Caderno Introdutório

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LABIRINTO BRINQUEDO BRINCADEIRA

O uso da cidade pela criança como crítica ao ideário moderno

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Universidade Federal da Bahia Faculdade de Arquitetura da UFBA Trabalho Final de Graduação

Igor Gonçalves Queiroz Trabalho Final de Graduação oferecido ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia, como requisito de obtenção do título de Arquiteto e Urbanista. Orientadora Thaís de Bhanthumchinda Portela

Salvador . Bahia 2015

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A quem é criança ou quem soube ser; a Rhuan e Estela, a quem aprendo ver crescer.

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AGRADECIMENTOS Essa pesquisa nunca teve um começo. Ou, pelo menos, no começo eu fui criança. Daí a agradecer num pequeno espaço de texto, seria se perder num pequeno espaço de tempo. Me aproveitando da memória que me é falha e do espaço reservado, vou tentar lembrar de algumas pessoas fundamentais nesse processo, que ainda não acabou. Pra começar, aos meus pais, meu interior (no duplo sentido), pela ciência do cuidado, por me permitirem brincar e me ensinarem a viver brincando. À minha irmã e aos meus quarenta e tantos primos, companheiros do pular corda, das amarelinhas, do chicotinho queimado e das brigas pelas primeiras goiabas e siriguelas maduras. A Dermival, que mesmo na figura de um diretor de escola primária, sempre ensinou que aprender [serve] para ser livre e feliz”. Destes que, lá em Miguel Calmon, me possibilitaram uma escola onde brincadeira e conhecimento eram uma só manifestação, são muitos: Titi, Sarah, Léo, Sheila, Aninha, Vini, Vivi, Priscila, Marquinhos, João, Marli (minha mãe-preta)... e aqui a memória falha! À cidade que me escolheu e aos que me aceitaram na sua cidade. Meus grandes amigos e companheiros de choro da UNEB: Ana Lu, Tchola, Nai, Binho, Karina, Suca. A cada disciplina perdida ou abandonada na UFBA, que me permitiu conhecer as pessoas que hoje constroem comigo este trabalho: Lari, Cela, Pri, Mari, Bela, Lai, Jana Lisiak, Jana das maquetes, Rafa, Eirinhas, Cadica,

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Danilo, Dilton, Gabi, Tai Azevedo, Foca. A quem brincou comigo nesses últimos meses, mas que foram de muita importância: Jana Chavier (sensível na escuta e na palavra), Tati, Gaia e Sofia, Jurema, Carol, Santiago, Camila, Bel, Milene. Aos professores Pasqua, Gabriel Schvarsberg, Margareth Pereira, Ana Carolina, Eliane, Valdinei, Evelyne e Alessandra (FACED-UFBA). Aos amigos de longe, que vão e vêm, vêm e vão: Babina, Thá e Jana Marinho. Às minhas raparigas de todo dia e de coração: Will e Dinah! Às minhas italianas: Blerta, Mary e Picci, todo o meu cuidado. A Leozinho, meu tatu feliz, com quem, entre versos de Drummond, aprendo a amar e brincar o mundo todos os dias. Ao Laboratório Urbano, o cantinho que me encontrei na FAU e que me refaz todo o tempo; e aos pesquisadores e amigos da Cronologia do Pensamento Urbanístico. Esse trabalho também é (de) vocês. À Thai, no seu balanço de orientadora e desorientadora, mãe e conselheira, sempre na hora que deve ser; à calma, ao cuidado com as palavras e atenção constante. E ao nosso grupo de TFGs: Marciane, Bethânia, Ísis e Moisés (meus orientadores por consequência). Obrigado!

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Às pessoas especiais, que marcaram algumas escolhas minhas nesta formação e que aceitaram brincar comigo essa última partida: Paola, quase uma cartomante nesse


processo, sempre atenciosa; Ariadne, que um dia desses me permitiu novas escolhas; e Amine, minha arquiteta convidada, a técnica, mas também muito amiga, entre cigarros, cafés e fofocas. Thaís, Paola, Ariadne e Amine, sou muito grato a essas quatro mulheres pelo que elas são e pelo que costumam compartilhar. Às crianças, à Escola Aberta, Biblioteca e Associação de Moradores do Calabar. A todas e todos que a memória me permitiu esquecer! E no meio disso tudo, nesses dez anos me acostumando a ser soteropolitano, agradeço a esta cidade pelos aprendizados de rua. Pelas vivências e experiências que me deu e me deixou dar. Aos Orixás, sobretudo aos Exus e Erês, de todos os dias e de todas as esquinas e encruzilhadas.

