Assédios cotidianos - o assédio contra mulheres jornalistas (Illyana Raquel Amarante)

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mulher precisava aceitar aquela situação sem qualquer tipo de reclamação ou até mesmo agradecer pelo ato. “Consideradas inferiores ao homem, a sexualidade das mulheres sempre foi objetivo de controle” (NÃO ME KLAHO, 2016, p. 153). O ato de assédio sexual é uma situação a qual mulheres são submetidas diariamente, ao sair da porta de casa, independente da roupa, do destino ou até do percurso, é comum passar por algumas ruas e ouvir comentários, sons de buzinas, entre outras formas de “mostrar interesse”. Alguns defendem a ideia de que isso é uma simples cantada, deveria ser considerada elogio. Entretanto, esses atos, além de objetificarem diariamente as mulheres, também trazem medos, por constatarem a vulnerabilidade a qual elas estão sujeitas. Em uma entrevista à Revista Exame (2018), uma jovem conta que durante sua busca por um diploma em uma grande instituição de estudo foi assediada por um dos principais professores da área que, ao ser rejeitado, insistiu e insinuou que a mesma havia se relacionado anteriormente com outras pessoas para obtenção de sucesso. A partir daí a jovem afirma que sua vida toda mudou, inclusive a mudança nos objetivos, para evitar passar por situações com essa mesma pessoa. Ou seja, para o agressor a vida continuou normal, foi apenas mais uma assediada que poderia ou não ter cedido, para a vítima todos os anos, dias e meses seguintes foram reflexos daquele momento vivido.

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