribeiro, e o Partido Progressista, de José Luciano de Castro. Depois de um ano relativamente calmo, a crise rebenta em abril-maio de 1907, nomeadamente porque o Partido Progressista se recusa apoiar o governo de João Franco. O Rei não destitui o primeiro-ministro, mas dissolve o par-

lamento sem convocar novas eleições. Este período (maio de 1907 a janeiro de 1908) é designado por «Ditadura de João Franco», termo que parece excessivo se o compararmos, por exemplo, com as verdadeiras ditaduras dos anos 20 e 30. São, de qualquer forma, meses muito agitados, com a greve académica de Coimbra, na primavera de 1907, as polémicas suscitadas pelo decreto de 30 de agosto de 1907, que elimina as dívidas da Casa Real, os duros ataques dos outros partidos contra o Executivo governamental: os monárquicos e o republicano (PRP). A entrevista, dada em novembro pelo monarca ao diário parisiense Le Temps, na qual reitera o seu


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História e memória

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No mês de fevereiro de 1908 foram publicadas várias reconstituições mais ou menos fidedignas do duplo regicídio de Lisboa, como esta no semanário romano La Tribuna illustrata, de dia 9.

apoio a Franco e manifesta um certo desprezo pela oposição, deita mais lenha na fogueira. O chefe do governo marca as eleições para o dia 5 de abril de 1908. Sabemos que, na altura, o partido do governo ganhava sempre as eleições e por isso esta perspetiva assustava os dois partidos tradicionais e também o PRP. A 28 de janeiro fracassa uma tentativa revolucionária, nomeadamente, porque os chefes da conspiração se reúnem junto ao elevador da biblioteca, no Largo do Pelourinho, avariado há vários dias. O guarda do edifício fica, portanto, intrigado de ver entrar tantas pessoas. Há algum tiroteio, algumas explosões, um

polícia é morto e 120 pessoas são detidas. João Franco propõe, então, a D. Carlos um decreto de expulsão dos revoltosos e a sua deportação para as colónias. A 1 de fevereiro, cerca das 17 horas, a família real, de regresso de Vila Viçosa —onde, na véspera, o Rei assinara o referido decreto — desembarca na Estação Fluvial da Praça do Comércio. Quando a carruagem real chega ao início da rua do Arsenal é alvo dum tiroteio que acaba com a vida do Rei e de D. Luís, o príncipe herdeiro. O futuro rei, D. Manuel, fica ferido. Dois regicidas, Manuel Buíça e Alfredo da Costa, são abatidos pela polícia, que mata também um inocente, João Sabino


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História e memória

da Costa. Em poucos minutos Lisboa transforma-se numa cidade fantasma. A questão dos mandantes e da eventual participação de outros regicidas, ainda hoje, mais de um século depois da tragédia, continua a aguardar uma resposta. Na primeira semana de fevereiro de 1908 o assassínio de D. Carlos e de D. Luís é manchete na esmagadora maioria dos periódicos do mundo inteiro. Durante alguns dias — cerca de duas semanas se falarmos da imprensa brasileira e da espanhola também — Portugal torna-se o centro do mundo (cf. O livro que escrevi com o Joaquim Vieira, Mataram o Rei! O regicídio na imprensa internacional, Lisboa, Pedra da Lua, 2007). Para este artigo escolhi apresentar o ponto de vista do Jornal do Comércio, quotidiano fundado em 1827 na capital carioca e que ainda existe. O diário de Rio de Janeiro reproduz, sobretudo, despachos e telegramas a partir do domingo dia 2 de fevereiro, mas também quatro comentários. No mesmo número condena o «atentado ignóbil» contra um «rei liberal» e o príncipe herdeiro. Fala do rei assassinado como de «uma das mais simpáticas figuras contemporâneas» e da «grave crise que Portugal vem atravessando de há algum tempo para cá», que levou o país a uma «situação francamente revolucionaria». Resume, também, a obra de João Franco, homem firme e enérgico, cuja política «não podia deixar de acirrar ainda mais os ódios». Nestas circunstâncias é difícil combater os extremismos: «A civilização não pode impedir essas eclosões de barbárie. O tufão da revolta não escolhe, nem reflete. Quando os desatinos da paixão partidária, elevados ao auge, degeneram na loucura política, só a Providência pode evitar as ciladas de morte e os golpes súbitos contra os quais não há vigilância que triunfe». No dia seguinte, segunda-feira, dia 3, publica numerosos telegramas e três outros artigos. Por um lado, a sua admiração por João Franco é confirmada por um longo resumo dos «factos recentes da política portuguesa», no qual

Porto, junho de 1907. Manifestantes assobiam João Franco em visita à Academia Politécnica, gritando vivas à liberdade e à Carta constitucional (Fonte: Ilustração portuguesa, 1 de julho de 1907).

Jornal do Comércio, 3 de fevereiro de 1908. As notícias sobre Portugal ocupam sete colunas das nove da primeira página. O artigo sobre os «Factos recentes da política portuguesa» continua na segunda página.

Lisboa, 2 de fevereiro de 1908. Fim da carreira política de J. Franco (Fonte: Luís de Montalvor, História do Regimen Republicano em Portugal, Lisboa, 1930, Vol. II, p. 177).


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História e memória ataca os dois principais partidos monárquicos, «empenhados em se demolirem um ao outro» e «a imprensa monárquica [que] criara um estado de espírito de revolta, anárquico, extremamente irritante». «Foi nesta situação que João Franco chegou ao poder», realça o jornalista carioca que define o último primeiro-ministro de D. Carlos como «um homem de pulso rijo, capaz de enfrentar a tempestade que já então se desencadeava» e que, nos debates parlamentares, «nunca se deixava ficar mal». Por outro lado, no artigo intitulado «Ontem», escreve: «Parece averiguado que o chefe da conspiração foi um francês e que o trama miserável teve a solidariedade de vários sargentos portugueses, além do filho de um anarquista espanhol de nome Córdoba». Além desta suspeita, que nunca foi provada, dá sobretudo muitas informações. Algumas sérias como, por exemplo, sobre a proclamação de D. Manuel, a demissão do governo, a tentativa de assalto contra a residência de João Franco, a fuga de José Alpoim, etc. Outras, vindas de jornais espanhóis, parecem mais fantasiosas, como a da morte na prisão por envenenamento de João Chagas, a de uma revolta no Porto com «luta entre os revoltosos e as forças leais» ou a formação de um Governo Provisório. Finalmente, num extenso editorial sobre o Regicídio de Lisboa, o jornal do Rio reitera os elogios para com D. Carlos, dizendo que defendeu os interesses de Portugal, não tendo cometido nenhum

erro grave nem feito mal a ninguém, antes pelo contrário: «Restabeleceu o prestígio das armas portuguesas», graças às expedições africanas, e defendeu as colónias lusas perante a «cobiça de poderosas nações da Europa». Apenas um ano depois de ter subido ao trono teve de enfrentar uma grave crise com a Inglaterra. Transigiu com o a velha aliada mas «o governo português conseguiu, pela diplomacia, salvar as conquistas» (cf. o meu artigo no n.º 5 da Lusitânia Contact). Depois de ter realçado, nomeadamente, a sua cultura, os seus dotes artísticos e obras de arte, os seus estudos oceanográficos, «a afabilidade do seu carácter, a apurada cortesia do seu trato», o jornal do Rio recusa-se a «julgar a recente crise em que se achou o Reino». No entanto, pensa que D. Carlos «só procurava o bem do povo», só queira aliviá-lo. Justifica também as medidas tomadas a partir de maio do ano anterior: «A ditadura, e usamos o nome dado à situação, tem sido mais administrativa do que política; fizeram-se reformas, não se deram direitos constitucionais. Sob uma forma irregular pode-se muitas vezes fazer coisa útil e boa». Em suma, o editorialista tenta — aproveitando-se, também, como ele próprio escreve, do «afastamento […] do teatro dos acontecimentos» — dar uma visão desapaixonada da política do último governo de D. Carlos. Por isso, condena «com o mesmo vigor o horroroso crime e os seus malditos autores».

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Número especial do Journal de Genève, 2 de fevereiro de 1908.

Primeira página do quotidiano católico de Lugano, Popolo e Libertà, 3 de fevereiro de 1908.

Echo do Sul, 12 de fevereiro de 1908.

Echo do Sul, 15 de fevereiro de 1908. Duas semanas depois do duplo assassinato, as notícias vindas de Portugal continuam a ocupar um lugar de destaque na primeira página deste jornal da cidade de Rio Grande, no sul do Brasil.


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Economia

Um contributo para o debate em torno da dívida pública

Ricardo Paes Mamede Professor do Departamento de Economia Política do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa ricardo.mamede@iscte.pt

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m Março de 2014 foi lançada uma petição pública dirigida à Assembleia da República (AR) intitulada «Preparar a reestruturação da daívida para crescer sustentadamente», a qual recolheu em poucas semanas mais de 30 mil assinaturas (a petição pode ser consultada em http://www.manifesto74.com/a-peti-o). O texto solicita à AR o seguinte: 1.º − Que aprove uma resolução recomendando ao governo o desenvolvimento de um processo preparatório tendente à reestruturação da dívida; 2.º − Que desencadeie um processo parlamentar de audição pública para o objectivo em causa.

Como está previsto nestes casos, os representantes dos peticionários foram recebidos em audiência na Comissão de Orçamento e Finanças da AR, tendo em vista o futuro agendamento do debate parlamentar sobre a iniciativa. Com a finalidade de contribuir para o debate público, a delegação entregou aos deputados um documento de análise e reflexão sobre a questão da dívida pública portuguesa, intitulado «Um contributo para o debate público em torno da dívida pública», de que sou co-autor, juntamente com Ricardo Cabral, Paulo Trigo Pereira e Emanuel Santos. Mais do que defender uma solução específica para lidar com o problema da dívida pública portuguesa, este documento procura identificar um conjunto de factos que devem ser considerados no debate. Destaco, em particular, as seguintes ideias: 1.ª − O elevado nível de dívida pública, cujo crescimento se acelerou marcadamente desde 2008, é um problema grave que Portugal partilha com vários países europeus, cuja origem é largamente comum e que requer, por isso, a responsabilização das instituições europeias; 2.ª − As condições para que a dívida pública portuguesa seja sustentável são altamente improváveis, pela história não apenas portuguesa mas também dos países da União Europeia; 3.ª − A necessidade de se obter um financiamento de pelo menos 100 mil milhões de euros (supostamente através dos mercados de dívida pública) nos próximos sete anos torna o objectivo ainda mais inverosímil; 4.ª − A tentativa de reduzir a dívida pública sem recurso a uma reestruturação teria custos económicos e sociais dramáticos;

5.ª − A necessidade de reestruturação da dívida é hoje reconhecida por um leque muito abrangente de economistas e de instituições internacionais; 6.ª − Havendo muitas soluções possíveis (algumas das quais são sucintamente discutidas no texto), uma reestruturação da dívida pública portuguesa bem-sucedida deverá ter os seguintes objectivos: a) − Reduzir os desequilíbrios macroeconómicos do país, em particular a dívida externa; b) − Minimizar as necessidades de refinanciamento da dívida pública e da dívida privada portuguesa; c) − Evitar reestruturações sucessivas realizando uma reestruturação de dívida de dimensão suficientemente grande. Como seria de esperar, esta audiência não permitiu muito mais do que a afirmação pelas várias bancadas parlamentares das suas posições de princípio sobre o tema (as da oposição valorizando a oportunidade da iniciativa, as da maioria questionando essa mesma oportunidade...), apesar dos esforços de alguns deputados para desenvolver a discussão. Uma conclusão resulta óbvia desta audiência: o país ganharia muito em iniciar este debate de modo aprofundado e fundamentado. Os deputados têm aqui uma oportunidade para valorizar o papel da função parlamentar, fazendo da AR um órgão de soberania democrático ao serviço... da democracia e da soberania do país. Mas talvez seja esperar demais dos deputados da actual maioria, para quem estas palavras parecem ter cada vez menos significado. Nota: O autor apresentou-nos o texto na ortografia anterior à do último Acordo Ortográfico, que iremos manter.


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Economia

Um país a

desfalecer

Nuno Serra Geógrafo, doutorando na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra nuno.serra@gmail.com

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em-se assistido, recentemente, a tentativas recorrentes de branquear a relação entre as políticas de austeridade e o «inverno demográfico» em que o Portugal mergulhou nos últimos três anos. Maria Cavaco Silva, por exemplo, quando instada a comentar o aumento vertiginoso da saída de portugueses do país, declarou: a «emigração sempre existiu, mesmo sem crise», enquadrando esta afirmação na romântica visão da «abertura ao mundo como um mundo de oportunidades». Isto é, como se o fluxo emigratório recente não significasse uma forma de emigração compulsiva, resultante do aumento colossal do desemprego e da degradação da estrutura produtiva portuguesa (1). Mesmo pessoas mais informadas e responsáveis, como Joaquim Azevedo, nomeado pelo governo para presidir à comissão multidisciplinar que produziu o estudo «Por um Portugal amigo das crianças, das famílias e da natalidade (2014-2035)» (2), concluído em Julho passado, não resiste à tentação de apresentar o abismo demográfico recente como um fenómeno alheio às políticas seguidas desde 2011. De facto, o catedrático da Universidade Católica Portuguesa considera que «o problema da queda demográfica não é consequência da crise», mas sim «um fenómeno que tem trinta anos», mesmo que reconheça, logo a seguir, que «não ter emprego, ou ter um emprego precário ou mal remunerado, ou não haver incentivos, incluindo na questão da educação nos três primeiros anos», sejam «questões muitíssimo importantes». Aliás, a entrevista dada por Joaquim Azevedo ao jornal Público, no início de Abril, merece ser lida na íntegra, na medida em que é muito esclarecedora sobre a capacidade de relativizar (portanto, branquear) os im-

pactos do «ajustamento» (e do «ir além da troika»), nas dinâmicas demográficas mais recentes (3). Os números recentes são, contudo, muito claros. Demasiado claros. É a partir de 2010 que se observa uma situação demográfica absolutamente inédita, com os saldos natural e migratório a ficarem, em simultâneo, negativos, arrastando consigo, em ritmo acelerado, os saldos demográficos anuais (4). Mais: é a partir de 2010 que o saldo natural (diferença entre nascimentos e óbitos) conhece quebras sem paralelo histórico (uma média de -15 mil por ano entre 2011 e 2013, que contrastam com os cerca de -3 mil entre 2008 e 2010 e, mais ainda, com os valores positivos, em média anual, registados entre 1991 e 2007). E se é verdade que o saldo migratório (diferença entre imigrantes e emigrantes) estava já em redução gradual antes do início do «programa de ajustamento» (mantendo-se, porém, em valores positivos), o ritmo da sua retracção agudiza-se de modo profundo a partir de 2010, para o que contribui o incremento exponencial da emigração e a saída de imigrantes do nosso país. É, de facto, necessária uma enorme ginástica intelectual para considerar que existe uma espécie de continuidade entre a perda de 33 mil residentes por ano, em média, entre 2011 e 2013, e os saldos positivos obtidos entre 2008 e 2010 (+9 mil residentes) e 1991 e 2007 (+27 mil residentes, em média, por ano).