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OS CALÇAS-CURTAS* DO ARROZ DE BAIXO Numa cidade pequena como Miguel Calmon, não basta se apresentar. O nome, apenas, não diz nada, o sobrenome pode ser o mesmo de boa parte dos habitantes. Por isso, eu era o neto de Seu Luizinho do Arroz. Eram três as casas na esquina do Arroz de Baixo, onde morei até os 12 anos. Minha casa ficava à direita, acima da mercearia do meu pai. Vovô e Vovó moravam do lado esquerdo (exatamente na esquina), local onde nasceram todos os 14 filhos e onde morei até os 6 anos. Escreveria um capítulo inteiro a falar das casas e talvez outros dois sobre as brincadeiras e escaladas nas árvores naquele que era o melhor e maior quintal do mundo. Mas não nos importa saber as particularidades ou onde ficava cada uma das edificações, elas aqui são pontos de referência para espacializar o que nos interessa: o lado de fora. Imediatamente à frente, ficava a rua; atrás dela, a lagoa; à esquerda um matagal, à direita o beco do rio, que passava atrás do quintal. O Arroz de Baixo era um bairro pobre. Não tão pobre quanto o de Cima. “Nossa rua” era um espaço indeter*Aquele que nasce em Miguel Calmon-BA é calmonense. Em Jacobina, “Cidade do Ouro” no início do século XVII, é jacobinense, os também chamados “penicos-de-ouro”. A rixa entre as duas cidades vizinhas fez conhecido o apelido dos moradores da cidade mais pobre: quem nasce em Miguel Calmon é “calça-curta”.

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minado e elástico que se expandia aos poucos, com o correr da idade e a audácia das novas brincadeiras com os vizinhos. O Arroz de Baixo ia da Pracinha de Seu Arlindo até o começo da ladeira; a partir daí, o Arroz era de Cima. Aquele pequeno trecho era um território onde exercíamos nossas simpatias e antipatias. Por uma clara diferença de classes e/ou de topografia, as turmas do Arroz de Baixo não se misturavam com as do de Cima. Afinal, mesmo pertencendo ao mesmo bairro, foi a nossa rua quem primeiro “viu o progresso” e teve suas ruas asfaltadas pela prefeitura; era lá em cima que a água não chegava, fazendo com que as mulheres descessem para buscar baldes d’água na cabeça. No outro extremo da rua, para além da Pracinha, todos éramos apenas Arroz e qualquer outro bairro exercia a mesma supremacia sobre o nosso. A Pracinha de Seu Arlindo - que ainda hoje não sei seu nome de registro - ficava além da esquina. Lá não era lugar de brincadeiras, era lugar dos velhinhos - liderados por Vovô -, que se encontravam todos os dias, ao final da tarde, para conversas e risadas que acabavam assim que encostava qualquer um da nossa idade. Mas a Pracinha tinha um lugar que era nosso por direito: a venda de Seu Arlindo. Para meus irmãos, meus primos e eu, era como a casa de doces da bruxa de Joãozinho e Maria, afinal o velho Luizinho tinha uma rixa - também secreta - com o velho Arlindo. Nenhum de nós ousava ir à venda quando Vovô estava com os amigos no banco da praça, tampouco podíamos ousar paquerar as netas de Seu Arlindo, que eram as meninas mais bonitas da rua. 24


A lagoa era território desconhecido, desbravado com uso de badoque [estilingue] e com o avançar da idade. As histórias eram de todo tipo: “se entrar na água vai pegar verme”, “muitas crianças já morreram afogadas”, “a família de ‘Formiga-Ladrona’ mora lá” e “uma moça até já foi estuprada”. Identidades que nunca apareceram e, se existiram de fato, foram aterradas, recentemente, quando o que era uma lagoa se transformou nos novos loteamentos da prefeitura. Verdade ou não, nunca explorei todas as suas margens. Quando muito novo, nas manhãs com cheiro de chuva, apenas colocava barquinhos de papel no córrego temporário e observava ele sumir, através da cerca de arame farpado. Quando íamos “virando gente”, o terreno era desbravado aos poucos. A depender da idade, podíamos subir nas árvores, pescar, caçar passarinhos e sapos com badoque, pegar argila na olaria, soltar pipa no terreno aplainado que ficava um pouco mais longe, mas nunca, nunca entrar na água! No rio era permitido tomar banho, mas só nos dias de domingo, quando todos iam caminhar depois do almoço de família. Pra falar a verdade, permitido não era, mas um primo mais ousado sempre entrava na água e os outros não iam ficar só assistindo. Banho de rio sem a **Particularmente, eu odiava jogar futebol. Essa era uma obrigação à contra gosto durante as aulas de Educação Física. Mas jogar bola de verdade, só na Rua das Flores, que tinha como craque a minha prima Naiara, conhecida e temida por todos os meninos do bairro, e até pelos meus colegas na escola.

