Informe Várzea 85

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Boletim da Igreja Adventista do 7º Dia Várzea - Ano XIII - nº 85 - 21 de novembro de 2015

A

s cenas do final de semana passada geralmente são as que a mídia apresenta sobre os muçulmanos. Entre razões menos importantes e polêmicas, é fato que os índices de audiência das emissoras no mundo inteiro sobre as tragédias são as que fazem as redações chegarem ao topo. Morei por um ano e meio entre muçulmanos. Nossa escola era basicamente a única comunidade cristã em Gabal Asfar, periferia da Grande Cairo, Egito. Ao saber que viveríamos lá, eu e meu esposo começamos a ler mais sobre esse povo, suas crenças e seus costumes. Continuamos as leituras por todo o período que estivemos lá, mas não é possível mensurar o quanto aprendemos ao viver entre eles; ter a oportunidade de fazer parte de alguma forma da vida deles – de famílias simples em áreas ocupadas sem ajuda do governo, até líderes religiosos, profissionais e empresários bem-sucedidos. Os muros das escolas em Gabal Asfar são cercados por cinco autofalantes e mesquitas voltadas para dentro da instituição e não para a comunidade, para sermos lembrados constantemente de onde estamos. A maioria dos muçulmanos vive em busca de paz e felicidade. A maioria deles tem sonhos, desejos nobres e quer construir uma vida digna. Essa mesma maioria não concorda e não apoia os extremistas. O governo egípcio tem atacado duramente qualquer ação terrorista naquele país e os jovens principalmente, têm consciência de que eles não querem viver a realidade de países em guerra como a Síria e o Iraque. Você sabia que os muçulmanos radicais são grupos que representam menos de 20% de todos os seguidores dessa religião no mundo? Atualmente existem um bilhão e meio de muçulmanos. Há milhões e milhões de pessoas espalhadas pelo mundo que seguem com sinceridade essa que é a religião de seus antepassados, buscando uma vida mais

próxima de Deus e lamentam serem vistos como terroristas. No período em que estivemos lá, buscamos todas as oportunidades possíveis de conviver e estar perto dessa comunidade. Muitas pessoas não sabiam sequer o que acontecia ou existia dos portões para dentro da pequena escola que completou 60 anos em 2014. Uma coisa eles sabiam, aquele local pertencia a cristãos. Alguns achavam que era um jardim, outros uma pequena fazenda e outros simplesmente passavam em frente e se perguntavam o que seria aquele lugar. Durante um ano e meio, cinco grupos de voluntários passaram pelo NUA (Nile Union Academy), três eram brasileiros. Entre os projetos, várias reformas na escola em condições precárias, mas o m a i s importante foram as ações comunitárias – feiras de saúde, atividades educativas para as crianças, atendimento médico e odontológico aos que viviam do portão para fora da escola e responderam com extrema gratidão a cada uma das ações pensadas para eles. Os gestos não esperados, as pessoas que os recebiam com sorrisos e braços abertos geraram um movimento jamais sentido e visto ali. Cristãos adventistas egípcios enxergando muçulmanos de uma forma como jamais haviam enxergado; muçulmanos egípcios ouvindo orientações, recebendo atenção e atendimento, como jamais haviam recebido. Entre palavras de agradecimentos e convites para almoços e jantar em seus lares, ouvimos pessoas que vivem em sinceridade com sua fé nesses dias por lá: “Vocês são os verdadeiros muçulmanos!” Os verdadeiros muçulmanos para aquelas pessoas são aqueles que vivem o que Deus pediu para vivermos na terra, sendo fonte de amor e de bem, de forma prática e real. De alguma forma alguns deles conseguiram enxergar em nós esse Deus a quem seguimos e aguardamos. Texto de Ana Paula Ramos publicado na íntegra em http://noticias.adventistas.org/pt/coluna/ana-paula/o-verdadeiro-muculmano/


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