Política & Saúde Edição N°20/2015

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ALTA COMPLEXIDADE EM PAUTA Saúde no DF: fragilidade e colapso Em Brasília, a saúde pública caminha num quadro vegetativo, fruto de negligências realizadas por vários gestores há anos. Essa cronicidade resultou num sistema colapsado cujas soluções parecem não despertar o interesse das autoridades e tampouco demonstrar sinais de que tempos melhores virão. As problemáticas são diversas: faltam medicamentos; insumos muitos deles utilizados em cirurgias e acarreta a não realização de procedimentos e com isso a lista de espera aumenta ainda mais; faltam equipamentos; faltam profissionais de saúde; há uma demanda reprimida de consultas, exames, esperas por leitos em UTI e home care (internação domiciliar). A grande maioria desses problemas é decorrente do tempo para a execução dos serviços, não pagamento dos fornecedores do governo anterior, cumprimento de ações judiciais que devem ser priorizadas e impedimento devido à responsabilidade fiscal. Outro agravo anunciado na última sexta-feira (16/10) durante o IV Congresso de Ética Médica do DF, pelo promotor da Saúde do Ministério Público do DF, Dr. Jairo Bisol, a crise aguda pela qual fragiliza e colapsa a saúde pública no DF é na esfera política, e não na gestão da esfera técnica, conforme tem sido defendida pelo secretário de Saúde do DF, Fábio Gondim. Pela avaliação do promotor, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) está dando ouvidos às pessoas erradas, no tocante ao modelo de gestão feito por organizações sociais-OS, que estão sendo apontadas como soluções mágicas para um organismo de saúde doente. “Agora temos uma crise aguda num organismo doente. O problema dessa crise aguda não é nos técnicos, é na sua esfera política Governador, porque o que a Câmara Distrital fez no ano passado depois de mostrar o orçamento de R$ 7 bilhões era insuficiente área de gestão da saúde pública. No último trimestre votou uma LOAS criminosa, diminuindo um orçamento de 30%, deixando uma dívida de mais de meio bilhão de reais, não pagando os fornecedores, insumos, medicamentos e empresas prestadoras de manutenção. A logica regulatória de sistemas é o lucro. Para as grandes empresas é nada, para as pequenas empresas é a vida”, disse. Bisol afirma que o governo cometeu uma irresponsabilidade na esfera política, em pagar as contas de 2015, e deixar uma dívida de 2014, e com isso, trouxe uma gravidade para o maior hospital da rede de saúde – Hospital de Base do DF, classificado como referência em Alta Complexidade, e hoje há negativa de realização de tomografias, pois o tomógrafo, fornecido pela empresa Siemens não realizou a manutenção, por falta de pagamento, não tem equipamento. “O equipamento mais importante do hospital de referência em alta complexidade, não consegue abraçar a alta complexidade da cidade, mas também do Entorno, próximo e longínquo. Um tomógrafo não está funcionando e os médicos estão lidando com Alta Complexidade às cegas. E as pessoas estão morrendo, e num estágio de emergência não encontramos uma saída para resolver a droga de um tomógrafo funcional de um hospital dessa importância sistêmica. O fundo do poço já passou”, criticou. Foto: Reprodução/ Internet

Foto: Sandra Mota/ Alta Complexidade

Para o promotor, o governador blindar a saúde da esfera política e retomar a democracia participativa. “Quem de nós é criança para entender que o governo precisa negociar a sua governabilidade. O desmanche começou com a corrupção no governo do Arruda, e a coisa vai se deteriorando, a ponto de a esfera política ter impacto nessa carreira. Agora não mostra vocação para a democracia participativa que é muito ruim, e esse governo vem injetando um monstro das organizações sociais, está sendo feito sem o diálogo, sem o respeito à estrutura constitucional do Sistema Único de Saúde, está sendo discutido as portas fechadas dentro dos gabinetes, com visitas, mais ou menos dissimulados, para lotear governos em unidades federativas aqui próximas. O SUS, governador, tem uma estrutura definida, tripartite, pressupõe de democracia participativa. Essa instância de legítima radical, num modelo de gestão com impacto sabe se lá onde vai chegar. Essa construção deveria ser construída de forma participativa, por gestores, cidadãos, e só vejo gestores e fiscais. É uma farsa, denunciar o que está em curso. Será que vamos repetir de novo essa cena?”, questionou.

Ministério da Saúde destina R$ 87 milhões para hospitais universitários

Com o intuito de ampliar e melhorar o atendimento realizado em 49 hospitais universitários de todo o país, o Ministério da Saúde acaba de disponibilizar R$ 87 milhões. A medida vai beneficiar 35 municípios de 23 estados. O recurso faz parte das ações do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (REHUF), desenvolvido e financiado em parceria com o Ministério da Educação. A Portaria nº 1.727, que autoriza o recurso, foi publicada nesta quinta-feira (15/10) no Diário Oficial da União (D.O.U.). Com o incentivo, os hospitais universitários poderão realizar reformas, adquirir materiais médico-hospitalares, entre outras ações, conforme a necessidade e planejamento da instituição.


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