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presença de um adulto, significava surra de Vilão. Tomei muitas destas! Pegar o Beco do Rio era certeza de novas descobertas. Ainda hoje, não sei de tudo que está para além daquelas serras. O que conseguimos desbravar foi balançar na ponte de Nei, que sempre ameaça cair sobre o rio, correr dos cachorros e dos gansos que tomavam conta daquelas terras, ir um pouco mais longe e encontrar quedas d’água e outros lugares de banho, subir o morro e ver a cidade de cima. Ver toda a cidade de cima assustava e encantava.

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Morar numa casa de quintal arborizado, com uma lagoa na frente e um rio atrás me fazia sentir privilegiado, mas confesso que o melhor nem era isso. Brincar na rua era o nosso carnaval. Minha mãe, protetora convicta, controlava o tempo de “descer” e era por isso que cada minuto “lá embaixo” era precioso. Haviam as brincadeiras do dia, impraticáveis à noite pela gritaria da gurizada: bater e apanhar do chicotinho queimado, jogar gude (minha especialidade), malabarismos no pião, amarelinha no passeio de Vovó, esconde-esconde sem limites de espaço, descer a ladeira do Arroz de Cima com carrinhos de rolimã, jogar bola** e ver um céu de pipas a se aproveitar dos ventos de agosto. Depois do jantar, no asfalto morno cheirando ao vapor do dia, a rua sem carros ou o passeio da casa, viravam uma grande praça esportiva. As brincadeiras, muitas vezes violentas, respeitavam a idade ou a coragem dos envolvidos: cabra-cega sem medo de serem atropelados, pular corda até as pernas reclamarem, vôlei, baleado e garrafão para especialistas


na coragem, andar de bicicleta a toda velocidade, pularsela quando quer铆amos mostrar superioridade a um dos membros da turma e salada mista no passeio da vizinha ou outras brincadeiras de paquerar que me renderam o primeiro beijo. A rua era lugar de todos e, sobretudo, uma certeza de descanso para os pais. As brincadeiras quebravam limites espaciais com o crescer da idade. Os anos vivendo esta rua me renderam amizades e inimizades em outros bairros, seja a partir dos amigos da escola ou dos que iam mudando para outros bairros: o restante da cidade, aos poucos, foi se tornando territ贸rio aliado ou temido.

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O FIO É O COMEÇO O fio condutor desta pesquisa - seu fio de Ariadne - é a criança. É por isso que ela não é um dos conceitos principais que compõem o título: O LABIRINTO, O BRINQUEDO e A BRINCADEIRA. A criança, seria, portanto, o que está entre essas palavras, é ela que costura esse trabalho. É importante começar a partir de algo, nunca do nada (para não cair no mesmo erro dos modernos). Os três conceitos citados acima estão distribuídos em três cadernos, como se fossem três capítulos. A diferença está no movimento que o leitor pode (e deve) fazer entre um caderno e outro. Há, sobretudo, um começo indeterminado. Você pode escolher o maior, o que tem as imagens mais bonitas, a cor de sua preferência... o importante é brincar entre eles. Brincar, inclusive, é a proposta principal deste trabalho. É esse o meu projeto, meu produto final. Dentro de cada caderno, estão distribuídas figurinhas acerca do assunto tratado. É preciso atentar para a importância das imagens neste trabalho; elas são o transbordar pelo próprio trabalho. Proponho uma brincadeira com a memória, onde o leitor constrói a sua própria sequência e tece as suas próprias relações. Desta forma, se você lê o caderno BRINQUEDO (o amarelo) e encontra uma figurinha que faz relação com algo que estava lá no LABIRINTO (o azul) ou na BRINCADEIRA (o rosa), a brincadeira consiste em mover essas cartas, fazer seus próprios debates e criar comigo, este trabalho.

