9º Seminário Energia + Limpa: Conhecimento, Sustentabilidade e Integração

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ATIVIDADES, PALESTRAS E PAINÉIS O SEMINÁRIO ENERGIA + LIMPA É UMA INICIATIVA DO INSTITUTO PARA O DESENVOLVIMENTO DE ENERGIAS ALTERNATIVAS NA AMÉRICA LATINA (IDEAL)


ORGANIZAÇÃO: Andressa Braun, Fátima Martins PRODUÇÃO: Quorum Comunicação Coordenação e edição: Andressa Braun Reportagem e texto: Maurício Frighetto Fotografia: Soninha Vill Edição de arte: Rosana Toniolo Pozzobon 2018


SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO Um Futuro Mais Próximo

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Mobilidade elétrica: desafio e oportunidade

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Aline Kirsten, Grupo Fotovoltaica-UFSC Luiz Fernando Oliveira, Renault do Brasil Ricardo Rüther, Instituto IDEAL/Grupo Fotovoltaica – UFSC

Cooperativas: um lugar para gerar energia limpa

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Daniela Zamorano, Instituto de Ecologia Política (IEPE) Marco Olívio Morato de Oliveira, Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) Paula Scheidt, Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável por meio da GIZ Mauro Passos, Instituto IDEAL

Estudo “O Mercado Brasileiro de Geração Distribuída Fotovoltaica” aponta cinco anos de queda no preço dos sistemas

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Taynara Mighelão, Instituto IDEAL Natasha Costa, Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha no Rio de Janeiro (AHK-RJ)

ANEEL: sistema de compensação de energia vai mudar

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Djane Maria Soares Fontan Melo, Especialista em Regulação da ANEEL

UFERSA recebe 100º Selo Solar

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Associação de Municípios Solar

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Energia solar para as indústrias de Santa Catarina

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Residência sustentável

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Conscientização ecológica no local da prática desportiva

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Selo Solar ampliado

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Visita técnica possibilita observar teoria na prática

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Registro Fotográfico

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APRESENTAÇÃO

UM FUTURO MAIS PRÓXIMO 9° Seminário Energia + Limpa manteve a tradição de debater temas sustentáveis como mobilidade elétrica e cooperativismo para a geração de energia renovável

Mobilidade elétrica e cooperativas para a geração de energia foram os dois assuntos de destaque do 9º Seminário Energia + Limpa, promovido pelo Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas na América Latina (IDEAL), na Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), em Florianópolis, nos dias 4 e 5 de junho. Durante a abertura, o presidente do IDEAL, Mauro Passos, ressaltou a importância de debater temas que encurtem a distância para um futuro mais sustentável. “A gente sabe que tudo o que estamos sonhando vai acontecer. Porque não há outra saída do que um mundo mais sustentável”, afirmou.

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E pensando em reconhecer iniciativas do presente que devem impactar o futuro, foi lançado também o Prêmio América do Sol. “O prêmio, que ainda está em construção, tem a pretensão de ser latino-americano e com foco no reconhecimento de políticas públicas, iniciativas industriais e em pesquisa e desenvolvimento com a energia limpa”, disse Passos. O 9º Seminário Energia + Limpa teve o apoio da FIESC, do Grupo de Pesquisa Estratégica em Energia Solar da Universidade Federal de Santa Catarina (Fotovoltaica-UFSC), CELESC Geração e o patrocínio do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Clemar Engenharia, Engie Energia, IESS Ideal e Quantum Engenharia. Além do presidente do IDEAL, Mauro Passos, estiveram presentes na mesa de abertura: o 1º vice-presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar; Vinícius Salvi, da CELESC; o diretor de operações da Engie Solar, Rodrigo Kimura; pela Quantum Engenharia, o diretor Gilberto Vieira Filho; representando a IESS Ideal, Lucas Nascimento; o presidente da Clemar Engenharia, Inácio


Vandresen, e o prefeito de Maripá (PR) e presidente da Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (AMOP), Anderson Bento Maria. Mario Cezar de Aguiar fez a saudação inicial. Afirmou que os desafios do setor de energia para os próximos anos foram discutidos amplamente no Programa de Desenvolvimento da Indústria Catarinense (PDIC). “Em relação às fontes de energia, buscamos ser referência no uso de energias sustentáveis com uma matriz diversificada, inovadora e com segurança no fornecimento”, disse. Aguiar também afirmou que a FIESC tem feito esforços para oferecer à indústria catarinense condições para a produção de energia limpa e

