Relatório 3 - Identidade favelada, juventude e o uso das NTICs

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8. A noção de “nativo digital” nos foi apresentada em uma de nossas conversas preliminares para definição dos casos pela jornalista do Ibase e mestranda em Comunicação Social (ECO/UFRJ) Natalia Mazzote. Ela fazia referência àquelas pessoas que já nasceram em uma época em que computadores e Internet já faziam parte da realidade social, diferente de outras (como a pesquisadora deste estudo de caso) que nasceram antes da popularização de computadores e da invenção da Internet. De acordo com Wikipédia, “Um nativo digital é aquele que nasceu e cresceu com as tecnologias digitais presentes em sua vivência. Tecnologias como videogames, Internet, telefone celular, MP3, iPod, etc. (...) No sentido mais amplo, refere-se a pessoas nascidas a partir da década de 80 e mais tarde, na Era da Informação que teve início nesta década. Geralmente, o termo foca sobre aqueles que cresceram com a tecnologia do século 21”. (http://pt.wikipedia.org/wiki/ Nativo_digital). Essa caracterização remete também a Castells (2007), quando cunha o conceito de tecnossociabilidade para pensar as tecnologias da comunicação como “contextos, condições ambientais que tornam possível novas maneiras de ser, novas correntes de valores e novas sensibilidades sobre o tempo, o espaço os acontecimentos culturais”, o que talvez se dê com maior força entre aqueles(as) que nasceram já dentrodeste contexto (e que, ao contrário dos mais velhos, não precisaram se adaptar a ele).

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ainda como lócus privilegiado da violência urbana e como alvo de políticas variadas que, em seus discursos, pretendem incluir as favelas ao restante da cidade social e economicamente. Por outro lado, trata-se de momento que antecedeu as eleições municipais (para prefeito, cargo máximo do Executivo municipal; e vereadores, representantes parlamentares em esferal municipal), o que nos possibilitou encontrar traços da militância de alguns(mas) entrevistados(as) reincorporados por posicionamentos político-partidários (ainda que nenhum(a) deles(as) seja filiado a partidos políticos). O levantamento na Internet foi realizado a partir de visita regular aos blogs e sites e acompanhamento dos perfis no Facebook e no Twitter (redes sociais virtuais mais comuns entre os(as) jovens pesquisados). Buscou-se observar o perfil do material divulgado – seja no que se refira a texto, seja no que se refira a imagens –, bem como quantidade de acessos, compartilhamentos etc. Como já foi dito anteriormente, boa parte do processo de agendamento das entrevistas foi realizado pelo Facebook e e-mail. Em alguns momentos, o SMS de celular foi utilizado para confirmar o local da entrevista ou informar sobre atrasos ou reagendamentos. É importante, portanto, considerar que estamos estudando uma realidade em que a pesquisadora encontra-se fortemente implicada (ainda que não seja uma “nativa digital”8, faz uso quase que cotidiano de celular, torpedos, e-mail e Facebook, mesmo para circular informações em torno da militância pessoal e de ações e atividades institucionais), compartilhando dos usos dessas tecnologias, até para as finalidades aqui investigadas (mobilização social, denúncias etc.). Isso fez com que o contato via Facebook com os(as) entrevistados(as) (muitas vezes anterior à própria entrevista) pudesse ser reforçado, em alguns casos, graças ao partilhamento entre pesquisadora e pesquisados(as) de certos interesses e temáticas próprias a um certo “ethos militante”.

_IDENTIDADE FAVELADA, JUVENTUDE E O USO DAS NTICs


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