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Não são regras, é apenas uma ferramenta para fazer e criar. Esta proposição pode, inclusive, ser quebrada a qualquer momento. Ou, caso prefira, REGRA nº 1: Seja impertinente e desvie as regras. Aliás, quebrar regras é um princípio deste trabalho, inclusive no uso de métodos de apreensão do lugar. A expressão “empirismo impertinente” é o que melhor define esse uso da metodologia. Segundo Alessia de Biase (2012), na pesquisa acadêmica, é não se deixar cair na facilidade e no conforto de fazer teoria sem fazer prática. “A empiria é necessária, tem que antes de se sentar, correr um pouco pela cidade, suar um pouco antes de se sentar, e o impertinente é o lado indisciplinado, você pode fazer empiria, trabalho de campo, sem seguir as regras mais rígidas de fazer o trabalho de campo.” O impertinente é desviar todas as regras que nós mesmos, por estarmos na academia, nos impomos. E é também dizer: eu não sou um antropólogo mas eu vou fazer um trabalho de campo. É a tal “postura antropológica”, proposta por Aléssia de Biase. As ferramentas usadas como meio durante o trabalho de apreensão, acabam traduzidas, a depender da necessidade do campo, do tempo de pesquisa, da observação sobre a real necessidade de aplicação de tal método. É uma reinterpretação dos métodos e seus protocolos, numa criação de novas ferramentas, na desconstrução do próprio método posto. Essa “empiria impertinente”, por vezes, nos tira da segurança, provocando curiosidade e incertezas durante o processo. 32

É importante destacar ainda, o que este trabalho não é


e o que não propõe. Por entender que o projeto urbanístico como uma complexa rede de interações entre campos e pessoas, ele não pretende fixar-se num plano finalizador. Não há uma proposição projetual como fim. É o processo, com suas descobertas, limitações e criações, que interessa ser mostrado. Trata-se de falar da cidade a partir do usuário, e não a partir da perspectiva de quem, curvado sobre uma prancheta, pretende estabelecer as normas, valores, usos e traçados que a cidade deveria ter. Por esse motivo, a vida real, com sua inevitável mistura, com suas combinações complexas variáveis e cambiantes, é a verdadeira fonte e o foco de atenção. A segunda questão, ligada à primeira, é que esta não é uma pesquisa sobre planos e projetos participativos. O que se tensiona é o papel criador e a apropriação espontânea na cidade e as crianças como principais atores dessas ações. É um questionamento do papel do arquiteto urbanista na criação conjunta e de espaços que permitam essa interação do usuário na cidade. Por último, apesar de tratar de conceitos como brinquedo, brincadeira, labirinto, não há um apelo a uma cidade lúdica. O adjetivo lúdico é um derivado por etmologia popular do substantivo latino ludus (que significa “jogo”, dentre outras muitas acepções),e designa, pois, tudo relativo ao jogo: ócio, entretenimento ou diversão; denomina-se ludi também os grandes festivais públicos romanos, que transmitem a ideia de exercício e adestramento em algumas técnicas, desde o adestramento militar até os exercícios que se praticam para aprender a 33


tocar instrumentos musicais. A brincadeira refere-se ao comportamento espontâneo, por se tratar de ações e gestos inesperados, sem regras ou espaços delimitados. Um fazer humano mais amplo, que se relaciona não apenas à presença dos brinquedos ou jogo, mas também a um sentimento, atitude do sujeito envolvido na ação. O jogo e o lúdico se afastam, nesse sentido, aproximando-se mais do seu significado de competição. Tomo a liberdade de considerar a presença da criança na cidade - e no urbanismo - como uma questão maior, de profundo significado político e coletivo. Proposta a brincadeira e, tomando a criança como fio-condutor, como corpo-político que, por estar na cidade, desviar as normas, subverter os espaços projetados, cria seus próprios espaços, seu próprio mundo, apresento agora um resumo do que cada um desses três conceitos - o LABIRINTO, o BRINQUEDO e a BRINCADEIRA - consistem neste trabalho.

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uma compreensรฃo historiogrรกfica