“A gente sabe que tudo o que estamos sonhando vai acontecer. Porque não há outra saída do que um mundo mais sustentável”, afirmou Mauro Passos destacou o Indústria Solar. “O programa tem por objetivo incentivar a geração de energia solar através de oferta a preços especiais. É uma iniciativa conjunta com as empresas Engie e WEG e tem o importante apoio da CELESC, BRDE, Sicredi e Badesc”. O programa foi apresentado no segundo dia do evento.

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MOBILIDADE ELÉTRICA: DESAFIO E OPORTUNIDADE Aline Kirsten, Grupo Fotovoltaica-UFSC Luiz Fernando Oliveira, Renault do Brasil Ricardo Rüther, Instituto IDEAL/Grupo Fotovoltaica – UFSC

Há cerca de três milhões de veículos elétricos no mundo, sendo 370 mil ônibus. Isso representa cerca de 0,2% da frota mundial. Apesar de os números ainda serem incipientes, o mercado está crescendo e ganha fôlego por conta dos problemas ambientais, causados, sobretudo, pelo uso de combustíveis fósseis. Os avanços e desafios do setor da mobilidade sustentável foram discutidos na abertura do 9º Seminário Energia + Limpa. A mesa “Transporte Sustentável” contou com a presença de Luiz Fernando Oliveira, chefe de projetos de engenharia de veículos elétricos na Renault do Brasil, de Aline Kirsten e do professor Ricardo Rüther, pesquisadora e coordenador do Grupo Fotovoltaica-UFSC, respectivamente. Oliveira focou sua apresentação nos veículos pequenos e relacionou os carros elétricos com o uso de energia limpa. Lembrou que, para limitar o aumento da temperatura da Terra em 2oC até o final do século, o número de veículos elétricos precisa chegar a 220 milhões até 2030. “A indústria automobilística está passando por um momento de transformação, tornando-se uma indústria de mobilidade. Já é possível fabricar veículos sem emissões de CO2 (Dióxido de Carbono). Trabalhamos também em veículos autônomos, conectados e compartilha-

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dos. Este é o futuro da mobilidade. E para fazer tudo isso girar, precisamos de energia. E precisamos de energia limpa”, afirmou. Mas quão verde é um veículo elétrico? “Depende de onde ele é carregado. Ele não emite CO2, mas onde foi gerada a energia? Na China, por exemplo, basicamente toda a energia vem do carvão. Assim, cada milha percorrida por um veículo elétrico emite 180 gramas de CO2. Já na França o valor é de 2,7 gramas. É 80 vezes mais na China que na França em função da matriz energética”. Segundo Luiz Fernando Oliveira, 95% dos veículos elétricos estão concentrados em 10 países: China, Estados Unidos, Japão, Canadá, Noruega, Reino Unido, França, Alemanha, Holanda e Suécia. No entanto, eles


também estão presentes na América Latina. A Colômbia, por exemplo, está investindo no setor por conta das questões de saúde. Só em Medelín, há 18 ecopostos para abastecimento dos carros elétricos. No Brasil, há algumas opções. É possível, por exemplo, trafegar entre Curitiba e Florianópolis por conta de uma rede de eletropostos da CELESC. Florianópolis também se destaca nacionalmente por ter desenvolvido o primeiro ônibus movido a energia solar do Brasil. O projeto do Grupo Fotovoltaica-UFSC, coordenado pelo professor Ricardo Rüther, teve financiamento de um milhão de reais do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI, atual MCTIC) e contou com a parceria das empresas WEG, Marcopolo, Mercedes e Eletra. O case foi apresentado pela pesquisadora Aline Kirsten. O veículo foi 100% fabricado no Brasil, apenas as baterias tiveram que ser importadas do Japão. “Em novembro de 2017, o eBus solar da UFSC completou 40 mil quilômetros, o equivalente a uma volta ao mundo totalmente alimentado por energia