Esta ilusória cortina de fumo, que procura mascarar os impactos demográficos da austeridade (apresentando a evolução recente dos indicadores como uma simples continuação de dinâmicas previamente estabelecidas), abre portas, como era de prever, a um conjunto de «soluções» que são, elas próprias, igualmente ilusórias (5). Isto é, a soluções que estão longe de atingir as raízes do problema: os níveis salariais e de rendimentos das famílias; as questões do emprego e da estabilidade do emprego; o acesso a serviços públicos (saúde, educação e transportes, entre outros) e a níveis minimamente razoáveis de bem-estar; a par da crucial questão da confiança, em Portugal e no futuro. Ou seja, justamente tudo o que a «transformação estrutural do país», executada com afinco pelo governo nos últimos três anos, tem vindo, de forma deliberada, a fazer esboroar. (1)http://www.jn.pt/PaginaInicial/Politica/Interior. aspx?content_id=3866823&page=1 (2) http://www.porto.ucp.pt/sites/default/files/ files/CRP/docs/Relatorio_Natalidade_em_Portugal. pdf (3) http://www.publico.pt/sociedade/noticia/ portugal-para-poder-ser-um-pais-com-mais-criancastambem-precisa-de-renascervai-ser-preciso-reordenar-muitas-coisas-na-sociedadese-queremos-um-pais-com-mais-criancas-1630720?page=-1 (4) http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2012/12/ desistir.html. (5) Entre as quais, para além das propostas ao nível flexibilização dos horários das creches ou o aumento do trabalho em part-time, figuram as alterações dos regimes fiscais (sobretudo no IRS).


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Nó górdio Alexandre Abreu Economista, investigador, professor do Instituto Superior de Economia e Gestão alexjabreu@gmail.com

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crise da economia portuguesa não é uma só: é composta por várias. E é necessário compreendê-lo para que possamos começar a sair da situação em que nos encontramos. Em meados dos anos 90 a economia portuguesa encontrava-se em processo de convergência real face à média europeia, ainda que a sua estrutura produtiva fosse bastante mais frágil do que as estruturas produtivas das economias dos países do centro da Europa. Optou-se, então, por um processo de exposição internacional súbito e insensato, que incluiu a perda de autonomia monetária e cambial. O resultado foi défices externos crónicos, endividamento privado externo galopante e uma estrutura produtiva adicionalmente fragilizada pelos incentivos perversos criados ao investimento nos sectores de bens não-transaccionáveis.

Alexandre corta o nó górdio em pintura do século XIX

Então, na sequência da eclosão da crise financeira internacional de 2007/08, esta crise latente de inserção internacional e endividamento externo transmutou-se em crise de Dívida Pública, em parte devido à adopção de uma resposta contra-cíclica activa, mas sobretudo por via da acção dos estabilizadores automáticos (menos receitas e mais despesas em resultado da própria crise). E esta crise de Dívida Pública, ao abrir a porta à adopção de um programa de austeridade pro-cíclica, somou a camada final à nossa crise actual: uma recessão económica de grandes dimensões, com fortíssimas contracções no investimento e no emprego. A crise portuguesa é, por isso, pelo menos composta por quatro crises sobrepostas: uma recessão de dimensões históricas, em cima de uma crise de Dívida Pública, que por sua vez é uma transmutação de uma crise de endividamento privado externo, provo-

cada por uma contradição insanável entre a estrutura produtiva e o regime de inserção económica internacional. Com a agravante de cada dimensão adicional não atenuar, antes reforçar, as dimensões subjacentes. Se compreendermos isto, percebemos que insistir na austeridade é o grau zero da inteligência económica; que advogar simplesmente uma alternativa contra-cíclica, sem mais, esbarra imediatamente nos limites do endividamento acumulado no passado; e que mesmo o repúdio da dívida acumulada, sem mais, ignora os constrangimentos colocados pelo contradição fundamental entre a nossa estrutura produtiva e o nosso regime de inserção internacional. Realmente, trata-se de um nó górdio de que não nos veremos livres tão depressa. Já não será nada mau se, pelo menos, começarmos, aos poucos, a perceber o que está verdadeiramente em causa.


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Economia

Dinheiro & direitos 122 março/abril 2014

heranças

Processo Processo | Conflitos | Bens

Bens da discórd Só 14% dos participantes no nosso estudo receberam uma herança por via de testamento. A divisão dos bens, sobretudo os imóveis, motiva conflitos entre os herdeiros. Resultado: a herança fica, muitas vezes, por dividir O NOSSO ESTUDO  1063 herdeiros contaram-nos a sua experiência ■■Entre março e junho de 2013, enviámos um questionário a uma amostra aleatória da população portuguesa entre os 35 e os 79 anos. O mesmo questionário foi ainda enviado por e-mail a uma amostra dos leitores da PROTESTE e da DINHEIRO & DIREITOS. O estudo foi igualmente realizado por associações nossas congéneres em Itália, no Brasil, em Espanha e na Bélgica. ■■Objetivo: conhecer as opiniões e experiências dos consumidores com heranças recebidas desde 2004. Pretendíamos conhecer, por exemplo, a duração do processo, se houve conflitos e se conhecem a lei em vigor. Obtivemos 1063 questionários válidos. ■■Trata-se de um estudo com recolha de dados por questionário autoadministrado, de envio único e sem carta de insistência. Os dados foram ponderados para garantir uma distribuição equivalente à da população portuguesa quanto a sexo, grupos etários quinquenais, nível educacional e regiões Norte, Centro, Lisboa, Alentejo e Algarve.


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Dinheiro & direitos 122 março/abril 2014

rdia M

etade dos inquiridos já recebeu uma herança e a cerca de um quarto destes a “sorte” já tocou duas vezes. A motivá-lo esteve, na maioria das vezes, o falecimento de um dos pais, e, em casos mais raros, um tio (12%) ou um dos avós (7 por cento). Dos cinco países que participaram no estudo, Portugal ocupa o penúltimo lugar quanto à duração do processo de herança. Em média, são precisos quase 14 meses, desde a data do óbito, até que os herdeiros recebam os bens. Esta realidade só é ultrapassada pelo Brasil, onde a duração média do processo é de quase dois anos e meio. Em Itália e na Bélgica, cerca de 86% das heranças chegam às mãos dos herdeiros em menos de um ano, contra 79% em Portugal. A relação de bens é o documento que mais causa atrasos no processo, tendo sido o principal entrave para 12% dos inquiridos.

Quase sempre sem testamento

Em Portugal parece não haver o hábito de fazer testamento. A maioria dos inquiridos afirma não haver necessidade visto concordar com as disposições que decorrem da lei. Com exceção da Espanha, a percentagem de inquiridos que já fez testamento é maior entre quem tem filhos. Há ainda uma relação entre a idade do autor e a realização do testamento, sendo facilmente compreensível que haja maior apetência dos mais idosos para o deixar. O testamento pode assumir duas formas: público e cerrado. O primeiro é redigido pelo notário e assinado por duas testemunhas que não sejam herdeiras. O segundo é manuscrito e assinado pelo autor, ou manuscrito por outra pessoa a mando daquele e por ele assinado. Neste caso, o notário limita-se a recebê-lo e a selá-lo, pelo que o conteúdo do documento só será conhecido após a morte do autor. Em ambos os tipos, é sempre preciso re-

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duração do processo Ê Em Portugal, os herdeiros têm de esperar, em média, 14 meses até receberem os bens

46%

1 a 6 meses

33%

7 a 12 meses

13% correr a um cartório notarial. A Conservatória dos Registos Centrais é depois informada pelo cartório da existência do documento. Este serviço do Ministério da Justiça é responsável pela organização e manutenção do índice geral de testamentos e informa acerca da data e do cartório em que foram realizados. Assim, em caso de dúvida sobre a existência de testamento, é ali que os herdeiros devem dirigir-se. Para isso, o herdeiro apresenta um requerimento, acompanhado da certidão de óbito, que pode ser pedida na Conservatória do Registo Civil. De acordo com o testemunho dos herdeiros que responderam ao nosso estudo, quem faz testamento em Portugal vai, na esmagadora maioria dos casos, ao cartório. Destes, muitos contaram com a presença de testemunhas e, apenas em casos raros, o testamento foi cerrado. A cópia do testamento foi, em 37% dos casos, guardada em casa do autor. Após o falecimento, tal facilita o acesso e a consulta do documento pelos herdeiros. Em contrapartida, deixar a cópia num cofre do banco pode criar dificuldades difíceis de ultrapassar. Temos conhecimento do caso de uma senhora, sem filhos nem familiares próximos, que deixou a herança a uma amiga. Para garantir a segurança do testamento, guardou-o num cofre no banco. Quando faleceu, a amiga tentou ir buscá-lo, mas o banco negou-lhe o acesso por não ser uma herdeira legal, nem ter consigo nenhum documento que comprovasse ser a herdeira.

Fazer cumprir a sua vontade

O testamento é utilizado para definir o destino do património de uma pessoa, mas há regras a ter em conta. Os herdeiros legitimários, como o cônjuge, os filhos, netos, pais ou avós, a menos que venham a ser deserdados ou considerados indignos, não podem deixar de receber uma parte dos bens, mesmo que seja essa a vontade do autor do testamento (ver os dois exemplos apresentados na página 41). Pode ainda definir previamente a quem se destinará cada bem e estipular determinadas condições: por exemplo, que a casa de família será para o filho mais velho, desde que este conclua o curso superior, ou que a

1 a 2 anos

2%

2 a 3 anos

4%

3 a 5 anos

2%

Mais de 5 anos

porTugueses não FazeM TesTaMenTo Ê Poucos são aqueles que recorrem ao notário para deixar registada a sua última vontade

96%

Não

4%

Sim

12%

Testamento cerrado, no cartório

10%

À mão, sem ato oficial

78%

Testamento público e com testemunhas, no cartório

MoTIVos para conFLITo Ê A distribuição dos bens pelos herdeiros é o principal motivo de quem tem desavenças

36%

Desacordo sobre a divisão dos bens

34%

Herdeiros enganam-se uns aos outros

13%

Existência de dívidas

11%

Validade do testamento

6%

Tem de pagar impostos por outro dos herdeiros


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heranças

Processo | Conflitos | Bens

casa de praia fica para a filha com a condição de que, após a morte desta, o imóvel passe para os seus netos. Desta forma, o testamento impede que o bem saia da família. Com exceção da parte da herança que é obrigado a deixar aos seus herdeiros, o testamento dá-lhe liberdade para repartir o remanescente como bem entender: por exemplo, deixar um certo bem a um amigo ou doar um montante a uma instituição de solidariedade. Pode ainda servir para deixar expressas as suas últimas vontades: se pretende ser enterrado ou cremado, por exemplo; ou nomear um tutor para os seus filhos menores. Fazer um testamento é mais simples do que se imagina e pode alterá-lo quantas vezes entender. Basta levar o seu bilhete de identidade ou cartão de cidadão e os das suas duas testemunhas. Não tem de apresentar os documentos dos bens, como cadernetas prediais e certidões de registo dos prédios. Em regra, desloca-se uma vez ao cartório para explicar ao notário o que pretende e marca-se a data da realização do testamento.

lecido deixou testamento. Quanto aos inquiridos portugueses, em quase um quinto dos processos conflituosos existia testamento. Três quartos dos herdeiros tinham conhecimento prévio da existência do testamento, o que pode ser uma vantagem. Com efeito, descobrir, após a morte do autor da sucessão, que este favoreceu outro herdeiro intensifica ou origina desavenças que, de outra forma, poderiam ter sido evitadas. Uma conclusão que resulta clara deste inquérito é que, à exceção de Espanha, quanto maior o número de herdeiros, maior o número de conflitos. Portugal é o segundo país com mais problemas entre herdeiros, só superado pelo Brasil. Em mais de um terço dos casos, na origem esteve a divisão dos bens. Já em Espanha e no Brasil, o litígio deve-se, em primeiro lugar, a “falcatruas” de um dos herdeiros. O destino a dar aos imóveis, como um apartamento ou um terreno, foi o principal gerador de discórdia. Quase 80% dos inquiridos portugueses apontaram-no — o valor mais elevado dos cinco países do estudo.

