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Mundum

Projeto no âmbito da Prova de Aptidão Profissional do Curso

Técnico de Multimédia da Escola Profissional de Campanhã

1ª edição Julho, 2023 - 100 exemplares

Disponível também em suporte eletrónico e-Book

Texto

Bruna Mesquita

Judite Lopes Barbosa

Ilustrações

Bruna Mesquita

Rui Pinto

Edição e Coordenação

Hugo Barbosa

Revisão Linguística

Pedro Guimarães

Apoio

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Mundum era um lugar remoto do interior de Portugal, parte de um pequeno lugar da Beira Baixa, junto à fronteira, que estava ali há muito esquecido com os seus poucos habitantes. Quanto tempo ainda iriam resistir ao isolamento da civilização moderna era uma incógnita. Neste pequeno mundo, viviam apenas dois jovens, Teresa e Daniel. Ambos tinham pouco mais de 17 anos. Ela, apesar do seu ar selvagem, tinha a tez morena, olhos azuis cristal e cabelo escuro, era meiga, confiante, determinada e disciplinada. Tratava as plantas pelo nome e conhecia bem a utilidade de cada uma, ora para uma infusão, ora para tratar uma ferida, ou o que fosse preciso. Ele tinha um olhar tranquilo, olhos verdes, era preocupado com todos e apresentava sempre um bom humor, apesar da força que os seus músculos evidenciavam. Trabalhava a terra de sol a sol e adorava pescar nas águas cristalinas do rio com o pai.

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Ambos cresceram juntos. Teresa e Daniel nasceram no mesmo ano, somente com meses de diferença. Daniel sentia por ela um secreto sentimento, mas nunca nada lhe dissera. Viviam ambos felizes, nas suas pequenas e modestas casas. Na aldeia, existiam 7 habitações, todas elas brancas, com uma única divisão dividida por panos e uma grande chaminé que exibia o fumo que mostrava uma lareira acesa, onde se cozinhava as galinhas criadas no campo e a sopa feita com os produtos hortícolas que a população cuidadosamente cultivava. Em casa de Daniel, filho mais novo, nascido já quando os pais não pensavam em ter mais filhos, viviam os seus pais, Afonso e Maria e, duas irmãs, Ana e Joana. Junto a esta casa, viviam os seus primos Zeca e Zeferino. Apesar dos seus cinquenta e muitos anos, andavam sempre a discutir, pareciam duas crianças birrentas. Ainda por perto, viviam também os anciões, Ti Alzira e o seu marido Ti Quim. Todos os dias, apesar dos seus oitenta anos, passeavam pela manhã de mão dada da sua casa até ao grande ribeiro que atravessava toda a aldeia e terminavam a sua caminhada em passo vagaroso em casa do vizinho Ti Manel que vivia sozinho e a quem os quase cem anos não permitiam muitos afazeres. Ali costumam estar os três à conversa, horas a fio. Na aldeia, o tempo não apressava ninguém em correrias desenfreadas, todos tinham tempo de parar, respirar ar puro, admirar a paisagem e olhar o céu, fosse dia ou fosse noite. Um pouco mais distante vivia Teresa apenas com o pai Teodoro. A sua mãe morrera no parto e a jovem foi criada pelo progenitor com a ajuda dos pais de Daniel. A fazer companhia a estes moradores, vivia o pequeno rafeiro Tim, que, de pelo branco e encaracolado, vagueava entre as casas à procura de comida e mimos.

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Os dias em Mundum eram sempre animados. Todos acordavam bem cedo com o canto das galinhas, sendo que, raramente os habitantes acordavam desanimados ou tristes. As manhãs começavam com todos a prepararem as suas respetivas atividades. Era o começo de uma nova semana. Quem acordava mais animada nesse dia era Teresa, já que recebeu permissão do pai para se afastar um pouco da vila, com o intuito de renovar o seu stock de plantas mais raras e procurar novas espécies. Tratava-se, efetivamente, de algo que a deixava muito excitada. A sua ânsia por mais conhecimento era algo que fascinava todos os seus conhecidos. Não bastavam 20 ou 30 espécies, ela queria descobrir e conhecer sempre mais. Teresa já se tinha vestido e estava a acabar de tomar o pequeno-almoço, enquanto o seu pai ainda se revirava de preguiça na sua cama. Assim que acabou, foi buscar a sua bolsa e, antes de sair de casa, gritou:

— Já vou pai! Não fiques muito tempo na cama. Olha que o Daniel e o pai estão à espera para ires pescar com eles! - gritou quase na porta.

Posteriormente, Teresa saiu de casa e, quando fechou a porta, parou e respirou o ar puro da vila que ela tanto adorava! Se havia alguém que amava aquele sítio era ela, todos os cantos a completavam. Após apreciar o seu querido lar, Teresa pôs- se a caminho. Para ir para onde desejava ela tinha de passar pelo centro da vila e depois por uma pequena ponte. O caminho foi feito de forma tranquila e permitiu a Teresa apreciar as belas paisagens naturais e os sons dos respetivos animais que lá habitavam.

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Todos os dias os habitantes trabalhavam, mas a verdade é que aquilo para eles não soava como tal. Afinal, todos trabalhavam no que foram ensinados desde pequenos e, mesmo que no início não o apreciassem, agora gostam e sentem um carinho enorme por cada tarefa realizada. A agricultura sustentável era o método utilizado na aldeia, já que o projeto consistia em respeitar fortemente o meio ambiente. Deste modo, era frequente ver-se os campos vastos cheios de produtos plantados, tratados e colhidos por todos.

Teresa estava quase a chegar à ponte, quando ouve uma voz a chamá-la.

— Teresa, espera!- gritou Daniel, enquanto andava em direção à mesma.