solar. Desde a sua inauguração, já rodou quase 70 mil quilômetros. São quase duas voltas ao redor da Terra” afirmou. O eBus faz cinco viagens diárias entre o campus central da Universidade na Trindade, e o Grupo Fotovoltaica-UFSC, no Sapiens Park, no norte de Florianópolis, um percurso de 52 km, entre ida e volta, que leva cerca de 30 minutos. Tem uma autonomia de 70 km e é recarregado no laboratório. As baterias ficam em cima do veículo. “É um ônibus movido a energia solar. Mas onde estão os módulos? Eles não estão sobre o ônibus. A energia solar que abastece o ônibus vem das nossas instalações.” O laboratório possui vários sistemas FV, todos conectados à rede. A energia gerada é suficiente para o local, para abastecer o eBus e ainda sobra para o campus central da UFSC. O ônibus também foi projetado para ter o ‘deslocamento produtivo’. Este conceito está relacionado ao desenho do ônibus, desenvolvido para que fosse um ambiente de trabalho, uma extensão da UFSC, com mesas, tomadas 220v,USB e wifi.

Apesar de ainda representar parcela pequena dos veículos, número de carros e ônibus elétricos cresce por serem mais sustentáveis

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COOPERATIVAS: UM LUGAR PARA GERAR ENERGIA LIMPA Daniela Zamorano, Instituto de Ecologia Política (IEPE) Marco Olívio Morato de Oliveira, Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) Paula Scheidt, Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável por meio da GIZ Mauro Passos, Instituto IDEAL

As mais de seis mil cooperativas brasileiras podem gerar e consumir sua própria energia limpa. Também é possível criar cooperativas cuja finalidade seja esta: produzir energia por meio do sol ou do vento. O tema, que ganha cada vez mais importância no mundo, foi um dos assuntos debatidos no 9º Seminário Energia + Limpa na manhã do segundo dia (5/6).

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Integraram a mesa “Cooperativismo para a Geração de Energia Limpa: Status Brasil e Perspectivas de Expansão na América Latina”: Daniela Zamorano, do Instituto de Ecologia Política (IEPE), Marco Olívio Morato de Oliveira, da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Paula Scheidt, da Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável por meio da GIZ, e


como moderador Mauro Passos, presidente do Instituto IDEAL. Segundo Marco Morato, da OCB, o cooperativismo possibilita que um grupo de pessoas possa fazer algo além do que cada indivíduo conseguiria. “O cooperativismo é uma alternativa para inclusão de pessoas e para a implementação das energias renováveis. O desafio é democratizar a energia renovável”, defendeu. Desde a Resolução Normativa 687 da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), as cooperativas podem produzir sua própria energia de forma sustentável. Atualmente existem 90 projetos em geração distribuída (GD), sendo oito exclusivamente de consumidores. A capacidade instalada é de 6 MWp. “Nosso desafio é produzir energia nas cooperativas já existentes, um universo de mais de 6.655 cooperativas, e formar novas cooperativas de consumidores e/ou de geradores de energia limpa. Por que não mostrar o cooperativismo como uma forma de universalizar e democratizar o acesso à energia renovável?”, questionou Morato. Uma das ferramentas para incentivar o setor é o “Guia de Constituição de Cooperativas de Geração Distribuída Fotovoltaica”, desenvolvido pela OCB, em parceria com a Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da GIZ e a Federação Alemã das Cooperativas (DGRV). O material apresentado por Paula Scheidt traz informações sobre o que é uma cooperativa de geração distribuída, como se estrutura e se constitui, suas regras e os possíveis modelos