Casas motivam discórdia

Portugueses dizem pagar muito

A partilha dos bens pode tornar-se motivo de disputas entre irmãos e até entre pais e filhos. A realização de um testamento com a devida repartição dos bens pode evitar esses conflitos, a menos, claro, que a distribuição não seja do agrado dos herdeiros. Mas, surpreendentemente, em todos os países do estudo – com exceção do Brasil –, surgiram mais conflitos durante o processo da herança quando o fa-

Desde 2004, cônjuges (casados ou unidos de facto), filhos, netos, pais e avós do falecido não pagam imposto pelos bens herdados, exceto se se tratar de um imóvel. Mas se quem herda for um primo, um sobrinho ou outro familiar, já recai 10% de imposto de selo sobre o valor do que for recebido. Esta taxa aplica-se ao valor de mercado dos bens e, no caso dos imóveis, ao seu valor patrimonial tributário

Bens herdados Ê Ao contrário da Bélgica, onde as heranças são compostas maioritariamente por dinheiro (74%), em Portugal, os herdeiros recebem um imóvel

72%

Apartamento, moradia ou terreno

41%

Dinheiro Bens pessoais (como carro, mobiliário ou joias)

33% 7%

Ações ou outros investimentos

4%

Negócio ou parte

1%

Dívidas

(indicado na caderneta predial). Em Portugal, 36% dos inquiridos ficaram isentos de imposto, ao contrário de 56% que declararam já ter pago ou terem de vir a pagar o imposto relativo ao processo de herança em que estão implicados. Curioso é o facto de 8% desconhecer se tem algo a pagar. Cerca de um terço dos portugueses que não ficaram isentos de imposto de selo afirmaram ter sentido dificuldades financeiras em pagá-los. Dos herdeiros que pagaram, mais

FaLecIdo não deIxa TesTaMenTo Quem herda e Quanto? 

50%

Quando o falecido é solteiro e não tem filhos, a herança cabe na totalidade aos pais.

2/3

50%

100%

Solteiro e sem filhos

Divorciado e com filhos Se o falecido for solteiro, divorciado ou viúvo, mas tiver filhos, a herança é dividida em partes iguais pelos filhos.

100%

1/3

Casado, sem filhos e sem pais

Casado, sem filhos, com pais

Quando, num casal sem filhos, morre um dos cônjuges, a herança pertence por inteiro ao outro.

No caso do falecido ser casado, não ter filhos, mas os seus pais ainda serem vivos, 2/3 da herança vão para o cônjuge e 1/3 para os pais.


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Economia

Dinheiro & direitos 122 março/abril 2014

de metade desembolsou, pelo menos, 5 mil euros. Nestes casos, e sempre que o imposto a pagar ultrapasse mil euros, é possível pagar em prestações — no máximo, 10 —, a partir de 200 euros cada. Independentemente do imposto de selo efetivamente cobrado, a quase totalidade dos inquiridos dos cinco países considera-o demasiado elevado. Em Portugal, esta é a opinião de 93% dos inquiridos. Mesmo quem está isento do pagamento de imposto, é obrigado a declarar os bens recebidos no serviço de Finanças ou através da Net (www.portaldasfinancas.gov.pt). Para isso, é preciso preencher o modelo 1 do imposto de selo.

miliar. As doações em vida foram feitas, em muitos casos, com o intuito de favorecer um herdeiro em detrimento de outro. Quanto à possibilidade de revelarem aos sucessores o que estes irão receber, a resposta difere consoante a faixa etária. Quem tem

41

entre 60 e 79 anos, regra geral, nada esconde aos herdeiros; o oposto se passa entre quem tem 35 a 59 anos. Isto pode estar relacionado com a idade dos filhos: se ainda são crianças, não fará sentido explicar-lhes o que lhes cabe por herança. ■

FaLecIdo deIxa TesTaMenTo uma parte é por direito do cônjuge, pais ou filhos 

Imóveis no topo dos bens herdados

À exceção da Bélgica, onde as heranças são compostas maioritariamente por dinheiro (74%), nos restantes países inquiridos, os herdeiros recebem sobretudo imóveis: em Portugal, as casas e os terrenos fizeram parte de 72% das heranças. Tal explica o facto de estes bens terem sido o principal motivo de conflito entre os herdeiros e, em quase 30% dos casos, a herança ter ficado por dividir ou em regime de compropriedade. A divisão dos bens é, em quase dois terços dos processos, feita por acordo entre as partes. Em Portugal, 38% dos inquiridos adiantaram que a parte que lhes coube ficou abaixo dos 10 mil euros. Estes valores relativamente baixos podem eventualmente ser justificados pelo facto de quase um quarto ter recebido parte da herança ainda antes da morte do fa-

50%

50%

1/3

Um só herdeiro Quando há apenas um herdeiro (como o cônjuge, os pais ou um filho), o autor do testamento só pode atribuir metade da herança a outros destinatários, como uma instituição de solidariedade.

50%

18,75%

Casado e com filhos Se o falecido for casado e tiver até três filhos, a herança é repartida de forma igualitária entre viúva(o) e filhos.

18,75%

Quando existem vários herdeiros, por exemplo, o cônjuge e filhos, dois terços da herança pertencem-lhes por direito. O autor do testamento só pode dispor livremente do terço restante.

■■Caso tenha recebido uma herança, tente chegar a uma partilha amigável com os outros herdeiros. Deixar a herança indivisa, isto é, em que os bens ficam por dividir, não deve ser mais do que uma solução provisória. Evitam-se conflitos no presente, mas abre-se a porta para desentendimentos na geração seguinte.

18,75%

50%

Vários herdeiros

d&d aconselha

18,75%

2/3

25%

Casado e com quatro ou mais filhos Se o falecido for casado e tiver quatro ou mais filhos, 25% da herança cabe ao cônjuge. O restante é partilhado em partes iguais entre os filhos.

■■Os processos de inventário já são feitos no cartório, em vez de no tribunal, o que acelera a sua resolução. Mas, caso haja divergências entre os herdeiros, o processo tem de ser enviado na mesma para o tribunal, podendo arrastar-se durante décadas. ■■É no cartório que tem de fazer a escritura de habilitação de herdeiros. Aí, certifica-se a identidade das pessoas chamadas a receber a herança, por exemplo, a viúva e os filhos. Deve apresentar o assento de óbito do falecido, a certidão de casamento, as certidões de nascimento dos filhos e ainda o testamento ou convenção antenupcial (se existir). ■■Para ser válido, o testamento deve respeitar algumas obrigações legais e ser feito no cartório. Isto é importante, por exemplo, no caso dos unidos de facto. Aos olhos da lei portuguesa, o parceiro sobrevivo não é herdeiro, pelo que só o testamento o pode salvaguardar. Deco Proteste


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Escrever e falar, sem erros dar

Os erros ortográficos:

Um banho (muito) gelado…

Luciana Graça Professora de Português, Latim e Grego

Nesta edição, dedicada a Aveiro, a minha cidade (morando eu em Soza, uma linda aldeia do distrito de Aveiro, precisamente), queria aproveitar a oportunidade para confirmar que, na verdade, se trata de uma belíssima cidade, com belíssimas gentes, com belíssimas paisagens, com belíssimas instituições... E, claro, em que há também uma belíssima vontade permanente de se fazer sempre mais e melhor. Nesse sentido, e por exemplo, posso destacar o facto de o Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV) ter constituído o Núcleo de Humanização e Acolhimento de Doentes e Familiares, de molde a ser possível efetuar um acolhimento mais humanizado daqueles que ao CHBV recorrem. Porém, e como a introdução já vai longa, passemos ao caso nesta edição em destaque... À medida que envelhecemos, começamos a recordar, com uma particular saudade, algumas marcas por nós de imediato associadas à nossa infância… Ora, a «Olá» é, precisamente, e para nós, uma dessas marcas. E aqui trazemos então hoje um caso que muita polémica gerou, em relação a esta mesma conhecida marca de gelados (e não só). Mais especificamente, foram identificados, em cartazes da «Olá», especialmente criados para o Dia da Criança, dois graves erros ortográficos… Quais são? Vamos já ver… E, claro, uma excelente semana!... E um excelente final de ano…

Casos

Comentário

• «Já experimentas-te os chocolates Olá?»

• «experimentaste» (e não «experimentas-te»!): «experimentaste» é que é a forma correta, que está no pretérito perfeito do indicativo do verbo «experimentar» (eu experimentei, tu experimentaste, ele experimentou, nós experimentámos, eles experimentaram); • «ganhaste» (e não «ganhas-te»!): «ganhaste» é que também a forma correta, tratando-se igualmente do pretérito perfeito do indicativo do verbo «ganhar» (eu ganhei, tu ganhaste, ele ganhou, nós ganhámos, vós ganhastes, eles ganharam); • sugestão: i) em caso de dúvida, pode-

(cartaz da «Olá», junho de 2014);

• «Já experimentaste fazer um bolo de maracujá e leite condensado?» (página de facebook dos «Gelados Nestlé», 2014-10-03);

• «Ganhas-te um brinde Olá» (cartaz da «Olá», junho de 2014); • «Ainda não ganhaste um CD ”As Boltas do Bira”?» (página de facebook de «Azeituna - Tuna de Ciências da Universidade do Minho», 2014-05-06).

mos por vezes reformular a frase na negativa, colocando o pronome antes do verbo; ii) logo, no primeiro caso em análise, temos, então, incorretamente, «Ganhas-te um brinde Olá?» e «Não te ganhas um brinde Olá?», que não têm sentido; iii) mas temos já, corretamente, «Ganhaste um brinde Olá?» e «Não ganhaste um brinde Olá?», em que ambas fazem sentido.

Em síntese «experimentas-te os chocolates» «experimentaste os chocolates» «ganhas-te um brinde» «ganhaste um CD/ brinde»


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Saúde e bem-estar

Hipertensão: conversa entre médico e paciente (Parte 1)

Prof. Fernando de Pádua Médico cardiologista e Professor universitário professor@fpfpadua.pt

Médico (M) - Hipertensão arterial (HTA)! Paciente (P) – Quem? Eu? M – Meu amigo, é o aparelho que o diz: 18/10, um valor nitidamente alto, o limiar é 14/9. A sua surpresa é igual à minha, hoje em dia raramente observo um doente hipertenso que não saiba já que tem tensão alta. Há perto de 40 anos (quando comecei uma «Luta Nacional Contra a Hipertensão») era muito frequente encontrar pessoas que nunca a tinham medido. Não era raro, em rastreios ocasionais (nas ruas, no metro, etc.), as pessoas ficarem muito surpreendidas por terem máximas de 20, 22 ou 24, dizendo que não sentiam a tensão elevada (1). Hoje em dia os médicos nunca deixam de medir a tensão arterial aos seus pacientes (e praticamente todos os farmacêuticos também). Por isso eu fico desanimado ao ver uma pessoa de 60 anos que ignora ter a tensão alta. P – Pois é Doutor, lembro-me de ter ido, há poucos anos, ao médico de família, de me ter medido a tensão e me ter dito que estava tudo bem (era 13 ou 13,5). M – Ainda bem e até pode ter razão. Pode ser que tenha só «hipertensão da bata branca», uma subida no consultório (por nervosismo ou medo do que o médico lhe poderá dizer); depois, em casa ou na farmácia, mais tranquilo, a tensão volta ao normal. Mas se veio a um especialista é porque estava com algum receio. P – O problema, senhor Doutor, é que o meu pai morreu nesta idade com um Acidente Vascular Cerebral (AVC), por isso a minha mulher quase me obrigou a vir fazer uma revisão. M – Ela tem razão, as doenças cardiocerebrovasculares têm um certo cariz hereditário. Pode herdar-se a tendência para a hipertensão, a diabetes, a obesidade ou para o coles-

terol alto e qualquer um destes, ou outros fatores de risco, podem condicionar o aparecimento da mesma doença nos herdeiros do doente (2). No seu caso, o eletrocardiograma (ECG) que fizemos há pouco não mostra sinais de hipertrofia do ventrículo esquerdo, talvez esta subida não seja real, ou então existe há pouco tempo e ainda não aumentou muito o trabalho do seu coração (3). A respeito da HTA deixe-me dizer-lhe, desde já, duas verdades: uma, a má, é que a tensão alta é uma doença «silenciosa» (pode não se sentir nada), mas é grave pelos estragos que, «silenciosamente», vai fazendo nas artérias e pelas complicações no coração, no sistema nervoso central (o tal AVC) ou mesmo nos rins ou nos olhos. A boa verdade é que, hoje em dia, há muitos e bons medicamentos para tratar a HTA e, ao conseguir-se normalizar os seus valores o doente estará a combater ou a evitar essas complicações, atrasando-as muitos anos ou impedindo o seu aparecimento. P – Ó senhor Doutor, a minha mulher é que tinha razão, eu podia já ser um caso perdido. M – Ó homem, não diga coisas que eu não disse! Ou se lhe dei a entender expliquei-me mal. Repito: 1 – A HTA é uma doença grave pelas suas complicações nos órgãos alvo − coração, cérebro, rins, olhos − ou seja enfarte do miocárdio, AVC, insuficiência renal ou perturbações da visão. 2 – Antigamente essas lesões eram muito frequentes porque a hipertensão só era reconhecida quando as complicações apareciam. Para além disso, os medicamentos faltavam: não havia ou eram pouco eficazes… hoje são ótimos! 3 – Com o tratamento adequado podem evi-