— Oh! Olá Daniel.- disse Teresa, quando o rapaz já estava a uma distância razoável para ouvi-la.- Não ias pescar com o teu pai e o meu? Que fazes aqui?- perguntou ela confusa.

— É verdade, mas o teu pai acabou por adormecer.- disse Daniel sorridente.

— Como? Eu avisei-o antes de sair para que se levantasse!Enquanto mete a mão na testa, Teresa, envergonhada, insiste:

— Desculpa, vocês vão se atrasar devido ao velho dorminhoco! -

— Sem problemas. Assim dá tempo para uma caminhada. Eles ficaram na conversa enquanto o teu pai toma o pequeno-almoço.

— Bem, vou indo, preciso de pesquisar e recolher o máximo possível de ervas até ao anoitecer. - disse Teresa.

— Vais para a floresta? - perguntou Daniel.

— Sim, há ervas e plantas que só se encontram lá.

— Não é perigoso ir sozinha?

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— Nah, ficarei bem se voltar antes do anoitecer! - garantiu-lhe ela arrumando a postura da sua bolsa. - Agora tenho mesmo de ir, quanto mais tempo fico aqui a falar contigo menos tempo tenho para procurar.

— OK, entendido! Não te prendo, mas após voltar do barco, venho para aqui para esperar que voltes.

Teresa sentia-se em harmonia com a natureza. Chegou à ponte e atravessou-a, olhando para a água cristalina do rio que corria por baixo dela. Do outro lado da ponte, continuou o seu caminho, percorrendo trilhos e atalhos que conhecia bem. À medida que se afastava da aldeia, o silêncio e a tranquilidade envolviam-na, o que a ajudava a concentrar-se nas plantas que procurava.

Teresa passou várias horas na floresta, apanhando diferentes plantas e ervas, algumas das quais nunca tinha visto antes. Ela sabia exatamente o que procurava, mas também estava aberta a novas descobertas. A sua paixão pelas plantas e pela natureza em geral eram evidentes em tudo o que fazia.

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Quando reparou que o sol começou a baixar no horizonte, decidiu que era hora de voltar para casa. Encheu a sua mochila com as plantas que apanhou e começou a caminhar de volta para a aldeia. Mas, quando estava a meio caminho, ouviu um barulho que a fez parar de repente. Foi um som estranho, como se algo tivesse caído ao chão.

Ela ouviu o som novamente e, desta vez, percebeu que vinha de uma direção diferente. Curiosa, ela decidiu investigar e seguiu o som. Após caminhar alguns minutos, chegou a um pequeno riacho, onde viu Daniel sentado à beira da água, com uma vara de pesca na mão.

— Daniel! - chamou ela, sorrindo. - O que estás a fazer aqui?

— Ah, Teresa! - respondeu ele, surpreso. Finalmente voltaste! Eu estava a pescar um pouco. Queria apanhar um peixe para o jantar.

— E conseguiste? - perguntou Teresa, aproximando-se dele.

— Não, ainda não. Mas a noite ainda é uma criança. - respondeu Daniel, enquanto lhe sorria e oferecia um lugar ao seu lado.Queres ficar aqui um pouco? Podes ficar a ver-me pescar. Teresa aceitou o convite e sentou-se ao lado dele. Observou o modo como ele lançava a linha e a puxava, esperando por um peixe. A noite caía lentamente e a escuridão começava a envolver a floresta. Mas a tranquilidade do riacho e a companhia de Daniel eram reconfortantes. Finalmente, depois de muito tempo, Daniel sentiu algo a morder a sua linha. Com uma explosão de energia, ele puxou a vara e conseguiu puxar um pequeno peixe para a margem. Teresa aplaudiu, feliz.

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— Parabéns, Daniel! - disse ela, sorrindo.

— Obrigado, Teresa! - Daniel parecia orgulhoso do seu feito.

— Vamos levá-lo para casa e cozinhar um jantar delicioso!

Ambos voltaram para a vila de forma rápida por já ter escurecido e, quando chegaram onde os seus caminhos se separavam, despediram-se.

Teresa entrou em casa com o sorriso estampado no rosto, ansiosa para contar ao seu pai sobre as plantas que havia encontrado no parque. Este, ansioso, já a esperava para jantar!

— Cheguei, pai! Adivinha o que encontrei hoje? - disse Teresa, empolgada.

— O quê, filha? - perguntou o pai, curioso.

— Encontrei algumas plantas incríveis! Algumas eu já conhecia, mas outras eram completamente novas para mim. - disse Teresa, enquanto pousava a sua bolsa em cima de uma mesa pequena.

— Já sabes o nome delas? - perguntou o pai.

— Algumas eu consegui identificar, mas outras não. Amanhã vou pesquisar mais e ver se descubro.- respondeu Teresa, animada.

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Teresa jantava com o seu pai e contava sobre a sua expedição na floresta. Ela falou-lhe das plantas que encontrou e das paisagens incríveis que viu. O seu pai ouvia-a atentamente, apesar de estar preocupado com a segurança da sua filha com as suas aventuras.

Teresa levantou-se da mesa, deixando os restos do jantar para trás, e seguiu em direção ao seu quarto. Ela havia passado a tarde na floresta, colhendo ervas para os seus remédios e infusões. Ao entrar no quarto, Teresa colocou a cesta de ervas na sua secretária e começou a examiná-las cuidadosamente. Ela cheirava cada uma, sentindo a fragrância e a textura entre os dedos. Com a sua faca afiada, ela cortava as folhas e as flores para separá-las e começava a secá-las para uso posterior. Teresa sabia que cada planta tinha uma finalidade específica e que era importante escolher cuidadosamente as ervas corretas para cada tratamento. Ela concentrava-se no trabalho com as ervas, enquanto a sua mente se acalmava e encontrava tranquilidade no seu quarto silencioso. Enquanto as ervas secavam, Teresa passava horas a ler os seus antigos livros de ervas e fazia anotações no seu caderno, para garantir que estava preparada para qualquer situação que pudesse surgir.