Cooperativismo para geração de energia limpa tem se tornado alternativa por razões econômicas e ecológicas de negócios. O Guia também apresenta exemplos e contou com o apoio institucional do Ministério de Minas e Energia, ANEEL e Instituto IDEAL. “Qualquer pessoa que esteja alinhada com os princípios do grupo pode participar. No caso da cooperativa de geração distribuída, o objetivo é gerar energia para o próprio consumo dos cooperados”. Já os desafios do Chile foram discutidos por Daniela Zamorano, do Instituto de Ecologia Política (IEPE). O país vizinho possui uma lei de geração distribuída, porém esta não prevê a constituição de cooperativas de energia limpa. “O conceito net metering virtual (NMV) e de cooperativas de energia é desconhecido até mesmo pelos atores que têm interesse no desenvolvimento da geração distribuída”, afirmou. Daniela Zamorano também apresentou o projeto “El Camino Solar”, uma iniciativa para promover a participação cidadã na geração de energia proveniente do sol. “Coletivamente, se investe para viabilizar a construção de usinas fotovoltaicas, o que gera benefícios ambientais e econômicos. A usina de nome “Buin 1” foi a primeira financiada pelo projeto e já está dando resultados”, concluiu Daniela. 9º SEMINÁRIO ENERGIA + LIMPA

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ESTUDO “O MERCADO BRASILEIRO DE GERAÇÃO DISTRIBUÍDA FOTOVOLTAICA” APONTA CINCO ANOS DE QUEDA NO PREÇO DOS SISTEMAS Taynara Mighelão, Instituto IDEAL Natasha Costa, Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha no Rio de Janeiro (AHK-RJ)

O estudo “O Mercado Brasileiro de Geração Distribuída Fotovoltaica – edição 2018” foi apresentado e disponibilizado na íntegra, pela primeira vez, neste 9° Seminário Energia + Limpa. Na sua quinta edição, o documento detectou novamente uma queda no preço dos sistemas fotovoltaicos (FV). “Isso é um motivador para que os consumidores invistam nas energias renováveis”, avaliou Taynara Mighelão, consultora do Programa América do Sol, do Instituto IDEAL. O Estudo, que pode ser aces­ sado no endereço institutoideal.org/ biblioteca, é uma iniciativa do Instituto IDEAL e Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro (AHK-RJ). Natasha Cos-

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ta, representando a instituição parceira do IDEAL no Estudo, também fez parte do lançamento e da mesa que apresentou seus principais resultados. Desde que surgiu, a pesquisa que dá origem ao Estudo, tem constatado a queda dos preços da energia solar FV. Para sistemas de até 5 kWp, por exemplo, o preço médio do Wp era de R$ 8,69 em 2013. Em 2017, passou a ser de R$ 6,29. “E quanto maior a potência da instalação, o valor diminui mais por conta da economia de escala. A queda de preço tem a ver com a entrada de novas empresas no mercado. A concorrência fez com que esse preço diminuísse”, afirmou Taynara Mighelão. O Estudo busca documentar, acompanhar e fazer sugestões ao setor de geração distribuída FV no Brasil. A pesquisa foi respondida por mais de 350 empresas cadas-

5ª edição do Estudo do IDEAL e AHK-RJ mostra amadurecimento do setor


tradas no Mapa de Fornecedores do Programa América do Sol (americadosol.org). Foi observado também um amadurecimento do setor, já que 31% das empresas consultadas possuem de três a cinco anos de atuação. “Provavelmente são empresas que surgiram com a Resolução Normativa 482 e estão amadurecendo no mercado. Porém, há muitas empresas sendo criadas agora, que necessitam uma capacitação maior”, avaliou Taynara.

O estudo analisou ainda as novas modalidades oriundas da REN 687/2015, como consórcios, cooperativas e condomínios. Dos entrevistados, 92% afirmaram não ter realizado nenhum negócio nestas modalidades. Falta de conhecimento (37%) e viabilidade técnico-financeira (23%) foram os dois principais motivos apontados. No entanto, as elaboradoras do estudo acreditam que o mercado vai crescer a partir deste ano.

ANEEL: sistema de compensação de energia vai mudar Djane Melo, especialista em regulação da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), discutiu os avanços e desafios da geração distribuída no Brasil. Um dos destaques da palestra foi a apresentação da Consulta Pública nº 10/2018, que está reavaliando o sistema de compensação de energia. “Na tentativa de ter mais transparência, a agência está buscando, desde o começo do processo, maior participação da sociedade para alterar o regulamento”, afirmou. Iniciada este ano, a previsão é de que a revisão da norma seja publicada até final de 2019. Todas as informações podem ser acessadas no site da agência, em consultas públicas da ANEEL. Faturamento e fatura, procedimentos de acesso, limites de potência para geração distribuída, fontes enquadráveis como GD, definição de empreendimentos de múltiplas unidades consumidoras

e participação financeira são alguns temas a serem revistos na norma da ANEEL. Djane Melo também apresentou números atuais do sistema de geração distribuída. Há 29.547 conexões à rede, sendo que 41.960 recebem créditos, totalizando uma potência instalada de 349.179 kWp (dados de 05/2018). “É um número pequeno em relação ao tamanho no Brasil, mas crescem o número de conexões”, avaliou.