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Saúde e bem-estar tar-se as complicações e até fazer regredir algumas lesões. O tratamento deve ser mantido e continuado para estabilizar a tensão em níveis normais. Insisto, se for bem tratado, vigiado, e continuar o tratamento mesmo quando já está melhor (4), pode conseguir parar o desenvolvimento dessas lesões (que depois originariam graves complicações), até mesmo fazê-las «andar para trás» e melhorar muito significativamente. Mais ainda: para além da medicação hipotensora (5) há hoje remédios e métodos para tratar o colesterol elevado, controlar melhor a diabetes, ajudar a reduzir o peso e a gordura abdominal que, aliás, podem corrigir-se com dieta apropriada e atividade física diária. Tudo isso ajuda o doente! Deixe-me acrescentar: hoje sabe-se muito bem que o tabaco é um fator importantíssimo de agravamento de todas estas perturbações e, por isso, parar de fumar é uma defesa valiosa contra as complicações da HTA. Do mesmo modo, sabe-se que o sal (cloreto de sódio) é um perigo para a HTA, quando não a própria causa, por isso, quanto menos sal (menos sódio) se ingerir na comida mais fácil será tratar a doença. P – Mas olhe que eu já não fumo há vários anos, senhor Doutor. M – Já me disse. Mas eu insisto, o fumo do tabaco é um dos grandes «maus da fita», agrava tudo o resto: fica avisado para não recomeçar a fumar! E não deve trabalhar ao lado, ou conviver de perto, com fumadores ativos (não seja fumador passivo!) (6). Mas ainda não vimos se tem colesterol elevado, diabetes, peso a mais – IMC (7) igual ou superior a 25 − ou gordura abdominal exagerada (cintura superior a 102 cm). Se tudo isto estiver bem, terá condições mais favoráveis a uma evolução boa, ou mesmo ótima, desde que consiga, com a ajuda do médico de família ou do farmacêutico (e sem parar ou reduzir a terapêutica!), manter a tensão controlada em valores abaixo de 14/9. Se não tiver esses fatores de risco serão novidades muito boas, pois só teremos de vencer uma HTA ainda sem complicações! P – Tenho a certeza de que vou passar nesses exames – ou o senhor Doutor acha que eu vou ter mais alguma coisa? M – Por favor, posso ser bom conselheiro, mas adivinho não sou. Tenho de lhe pedir análises de glicemia (açúcar no sangue) e talvez da hemoglobina glicosilada, uma análise que nos dá uma ideia do valor médio do açúcar nos dois ou três meses passados em vez de ser num dia só. Temos de dosear também o colesterol e os trigliceridos (as gorduras do sangue), sendo que no colesterol é preciso distinguir o LDL (o mau) do HDL (o bom) (8). Vou pedir-lhe também para aprender a calcu-

lar o IMC e a medir a cintura abdominal. E vai ainda fazer outra análise muito importante: além do ionograma no soro (sódio, potássio e cloretos), vai dosear o sódio na urina de 24 horas: o potássio baixo no sangue poderia sugerir uma causa especial para a sua hipertensão, mas o sódio na urina das 24 h é fundamental para o ajudar (a si próprio e aos seus familiares) a reconhecer e controlar a ingestão de sal (cloreto de sódio) ao longo de todo o dia (9). Esta é uma análise muito esquecida! Em tantos anos de luta contra a HTA já toda a gente sabe que o sal faz mal (até já temos uma lei para o reduzir no pão!), mas o que pouca gente sabe é que é altamente vantajoso reduzi-lo muito, para 5 ou 6 gramas por dia (10) − o que implica nestas análises de urina uma excreção igual ou menor que 100 milimoles de sódio nas 24h! Muitos alimentos têm sódio e nós ainda lhes juntamos sal na cozinha (à mesa devem acabar-se os saleiros!). Para além disso, todos os alimentos industrialmente preparados (até o pão!) têm doses importantes de sal. Com isto as pessoas chegam a eliminar 400 ou 500 milimoles de sal por dia (mais de 20 g de cloreto de sódio) quase sem darem conta do sal que ingeriram. É melhor verificar o que se passa consigo, em casa, e fugir dos restaurantes que lhe salguem a comida (11). Insisto: esta é uma atitude muito importante para todos nós, mesmo para os que ainda não têm HTA. Populações que não ingerem sódio e só bebem água da chuva (p. ex., nas ilhas isoladas no Pacífico) chegam aos 100 anos com a mesma tensão normal que tinham aos 10 anos. A restrição de sal é uma das armas mais poderosas para evitar o aparecimento da HTA, por isso temos todos de nos habituar a não adicionar sal quando os bebés rejeitam as primeiras sopas ou papinhas – é aí que começa a HTA! Há tantos sabores naturais tão agradáveis e tão saudáveis para substituir o sal: coentros, salsa, estragão, hortelã, nós moscada, vinagre, sumo de limão, pickles ou mostarda caseiros, alho francês, pimenta, caril, etc. P – Ó senhor Doutor, então tenho de fazer tudo isso que me está a dizer? Parece que tenho de mudar a minha vida toda! E se eu não tiver uma verdadeira HTA? M – Ó meu amigo, estou a explicar-lhe e a falar-lhe disto tudo (antes de averiguar bem a verdadeira importância da sua HTA) porque são conselhos para todos – tanto para os que já têm HTA como para os que ainda não têm nem querem vir a ter. (Esta conversa sará concluída no próximo número da revista).

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Nota 1: Por especial cortesia do Prof. Fernando de Pádua, o texto foi adaptado do seu livro Conversas no meu consultório, Lisboa: Âncora Editora, 2011. Nota 2: Pedimos aos leitores que enviem os vossos comentários e ponham as vossas dúvidas ao Prof. Fernando de Pádua, através do e-mail: professor@ fpfpadua.pt (1) Daí eu ter passado a usar um slogan: «a hipertensão arterial não se sente, mede-se». (2) Frequentemente estes riscos aparecem todos associados – aquilo a que chamamos síndroma metabólico: obesidade, hipertensão, resistência aumentada à insulina (ou mesmo diabetes) e dislipidemia (colesterol e/ou trigliceridos elevados) – e com aumento da cintura abdominal. (3) Na HTA, para poder continuar a bombear o sangue para a aorta, o ventrículo esquerdo tem de aumentar também a pressão dentro de si. (4) Um dos erros mais frequentes é o doente conseguir normalizar a tensão e pensar: «já baixou, já me curei, posso parar o tratamento». Ao fazer isso tudo volta ao princípio: a tensão volta a subir e as complicações acabarão por aparecer. (5) Que faz baixar a tensão. (6) William Kannel, uma sumidade no tratamento da HTA, dizia ser o tabaco tão mau que se tivéssemos de escolher entre baixar a tensão ou deixar de fumar, parar o tabaco seria o mais importante. (7) Índice de massa corporal = peso em Kg a dividir pela altura2 em metros [exemplo: 73 kg : (1,75 m x 1,75 m) = 23,8}. O normal é entre 18 e 25. (8) Com os medicamentos chamados Estatinas, consegue reduzir-se o colesterol mau (Low Density Lipoprotein – LDL), por vezes até ajudar a subir o bom (High Density Lipoprotein HDL)! Maior atividade física diária também ajuda nos dois casos e baixa os trigliceridos e o açúcar no sangue. Os valores desejáveis são: total ≤ 195, LDL ≤ 95, HDL homem ≥ 40 e mulher ≥ 45. (9) Para fazer a análise de urina de 24 horas deve eliminar a 1.ª urina da manhã (que foi para a bexiga durante a noite) e juntar num garrafão a urina que for fazendo durante todo o dia e durante toda a noite, devendo, portanto, incluir a 1.ª urina da manhã do 2.º dia, uma vez que essa urina foi fabricada durante a noite. Só assim terá a urina de 24 horas. Depois, no laboratório, medirão a quantidade de urina total, analisarão a concentração em milimoles ou miliequivalentes por litro e multiplicarão pelo volume para ter o total eliminado nas 24h, que corresponde ao valor que ingeriu (ideal <100, mas em média os portugueses eliminam 200 a 300, por comerem sal a mais!). (10) 6 g de cloreto de sódio = 2,6 g de sódio = 100 milimoles de sódio na urina de 24 horas. (11) Já dizia Maria de Lurdes Modesto: «o sal é a desculpa das más cozinheiras».


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Saúde e bem-estar

Mime o seu bebé (Massagens para bebés)

Telma Ferreira Fisioterapeuta telmaferreira20@hotmail.com

Comece a desenvolver o toque desde tenra idade. Os bebés adoram ser tocados. Na verdade, é algo que os estimula, reconforta e propicia o seu crescimento e desenvolvimento. O contacto com a pele não só ajuda a estabelecer a ligação entre os pais e os bebés como os reconforta quando algo os incomoda. A massagem doce e terna é a melhor forma de promover este contacto, e a ideia é dar aos bebés o que é fundamental para eles: contato, amor e carinho.

Cabeça e face

Ponha os polegares na testa do bebé e faça movimentos leves e suaves na direção da cabeça. Repita na cara, fazendo o movimento do nariz para as orelhas.

Braços

Execute movimentos rítmicos com uma mão, depois com a outra, começando na axila e acabando no pulso.

Mãos

Segure a mão do bebé e com os polegares faça movimentos circulares na palma da mão. Com o polegar e o indicador percorra e estique ligeiramente cada dedo da mão do bebé.

Preparação:

Prepare um local calmo, com uma temperatura ambiente de 22 a 24ºC, uma superfície quente e plana para deitar o bebé (uma manta sobre uma alcatifa no chão serve bem); Lave as mãos, retire os anéis, pulseiras e relógios e sente-se no chão com as pernas esticadas, as costas direitas e os ombros relaxados; Aplique um pouco de óleo para bebé (de amêndoas doces ou Johnson) nas palmas das mãos e esfregue-as para as aquecer.

Peito

Ponha os polegares no esterno e deslize-os para os lados na direção das costelas. Depois apoie as palmas das mãos e faça o mesmo movimento.

Barriga

Massaje a barriga do bebé com movimentos circulares no sentido dos ponteiros do relógio, com uma mão após a outra. Massaje depois apenas com os polegares.

Pernas

Massaje uma perna de cada vez. Comece na anca e termine no pé com movimentos suaves e rítmicos de uma mão após a outra. Repita na outra perna. No fim, dobre as pernas levando os joelhos à barriga e faça movimentos como se estivesse a pedalar.

Execução:

Olhe nos olhos do bebé e cante ou fale com ele enquanto o massaja. Preste atenção à sua reação e, se ele não estiver a gostar, tente um toque mais leve ou pare. Se o bebé for recetivo à massagem irá sorrir, dar gritinhos e mostrar a sua satisfação. Os movimentos devem ser rítmicos: lentos e constantes, feitos com firmeza, sempre de dentro para fora (do centro para as extremidades). Comece pelo lado esquerdo e termine no lado direito, porque este é o sentido da energia no corpo humano. Cada parte do corpo deve ser massajada, no mínimo, um minuto, mas tudo depende da tolerância do bebé. Se ele estiver desperto e recetivo prolongue a massagem um pouquinho mais.

Pés

Segure o pé com uma mão e com a outra faça movimentos circulares na planta do pé. De seguida massaje cada dedo.

Massagem completa

Faça deslizar as suas mãos da cabeça até aos dedos das mãos. Depois, dos ombros até aos dedos dos pés.

Costas

Deslize delicadamente as mãos dos ombros ao fundo das costas, seguindo os músculos de cada lado da coluna vertebral. Repita o movimento pela parte posterior das pernas.

Banho

No final da massagem dê um banho quentinho e tranquilo ao bebé e desfrute o momento.


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À descoberta do mundo

Cemitério sobre o Pacífico

Gonçalo Cadilhe Autor gcadilhe@yahoo.com


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À descoberta do mundo

H

onolulu não é nice. Nem é Nice ou San Remo, nem Acapulco ou o Estoril ou qualquer outra cidade feita estância com a invenção do turismo. Há uma força violenta, uma urgência no lucro, uma sofreguidão na ocupação do espaço que devora toda a medida humana na sua passagem. Pensamos na Polinésia como sinónimo de serenidade tropical, um lugar de praias de luz e palmeiras na brisa. Não pensamos que atrás das praias e das palmeiras esteja uma das maiores concentrações de arranha-céus do hemisfério Sul, um fluxo de trânsito denso e intransigente, um modo de vida adaptado às exigências tontas e mesquinhas dos grupos de turistas com todo o package pré-pago. E não pensamos que atrás da geladaria, do quiosque de postais e do hotel de luxo se esconda o crime organizado, a toxicodependência crónica, o cheque da segurança social como único fluxo económico dos bairros pobres. Não quero perder tempo em Honolulu, mas antes de prosseguir viagem ainda tenho algum tempo livre e conheço um certo sítio. Subo ao Cemitério do Pacífico. Há qualquer coisa nos cemitérios que nenhum outro lugar de congregação humana consegue

transmitir, a possibilidade de se estar sozinho em companhia, o silêncio que é leve mas está rodeado de peso e solenidade. Como muitos outros cemitérios que conheço, este ocupa o melhor pedaço de real estate, a melhor posição imobiliária do Havai. A vista é magnífica e Honolulu, a esta distância e a esta altura, intriga e atrai. Estranha forma de reverenciar os mortos, atribuir-lhes o melhor pedaço da Terra que já não pisam, a melhor vista de uma paisagem que já não vêem. Na minha cidade natal a localização mais cobiçada por qualquer varanda de uma vivenda seria a que pertence ao cemitério de Buarcos, na curva do promontório debruçado sobre o mar. E nas Cinque Terre, em Itália, território encantado onde tive a sorte de viver uns meses na juventude, nenhuma pensão ou aluguer de quartos consegue oferecer uma perspectiva tão impressionante das casas a pique sobre o mar como o camposanto de Manarola. Para além da vista, o Cemitério do Pacífico tem outra coisa que me impressiona e me comove: a sua razão de ser. Aqui repousam apenas soldados. Sobre os últimos a chegar, os mais recentes, não creio que a História venha a ser benévola com as guerras que os mataram. Mas o cemitério começou por

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recolher os soldados mortos em combate na Segunda Guerra Mundial, sobretudo nas batalhas do Pacífico, de Pearl Harbour a Guadacanal e Iwa Jima. Esses sim, morreram por nós todos. Passeio pelas suas lápides, leio as palavras, não tenho palavras. Observo de novo Honolulu lá em baixo. Depois do vulcão de Diamond Head e da praia de Waikiki, a panorâmica do meu olhar aterra em Pearl Harbour. Os dois símbolos havaianos da Segunda Guerra: Pearl Harbour que foi o seu início para todos; e este cemitério que foi o seu fim para muitos. E penso numa dessas ironias da História, num desses labirintos das possibilidades do destino que ficaram por concretizar. E se o Havai tivesse ficado para a Rússia, como esteve quase para acontecer no final do século XIX? Esta seria uma das consequências possíveis: Pearl Harbour não teria sido atacado pelos japoneses, provavelmente os americanos não teriam entrado na guerra, a Europa não teria conseguido por si só travar Hitler e todos nós seríamos hoje nazis. A História não seguiu por aí, felizmente. O Cemitério do Pacífico celebra a Europa que surgiu depois desta guerra, a liberdade que define os europeus, a vida tão sorridente que temos levado desde então.