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Finalmente, quando a noite chegou, Teresa havia acabado o seu trabalho com as ervas e estava pronta para descansar. Ela apagou as velas, aconchegou-se na sua cama e adormeceu, sabendo que a suas habilidades ajudariam muitas pessoas na sua aldeia. Teresa levanta-se animada e arranja-se para o seu passeio com Daniel. Veste uma roupa confortável e leva a sua cana de pesca enquanto espera pelo Daniel em frente à sua casa. Quando ele chega, os dois cumprimentam-se com um abraço caloroso e decidem dirigir-se ao rio que fica a alguns quilómetros de distância. Enquanto caminham, conversam animadamente sobre tudo.

— O teu pai contou o que aconteceu ontem enquanto pescávamos? - Não, o que aconteceu?- pergunta ela curiosa. Daniel dá um riso contido e responde.

— O teu pai caiu do barco!

— Como? Ele não me disse nada.

— Acho que ficou envergonhado, ele desequilibrou-se quando o peixe puxou o isco numa das vezes. - diz Daniel enquanto se ria.

— Gostava de ter visto isso, aposto que ficou todo vermelho! - diz Teresa, divertida.

Ao chegar ao rio, encontraram um local tranquilo onde pousaram as coisas que tinham trazido consigo e organizaram o espaço.

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Começaram a pescar logo a seguir. Ficou claro que Teresa estava um pouco enferrujada, mas logo apanharia o jeito novamente, começando a pescar alguns peixes. Daniel, por outro lado, mostrava -se um pescador experiente e encheu logo o seu balde com várias espécies diferentes.

— Injusto! Porque mordem mais o teu isco do que o meu?perguntou Teresa, indignada.

— Tem a ver tudo com pura experiência.- disse, claramente satisfeito.

— Como? Fizemos ambos o mesmo, colocamos o isco na argola e mandamo-la para a água, qual é diferença no que fiz e no que tu fizeste? - perguntou confusa.

— Acho que só possuímos habilidades diferentes. Enquanto tu tens muito jeito para ervas, eu tenho muito jeito para o mar. Afinal cresci a ver o meu pai a exercer este trabalho e o mesmo desde muito novo ensinou-me a fazê-lo.

Teresa estava encantada, enquanto Daniel conversava com ela. Ela admirava a maneira como ele se expressava e como era fácil conversar com ele. Sentia-se à vontade para falar sobre tudo o que lhe vinha à cabeça e Daniel ouvia-a com atenção e interesse sincero. Teresa estava feliz por ter um amigo tão especial e por passar um dia tão maravilhoso na natureza com ele. Ela sentia que havia uma conexão especial entre eles e prometeu a si mesma que manteria essa amizade para sempre.

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Depois de algumas horas de pesca, decidem fazer uma pausa e comer um lanche que trouxeram. Sentados numa pedra perto do rio, desfrutam de um momento de tranquilidade e apreciam a beleza da natureza ao seu redor. Em seguida, optam por caminhar um pouco mais e explorar a área. Encontram algumas rotas e decidem seguir uma delas. Descobrem uma pequena cascata e a beleza do local deixa-os encantados. No final do dia, regressam à casa de Teresa, cansados, mas felizes. Prometem repetir o passeio em breve e despedem-se com um abraço e um sorriso no rosto. Teresa sente-se grata por ter um amigo tão especial como o Daniel e por ter um dia tão maravilhoso na natureza.

Enquanto tomavam o pequeno-almoço, o pai de Teresa disse que tinha uma surpresa para ela naquela manhã. Teresa ficou curiosa e perguntou o que era. O pai apenas sorriu e disse que era uma surpresa e só lhe daria após ambos acabarem o seu pequenoalmoço. O pequeno-almoço tornou-se em puro silêncio já que Teresa comia o mais rápido possível, enquanto isso o seu pai ria da forma desajeitada que a sua filha comia. Assim que acabou a sua refeição, logo disse:

— Acabei! Qual é a surpresa?! - diz Teresa animada.

O pai ri se contido e dá-lhe um sorriso.

— Tens de fechar os olhos. - diz o pai.

E assim Teresa o faz.

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Assim que o pai saiu para buscar a prenda de Teresa, a menina ficou muito entusiasmada. Ela mal podia esperar para ver o que o pai tinha para ela. Enquanto aguardava, a Teresa começou a imaginar todas as possibilidades do que podia ser. Algum tempo depois, o pai voltou com uma grande saca. A Teresa sorriu de orelha a orelha enquanto o pai lhe entregava a saca. Com os dedos trémulos, ela rasgou a saca para ver o que estava lá dentro. E lá dentro, ela viu uma bolsa nova, ela tira-a da saca rapidamente para poder vê-la melhor e fica super contente em ver que era maior do que ela usava no momento. A Teresa saltou de alegria, abraçou o pai e agradeceu-lhe inúmeras vezes. Ela ficou encantada com a prenda e imediatamente começou a trocar as coisas da bolsa que costumava usar para a que o seu pai tinha-lhe dado. O pai observou orgulhosamente enquanto a filha trocava os objetos de uma bolsa para a outra. Ele ficou feliz por trazer um pouco de felicidade à vida da filha.

Os habitantes da aldeia acordaram cedo naquela manhã para começar a colher as plantações. Alguns foram para os campos de arroz, enquanto outros foram para as plantações de milho e feijão.