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UFERSA RECEBE 100º SELO SOLAR

A Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), de Mossoró, no Rio Grande do Norte, recebeu o 100º Selo Solar durante o 9° Seminário Energia + Limpa. A usina solar da Universidade possui 580 painéis, totalizando 150,8 kWp de potência instalada. “Receber o Selo é uma forma de reconhecimento dos nossos projetos ambientais”, afirmou a professora Diana Gonçalves, presidente da Comissão Gestora do Plano de Logística Sustentável da UFERSA. O Selo Solar foi entregue pelo presidente do Instituto IDEAL, Mauro Passos, para o reitor da instituição, professor José Arimatea Matos. Em seguida, a professora Diana Gonçalves apresentou o case da universidade. “Nós pensamos em ter uma usina onde se pudesse fazer pesquisa e fosse acessível aos estudantes e à comunidade. Apesar do custo mais alto, propusemos que ela fosse construída no solo. A usina atende à

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premissa de ser um local de pesquisa, ensino e extensão”, afirmou. Os recursos para a usina, que teve um custo de R$ 1 milhão, foram conquistados em 2014 por meio do Projeto Desafio da Sustentabilidade do Ministério da Educação (MEC). Na época, 750 pessoas da universidade participaram do concurso apresentando 1500 ideias que buscavam alternativas para diminuir o consumo de energia elétrica e de água. A usina tem uma página na internet. Lá é pos­sível acessar, por exemplo, o histórico, como funciona e a quantidade de energia produzida. “Qualquer pessoa pode ter informações básicas na página, como quanto foi produzido em um dia, uma semana, um ano. Incentivamos também nossos alunos a usar as informações e a fazer algumas modelagens a partir dos dados”, complementa a professora Diana. A universidade possui uma série de ações sustentáveis como cuidado com o uso da água e com os resíduos sólidos, além do aumento da arborização dos campi. Serão instaladas outras três usinas solares, nos campi de Angicos, Caraúbas e Pau dos Ferros. Cada sistema terá uma potência de 62,5 kWp.

Universidade Federal Rural do Semi-Árido aliou ensino, pesquisa e extensão com sustentabilidade


Associação de Municípios Solar A Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (AMOP) possui um sistema fotovoltaico instalado em sua sede, em Cascavel (PR). Além de gerar sua própria energia, busca ser um exemplo para a região. “Após uma missão oficial, em 2014, à Espanha, Holanda, Bélgica e Alemanha, despertou em nós o interesse em energia solar. Na época, tínhamos 52 cidades e instalamos 52 placas. Serviu como provocação para que nossos gestores municipais pudessem desenvolver projetos nas suas cidades”, contou Anderson Bento Maria, prefeito de Maripá e presidente da AMOP, durante o 9º Seminário Energia + Limpa. Segundo o prefeito, que fez a apresentação junto com o engenheiro eletricista fiscal da usina solar, Leandro Rud-

nicki, a ideia está sendo seguida. “Já temos municípios com escolas, postos de saúde, e até piscinas para terceira idade abastecidos com energia solar”, disse. A usina da AMOP possui 13 kWp de potência e é composta por 52 módulos, ocupando uma área de 84 m². A conta de luz foi reduzida cerca de 70%.

Energia solar para as indústrias de Santa Catarina O Programa Indústria Solar, da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) em parceria com as empresas Engie Energia e WEG foi apresentado durante o Seminário Energia + Limpa. São oferecidos cinco modelos aos interessados, dois para residências (1,95 kWp e 3,25 kWp) e três para indústrias (16,9 kWp, 27,3 kWp e 49,4 kWp), com possibilidade de financiamento. “O financiamento foi sempre um entrave para o desenvolvimento do mercado de geração solar fotovoltaica (FV) no Brasil. Nós conseguimos, em parceria com bancos, alinhar prazos adequados com taxas de juros para gerar um sistema de autofinanciamento”, afirmou Rodrigo Kimura, diretor de operações da Engie Energia, que apresentou o case junto com Carlos Henrique Ramos Fonseca, diretor da FIESC.