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O LABIRIINTO segue no caminho de contar uma história do urbanismo, feita de contradições. Vem questionar (através da presença da criança na cidade, e também como meios e fins nesses projetos) o discurso da ordem urbana, a partir da metáfora do labirinto. O racionalismo modernista contribuiu na transformação das nossas cidades em espaços fragmentados, de descontinuidade, desconforto e insegurança. Não se pretende, a partir desta crítica, cair na tendência historicista e evolucionista de recorrer ao passado para explicar ou resolver o presente. A necessidade de perceber e compreender, historicamente, a partir do tempo presente, consiste, portanto, numa possível valorização do presente, mas de um outro presente, aquele que é o lugar da intensidade, que contém o passado e o futuro misturados. O passado é ainda presente na memória, assim como o futuro, sempre começando a se realizar. Os arquitetos possuem uma linguagem própria, adequada à sua matéria prima de trabalho e carregada de conotações metafóricas. Nosso desenho, sendo um “pró-jeto”, é algo que se lança antes, um tiro arriscado a partir das informações sobre os existente e do que se intui poder existir. O recorte da pesquisa será o da separação de funções proposta na Carta de Atenas dos CIAM (Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna), na construção de um ideário, difusão e de que forma se dá a crítica. De um lado, a Cidade Funcional de Le Corbusier (19281946), objeto de análise por se tratar de um modelo abstrato e simplificador de produção de cidade, baseado na sepa-

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ração de funções. Este foi amplamente difundido no Brasil, principalmente a partir do concurso para o Plano Piloto de Brasília (1956) e, aqui em Salvador, a partir de 1942, com a criação do EPUCS (Escritório do Plano de Urbanismo da Cidade de Salvador). A pesquisa vai, ainda, buscar nas favelas, os espaços de aprendizado para arquitetos urbanistas, num contra fluxo às proposições modernas. Em contraponto a este debate, estão as fotografias do inglês Nigel Handerson, das crianças brincando nas ruas dos slums (favelas) de Londres, apropriadas pelo casal Alison e Peter Smithson na “grille corbusiana”, durante o CIAM IX (1953). É nesse momento que ocorre a inflexão. A criança, seus usos desordenadores desses espaços planejados para um uso específico, aparece, nesta história, como uma potência de desestabilização dos postulados da Carta de Atenas.

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São estas conexões entre pontos, os elementos que interessam, sempre buscando a presença - ou ausência da criança nesse processo. Uma tensão entre ordem e criação, entre brincar e urbanizar. A figura mitológica do LABIRINTO ajudará a tensionar e compreender esses aspectos. Enquanto forma, pode ser entendido como brinquedo, imagem que pode se desfazer a partir da presença do Minotauro (o ordenamento urbano). A ideia de que os espaços na cidade não são estanques, de que pequenos movimentos criativos estão sempre presentes na desestabilização da ordem imposta, está aqui representada pelo fio. O fio de Ariadne - que transforma o labirinto brinquedo em brincadeira - é a criança, que perpassa e costura esse trabalho.


uma apreensรฃo de aรงoes

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O BRINQUEDO é confronto e imposição do adultos para as crianças. A construção do brincar sempre se deu a partir do detrito, do resto; nunca de algo pronto. Os brinquedo infantil, objeto aperfeiçoado pela técnica industrial, impossibilita à criança imaginar como aqueles objetos são feitos, numa relação viva com suas coisas. Diferente da herança do Urbanismo Moderno - o das criações monumentais - quanto mais atraentes e incrementados são os brinquedos, mais se distanciam dos instrumentos de brincar. Objeto e ação traduzem o relacionamento entre o adulto e a criança. Enquanto o brinquedo, ao longo da história, representa a proposta pedagógica do educador, o brincar age como resposta criadora da criança. E é na imprevisibilidade da sua reação que a criança preserva a sua autonomia. Portanto, o brinquedo não é criação da criança ou para a criança. O brinquedo, para deixar de sê-lo e trasformar-se em brincadeira, necessita do gesto da criança. Brincar significa sair deliberadamente das regras e inventar seus próprios códigos, libertar a atividade criativa das normas e direcionamentos. Mas onde estão as crianças e esses movimentos na cidade planejada? Como os ornamentos, as crianças também desaparecem das propostas de cidade moderna, viraram “desfunções” e sumiram da cidade. Já não há espaço para os meninos na rua, pois eles se tornaram bem excessivo e incômodo, por estarem sempre desvirtuando as imposições da cidade. A rua moderna, afinal, não é lugar de criança; a cidade é uma construção adulta e para adultos. Há algumas déca-

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das, contudo, crianças andavam à pé por aí, brincavam nas calçadas, corriam para pegar a bola do outro lado da rua. Entre aulas de natação e ballet, a rua, a praça ou o campinho transformam-se em espaços absolutamente abstratos entre um edifício e outro. Resta a evidência de que vivenciar a rua, para a criança é se entender num lugar de fundamental socialização, trocas e percepções do outro e do espaço. A inviabilidade da sua participação ativa na cidade acontece, em diversos graus, nas diferentes camadas sociais e econômicas da cidade. As crianças mais pobres, entretanto, costumam ter mais contato com a rua, enquanto que o isolamento é mais intenso entre as classes mais altas. Esse tipo aprendizado mais próximo com a cidade contemporânea, se faz necessário no campo do urbanismo. A ideia de “apreender” esses espaços e seus usos tem o sentido de melhor compreender a sua complexidade, aliada a outros campos de ensino - um campo expandido da arquitetura e do urbanismo -, na busca por diferentes experiências metodológicas e propositivas. Esta pesquisa vai buscar na Antropologia novos métodos rastreadores, passíveis de interpretações e subversões, que possam ser adaptados ao campo de investigação do urbanismo.