O sol estava alto e o calor era intenso, mas isso não impediu que os trabalhadores continuassem a trabalhar duro. Enquanto as pessoas trabalhavam, conversavam e riam juntas, formando um ambiente agradável e descontraído.

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Algum tempo após começarem, Teresa aparece para ajudar também. Ana vê Teresa e chama-a:

— Teresa! - grita para amiga saber onde a mesma está.

— Hey, Teresa! Como estás? - diz quando a mesma se aproximou.

— Olá, Ana! Estou bem, obrigada. E tu? - diz quando se aproxima e dá-lhe um abraço.

— Estou ótima, obrigada. Teresa, já viste como a colheita está incrível este ano?

— Sim, Ana, está mesmo ótima! Fico contente por ver que todo o trabalho árduo dos agricultores está a dar frutos.

— Eu também estou contente, Teresa. Além disso, isso significa que teremos comida boa e fresca por um bom tempo, não é verdade? - diz com os olhos reluzentes.

— Com certeza! É bom ver como a natureza é generosa quando cuidamos dela com carinho.

— Concordo plenamente! E sabes, acho que devíamos organizar um jantar para celebrar a colheita com todos os nossos amigos da aldeia.

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— Essa é uma ótima ideia, Ana! Vamos fazer isso, tenho a certeza de que todos vão adorar. Será uma forma de agradecer aos agricultores pelo trabalho e de comemorar juntos a fartura que temos este ano.

Exatamente, Teresa. Vamos começar a planear tudo, então, para podermos ter uma noite inesquecível!

Daniel, que até então estava ajudar o pai, foi dar uma volta para ver se alguém precisava de alguma ajuda quando vê a sua irmã Ana e Teresa a conversar. Sorrateiramente foi se aproximando das duas.

Daniel então aparece de repente por trás de Teresa e Ana, pregando um grande susto na sua amiga e na sua irmã.

Ai, Daniel! Que susto tu me pregaste! - diz Teresa ainda combalida. Pois é, idiota! Quase me saltou o coração! - diz Ana enquanto lhe batia.

Daniel não lhes conseguia responder por estar a rir-se como um louco, a sua barriga já lhe doía de tanto rir.

— Desculpem, hahahah! Não resisti em pregar-vos um susto! - Diz enquanto se acalma. - Sobre o que falaram? Pareciam animadas, de longe.

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— Estavas a observar-me? Hmm? - Pergunta matreira.

— Não, nada disso! Porque é que eu te ia ficar a observar?pergunta confuso.

— Então estavas a observar a Teresa? - Diz com um sorriso.

No momento seguinte, Teresa engasga-se e ambos ficam vermelhos.

— Ana, pára com isso! Estava apenas a passear quando vos vi e decidi vir ter com vocês, disfarçou Daniel, como pôde…

Teresa continuava vermelha, mas decidiu falar.

— Exatamente, o Daniel estava apenas a passear para ver se alguém precisava de ajuda. - diz Teresa apressada.

Depois disso todos ficaram calados. A verdade é que enquanto Ana estava a divertir-se com a situação, Teresa e Daniel sentiamse constrangidos. Como tal, Teresa apressou-se para desviar o assunto da conversa.

— Bem, já que estás aqui, Daniel, que tal participares do nosso jantar para celebrar a colheita?- sugeriu ela, enquanto rezava para que ele percebesse e a ajudasse.

— Claro que sim! Fico muito feliz por pensarem em mim. Vamos então planear tudo juntos para que seja uma noite inesquecível!diz Daniel.

— Fantástico! Agora temos mais um motivo para tornar este jantar ainda mais especial! - responde Teresa.

— Com certeza! Vai ser uma noite memorável para todos nós! - diz Ana

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Depois da conversa animada entre os amigos, cada um partiu para realizar as suas tarefas. Daniel prontamente se ofereceu para recolher materiais para ajudar na decoração do jantar, mostrando o seu compromisso em tornar o evento ainda mais especial. Ana, por sua vez, não perdeu tempo e, com o seu ânimo exagerado, foi contar para todos na aldeia sobre o jantar e cativar todos a participar e compartilhar do mesmo sentimento de alegria.

Os mais velhos demonstraram o seu apoio de forma unânime, afinal, as coisas na aldeia têm se tornado cada vez mais relaxadas para eles, já que não são mais jovens e não conseguem mais ajudar nas tarefas como antes. Com a empolgação de Ana, todos começaram a contribuir para o evento, desde a preparação da comida até a decoração do espaço. A união e o esforço em equipa foram fundamentais para garantir que o jantar fosse um sucesso que todos pudessem desfrutar de um momento especial juntos.

Daniel começa a pensar numa lista de materiais que serão necessários para a decoração do evento. Ele sabe que precisa de muitas coisas para deixar o ambiente mais aconchegante e alegre. Na sua lista, ele inclui: flores e folhagens para arranjos de mesa e para decorar o espaço; Velas para criar um ambiente mais intimista; toalhas de mesa; balões e fitas para pendurar; pratos, copos e talheres para servir a comida.

Ele sabe que precisará de ajuda para conseguir todos esses materiais, mas está disposto a trabalhar duro para que o jantar seja um sucesso e todos possam desfrutar de uma noite especial juntos.

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Ana correu até casa para contar à Joana toda entusiasmada sobre o evento que está a ser planeado na aldeia. Ela descreve todos os detalhes que ela sabe sobre a decoração, da comida que será servida e da animação que está a ser planeada para a noite.

Joana fica feliz em ouvir sobre o evento e começa a conversar com Ana sobre a importância de celebrar a colheita e a natureza em geral. Elas falam sobre a gratidão que devemos ter pelos agricultores que trabalham duro para fornecer alimentos frescos e saudáveis para a comunidade. Ana também menciona a importância da união e da colaboração entre todos na aldeia.