O projeto piloto teve início em novembro de 2017, e a segunda etapa iniciou em fevereiro deste ano. Até o momento, foram realizadas 2.570 inscrições. Em 1.756 delas, foi dado prosseguimento após análise de viabilidade. Até o momento, 99 foram instaladas e 44 estão em fase de instalação. Todas as informações podem ser encontradas no site programaindustriasolar.com.br. 9º SEMINÁRIO ENERGIA + LIMPA

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Residência sustentável O empresário Luis Rodrigo Reis desenhou um plano de sustentabilidade para seu apartamento, no Rio de Janeiro (RJ). O local possui desde captação de água da chuva até jardins verticais irrigados com automação, passando pelo cuidado com o lixo. E, claro, não poderia faltar energia solar. “Eu havia projetado o uso de energia solar desde o começo, mas como em 2014 as regras não estavam muito claras para mim, adiei a ideia. Só instalei dois anos depois. A usina de 4,25 kWp atende a cerca de 90% do nosso consumo”, afirmou durante apresentação no Seminário Energia + Limpa. Com cuidados na parte arquitetônica, como uso de iluminação natural e projeção de ambientes ventilados e de engenharia, como cobertura com material adequado, Reis foi dando for-

ma ao apartamento. E, assim, disse ter criado uma cultura sustentável, com separação de lixo, economia de água e energia, cultivo de hortaliças e preservação do meio ambiente. “Tenho dois filhos e eles participam, ajudam na reciclagem de lixo, economizam água e energia. Isso faz com que essas atitudes sejam levadas para a vida”, disse.

Conscientização ecológica no local da prática desportiva A academia Mestre Artes Marciais e Fitness, de Frederico Westphalen (RS), tem aulas de musculação, taekwondo, serviço de personal trainer, jiu-jitsu, e um sistema fotovoltaico (FV) de 17,5 kWp. “A gente se reúne com os amigos e os alunos e conversa sobre energia solar e sustentabilidade. Assim vamos criando uma consciência ecológica”, afirmou Fábio Alex Rossato, proprietário da academia, durante o 9° Seminário Energia + Limpa. Rossato também é professor de educação física e mestre em taekwondo. Como o sistema FV tem uma potência grande, sobra energia. Por meio da operação do autoconsumo remoto, a energia é usada para abater

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a conta de luz de sua residência e da casa do pai dele. A academia também investiu na utilização de lâmpadas de LED e trocou o sistema de climatização. Tudo para tornar o consumo de energia mais eficiente. A estrutura do centro de desportes conta ainda com reaproveitamento de água da chuva e pisos de borracha recicláveis.


SELO SOLAR AMPLIADO O Instituto IDEAL apresentou, durante o Seminário Energia + Limpa, a revisão das diretrizes para obtenção do Selo Solar na categoria geração distribuída - certificação que busca reconhecer consumidores que produzem e consomem a própria energia renovável. O objetivo da mudança foi agregar novos modelos de negócios, como cooperativas e consórcios, e ampliar as possibilidades de solicitação e de concessão. A Fazenda Solar Inconfidentes, localizada em João Pinheiro (MG), com 63 consorciados, recebeu o primeiro Selo após a revisão. As novas regras preveem para consórcios e cooperativas a utiliza-

ção do Selo tanto pelo CNPJ registrado junto à distribuidora como responsável pelo gerador fotovoltaico (FV), quanto pelos outros integrantes que comprovarem participação por um prazo mínimo de 36 meses. Outra mudança foi o fim da exigência do tempo mínimo de operação do gerador FV, que era de seis meses. A partir de agora, basta que o gerador esteja em funcionamento e a compensação de energia esteja refletida/seja comprovada por uma conta de luz atual. Além disso, foram reduzidas as potências nominais mínimas exigidas para alguns subgrupos tarifários. As mudanças ocorreram para os B1 residencial (que 9º SEMINÁRIO ENERGIA + LIMPA