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Saiba já

CONGELAR E DESCONGELAR

Frescura e nutrientes Frescura Frescura e nutrientes garant

■ No carro temp dem ■ Or a de fresc alim iogu gelad isoté ■ Em os al O de acar temp dese crorg to, re valid tida, pode A m mas caus com

teste saúde 111 outubro/novembro 2014

Quase todos os alimentos podem ser congelados e conservados durante meses, desde que se respeitem algumas regras de higiene e a cadeia de frio

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Pode conservar fruta e legumes da época para consumir ao longo do ano ou aproveitar promoções de embalagens grandes de carne, se tiver um congelador de quatro estrelas. Os de três estrelas garantem frio a – 18ºC, mas não servem para iniciar o processo de congelação. Apenas mantêm os alimentos previamente congelados. Os congelados conservam a maioria das suas propriedades nutritivas. A textura dos alimentos ricos em proteínas (carne e peixe) poderá ficar ligeiramente modificada, mas não a composição. As gorduras tendem a perder algumas características, embora a congelação a – 18°C limite a alteração do sabor e da textura. Os alimentos ricos em hidratos de carbono (bolos, pão), pelo contrário, preservam todas as qualidades nutricionais.

Sacos isotérmicos para o transporte ■ A congelação correta pressupõe algumas regras básicas de higiene e conservação, como o respeito pela cadeia de frio, desde o supermercado até casa.

Congelar em casa com muita arte e engenho

PÃO E MASSA PARA BOLOS E PIZAS O pão e os bolos acabados de sair do forno devem ser arrefecidos antes. Pode congelar massa crua para pão e bolos, desde que acrescente um terço ao fermento necessário. Este não suporta temperaturas muito baixas. Não deixe fermentar a massa antes de congelar. As tartes, as bolachas, os biscoitos e os crepes congelados mantêm as suas propriedades. Os bolos com creme devem ser consumidos num mês.

FRUTA

LEGUMES

CAR

Congele apenas fruta bem madura e sem danos. A mais delicada, como os morangos ou as framboesas, deve ser congelada individualmente. Disponha-a num prato e coloque no congelador. Quando estiver dura, mude-a para um saco. A fruta pode ser conservada no congelador até um ano. Deve ser consumida assim que descongela. A textura de algumas peças pode alterar e deixar de satisfazer o paladar. Aproveite-a para tartes, sumos, doces ou batidos.

Quase todos os legumes podem ser congelados. Conservam-se até um ano. Só os que se consomem crus, em saladas, não suportam o processo: perdem muita água, o que altera as suas características. Com exeção do tomate e do alho francês, os legumes devem ser branqueados antes de serem congelados (ver pág. 32). Para evitar a formação de blocos, siga os passos indicados para a fruta delicada. Os legumes podem ser cozinhados sem descongelar.

Cong após ossos exces porçõ conge meno nutrit O pra segun A ma temp a gor


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Saiba já

garantidos ara tidos ara ntidos ntidos

ALimENtOS

FRutA

ALimENtOS ALimENtOS Prazo de conservação (meses)

Prazo Prazo dede conservação conservação (meses) (meses)

FRutA FRutA Pera, maçã, morangos, melão, Pera, Pera, etc.maçã, maçã, morangos, morangos, melão, melão, etc.etc.

E LEGumES E LEGumES E LEGumES os dias quentes, estacione ■ Nos ■ Nos dias dias o quentes, quentes, estacione o o Só Só os estacione Só osos 12 Cenoura, abóbora, couve Cenoura, Cenoura, abóbora, abóbora, couve couve o à sombra para evitar carro carro que à sombra à sombra a aparelhos para para evitar evitar que que a a aparelhos e a maioria dos hortícolas e aemaioria a maioria dosdos hortícolas hortícolas aparelhos peratura no habitáculo temperatura temperatura suba nono habitáculo suba PAStELARiA massa PAStELARiA PAStELARiA folhada ou quebrada Pão, Pão, massa massa folhada folhada ou ou quebrada quebrada dehabitáculo 4**** sãosuba de de 4**** 4**** são sãoPão, 6bolos E PãO ou massa E PãO Ecrua PãOpara bolos ou ou massa massa crua crua para para bolos masiado. demasiado. demasiado. adequados adequados rganize as compras, ■ Organize de ■ Organize forma as as compras, compras, dede forma forma adequados Massas para pão ou pizas cruas Massas Massas para para pãopão ou ou pizas 3pizas cruas cruas para congelar para congelar congelar eixar para o fim os a deixar produtos a deixar para para o fim o fim osos produtos produtos para Tartes de fruta Tartes Tartes de de fruta fruta 3 produtos produtos Bolachas e crepes cos e mais perecíveis, frescos frescos como e mais e mais perecíveis, perecíveis, como como produtos Bolachas Bolachas e crepes e crepes 6 mentos refrigeradosalimentos (manteiga, alimentos refrigerados refrigerados (manteiga, frescos frescos(manteiga, frescos Bolos com creme Bolos Bolos com com creme creme 1 urtes, queijo e fiambre) iogurtes, iogurtes, e conqueijo queijo e fiambre) e fiambre) e cone con- LAtiCíNiOS LAtiCíNiOS LAtiCíNiOS Manteiga Manteiga Manteiga 6 dos. Transporte-os gelados. em gelados. sacos Transporte-os Transporte-os emem sacos sacos Queijos de pasta mole e semimole Queijos Queijos de de pasta pasta mole mole 8e semimole e semimole érmicos. isotérmicos. isotérmicos. CARNE CARNE Bifes deCARNE vaca sem gordura Bifes Bifes de de vaca vaca sem sem gordura 10 gordura m casa, comece por ■ Em ■arrumar Em casa, casa, comece comece por por arrumar arrumar Entrecosto, costeletas e bifanas Entrecosto, Entrecosto, de porco costeletas costeletas e bifanas de de porco porco 6e bifanas limentos frescos e congelados. osos alimentos alimentos frescos frescos e congelados. e congelados. Hambúrgueres, carne picada Hambúrgueres, Hambúrgueres, carne carne picada 2picada esrespeito pela cadeia OO desrespeito desrespeito de frio pela pela cadeia cadeia dede frio frio Porco com alguma gordura (perna) Porco Porco com com alguma alguma gordura gordura 2 (perna) (perna) rreta riscos: um aumento acarreta acarreta da riscos: riscos: um um aumento aumento dada Porco com muita gordura (toucinho) Porco Porco com com muita muita gordura gordura 2 (toucinho) (toucinho) peratura provoca temperatura e acelera temperatura o provoca provoca e acelera e acelera o o Salsichas frescas, frango e peru Salsichas Salsichas frescas, frescas, frango frango 10 e peru e peru envolvimento de possíveis desenvolvimento desenvolvimento midede possíveis possíveis mimiCoelho, lebre e caça (veado,Coelho, javali) Coelho, lebre lebre e caça e caça (veado, 6 (veado, javali) javali) ganismos existentescrorganismos no crorganismos produ- existentes existentes nono produproduEnchidos (chouriço, linguiça,Enchidos salpicão) Enchidos (chouriço, (chouriço, linguiça, 2linguiça, salpicão) salpicão) eduzindo o respetivo to,to, prazo reduzindo reduzindo de o respetivo o respetivo prazo prazo dede Peixe magro PEixE PEixE ou meio-gordo,Peixe como Peixe magro magro ou ou meio-gordo, meio-gordo, como como dade. Um produto validade. que, validade. à parUm Um produto produto que, que, à parà par- PEixE 6 solha pescada, E mARiSCO raia, E mARiSCO truta, solha epescada, dourada pescada, raia, raia, truta, truta, solha e dourada e dourada , estava em boas tida, condições, tida, estava estava emem boas boas condições, condições, E mARiSCO Peixe gordo, como atum, salmão, Peixe Peixe gordo, gordo, como como atum, atum, salmão, salmão, erá originar uma intoxicação. poderá poderá originar originar uma uma intoxicação. intoxicação. 3 sardinhas ou carapaus sardinhas sardinhas ou ou carapaus carapaus maioria destas sãoAbenignas, A maioria maioria destas destas são são benignas, benignas, Marisco Marisco Marisco 3 pode haver microrganismos mas mas pode pode haver haver microrganismos microrganismos PRAtOS Sopas, PRAtOS lasanha, PRAtOS molho bolonhesa, Sopas, Sopas, lasanha, lasanha, molho molho bolonhesa, bolonhesa, sadores de toxinfeções causadores causadores graves, dede toxinfeções toxinfeções graves, graves, 3 etc. COziNhADOS bacalhau COziNhADOS COziNhADOS com natas, etc. bacalhau bacalhau com com natas, natas, etc. mo Salmonella, Staphylococcus como como Salmonella, Salmonella, Staphylococcus Staphylococcus

6 6 3 3 3 3 6 6 1 1 6 6 8 8 10 10 6 6 2 2 2 2 2 2 10 10 6 6 2 2 6 6 3 3 3 3 3 3

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teste saúde 111 outubro/novembro 2014 teste saúde 111 outubro/novembro 2014

CARNE CARNE PEIXE E MARISCO PEIXE PEIXE EPRATOS MARISCO E MARISCO COZINHADOS PRATOS PRATOS LATICÍNIOS COZINHADOS COZINHADOS E “AROMAS” LATICÍNIOS LATICÍNIOS E “AROMAS” E “AROMAS” teste saúde 111 outubro/novembro 2014

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gele logo ao chegar a casa, Congele Congele logo Ologo peixe ao ao chegar echegar o marisco a casa, a casa, degradamO peixe O peixe e oOs emarisco opratos marisco degradamcozinhados degradamcongelados OsOs pratos pratos cozinhados O leite cozinhados e os congelados iogurtes congelados ganham O leite O leite e os e os iogurtes iogurtes ganham ganham as compras. Retire osapós após as as compras. -se compras. depressa. Retire Retire Só os os congele -se-se depressa. depressa. em Só pequenas Só congele congele porções podem emem pequenas pequenas grumos porções porções quando podem podem congelam.grumos grumos quando quando congelam. congelam. s, os tendões e a gordura ossos, ossos, emos os tendões aquele tendões em e aecuja gordura a gordura frescura ememconfia. aquele aquele emem revelar-se cuja cuja frescura frescura muito confia. confia. práticos nos revelar-se revelar-se Os muito muito queijos práticos práticos frescos nosnos tambémOsOs queijos queijos frescos frescos também também sso e guarde-a em pequenas excesso excesso e guarde-a Certifique-se e guarde-a emem pequenas depequenas que não foi Certifique-se Certifique-se diasdeem de que que que não há não foi menos foi tempo dias dias emem que não que hádevem há menos menos ser tempo congelados. tempo não Pelo não devem devem serser congelados. congelados. Pelo Pelo ões. Assim preparada,porções. porções. Assim descongelado Assim preparada, preparada, na peixaria. descongelado descongelado parana dedicar na peixaria. peixaria. ao fogão. para para dedicar dedicar contrário, ao ao fogão. fogão. os de pasta molecontrário, ou contrário, os os de de pasta pasta mole mole ou ou ela mais depressa e perde congela congela mais Se mais tal depressa depressa sucedeu, e perde esóperde deverá irSepara Se taltal sucedeu, sucedeu, Caso só cozinhe só deverá deverá com ir para irintenção para Caso de Caso cozinhe cozinhe semimole com com intenção (Queijo intenção de Serpa, de Queijo semimole semimole (Queijo (Queijo Serpa, Serpa, Queijo Queijo os sucos e qualidadesmenos menos sucos sucos o congelador e qualidades e qualidades após a cozedura. o congelador o congelador congelar após após aocozedura. a excedente, cozedura.evite congelar sal congelar e ode excedente, o Azeitão, excedente, Queijo evite evite sal Serra sal e edadeEstrela, de Azeitão, Azeitão, Queijo Queijo Serra Serra da da Estrela, Estrela, tivas. nutritivas. nutritivas. Se estiver fresco, pode seguir Se Se estiver estiver fresco, especiarias fresco, pode pode em seguir seguir excesso. especiarias especiarias Camembert emem excesso. excesso. e Brie, por exemplo) Camembert Camembert e Brie, e Brie, porpor exemplo) exemplo) azo para consumir varia O prazo O prazo para cru, para consumir mas consumir bemvaria limpo, varia descamado, cru, cru, mas mas bem Os bem condimentos limpo, limpo, descamado, descamado, podem adulterar OsOs condimentos condimentos mantêm podem podem as suas adulterar adulterar propriedades mantêm mantêm as as suas suas propriedades propriedades ndo o tipo de carne. segundo segundo o sem tipo o tipo tripas de de carne. carne. nem cabeça. sem sem tripas tripas onem sabor nem cabeça. dos cabeça. alimentos durante o sabor o sabor dosedos alimentos a textura. alimentos A durante manteiga durante pode e aeser textura. a textura. A manteiga A manteiga pode pode serser ais gorda conserva-se A menos mais A mais gorda gorda Os crustáceos, conserva-se conserva-se como menos menos o camarão, OsOs crustáceos, crustáceos, a conservação. como como o camarão, o camarão, É preferívela conservação. a conservação. congelada É preferível É preferível até seis meses. congelada congelada atéaté seis seis meses. meses. po do que a magra, porque tempo tempo do do que podem que a magra, aser magra, congelados porque porqueinteiros, podem podem serser temperar congelados congelados após inteiros, inteiros, a descongelação. temperar temperar após Seapós armazenou a descongelação. a descongelação. ervas aromáticas Se Se armazenou armazenou ervas ervas aromáticas aromáticas rdura oxida com facilidade. a gordura a gordura oxida num oxida saco com com com facilidade. facilidade. água no fundo, num num saco saco com Estes com água pratos água no no devem fundo, fundo, ser Estes Estes pratos pratos emdevem excesso, devem serser congele-as em em azeite em excesso, excesso, congele-as congele-as emem azeite azeite ou descascados e branqueados. ou ou descascados descascados consumidos e branqueados. e branqueados. no prazo de três consumidos consumidos ouno cubas no prazo prazo dede gelo de três três e use-as,ou ou cubas cubas de de gelo gelo e use-as, e use-as, meses. meses. meses. por exemplo, em molhos. porpor exemplo, exemplo, emem molhos. molhos.