Ela acredita que o evento será uma ótima oportunidade para fortalecer os laços entre todos. Joana concorda e sugere que todos possam fazer um agradecimento a todos pela grandiosa colheita durante o evento, reconhecendo o trabalho árduo que eles realizam e a importância que têm para a comunidade. Elas continuam a conversar animadamente sobre o evento, trocando ideias e compartilhando as suas expectativas para a noite especial.

Teresa estava a estudar e a procurar informações sobre ervas comestíveis para poder fazer chás e bolos deliciosos para o evento. Ela sabe que a escolha das ervas certas pode fazer toda a diferença no sabor e na qualidade dos alimentos. Ela pesquisou sobre ervas como hortelã, camomila, lavanda, erva-doce e outras que podem ser usadas em receitas de chás e bolos.

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Além disso, também procurou dicas de preparação e combinações de sabores que podem ser utilizadas. Teresa está entusiasmada com a possibilidade de contribuir com a festa de alguma forma e acredita que esses pequenos detalhes podem fazer toda a diferença para criar um ambiente acolhedor e especial para todos os convidados. Enquanto pesquisa, ela imagina as possibilidades de combinações de sabores e aromas que podem ser criados com as ervas e fica cada vez mais animada para colocar em prática as suas ideias.

O pai de Teresa chega a casa, cansado do dia da colheita. Ainda assim, ambos começam a conversar sobre o jantar na aldeia que os mais jovens estão a organizar. Teresa está animada para contar tudo o que sabe sobre a preparação dos chás e bolos com as ervas que pesquisou. O pai de Teresa escuta atentamente e surpreendese com a habilidade da filha para cozinhar e preparar essas delícias.

— Pai, como foi a colheita hoje?

— Foi cansativa, filha. Tivemos muito trabalho para recolher tudo a tempo. E tu ? O que fizeste hoje?

— Eu passei a manhã a ajudar e de tarde pesquisei sobre ervas comestíveis para usar no jantar que estamos a organizar na aldeia.

— Ervas comestíveis? Para quê? - pergunta o pai confuso.

—- Para fazer chás e bolos para o evento! Quero surpreender a todos com sabores diferentes e naturais. - diz com um sorriso brilhante.

— Uau, filha, tu és mesmo criativa. E onde aprendeste isso tudo ?

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— Pesquisei nos livros que me deste. Eles são a melhor fonte de informação.- diz enquanto lhe mostra o livro que lia.

— Isso é maravilhoso, filha. Eu não sabia que tinhas esse talento.

— Obrigada, pai. Quero que o evento seja um sucesso e que todos possam apreciar a comida e bebida que preparamos.

— Com certeza, filha. Eu vou ajudar a escolher os melhores ingredientes para os pratos. E se precisares de ajuda, é só pedir.

- Obrigada, pai. Juntos podemos fazer uma grande festa para a aldeia.

O pai de Teresa fica muito contente com o que os mais novos estão a fazer já que lhe lembra dos seus velhos tempos em que todos colaboraram para organizar os eventos. É indisfarçável o orgulho ao ver os mais jovens manter essa tradição. Então, ele promete ajudar de alguma forma, oferecendo a sua experiência e conhecimento em agricultura para escolher os ingredientes mais frescos para os pratos.

Entretanto, pai e filha conversam por mais algum tempo sobre a festa e a importância de manter as tradições da aldeia vivas, antes de se despedirem para descansar para o grande dia.

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Teresa passou a tarde ocupada com a organização do evento e a preparação da comida, mas sua mente também estava inquieta com o que Ana havia dito antes sobre ela e Daniel. Esta tinha perguntado se havia algo mais na sua relação com Daniel, algo que talvez pudesse evoluir para um relacionamento romântico.

Teresa nunca havia considerado essa possibilidade antes, mas agora não conseguia tirar isso da cabeça. Enquanto mexia os ingredientes na panela, Teresa tentava avaliar os seus sentimentos em relação a Daniel. Ela sabia que o considerava um grande amigo, mas agora perguntava se havia algo mais profundo ali. Ela não tinha certeza se Daniel sentia o mesmo, mas não conseguia deixar de pensar nisso. Teresa suspirou e decidiu deixar esses pensamentos de lado por enquanto. Afinal, ela tinha uma festa para organizar e queria fazer dela um sucesso.

A noite chegou e a festa decorria na perfeição. As mesas estavam cheias de decorações com flores e as luzes suaves criavam um ambiente acolhedor. A comida que Teresa preparou estava deliciosa e todos a elogiavam.

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Ana, Daniel, Joana e Teresa circulavam entre os convidados, conversando e assegurando que todos se divertissem. Os mais velhos estavam felizes por terem uma noite animada e cheia de vida na aldeia. Os risos e conversas enchiam o ar enquanto as pessoas desfrutavam de boa comida e bebida. Daniel convidou Teresa para dançar quando a música lenta começou a tocar. Eles dançaram juntos por um tempo, apreciando a companhia um do outro.

Daniel e Teresa começaram a dançar ao som de uma música lenta que tocava na festa. Enquanto dançavam, ambos sentiam uma conexão mágica entre eles. Daniel olhava nos olhos de Teresa e sentia-se atraído pela sua beleza e personalidade. Teresa, por sua vez, sentia-se confortável nos braços de Daniel, admirando como ele a conduzia pela pista de dança.

— Sabes Daniel, eu nunca imaginei que iríamos divertir-nos tanto nesta festa.- disse Teresa, enquanto sorria com o olhar.