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Esta assimilação da cidade - e aqui é preciso admitir que existe uma diferença clara entre a cidade construída e a cidade praticada - se dá, nesta pesquisa, a partir do entendimento de como se dão essas relações e brincadeiras nesses dois tipos de cidade. O caderno explicita alguns dos motivos e justificativas pela escolha da favela do Calabar, em Salvador, como campo de trabalho. Tal


compreensão se deu pela possibilidade de uma coexistência de espaços-tempos diferenciados entre esta favela e os bairros que a circundam, dos seus distintos limites. Entender a presença (ou ausência) da criança na cidade e a apreensão de práticas da “criança rueira” na favela do Calabar, descobrir seus percursos labirínticos e dos adultos através de suas memórias, o que proporcionam estes espaços, de que forma podem ser promotores de sociabilidade, apreender essa geografia, seus limites e até onde vai - ou já foi - a criança do Calabar, e em seguida comparar com os limites de cidade e vivências de uma criança do condomínio do bairro ao lado - Estas são algumas das questões tratadas neste caderno.

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apropriar para transbordar

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A BRINCADEIRA é o transbordar desse processo. Não é um fim, é a precisão de quebrar barreiras, transpor regras, subverter e criar. Foi, de fato, o processo mais divertido do trabalho. Pensar o brinquedo hoje, como criação da criança, não tão somente como criação para a criança e o brincar numa perspectiva não-adulta, sob o ponto de vista da criação e não da imitação, seria talvez a garantia da plenitude da infância. É na imprevisibilidade da sua reação que a criança preserva a sua autonomia e é, por isso, que em oposição à pedagogia do utilitarismo, é preciso garantir às crianças a plenitude da sua infância. A criança faz da cidade o seu próprio brinquedo. Faz o nada virar qualquer coisa e, diferente do jogo, a brincadeira é uma ação voluntária de quem o faz, sem limites de tempo e de espaço, sem regras pré-estabelecidas. Mesmo depois de a brincadeira ter chegado ao fim, ela permanece como uma criação nova, uma memória guardada em cada um. É transmitido, torna-se tradição. O gesto de reconhecimento do mundo da criança, é o brincar; portanto, interferir nesse processo, significaria comprometer o seu desenvolvimento e o adulto que virá a ser. O espaço e o tempo não limitados na brincadeira afastam este conceito da ideia de jogo e do que o urbanismo muitas vezes propõe como resposta a estas questões. O espaço reservado para brincar na cidade é brinquedo, não é brincadeira. Assim como o são todas as formas e funções dos terrenos de jogo e de lazer - lugares proi-

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bidos, isolados, fechados, sagrados, em cujo interior se respeitam determinadas regras. Todos eles são mundos temporários dentro do mundo habitual, dedicados à prática de uma atividade espacial. É por isso que, no campo das artes, no contexto europeu dos anos 1950-1960, a Internacional Situacionista foi um dos primeiros grupos a criticar de forma radical o movimento moderno em arquitetura e urbanismo, principalmente seus maiores símbolos, a Carta de Atenas e o seu maior defensor, Le Corbusier. A IS pretendia novos meios de apropriação da cidade, conformando o território através da participação ativa dos seus habitantes. Para isso, se especializaram na exploração do jogo e propuseram que todo elemento estático e inalterável deveria ser evitado, que o caráter variável ou móvel dos elementos arquitetônicos seria condição para um diálogo flexível com os acontecimentos que neles serão vividos. No Brasil, temos a figura de Hélio Oiticica, que aparece na cena dos tropicalistas, da década de 60. A partir das descobertas na/da favela da Mangueira (RJ), seguiu buscando novas experiências corporais e urbanas, cujos espaços eram estruturados para a participação –, o artista (agora, “motivador”) se ofereceria à invenção livre do espectador (agora, “participador”), concedendo à arte um caráter novo, de trocas e instabilidades, em que o ato de criar não se distingue da proposição de uma atitude criadora, mas sim dotadas de significados pessoais. 48