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Saiba já

CONGELAR E DESCONGELAR

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spp ou Listeria monocytogenes. Estas bactérias são responsáveis por grastroenterites fortes, nomeadamente em pessoas mais vulneráveis, como grávidas, crianças, idosos ou doentes com o sistema imunitário fragilizado. No caso das grávidas, é preciso especial cuidado com a Listeria monocytogenes, já que pode desencadear aborto. ■ Rejeite os produtos com aspeto, cheiro ou sabor alterados. O prazo indicado só é válido se as condições de conservação referidas no rótulo forem respeitadas e enquanto a embalagem estiver fechada. Não congele alimentos próximos do limite de validade. A congelação trava a proliferação de microrganismos, mas não os destrói. Poderão voltar a desenvolver-se assim que iniciar a descongelação.

tRuquES PARA DESCONGELAR

MAIOR SEGURANçA EM AMBIENTE FRIO Com exceção do pão, pouco perecível, não descongele alimentos à temperatura ambiente. O risco de contaminação é elevado e pode alterar o sabor e a cor do produto.

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Passe os alimentos do congelador para a zona frigorífica durante algumas horas ou opte pela função “descongelação” do micro-ondas.

´ ´ ´

Deite fora a água que resulta da descongelação, para evitar o desenvolvimento de microrganismos.

Os legumes e o peixe podem ser cozinhados diretamente, sem descongelarem. Poderá acelerar a descongelação passando o alimento por água fria, debaixo da torneira, dentro da embalagem fechada.

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Depois de descongelados, deverá consumir ou preparar os alimentos no prazo de 24 horas.

As caixas de plástico herméticas reutilizáveis são ideais para congelar

Quatro estrelas a congelar

teste saúde 111 outubro/novembro 2014

■ Para uma boa higiene e conservação, verifique regularmente a temperatura do congelador: deve permanecer a – 18ºC, pelo menos. ■ A cada três ou seis meses, descongele e limpe o interior do aparelho com duas colheres de sopa de vinagre ou de bicarbonato de sódio diluídas em água morna. Para remover as placas de gelo, use uma espátula de plástico ou de madeira. As facas e secadores de cabelo são proibidos, já que podem danificar o aparelho. Se-

que bem com um pano limpo e volte a ligar. ■ Um corte de eletricidade nem sempre significa deitar tudo fora. Os alimentos podem manter-se bem conservados durante algumas horas. Não abra a porta. Logo que a corrente volte, verifique o estado dos produtos e, no prazo de 24 horas, cozinhe os que descongelaram. Se não for possível, deite-os fora. Uma vez cozinhados, pode voltar a congelar.

Como branquear legumes Mergulhe os vegetais limpos, descascados e cortados durante 2 ou 3 minutos em água a ferver (2 litros por cada 500 gramas). Arrefeça-os num recipiente com água fria e gelo, seque-os com um pano ou papel de cozinha e congele. No caso de legumes que tendam a oxidar, como alcachofras e beringelas, junte meio limão e duas colheres de vinagre à água a ferver, antes de colocar os alimentos.

TESTE SAÚDE ACONSELHA

Arte de bem congelar

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Lave bem as mãos e use facas e tábuas limpas para manipular e cortar os alimentos. Use recipientes herméticos e limpos (caixas de plástico ou sacos de congelação novos), para evitar que os alimentos oxidem ou fiquem queimados pelo frio.

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Congele pequenas porções, para acelerar o processo de (des)congelação e cole uma etiqueta com o nome do alimento, o peso e a data de congelação.

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Anote num quadro os alimentos armazenados, com as respetivas datas de congelação. Evita assim compras inúteis.

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Verifique regularmente a temperatura do congelador. Deve ser inferior a – 18°C. Descongele-o e limpe-o a cada três ou seis meses. Assim, previne contaminações e poupa energia, já que a acumulação de gelo gera maior gasto. Deco Proteste


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Modelo publicitário a aprovar

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Genève, 09/10/2014

Bom dia estimados Senhores, Junto envio-­‐vos a composição da vossa publicidade proposta pelo nosso grafista. A mesma aparecerá pela primeira vez, na revista n°9 da Lusitània Contact, editada ao 1 de Dezembro. Para qualquer modificação agradecia que me contatassem o mais rápido possivel Coim os meus melhores cumprimentos Luis Mata


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Temas jurídicos

Sobre a dupla tributação fiscal dos rendimentos Joana Santos pergunta: «estando a trabalhar no estrangeiro sou obrigada a declarar em Portugal os rendimentos auferidos fora do país?» Ora vejamos. A questão levantada encerra duas problemáticas distintas mas interdependentes. A primeira consiste em saber a que corresponde o conceito de «residência fiscal». Sobre esta matéria, apesar de cada país ter a sua própria definição de «residência fiscal», em regra um contribuinte é tido como residente fiscal no país onde permanece durante mais de seis meses por ano. Assim, quem residir em território nacional mais de 183 dias durante um determinado ano é considerado residente fiscal desse país e, por conseguinte, está obrigado a entregar a declaração dos seus rendimentos em Portugal e incluir os rendimentos obtidos no estrangeiro. Nalguns casos pode acontecer que o contribuinte seja considerado residente fiscal em mais do que um país, podendo todos eles exigir o pagamento de impostos sobre a totalidade do rendimento auferido noutro(s) país(es).

A segunda questão é a de saber «se» e «como» se pode evitar o fenómeno da dupla tributação, isto é, ser tributado duas vezes sobre o mesmo rendimento. Precisamente para evitar situações de dupla tributação, o Estado Português celebrou Convenções tendentes à eliminação da dupla tributação internacional com diversos países, designadamente a Espanha, Alemanha, Suíça, etc. (a lista completa está disponível no sítio web da Autoridade Tributária Portuguesa ). Nos termos destes instrumentos, compete ao país de residência do contribuinte eliminar a dupla tributação através da prova, por parte deste, do pagamento do imposto no país estrangeiro. Note-se que incumbe ao contribuinte, e não à autoridade tributária, o ónus de invocar e fazer prova de que o imposto não só foi retido por uma entidade estrangeira como foi efetivamente pago fora do país. Neste âmbito, o serviço de finanças não está obrigado a confirmar as informações prestadas pelos contribuintes respeitantes ao pagamento do imposto. A este propósito, veja-se, por exemplo, o sumário do Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo Português, de 22-02-2012, que diz o seguinte:

I − Para prova do imposto pago em Espanha por rendimentos de trabalho aí auferidos, para efeitos de aplicação da Convenção para Evitar a Dupla Tributação celebrada entre a República Portuguesa e o Reino de Espanha (Art.º 23.º, n.º 2, al. a) da Convenção), não basta a declaração emitida pela entidade patronal da qual conste o valor das retenções na fonte efetuadas. II − Imposto retido pela entidade patronal espanhola não equivale a imposto pago em Espanha. III − Recaindo o ónus da prova dos factos constitutivos do direito sobre quem o invoque (Art.º 74.º da LGT e 342.º do C.C), era sobre o contribuinte que recaía a obrigação de demonstrar o direito a deduzir à coleta o montante relativo à dupla tributação internacional, ou seja, o imposto sobre o rendimento pago no estrangeiro (Art.º 81.º do CIRS). IV − Inexistindo qualquer prova que ateste o pagamento do imposto, não pode a Administração Tributária substituir-se ao contribuinte, diligenciando pela obtenção ab initio de prova que lhe competia a ele trazer para a declaração de rendimentos. http://info.portaldasfinancas.gov.pt/pt/informacao_ fiscal/convencoes_evitar_dupla_tributacao/convencoes_tabelas_doclib/

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De saltos altos

uma aventura! Ser mulher é…

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S

er tura sofre uma transformação mágica. Uma mulher mulher é, assim, certos dias Cinderela, noué, sem tros gata-borralheira. E eu sou exatamente sombra como qualquer uma de vós, amigas, acordo de dúvida, uma e vivo cem mil coisas num só dia. Por vezes aventura e há embrulhada na exposição de ser figura públicoisas que só ca e outros apenas esposa, mãe, profissional, as mulheres amiga, filha, entre o oito e o oitenta, sentido entendem. o vento no rosto onde me sinto apenas mais Não é que os um simples e comum mortal entre uma e acontecimenoutra correria. Bastet Figueiredo Cabeleireira tos e desafios Por falar em correria, perto está a altura ultrafeminina.PT da vida não do ano de todas as correrias: o Natal! O sejam examesmo Natal que vem e trás para uns tamente os mesmos para ambos os sexos, o reencontro com os seus mais mas é certo que a análise e interpretação dos amados e para outros a melanmesmos difere em função do género. colia da distância… Por outro lado, o papel da mulher na sociedade «Uma mulher é, assim, certos dias Cinderela, ainda é coisa, pelo menos no noutros gata-borralheira. E eu sou exatamente nosso país natal, Portugal, que tem muitos passos como qualquer uma de vós, amigas, acordo para dar. E este é um tema e vivo cem mil coisas num só dia. Por vezes que prometo desenvolver embrulhada na exposição de ser figura pública convosco ao longo destas e outros apenas esposa, mãe, profissional, amiga, nossas conversas. Por esta volta, quero sofilha, entre o oito e o oitenta, sentido o vento mente passar-vos o orgulho no rosto onde me sinto apenas mais um simples que temos, nós mulheres, e comum mortal entre uma e outra correria.» de o ser, de o cultivar e de o vivenciar a cada dia. Com um simples par de saltos altos Para quem tiver de passar pela privauma mulher transforma-se, a sua silhueta ção de não estar junto dos seus, deixo aqui alonga-se tornando-se mais esguia e mais uma sugestão. Não deixe de ter Natal e de esbelta, a sua altura aumenta e a sua poso construir em sua casa. De por uma mesa

Banco Montepio Geral Banco Santander Totta Caixa Geral de Depósitos A Lusitânia Contact, está sedeada em Genéve. Cepeda Voyages É distribuída gratuitamente em toda a Suíça com uma Crédits Conseils - Versoix tiragem de 10 mil exemplares a cores. Épicerie du Lignon Finassur SA Ibercash SA Livraria Camões Bern: Embaixada de Portugal Lausanne: Banco Espírito Santo Fribourg: Agência Leitão Banco Millennium BCP Genève: Consulado-Geral de Portugal Casa Algarve – Aclens Alsa - Eurolines Voyages Império SA (Escritório e autocarros da SEP Voyages linha Portugal/Suíça/Portugal) Lugano: Serviços Consulares Boulangeries BOM GOSTO de Portugal Brasserie du Lignon Luzern: CeliMar - Consulting GmbH Banco BPI Neuchâtel Banco Espírito Santo Banco Espírito Santo Sion: Serviços Consulares de Banco Millennium BCP Portugal

ONDE ESTAMOS

bonita, decorar as próprias casas e encher as suas salas desse brilho tão especial que só esta quadra possui. Quanto a quem está longe, faça uma surpresa original e ponha a sua imaginação a trabalhar. Escreva com os próprios punhos uma carta, um postal ou uma simples fotografia da «nova terra» com um beijo manuscrito no verso. E faça-o em papel. Como nos velhos tempos. Vai doer mais do que um e-mail garanto-vos, mas há de deixar um sentimento bom de quem acarinhou os seus. Quanto aos presentes de Natal, compre os que quiser mas não se esqueça de um: o seu! Todas as mulheres merecem. Quanto a nós… combinamos encontro já no ano que se avizinha e até lá, não sejam apenas femininas… sejam UltraFeminas!