— Eu também não, mas tenho que admitir que esta dança está a tornar tudo ainda melhor - respondeu, feliz, Daniel.

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Enquanto dançavam, ambos sentiam que a noite parecia mágica e única. Daniel puxou Teresa um pouco mais para perto dele e ela sentiu o seu coração acelerar. Ela olhou nos olhos de Daniel e sussurrou:

— Obrigada por me trazeres esta felicidade, Daniel.

— Eu é que agradeço, Teresa. Esta noite está a ser uma das melhores da minha vida!

Depois, o par romântico continuou a dançar junto, sentindo-se feliz e apaixonado.

À medida que a noite avançava, todos se divertiam cada vez mais. A festa foi um sucesso e a aldeia sentiu-se unida em torno de algo que todos valorizavam: a boa comida e a companhia agradável dos amigos e vizinhos.

Após a dança, Daniel e Teresa sentaram-se para conversar. Riram, trocaram histórias e divertiram-se juntos. Enquanto conversavam, Teresa sentiu o seu coração acelerar e percebeu que Daniel tinha algo de especial que a atraía. De repente, a música parou e todos se reuniram para uma última dança em conjunto.

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Daniel pegou na mão de Teresa e levou-a para dançar. Foi uma dança animada e todos se divertiram muito. Quando a festa acabou, todos se despediram com abraços e sorrisos. Teresa foi para casa pensando em Daniel e em como se sentia feliz ao lado dele. Sabia que algo tinha mudado naquele dia e mal podia esperar para ver o que o futuro lhe reservava.

Decorria o mês de dezembro, chovia torrencialmente, o vento era gélido e implacável, ninguém conseguia dormir. Teresa estava doente, ardia em febre e delirava. Foram três dias intermináveis, gritava como se estivesse louca “Por favor, não…. Não… não!!!”. Estavam todos muito preocupados, Daniel, o pai Teodoro e o seu fiel amigo Tim revezavam-se, pelo que Teresa nunca ficava sozinha.

Certa manhã, Daniel sentado junto aos pés de Teresa, cabisbaixo e mãos entrelaçadas, rezava baixinho. De súbito ouve em tom débil “Daniel, és tu?”. Antes de olhar, sorri levemente, é a voz doce de Teresa a chamar o seu nome. Olha com algum receio, mas logo se apressa a beijar a pálida face de Teresa que esboça um sorriso. Abraçam-se de um jeito só deles e assim permanecem por alguns minutos, sentem o coração um do outro. Quando Daniel ganha coragem para lhe dizer o quanto gosta dela, é interrompido pela alegria de Teodoro, que acaba de entrar no quarto e corre para junto da filha. Após uma sopa de feijão, Teresa pede para chamarem todos os habitantes de Mundum, precisa de falar com todos, uma única vez. O que será que Teresa tem para contar? Ninguém sabe!

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Perto do meio-dia, o sol de inverno aquece o prado, onde todos já se encontram ansiosamente à espera para ouvir a rapariga. Teresa chega, ainda um pouco debilitada e começa por agradecer a presença de todos. A jovem apresenta um ar preocupado e o seu franzir de sobrancelhas não deixa dúvidas, é grave! O que será que vai dizer? Só o velho Ti Manel sabe que Teresa desde pequena tem premonições, antecipa o futuro, mas sempre preferiu esconder o seu segredo de todos, inclusive do seu pai. Apenas Ti Manel descobriu quando, com apenas seis anos Teresa lhe disse que um dia ele iria ficar cego, a queda de uma árvore seria a causa e assim aconteceu.

A medo Teresa começou por dizer que já se sentia melhor e precisava de partilhar um segredo com todos. Nervosa, Teresa começa por contar sobre o seu dom e que durante estes três dias teve sempre a mesma premonição: brevemente a aldeia será destruída, homens terríveis irão invadir Mundum e atear fogo, roubar e escravizar toda a aldeia. Todos os habitantes serão forçados a trabalhar contra a sua própria vontade. Ora, para tentar evitar isso, Teresa irá partir para perceber quem são esses homens e qual a sua motivação. Atónito com tamanhas revelações, Daniel não aguenta ouvir mais e corre para longe. De resto. todos ficam preocupados, mas sabem que Teresa é a única capaz de mudar o curso dos acontecimentos.

Alguns dias depois, é chegado o dia da partida. Todos se despedem de Teresa que leva, rumo à civilização, apenas uma mochila com uma muda de roupa e umas peças de fruta da época. Daniel vê ao longe Teresa a afastar-se, os olhos enchem-se de lágrimas, mas não tem coragem de dizer adeus à rapariga que ama.

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Sabe que não a pode acompanhar porque a aldeia precisa da sua vitalidade para os trabalhos mais pesados e Teresa nunca o perdoaria, se deixasse aquela gente abandonada à sua sorte. Será mesmo capaz, a jovem Teresa, de sozinha mudar o destino da aldeia?

Teresa percorreu um longo trajeto a pé até que, finalmente, alcançou a cidade grande. Toda a experiência era nova e intimidante para ela, já que nunca havia saído da aldeia antes.

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A cidade era barulhenta e agitada, com muitas pessoas indo e vindo, infinitas lojas e prédios altos. Teresa não tinha ideia de como iria começar a procurar informações sobre os homens que ameaçavam a sua aldeia, então ela decidiu começar pelo mais básico e procurar por um lugar para ficar.

A porta foi aberta por uma senhora idosa, que parecia um pouco desconfiada ao ver Teresa ali parada. Esta,por sua vez, tentou explicar a sua situação, contou que havia viajado de uma aldeia distante e estava a procura de um lugar para ficar, enquanto trabalhava na cidade. A senhora parecia entender a situação de Teresa e assim permitiu que ela alugasse um quarto simples no prédio.