Mas como tensionar essa cidade espacialmente segregada (entre ricos e pobres, entre favela e bairro, entre


formal e informal), que não nos proporciona espaços para o movimento criativo? Como fugir do novo termo da “moda”, o Urbanismo Tático - ou Tactical Urbanism - atrelado à empresas de design e planejamento urbano com a “missão” de tratar os problemas nas cidades contemporâneas de maneira rápida, eficaz e de execução simples, aportado e embasado em conceitos filosóficos, principalmente sobre os pensamentos de Michel de Certeau sobre táticas e estratégias? Uma das possíveis respostas está no ato de brincar, assim como ele se propõe: sem regras, sem grandes definições, apenas ir e fazer. Instigar adultos e crianças a brincarem juntos e de pés no chão, na rua. E, nesse tipo de prática, aprender com as crianças que pequenos gestos podem ser de grande potência.

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CONSIDERAÇOES FINAIS DE MEIO É importante destacar, nesta etapa de “conclusão”, que esta pesquisa é assumidamente inconclusa. É difícil assumir um fim. Ela é sim, parte de um processo que não teve começo durante a graduação em Arquitetura e Urbanismo, mas que dentro dessa formação, acontecimentos importantes foram fundamentais para desenvolvê-la. Posso dizer que comecei pelas minhas inquietudes ainda durante o curso de Design Gráfico na UNEB (Universidade do Estado da Bahia), o qual cursei entre 2005 e 2011. Se conseguirmos separar essas duas profissões, o design é também resultado desse momento histórico que foi o pensamento moderno funcionalista. Resultado formal, mas sobretudo na maneira de pensar e de ensinar. A UNEB sempre me intrigou enquanto realidade à parte do bairro do Cabula e da própria cidade. Tinha o seu terreno invadido pela favela da Engomadeira, tão dentro, mas ao mesmo tempo tão fora das nossas observações em sala de aula. Alheios à cidade, continuávamos a estudar teoria da Gestalt, desenho técnico, a fazer projetos imaginários para grandes empresas multinacionais e, entre uma pose e outra das aulas de fotografia, a favela de repente aparecia. Dentre outras, essas foram algumas questões que me levaram a suspender o curso e procurar a Arquitetura (e um pouco mais tarde, descobrir o Urbanismo). Algumas experiências, para além do arcabouço técnico que a escola me proporcionou devem ser citadas, para entender como cheguei até aqui.

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A primeira delas foi a escolha do Atelier 3 (Atelier de habitação) com os professores Ariadne Moraes e Gabriel Schvarsberg. Alí aprendi a ter os primeiros contatos com outras práticas de ensino, onde o Projeto (com P maiúsculo) já não tinha um caráter finalizador como havia aprendido anteriormente. As experimentações metodológicas eram reinventadas a todo o tempo, a partir do olhar do aluno e, sobretudo, do que a cidade pedia naquele ano de 2011. Um projeto que guardo com orgulho foi a aproximação com a Vila de Pescadores de Paripe (subúrbio de Salvador), que, naquele momento, era ameaçada de expulsão pela Marinha. Projetar foi uma brincadeira gostosa entre passeios de trem e propostas de casas flutuantes no mar da Baía de Todos os Santos. Ainda neste ano de 2011, tive contato com o ACC em Educação, sob orientação da professora Alessandra Assis. Meu primeiro contato com a escola pública de ensino básico, com a pedagogia de Paulo Freire, com a Escola Parque de Anísio Teixeira. Através dessa proposta de articulação entre a UFBA e a escola pública, pude acompanhar o processo de ensino-aprendizagem do Colégio Estadual de Plataforma (CEP). A escola, para aquelas crianças, era em muitos casos, a garantia da refeição na hora da merenda. O desejo de estarem fora do ambiente escolar era constante - sempre no portão de saída e sorridentes nas aulas de arte, quando saíamos da escola até o prédio vizinho.