Banco Espírito Santo Novomar - Voyages (Escritório e autocarros da linha Portugal/Suíça/Portugal)

Vevey: Atlas Groupe Zurich: Consulado-Geral de Portugal Banco Espírito Santo Banco Millennium BCP Banco Santander Totta Em toda a Suíça: Orange: na rede das 94 lojas desta operadora. Associações Portuguesas: enviamos um exemplar a todas as que conhecemos. Caso não recebam, peçam para: comercial@ilustrevasion.com

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Juventude

A sociedade tem procurado formar profissionais, não homens

Luís Pestana Jornalista lusitaniacontact7@gmail.com

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as etapas da vida humana corrente, existem duas que, por serem as formativas do caráter e preparatórias do espírito para a luta, merecem a mais acentuada preocupação por parte dos pais, dos professores que tenham como encargo a tarefa de educar, e das autoridades cuja função seja a de zelar pelo futuro das gerações jovens: a infância propriamente dita, que vai até os doze anos, e a juventude, que, partindo da adolescência, se interna na vida depois dos vinte e cinco anos, oportunidade em que esta haverá de exigir, como dever irrecusável, uma contribuição à sociedade humana em termos de cultura, capacidade e iniciativa. É uma verdade inegável que a educação da infância e da juventude tem sido visivelmente descuidada em quase todos os povos do mundo, apesar de geralmente se pensar que, nas salas de aula das escolas, o aluno recebe educação suficiente e que, cumpridos os programas de estudo, ele terá completado

a sua preparação. A experiência já demonstrou que não é assim. As crianças precisam ser preservadas de todo elemento nocivo ou pernicioso para seu espírito: escutar conversações impróprias para sua idade, ou delas participar; companhias inadequadas; leituras inconvenientes; filmes não recomendáveis para sua incipiente reflexão, etc. Quanto à juventude, faz-se imprescindível uma preparação que lhe permita enfrentar com inteligência e valentia as contingências da vida; em poucas palavras, o que a alma do jovem requer são estímulos sadios e nobres, como também raciocínios férteis sobre sua conduta e as perspetivas que, de acordo com ela, haverão de se abrir para o seu futuro. Acima de tudo isso, porém, será mister orientá-lo sobre as experiências instrutivas das lutas diárias, sobre modos de conduzir-se e, principalmente, sobre a importância que seu próprio porvir tem para ele e para a sociedade. Sabe-se que nem todos os jovens oferecem as condições requeridas para

cumprir, mais tarde, altas funções em quaisquer atividades em que, por sua inclinação natural e vocação, lhes tocasse atuar, e que nem todos serão chamados a assumir responsabilidades de vital importância em posições que requeiram a influência efetiva da capacidade pessoal, ou seja, uma competência superior; mas não haverá dúvida de que um treino adequado permitirá que sejam muitos mais os que se capacitem e se destaquem num amanhã, quando a pátria, e talvez a humanidade, deles necessitem. Parece, e muitos são os motivos pelos quais isto já pôde ser confirmado, que em todos os povos do mundo os afãs da sociedade humana tenderam a formar profissionais da ciência, da política, do comércio, da indústria, etc., mas não a formar homens, homens a quem os próprios povos poderiam confiar os seus altos destinos em todos os aspetos da vida política, social e cultural, com miras perduráveis de progresso e unidade moral.


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Desporto

Pedro Alves Antigo campeão de Hóquei em Patins pedroalves8@gmail.com

ortugal e os portugueses podem orgulhar-se de ter o melhor jogador do mundo de futebol, sim, é português, é o Cristiano Ronaldo e espalha magia pelos estádios de futebol. No entanto, temos também outros portugueses no desporto que, não sendo tão mediáticos, conseguem elevar o nome de Portugal bem alto e espalhá-lo pelos quatro cantos do mundo. Para um país que tem apenas um pouco mais de 10 milhões de pessoas, é, ainda assim, grandioso em conquistas desportivas mesmo em época de crise: Por exemplo, no Hóquei em Patins, modalidade que elegi como praticante, Portugal foi recentemente campeão do mundo sub-20, modalidade que tantas alegrias nos tem dado a todos nós; no Ténis de Mesa, a seleção lusa conseguiu um grande feito ao tornar-se também campeã europeia; no Atletismo, Sara Moreira conseguiu, logo na sua estreia na modalidade e nesta prova, o 3.º lugar na Maratona de Nova Iorque e a respetiva medalha de bronze; Telma Monteiro, a nossa grande judoca de nível internacional, voltou a conquistar uma medalha no Mundial de Judo, desta vez a medalha de prata; no Ciclismo, Rui Costa depois de ter sido campeão mundial de estrada em 2013, conseguiu, pela terceira vez consecutiva, a vitória na Volta à Suíça; a dupla portuguesa de Canoagem, composta por Emanuel Silva e João Ribeiro, é a mais recente campeã europeia de K2 500 metros. Isto para não falar nas velhas glórias como Eusébio, António Livramento, Carlos Lopes, Rosa Mota, etc. Tal como no desporto, temos muitos outros campeões em muitas outras áreas da sociedade independentemente da crise que o país atravessa. Motivos de orgulho, assim como vontade de vencer, não nos devem faltar para honrar o nosso país: a pátria de Camões, o nosso símbolo e a grande referência no campo da literatura como poeta maior de todos os tempos.

No desporto não há crise

CRISTIANO RONALDO - FUTEBOL

EMANUEL SILVA E JOÃO RIBEIRO - CANOAGEM

CAMPEÕES DO MUNDO SUB20 DE HÓQUEI EM PATINS

SARA MOREIRA - ATLETISMO

CAMPEÕES EUROPEUS DE TÉNIS DE MESA

TELMA MONTEIRO - JUDO

RUI COSTA - CICLISMO


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Curiosidades do mundo

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Porque razão a água do mar é salgada?

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uase todos nós já pusemos a seguinte questão: por que razão é salgada a água do mar? Pois bem, neste artigo iremos explicar essa razão, procurando responder a esta curiosidade de muitas pessoas! Durante milhares de anos a erosão da chuva, do vento, do mar e dos caudais dos rios provoca desgaste nas rochas. Dessa forma, grande quantidade de sais minerais que as constituem acaba por desaparecer. Por sua vez, os rios, ao percorrem os continentes, transportam consigo átomos e moléculas de cloro e de sódio os quais, ao serem deslocados para o mar, acabam por se alojar nas rochas. Por outro lado, a chuva também é responsável pela dissolução dos sais minerais da superfície terrestre levando-os para o mar e fazendo aumentar a concentração de sal na água. Assim sendo, o sal acumula-se nos oceanos devido ao processo de evaporação da água. Quer

dizer, aquando do processo cíclico de transporte de sais minerais para o mar (e posterior evaporação das águas) o sal acaba por se ir acumulando. Como o sal não desaparece na água (na verdade fica dissolvido), começa a acumular-se no mar. Ao longo de centenas de milhões de anos a repetição deste processo foi tornando o mar salgado tal como o conhecemos nos dias de hoje.

Composição da água do mar

A verdade é que o cloreto de sódio – composição química do vulgar sal de cozinha – não é a única substância que encontramos dissolvida na água do mar, apesar de ser a mais abundante, daí o forte sabor salgado desta. De facto, para além do sal, podemos ainda encontrar substâncias tão diversas como os cloretos de magnésio e de potássio, o bicarbonato de cálcio, assim como os sulfatos de magnésio e de cálcio.

Águas com maior densidade de sal

O Grande Lago Salgado de Utah, nos Estados Unidos, e o Mar Morto, no Médio Oriente, ao apresentarem grandes concentrações de sal permitem que as pessoas flutuem na água.

Fazendo uma comparação com a concentração média de sal nestas águas e nos restantes oceanos, podemos dizer que, em 100 ml de água, encontramos cerca de 3 gramas de sal. Já no Grande Lago Salgado de Utah e no Mar Morto, esses mesmos 100 ml concentram entre 30 a 35 gramas de sal, ou seja, têm dez vezes (ou um pouco mais) concentração salina. O Mar Báltico, no norte da Europa, contrasta com esta realidade. De facto, apresenta uma baixa concentração de sal, razão pela qual chega a ficar congelado durante o inverno.

Curiosidades sobre o sal da água do mar

Se o sal fosse retirado do mar e espalhado sobre a Terra obteríamos uma camada com cerca de 150 metros de espessura, correspondendo, aproximadamente, à altura de um prédio de 40 andares. Em 28 litros de água do mar poderíamos retirar cerca de 2 quilogramas de sal. Aproveite para ler outras curiosidades sobre a Natureza nos próximos números da Lusitânia Contact: − O que são monções? − Por que razão o céu é azul? − Por que razão o planeta Marte é vermelho? − Algumas curiosidades impressionantes sobre o Sol. (Adaptado do site: www.curiosidadesdomundo.com)


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Curiosidades do mundo

Porque não estão os teclados por ordem alfabética? É provável que até consiga escrever sem olhar para o teclado do seu computador, mas também é provável que, em algum momento, já se tenha questionado sobre a razão por que as teclas não estão por ordem alfabética. Na verdade, a disposição não é aleatória e a razão é simples e tem uma lógica: a disposição das teclas obedece ao padrão da máquina de escrever, concebida pelo americano Christopher Sholes (14/02/1819-17/02/1890) em 1868, o criador do teclado QWERTY. Este nome foi adotado devido à disposição das primeiras seis teclas. Sholes estudou as combinações de letras mais utilizadas na Língua inglesa e considerou que a melhor opção era distanciar as mais utilizadas das outras. Evitava-se, assim, que as hastes de cada letra, ao subirem com pouco tempo de intervalo, ficassem presas umas nas outras. Seria, portanto, muito mais prático e rápido agrupar as letras tendo por base o critério de maior utilização. Este padrão espalhou-se pelo mundo desde então, sendo hoje adotado pela grande maioria dos teclados dos computadores. Como tudo começou… Apesar de as teclas não estarem dispostas por ordem alfabética, a verdade é que houve uma tentativa por parte do criador em as ordenar assim. No entanto, essa disposição criava alguns problemas à digitação. Tendo em conta que muitas das palavras inglesas têm vários «th» e «st», o que obrigava à sua frequente digitação, se essas letras estivessem juntas isso dificultaria a escrita. Por essa razão houve necessidade de estas teclas serem postas no teclado em locais mais distantes umas das outras, para se evitar a colisão. Este afastamento, além de ter permitido que a digitação fosse feita mais rapidamente, incentivou também a escrita dos textos com as duas mãos. Controvérsias... Depois de muitos anos de estudo, o americano August Dvorak (05/05/189410/10/1975), psicólogo educacional e professor de educação na Universidade de Washington, ajudado por William Dealey, seu cunhado, criou um novo teclado para substituir o padrão QWERTY, com o qual prometida uma escrita mais rápida e eficiente da Língua inglesa. Garantiu que era possível digitar 3000 palavras na linha principal contra 50 do teclado QWERTY. Para provar esta descoberta,

chegou a realizar competições para descobrir qual dos dois teclados era mais adequado. No entanto, como as pessoas já estavam habituadas ao padrão QWERTY, o modelo proposto, conhecido por padrão Dvorak, acabou por nunca ter tido grande impacto, sendo, no entanto, utilizado mais tarde nos computadores. Dvorak e Dealey, juntamente com Nellie Merrick e Gertrude Ford, escreveram o livro Typewriting Behavior (Comportamento da Digitação), publicado em 1936. Este livro é um relatório bastante profundo sobre a psicologia e a fisio logia da digitação. August Dvorak é parente distante do compositor checo Antonin Dvorak.

Curiosidades sobre o teclado QWERTY

O teclado QWERTY não é adotado em todos os países. Em alguns é preferencialmente usado o AZERTY (França e Bélgica), o QWERTZ (Alemanha) ou o QZERTY (Itália), assim como os símbolos, diacríticos (sinais gráficos como o acentos agudo e circunflexo, o til, a cedilha, o parágrafo etc.) e os carateres acentuados também ocupam uma posição diferente em teclados internacionais do QWERTY. A palavra typewriter (máquina de escrever, em inglês) pode ser escrita recorrendo apenas às teclas da primeira linha do teclado. As letras mais usadas estão na linha do meio, o que confere uma maior rapidez na digitação; as letras menos utilizadas estão na linha inferior, sendo mais difícil alcançá-las. A mão direita abrange a maior parte do teclado, já que grande parte da população é destra. A máquina de escrever, geralmente equipada com o teclado QWERTY, ao permitir que se escrevesse mais rapidamente do que à mão, acabaria por provocar uma grande revolução social: as mulheres conseguiram assim o seu primeiro trabalho valorizado. O número de mulheres empregadas subiu espantosamente e isso produziu uma grande procura de especialização em digitação. (Adaptado do site: www.curiosidadesdomundo.com)

Christopher Latham Sholes

August Dvorak

Teclado QWERTY

Teclado simplificado Dvorak

Teclado Dvorak para a mão esquerda

Teclado Dvorak para a mão direita


Dezembro

Recanto do lazer sabores de Portugal

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Amílcar Malhó Jornalista gastronómico amalho@gmail.com

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dificuldade em se conseguir farinha para o pão e o facto de a batata ainda não ter sido introduzida na alimentação dos portugueses fez que este fruto fosse a base da alimentação no século XVII, especialmente em regiões como Trás-os-Montes e Beiras. O castanheiro encontra as melhores condições para se desenvolver, essencialmente em zonas com altitudes superiores a 500 m e baixas temperaturas no inverno, pelo que, em Portugal, a castanha é muito abundante no interior Norte e Centro, sendo Marvão a exceção a sul do rio Tejo. Atualmente a castanha tem vindo a ser cada vez mais usada na culinária em guarnição de pratos, nomeadamente em puré, no forno, ou frita, em doçaria, compotas e sopas, entre outros usos. Os novos chefes da cozinha portuguesa estão a usar a castanha em criações culinárias mais elaboradas, mas para muitos, o expoente máximo do requinte é a

especialidade francesa marron glacé (caramelizada) sendo conhecida a preferência por castanhas portuguesas. Diz-se que na base deste doce poderá estar o hábito de os romanos conservarem os frutos secos em ânforas com mel, apercebendo-se de que as castanhas ficavam divinais. Naturalmente que, sobretudo em época de magustos, as formas mais populares de as consumir é cozidas com erva-doce ou assadas. Sobretudo neste último caso, é fundamental não esquecer o corte na casca que evita que rebentem, pois como metade do peso da castanha é água, quando são assadas a água transforma-se em vapor que vai fazendo pressão e, se este não tiver por onde sair, há o rebentamento da casca e o miolo acaba por se desfazer e sair. Esta semente de castanheiro envolta num ouriço é um fruto particularmente rico em hidratos de carbono complexos e a quantidade de gordura que apresenta é em tudo muito

semelhante à dos cereais, consequentemente, muito inferior à dos restantes frutos gordos. A popular «castanha pilada» foi uma forma encontrada pelos antigos de conservar a castanha, de modo a poder ser consumida mais tarde. Hoje, o processo de congelação permite-nos usar as castanhas praticamente durante todo o ano. O poeta e escritor Miguel Torga, em 1941, escrevia assim sobre as árvores que nos dão as castanhas: «Só em novembro as agita uma inquietação funda, dolorosa, que as faz lançar ao chão lágrimas que são os ouriços…». Outro poeta do século XX, José Carlos Ary dos Santos, escreveu a letra do fado «O Homem das Castanhas», que Carlos do Carmo brilhantemente interpreta cantando: «Quem quer quentes e boas, quentinhas / A estalarem cinzentas, na brasa / Quem quer quentes e boas, quentinhas / Quem compra leva mais calor (amor) para casa.»