Teresa agradeceu pela sua bondade e subiu as escadas até ao quarto. Era um espaço modesto, com apenas uma cama, um armário e uma pequena banca. Mas para ela, era mais do que suficiente. Sentou-se na cama e olhou pela janela para a cidade movimentada lá fora, pensando em como seria viver a partir desse momento.

No dia seguinte, Teresa acordou cedo e começou a procura de trabalho. Ela então começou a ficar insegura e desanimada, pensando em como iria sobreviver na cidade sem um emprego. Do nada, enquanto andava imersa no seu problema, ela viu um pequeno cartaz colado num poste, que dizia "Procura-se ajuda para trabalhos rurais".

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Como é óbvio, ela não hesitou em seguir as instruções e dirigiu-se para o endereço indicado. Chegando lá, ela encontrou um senhor super simpático que lhe explicou que precisava de ajuda na sua pequena quinta nos arredores da cidade. Teresa ficou feliz em poder ajudar e começou a trabalhar na quinta imediatamente.

Os dias foram passando e Teresa trabalhava duro na quinta, mas sempre guardava um pouco do seu tempo para continuar a sua investigação sobre os homens que ameaçavam a sua aldeia. Ela conversou com as pessoas da cidade, procurou informações em bibliotecas e jornais locais e, finalmente, encontrou algumas pistas. Descobriu,então, que havia um grupo de mercenários que atacavam várias aldeias na região, roubavam e escravizavam os moradores. Eram liderados por um homem cruel e ganancioso, que queria poder e riqueza a qualquer custo. Teresa sabia que precisava agir rápido para salvar a sua aldeia.

A jovem estava muito preocupada com a situação da sua aldeia e, por isso, decidiu perguntar à senhora que lhe alugou o quarto sobre os mercenários que ameaçavam a sua terra natal.

Naquele momento, a senhora olhou para ela com uma expressão preocupada e respondeu que sabia muito pouco sobre eles, mas que havia ouvido falar de alguns ataques recentes em cidades vizinhas.

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Teresa ficou ainda mais preocupada e perguntou se havia algo que pudesse ser feito para os impedir. A senhora pensou por um momento e sugeriu que talvez houvesse uma forma de encontrar o esconderijo dos mercenários e avisar a polícia. Ela também recomendou a Teresa que tivesse sempre muito cuidado e evitasse envolver-se em conflitos com os mercenários. Seguiramse dias difíceis preenchidos com a recolha de informações sobre os mercenários que ameaçavam a aldeia. Ela procurou em jornais, conversou com moradores locais e perguntou a qualquer pessoa que pudesse ter alguma pista. Finalmente, ela descobriu que os mercenários estavam acampados numa área remota a algumas horas de distância da sua cidade. Determinada a descobrir mais sobre os seus planos, Teresa decide seguir os mercenários até o seu acampamento. Ela tinha noção que isso era perigoso, mas sentiu que não tinha escolha se queria proteger a sua aldeia.

Teresa, então, alugou um cavalo e partiu em direção ao acampamento dos mercenários. A viagem foi cansativa e longa, mas ela não desistiu. Finalmente, chegou ao local e escondeu o cavalo num lugar seguro, antes de se aproximar furtivamente do acampamento.

Ela conseguia ver homens armados patrulhando a área e sentiu o seu coração acelerar de medo. Mas, determinada a cumprir a sua missão, Teresa escondeu-se num arbusto e esperou pacientemente por uma oportunidade para se aproximar do acampamento.

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Finalmente, ela viu uma oportunidade e aproximou-se do acampamento sem que fosse vista. Ela ouviu os mercenários a discutirem os seus planos e ficou horrorizada com o que ouviu. Eles estavam a planear atacar a aldeia no final da semana e discutiram a melhor maneira de roubar e escravizar os habitantes. Teresa sabia que tal não podia acontecer. Ela esgueirou-se mais perto do acampamento e começou a reunir informações. Ela descobriu que havia um ponto fraco na defesa dos mercenários e decidiu que era sua melhor hipótese de incomodar os seus planos. No meio da noite, quando a maioria dos mercenários já dormia, Teresa ataca. Ela moveu-se rápida e silenciosamente, desarmou os guardas e cortou a corda que segurava a barraca onde estavam os líderes dos mercenários. De forma ágil, colocou fogo em outra barraca para criar uma distração e depois escapou do acampamento, antes que alguém percebesse o que estava acontecer.

Teresa sabia que precisava informar a sua aldeia quanto a tudo o que havia descoberto, mas também sabia que não podia deixar transparecer a sua ansiedade ou medo. Para isso, pegou um papel e uma caneta e começou a escrever uma carta para seus amigos da aldeia.

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"Queridos amigos, espero que esta carta vos encontre bem e felizes na nossa amada aldeia. Eu queria avisá-los que consegui encontrar algumas informações importantes sobre os mercenários que ameaçam destruir o nosso lar.

Descobri que eles estão escondidos numa fortaleza nas montanhas, protegidos por um forte esquema de segurança. Mas não se preocupem, eu tenho um plano para lidar com eles. Eu sei que todos estão preocupados, mas quero que saibam que estou super bem e que serei capaz de resolver tudo. Em breve estarei de volta. Por favor, não se preocupem comigo e cuidem da nossa casa, enquanto eu estiver fora. Lembrem-se, somos uma família forte e unida. Juntos podemos superar qualquer desafio.