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passou de 3 kWp para 1,5 kWp) e para os B2 Rural, AS-B3 Poder Público e AS-B3 Comercial - que diminuíram a potência mínima de 5 kWp para 3 kWp. A Fazenda Solar Inconfidentes foi feita pela Órigo Energia, que tem sede em Campinas. “A gente construiu a fazenda com investimento próprio, em uma região com boa insolação e espaço adequado. Dividimos em lotes e avaliamos o perfil de cada cliente, que passa a ser um consorciado da fazenda. E ele recebe, sem investimento nenhum, um desconto de 10% no seu custo com a energia que consome, explicou Janaína Cerqueira, gerente de novos negócios da Órigo. A Fazenda possui 1 MWp de potência instalada. “O principal diferencial para o cliente é que ele passou a consumir energia limpa. Muitas vezes se quer acessar a energia limpa e não se consegue, por ser

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um ponto alugado ou por falta de recurso para fazer o investimento. A ideia da Órigo Energia busca também atender esses casos, complementa Janaína Cerqueira. O texto completo das novas diretrizes do Selo Solar pode ser aces­sado no site selosolar.com.br. O certificado é uma iniciativa do Instituto IDEAL com apoio do WWF-Brasil e Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da GIZ e KfW.

Para agregar novos negócios, como a Fazenda Solar Inconfidentes, regras para a concessão da certificação foram revisadas


VISITA TÉCNICA POSSIBILITA OBSERVAR TEORIA NA PRÁTICA Grande parte do que foi discutido durante o 9º Seminário Energia + Limpa pôde ser observado na prática durante a visita técnica ao Centro de Pesquisa e Capacitação em Energia Solar da Universidade Federal de Santa Catarina (Grupo Fotovoltaica-UFSC), localizado no Sapiens Parque, região Norte de Florianópolis. Os participantes do Seminário foram até o local com o eBus – o primeiro ônibus elétrico movido a energia solar do Brasil – e conheceram o laboratório que é referência na-

cional nos estudos de aplicação da energia solar. A visita técnica ocorreu no terceiro dia do evento, 6 de junho, e foi realizada em dois turnos, pela manhã e à tarde. Os participantes entraram no eBus no campus da UFSC, região Central de Florianópolis e foram até o Sapiens Park, no Norte da Ilha de Santa Catarina. Fizeram o trajeto que o ônibus repete cinco vezes por dia. E a visita iniciou no próprio veículo. “O ônibus é abastecido com energia solar, mas não possui placas solares, e sim,

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baterias. Ele vai abastecer quando chegar ao laboratório. Vocês podem observar que o veículo possui mesas e tomadas USB e 220 volts. O objetivo é que as pessoas possam ir trabalhando. É o conceito de deslocamento produtivo”, explicou Aline Kirsten, pesquisadora do Grupo Fotovoltaica-UFSC. O Grupo desenvolve estudos nas diversas áreas de aplicação da energia solar, com foco nos sistemas fotovoltaicos integrados às edificações do laboratórioo e interligados à rede elétrica pública, os chamados edifícios solares FV. A primeira parada da visita técnica ocorreu no auditório, onde Aline deu um panorama geral: “Este é um laboratório de capacitação, treinamento e, principalmente, pes-

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quisa. Temos também um canal no Youtube, onde são transmitidas as palestras e defesas de mestrado e doutorado”. Também foram apresentados diferentes tipos de módulos com diferentes tecnologias, e os respectivos pontos positivos e negativos de cada uma. O próprio prédio é um local de pesquisa. Possui três sistemas fotovoltaicos instalados, com tecnologias diferentes, como a BAPV, cujos painéis são separados da estrutura, e o BIPV, que é integrado a ela. Ao todo, os sistemas possuem uma capacidade instalada de pouco mais de 100 kWp. A energia produzida é consumida no próprio local, usada para alimentar o ônibus e ainda sobra para abater da conta da universidade.


REGISTRO FOTOGRÁFICO

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institutoideal.org | info@institutoideal.org Rua Lauro Linhares, 2123 | Torre A | Sala 503 CEP: 88036-003 | Trindade | Florianรณpolis - SC Tel: +55 (48) 3234-1757


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