Para «saborear» semanalmente


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Recanto do lazer

Truques & astúcias Isabel Gomes isabelgomes3.4@gmail.com

CÓLICAS INTESTINAIS E FLATULÊNCIA Leve 1 litro de água a ferver, desligue o lume e adicione meia colher de café de noz-moscada ralada. Tape e deixe repousar durante 10 minutos. Atenção! As mulheres grávidas não devem tomar esta mistura, pois a noz-moscada tem propriedades abortivas.

TOSSE Deite 1 litro de água fervente num recipiente com 2 chávenas de folhas de tomilho seco. Deixe repousar durante 24 horas. Filtre, adicione 1 kg de açúcar e leve cozer em lume brando durante 1 hora. Logo que o xarope de tomilho esteja frio guarde-o numa garrafa. Tome 1 colher de sopa 3 vezes por dia. DORES MUSCULARES, ENTORSES E REUMATISMO Para aliviar estes males esmague alguns dentes de alho fervidos em banha até obter

uma pomada. Aplique-a sobre a zona a tratar massajando levemente. DOR DE DENTES Para aliviar a dor de dentes utilize óleo de essência de nozmoscada. Molhe um cotonete no óleo e aplique-o sobre o dente dorido as vezes que for necessário. PIOLHOS Misture 30 ml de azeite com 10 gotas de óleo de essência de lavanda e 10 gotas de óleo de essência de alecrim. Humidifique o cabelo e massaje

o couro cabeludo com esta mistura. Cubra com um boné e deixe ficar a atuar durante 1 hora. Por fim, lave a cabeça como habitualmente. PSORÍASE Misture 1 colher de café de curcuma em pó com um pouco de água, o suficiente para permitir a aderência à pele. Aplique esta pasta sobre a pele afetada. TRAÇA E O MOFO NOS ARMÁRIOS DE ROUPA Para proteger a roupa contra a traça e evitar o mofo nos armários, guardaroupas, gavetas e arcas, coloque dentro dos mesmos alguns saquinhos de tecido cheios de folhas de lúcia-lima ou limonete. Para além de proteger ainda perfuma a roupa.

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Dezembro

2014

Recanto do lazer

HORÓSCOPOS PREVISÃO TRIMESTRAL (Dezembro, Janeiro e Fevereiro)

Aquário (21/1 − 19/2) AMOR: Tenderá a afastar-se da pessoa amada porque as coisas não estão a correr muito bem. Mas a fuga aos problemas não é solução, nada resolve. Enfrente as dificuldades. TRABALHO: Para conseguir a mudança que deseja terá de esperar um pouco mais de tempo, mas é importante que comece desde já a construir o seu projecto. SAÚDE: Evite os ambientes climatizados que lhe podem causar dores cervicais.

Peixes (20/2 − 20/3) AMOR: Não obrigue a mudanças demasiado impetuosas. Querer acelerar as coisas criará insegurança na pessoa amada. Tenha calma. TRABALHO: Uma decisão equivocada condicionará por um curto período de tempo os seus projectos. Para remediar as coisas terá de usar todo o seu talento e perspicácia. SAÚDE: Tem vindo a fazer uma vida demasiado sedentária, o que lhe poderá causar problemas na coluna vertebral. Faça mais exercício.

Carneiro (21/3 − 20/4) AMOR: Irá sentir tensão devido a problemas não resolvidos. A insegurança daí resultante provocará comportamentos que

se tornarão insuportáveis para a pessoa amada. TRABALHO: Irá superar uma prova difícil graças à sua coragem. Como gosta de desafios, as suas chefias irão propor-lhe metas cada vez mais ambiciosas. Avalie bem os riscos e as vantagens. SAÚDE: Esforços excessivos poderão provocar-lhe um esgotamento. Deverá dar mais atenção à sua saúde.

Touro (21/4 − 20/5) AMOR: As suas intenções serão louváveis mas um pouco equivocas. Um conselho familiar poderá ajudar ao diálogo, conseguindo assim a compreensão da pessoa amada. TRABALHO; Graças à sua atitude, conseguirá resolver um problema grave. Mas deverá reorganizar-se melhor pois na próxima vez não será tão fácil resolver a situação. SAÚDE: O seu humor não será dos melhores, pelo que deverá passar mais tempo junto amigos e familiares.

Gémeos (21/5 − 20/6) AMOR: Seja prudente em público com a pessoa amada para evitar dissabores. E procure ser simples, a simplicidade continua a ser uma qualidade muito apreciada. TRABALHO: Tudo muda na vida, no trabalho também, procure adaptar-se a estes tempos de flexibilidade. Seja sensato em relação às decisões dos seus superiores. SAÚDE: Seja cuidadoso com os excessos na alimentação para evitar problemas saúde: aumento de peso e distúrbios no estômago.

Caranguejo (21/6 – 21/7) AMOR: Se a pessoa amada manifestar

desconfiança procure não reagir demonstrando nervosismo. Mostre que não tem nada a esconder. TRABALHO: Chegou o momento de mudar. Junte todas as suas forças e ânimo e tome uma decisão. SAÚDE: Tenha atenção à alimentação e cuide mais de si nos próximos tempos.

Leão (22/7 − 22/8) AMOR: A presença de um familiar será uma boa ajuda para encontrar a harmonia conjugal. No futuro, meça bem as consequências dos seus atos. TRABALHO: O desejo de afirmação levará a um empenhamento no sentido de vencer algumas dificuldades, aumentando, dessa forma, a visibilidade do seu sucesso. Mas deverá perder o receio de fracassar. SAÚDE: Tente evitar os ambientes climatizados pois estes podem causar dores cervicais.

Virgem (23/8 − 22/9) AMOR: A sua atitude sedutora e a sua simpatia não deixarão as pessoas indiferentes. Sentirá alguma atração por alguém que tem vindo a seduzi-lo nos últimos tempos. TRABALHO: Evite as atitudes demasiado obstinadas, controle-se pois o seu chefe poderá ficar desagradado. SAÚDE: Sentirá um pouco de debilidade geral devido à mudança climática. É aconselhável praticar desporto.

Balança (23/9 − 22/10) AMOR: Não converta a pessoa amada no centro do seu mundo, pois isso pode causar-lhe problemas. TRABALHO: Os nativos deste

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signo terão de tomar uma decisão difícil durante os próximos meses, a qual deverá ser bem-sucedida. SAÚDE: Os nativos deste signo deverão mudar de ares, nem que seja fazendo uma pequena viagem regeneradora.

Escorpião (23/10 − 21/11) AMOR: Sentirá grande felicidade pela harmonia que se estabelecerá entre si e a pessoa amada, de que resultará um grande e verdadeiro amor. TRABALHO: Alguém, devido a inveja, tentará desacreditar as suas intuições corretas. Acautele-se SAÚDE: Faça um pouco de exercício para manter o seu corpo em forma.

Sagitário (22/11 − 21/12) AMOR: Pratique os bons propósitos a que se propõe para melhorar a qualidade vida na sua relação amorosa. Evite a fadiga. TRABALHO: Deverá concentrar-se mais para atingir os objectivos ambiciosos que tem em mente. Comece por eliminar as pequenas coisas que distraem. SAÚDE: Evite estar demasiado tempo em pé, pois pode causar-lhe problemas nas pernas.

Capricórnio (22/12 − 20/1) AMOR: Não se feche nas suas razões. Escute as razões da pessoa amada, a quem deverá dedicar mais tempo. TRABALHO: Não se deixe enganar pelas aparências alarmando-se. Preste atenção em seu redor e aproveite os estímulos. SAÚDE: Não exija demasiado do seu corpo, pois enfraquecerá as suas defesas. Relaxe-se.


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Recanto do lazer

Anedotas Investigações científicas demonstraram que o humor e o riso são excelentes para a saúde. Rir entre 10 e 20 minutos por dia reforça o sistema imunitário e elimina o stresse. O AMOR… AO VINHO Um casal de velhotes estava sentado à mesa. O marido, depois de beber uns copitos de tinto, disse em voz alta: − Amo-te tanto que não sei se conseguiria viver sem ti. A mulher pergunta-lhe: − Isso és tu a falar ou o vinho? − Sou eu a falar para o vinho. QUEM COM FERROS MATA, COM FERROS MORRE Um casal em férias, marido e mulher, estava a dormiar num hotel. Durante a noite ouve-se um grande barulho no corredor e a mulher, que tinha o sono leve, acorda estremunhada e grita para o marido, abanando-o fortemente. − Acorda, acorda, é o meu marido. Ele acorda meio-ensonado, meio-assustado, salta da cama completamente nu, abre à pressa a janela que dava para um terraço com uma floreira com catos e atira-se de cabeça. Cai redondo sobre um cato, acordando de vez. Volta para o quarto e diz para a mulher: Olha lá, já viste o estado em que eu fiquei por tua causa? Mas eu sou o teu marido. Ao que ela lhe responde com uma pergunta: − Então porque é que te atiraste da janela abaixo? DIFICULDADES EM COMPREENDER AS INDICAÇÕES DO MÉDICO Sabes Joaquim, o médico disse-me para beber um pouco de sumo de limão depois do banho com água quente. − E tu, bebeste o sumo de limão, Manuel?

− Não, não consegui beber toda aquela água quente antes.

(Elisabete Moraes, leitora da Lusitânia Contact no Brasil)

CADA UM CARREGA A CRUZ QUE LHE CABE EM SORTE Numa aldeia do norte de Portugal, um casal costumava ir à missa ao meio-dia todos os domingos. Um dia a mulher estava a fazer uma tarefa que não podia interromper, pelo que disse para o marido ir sozinho que ela iria à das seis da tarde. Assim aconteceu. Ao regressar, o marido aproximou-se dela, abraçou-a, levantou-a do chão e rodopiou com ela suspensa pela sala de estar. Admirada com o que estava a acontecer, perguntou-lhe: − José, o que disse o padre na missa? Que nos devemos amar uns aos outros? − Não, respondeu o marido. − Disse que cada um deve carregar a sua cruz com paciência e alegria. O QUE A DOENÇA DE ALZHEIMER PODE FAZER Um polícia manda parar um carro em excesso de velocidade, que era conduzido por uma velhota. Meio incrédulo, diz-lhe: − A senhora sabe que ia a conduzir com excesso de velocidade? Ia a 90 km onde só se pode andar a 50 km? Ao que a condutora lhe responde: − Sabia senhor guarda, mas tenho pressa para chegar antes que me esqueça para onde vou. A confissão livrou-a da multa. CADA UM É PARA O QUE NASCE Um colombiano, de nome Hernandez, negociante de joias e pedras preciosas, chega ao aeroporto carregado de malas para uma viagem para a Europa. Quando ia embarcar encontrou um amigo que era fiscal da alfândega. Este perguntou-lhe: − Hernandez? Isso é tudo joias? − Não, James, metade é cocaína. DIÁRIO DE UMA MULHER (IN)FIEL NUM CRUZEIRO 1.º dia: Querido Diário, estou preparada para fazer este maravilhoso cruzeiro, presente do meu marido que não pôde vir comigo. Trouxe na mala as minhas melhores roupas! Estou excitada! 2.º dia: Querido Diário, foi lindo, vi alguns golfinhos e baleias! Que

viagem maravilhosa, estou a adorar. Hoje encontrei-me com o Comandante, que por sinal é muito simpático. 3.º dia: Querido Diário. Hoje estive na piscina. Fiz também um pouco de jogging e joguei minigolfe. O Comandante convidou-me para jantar na sua mesa. Foi uma honra e a noite foi maravilhosa. Ele é um homem muito atraente e culto. 4.º dia: Querido Diário. Fui ao Casino do navio! Tive muita sorte, pois ganhei 80 euros. O Comandante convidou-me para jantar com ele no seu camarote. A ceia foi luxuosa, com caviar e champanhe. Depois de comermos ele perguntou-me se queria ficar no seu camarote, mas recusei o convite. Disse-lhe que não queria ser infiel ao meu marido. 5.º dia: Querido Diário. Hoje voltei

Enviem as vossas anedotas e vamos todos rir!

Sudoku

à piscina para me bronzear um pouco. Depois decidi ir ao Piano Bar e passar lá a tarde. O Comandante viu-me e convidou-me para tomar um aperitivo. Realmente, é um homem encantador. Perguntou-me de novo se eu queria ir ao seu camarote naquela noite. Eu disse-lhe que não, que era casada! Ele disse então que, se eu continuasse a responder-lhe sempre que não, que iria afundar o navio. Fiquei aterrorizada! 6.º dia: Querido Diário. Hoje salvei 1600 pessoas... três vezes! CONVERSA DE GALOS Diz um galo para outro: − Vamos ao talho? O outro, com ar muito surpreendido e aterrorizado, pergunta: − Fazer o quê? − Eeeheeheeheeh!... Ver galinhas nuas!...



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