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O Curiar/EMAU (Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo), que também nasceu no final de 2011, me despertou à ideia da construção coletiva, do espaço pú-


blico como protagonista das relações na cidade. Estando lá entendi o quanto “microrevoluções” produzem de fato algo em grande escala. E como esses pequenos núcleos de estudantes sofrem tentativas constantes de desestabilização por parte de professores que, muitas vezes fazem trabalhos similares, mas que vindos de alunos, não possui o caráter de seriedade que a Universidade exige. Com esforço e dificuldades constantes, conseguimos reformar escadas, canteiros, realizar oficinas com as crianças, compor grupos de estudos, trocar com estudantes de outras instituições, produzir e participar de eventos nacionais e internacionais. Vi o Curiar nascer ainda durante aquele Atelier 3 provocador, pude contribuir como membro e agora, saindo da Universidade, consigo enxergar potências nos meninos que entram e saem o tempo todo, mas mantém a roda girando. Entrar para o Laboratório Urbano no final de 2012 foi um respiro aliviado ainda durante a conclusão do Atelier 4, tão projetual e normatizador. Fazia-se o que podia, não fazia o que não podia. O Laboratório é um desvio nesta Universidade e foi o meu desvio naquele momento. Foi através da pesquisa Cronologia do Pensamento Urbanístico que me encontrei em meio à complexidade e à crítica do pensamento urbanístico, numa teoria da história que, apesar de pretender - naquele momento - construir uma cronologia, suspeita da visão linear, contínua, evolucionista, evitando-se um discurso pacificador dos processos históricos. 55


Conhecer a forma de pensar da Cronologia - a dos debates de forma nebulosa - reflete muito das escolhas desta pesquisa. É trabalhando com o conceito de “nebulosas de ideias”, interconexões em fluxo, que esta pesquisa centra nos debates entre pontos de ruptura da forma de se pensar e trabalhar o meio urbano e os acontecimentos relacionados (por concordância ou discordância), de forma anacrônica. Como bolsista IC responsável pelo desenvolvimento, do que denominamos, “Ponto de Inflexão” CIAM IX, onde acabei tendo contato com as relações e debates da Cidade Funcional e as fotografias de Nigel Handerson, na proposta do Urban Reidentification do casal Smithson. O Laboratório Urbano me abriu possibilidades para o questionamento do que seria um Urbanismo Contemporâneo. Através das investigações propostas pelo Grupo – no sentido de melhor compreender a complexidade da cidade contemporânea – de diferentes experiências metodológicas e propositivas, sempre numa ideia de experimentos, como num laboratorio.

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E, se é que posso descrever um começo a esta pesquisa, ela aconteceu durante o Atelier 5, sob coordenação dos professores Eduardo Carvalho e Paola Berenstein Jacques. Durante aquele atelier a cidade foi entendida como lugar de diversidade e conflito. Elegemos áreas em Salvador com esse caráter latente, como ponto de partida para o estudo: no caso estudado, a Gamboa de Baixo e a Ladeira da Preguiça. Apreendemos esses pedaços da cidade, a partir de experiências baseadas em metodologias diversas: a deriva, a insistência e a permanên-


cia, as memórias e temporalidades e, finalmente, uma análise da corpografia. Cada uma delas desdobrou-se numa narrativa, apresentadas como sínteses da experiência em campo. Naquele trabalho, a observação dos desvios da criança na cidade eram inevitáveis, brincadeiras que produziam uma ressignificação desses espaços. A rua que virava casa, que virava praça, que virava quintal. Versatilidades entre o público e o privado, onde os gestos das crianças brincantes eram constantes protagonistas. A proposta inicial deste TFG, ainda no ano de 2013, era intitulada “Interstícios urbanos: espaços infantis nos becos da favela” e já era uma continuidade do trabalho iniciado no Atelier 5. Tinha como objeto, um projeto participativo – com possível intervenção – de mobiliário urbano, buscando reafirmar os becos como espaços de convivência e interação nas favelas, ressignificando-os ou afirmando-os enquanto áreas de lazer e permanência para as crianças e reconhecendo a produção social destes espaço. Tinha como provável área de intervenção as favelas da Comunidade do Solar e a Gamboa de Baixo e pretendia buscar na relação de espaços não-edificados (ou desconstruídos, esvaziados) da favela uma reapropriação desses vazios. Sempre a partir dos questionamentos aqui levantados, convido vocês a brincar através do trabalho. Olhar de perto e entender o significado e importância desse processo projetual. É uma tentativa de imprimir uma coletividade, ao contrário da individualidade presente em

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tantos dos nossos trabalhos finais de graduação desta faculdade. Na possibilidade de experimentar e, sobretudo, criar outras metodologias, outras formas de representação, de ação, de narrar; fugir de um modelo pré-determinado. Proponho a leitura, interpretando palavras como ações e nelas, desordenar nossas certezas, enquanto designers, arquitetos e urbanistas. Voltemos a ser crianças rueiras e de pés no chão.

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