Com amor, Teresa"

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Teresa sabia que a jornada para deter os mercenários ia ser difícil, mas estava confiante de que, com determinação e coragem, ela será capaz de proteger a aldeia e os seus habitantes. Ela partiu na sua missão com o coração cheio de esperança e a mente cheia de estratégias para enfrentar os perigos que estavam por vir. Para Teresa, era evidente que o passo seguinte seria informar as autoridades sobre a presença dos mercenários na região. Então, dirigiu-se à esquadra mais próxima para fazer a denúncia. Ao chegar lá, foi atendida por um agente que ouviu atentamente tudo o que ela tinha para dizer. Teresa falou sobre a sua jornada até à cidade grande, como descobriu o plano dos mercenários e onde estavam alojados. O agente ficou impressionado com a coragem e determinação de Teresa e, imediatamente, tomou as medidas necessárias para lidar com tal situação. Acionou os seus companheiros e a equipa de investigação para começarem a trabalhar no caso. Depois de tanto sofrimento, Teresa sentiu que tinha cumprido com o seu dever de cidadã e protetora da sua aldeia. Apesar de ainda haver muito para se fazer, ela sentiu uma sensação de alívio por dar um importante passo na resolução do problema.

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Ela também se sentiu encorajada e confiante por saber que agora tinha o apoio da polícia e das autoridades. Sabia que não estava sozinha nessa luta e que podia contar com o suporte e a inteligência da equipa de investigação. Apesar de satisfeita com a sua ação, Teresa sabia que ainda havia riscos envolvidos e que os mercenários podiam tentar vingança. Por isso, ela continuou a manter-se atenta a qualquer sinal de perigo. No entanto, o facto de ter tomado uma atitude e ter denunciado os mercenários deulhe uma sensação de empoderamento. Ela percebeu que, mesmo sendo apenas uma pessoa, tinha a capacidade de fazer a diferença e proteger o seu lar. Com essa nova perspetiva, ela decidiu que não iria mais ficar parada diante de problemas. Com o trabalho da polícia em andamento, Teresa aproveitou a oportunidade para explorar mais a cidade grande. Ela visitou museus, parques e outras atrações turísticas, maravilhada com as diferenças culturais em relação à sua aldeia. No entanto, mesmo com toda a diversão, Teresa não podia deixar de se preocupar com o que estava a acontecer em casa.

Os agentes, com base nas informações fornecidas por Teresa, conseguiram localizar o acampamento dos mercenários. Fizeram uma operação cuidadosa e surpreenderam os criminosos enquanto ainda dormiam. Como era de esperar, os mercenários tentaram resistir à prisão, mas foram rapidamente dominados pelos agentes. Eles foram algemados e levados para a esquadra para interrogatório. Durante a investigação, foi descoberto que os malfeitores planeavam realizar uma série de ataques na região, incluindo roubos, sequestros e até mesmo assassinatos. Eles estavam em busca de uma grande quantia de dinheiro e não se importavam com os meios para alcançá-la.

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A prisão dos mercenários foi noticiada em todo o país. A polícia, por sua vez, também recebeu elogios pela rápida ação e eficiência do seu trabalho. A operação foi considerada um sucesso e contribuiu para a redução da criminalidade na região. Teresa ficou radiante por ter contribuído para a captura dos mercenários e, principalmente, por conseguir proteger a sua aldeia.

Ela podia agora voltar para casa com a sensação de dever cumprido e com a certeza de que a sua aventura na cidade grande tinha sido uma experiência valiosa que ela jamais esqueceria.

Depois de uma longa jornada, Teresa regressou, cansada, à sua aldeia. Ela foi recebida com grande festa pelos moradores, que estavam ansiosos para ouvir sobre a sua aventura na cidade grande e sobre o que havia acontecido com os mercenários. Teresa sentiu-se emocionada com a receção calorosa e agradecida por todo o apoio que recebeu daquela gente durante a sua jornada. Teresa ficou muito emocionada ao ver o carinho e a gratidão que as pessoas tinham por ela. Ela sentia-se feliz por ter ajudado a proteger a sua aldeia e estava super ansiosa para partilhar as suas histórias e aventuras.

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Contou-lhes tudo sobre a sua denúncia à polícia e descreveu a maneira como a equipa de investigação conseguiu prender os mercenários para que a aldeia estivesse segura novamente. Os moradores ficaram aliviados e agradecidos por Teresa ter coragem de agir e proteger a aldeia. Eles fizeram uma grande festa na sua homenagem, com comida, dança e música tradicional. Daniel estava aliviado e sentia- se nas nuvens com a volta de Teresa.

Ele passou horas preparando tudo para que a festa fosse perfeita.

Quando Teresa finalmente chegou, Daniel correu para cumprimentá-la com um grande abraço. Ele estava feliz em vê-la de volta em casa e ansioso para ouvir sobre todas as aventuras que ela viveu na cidade grande.

O jovem aproveitou também a oportunidade para expressar a sua admiração por Teresa e destacar a sua coragem ao enfrentar os mercenários para proteger a aldeia. Ele agradeceu-lhe por trazer a informação para as autoridades e garantir a segurança de todos. No final da festa de boas-vindas, Teresa levantou-se para agradecer a todos pela calorosa receção. Ela falou sobre a sua aventura na cidade grande e sobre como foi emocionante ajudar a proteger a aldeia dos planos dos mercenários. Teresa também agradeceu especialmente ao Daniel por sua amizade e suporte. Ela sabia que não teria conseguido sem ele. Daniel sorriu e apertou a mão de Teresa, agradecendo-lhe por tudo o que ela fez pela aldeia e pela coragem que demonstrou. Ele disse-lhe que estava muito orgulhoso e que sempre estará ao seu lado. Em clima de euforia e paz, a festa continuou pela noite adentro, com dança e comida deliciosa. Teresa divertiu-se muito com a sua grande família e sentiu-se feliz por estar de volta à sua tão querida aldeia.

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