Hoje Macau 27 JUN 2012 #2639

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nacional

Maria João Belchior Em Pequim

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centro de pesquisa da OCDE, Organização para o Desenvolvimento Económico, apresentou em Pequim o mais recente relatório da organização sobre o território africano. Uma análise macroeconómica sobre o continente mostra que África abre cada vez mais oportunidades para quem quer investir longe dos centros tradicionais como a Europa e a Ásia. “África e os seus novos parceiros na economia global” é o resultado de um trabalho conjunto feito com o apoio da União Europeia e da ONU e pretende analisar as tendências do crescimento do continente, agora formado por 54 países. Uma perspectiva positiva foi apresentada por vários intervenientes em Pequim. Não esqueceram que, apesar de ter sido até agora relativamente pouco influenciado pela crise económica, o continente enfrenta outros problemas, como a alta taxa de desemprego jovem.

BENEFÍCIO MÚTUO

Uma das grandes apostas de investimento da China, o continente africano tornou-se prioridade desde 2004. A China já construiu mais de 3.500 quilómetros de linhas de comboio e 80 mil quilómetros de estradas no continente.Acooperação levou também a abrir seis zonas económicas especiais em cinco países.

quarta-feira 27.6.2012

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Economias que se complementam

Oportunidades em África Durante os últimos 15 anos, África cresceu de forma relativamente estável. Hoje, dos dez países que se desenvolvem mais rapidamente no mundo, seis estão em África. No continente, Angola e Moçambique têm previsões de crescimento para 2012/2013 acima dos 7% e estão entre os dez países com mais alto desenvolvimento. Segundo o Ministério do Comércio chinês existem mais de duas mil empresas chinesas registadas nos países africanos. Os tempos são definitivamente outros. Jeremy Stevens, economista do Standard Bank e interveniente na apresentação, no início da primeira década depois do ano 2000, o único país que apresentava sucesso em África era o Botswana. Wu Jianmin, vice-presidente do Instituto para a Inovação e Desenvolvimento Estratégico, realçou o volume comercial entre China e África, que em 2011 chegou aos 160 mil milhões de dólares. “Não podemos garantir um comportamento correcto de cada uma das empresas chinesas em África, mas podemos assegurar os objectivos do governo chinês.” O lema é o benefício mútuo repetido em todos os discursos onde

se junta África e a China. A riqueza de recursos de um lado e a escassez do outro combinam com a falta de capital em África e a elevada liquidez do governo da República Popular para investimentos. Nos novos parceiros de África, a China tem um papel central como o primeiro. Mas existem cada vez mais países interessados em aprofundar contactos e logo a seguir à China vem a Índia, o Brasil, a Coreia e a Turquia. “A África que se conhecia mudou e é um mercado em expansão e não um tradicional receptor de ajuda externa estrangeira”, disse Wang

Jianye, economista do Eximbank, um banco de cooperação e desenvolvimento chinês.

MAIS EMPREGO

O maior desenvolvimento económico contribuiu para um aumento dos consumidores domésticos em muitos países. Para a China, o continente tem sido um novo cliente para as exportações agora que a procura diminuiu na Europa e nos Estados Unidos. Mas se, por um lado, o cenário económico da maioria dos países africanos, reflecte novas oportunidades, por outro, o desemprego pode vir a ser

um dos factores de desestabilização para o crescimento. Mario Pezzini, da OCDE, realçou a importância que o sector das infra-estruturas e as pequenas e médias empresas – PME – deverão ter em absorver a nova força de trabalho que chega todos os anos ao mercado. Por ano, naquele que é o mais jovem continente do mundo, há entre 10 a 12 milhões de jovens a procurar trabalho. Em 2050, um quarto da população mundial vai estar em África e a maioria vai ser jovem. Para países investidores como as economias emergentes da China e da Índia, vai ser importante lidar com a força produtiva do continente e o sector rural pode tornar-se vital para o desenvolvimento. Actualmente além da agricultura, a exploração mineira, construção e infra-estruturas são os sectores que mais crescem, seguidos pela área dos serviços. A África dependente da ajuda externa está a mudar. Hoje um recipiente de investimento directo estrangeiro, o continente terá em 2030 um total de 137 milhões de jovens com educação secundária, segundo as previsões da OCDE. Os empregos seguros no governo não vão ser suficientes, tal como os das grandes empresas. Investir no sector informal, no meio rural e incentivar PME vai ser fundamental tanto para os privados como para os investidores estrangeiros, onde em primeiro lugar surge a China.

China propôs ao Mercosul uma zona de comércio livre

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Fortalecimento de relações

primeiro-ministro chinês propôs aos membros do Mercado Comum do Sul (Mercosul) a constituição de uma zona de comércio livre comum, proposta que será considerada na cimeira regional de sexta-feira, noticia a Efe. Wen Jiabao fez a proposta durante uma videoconferência, a partir de Buenos Aires, o que juntou os presidentes da Argentina, Cristina Fernández, do Brasil, Dilma Rousseff, e do Uruguai, José Mujica. No diálogo não participou qualquer representante do Paraguai, que não tem

relações diplomáticas com a China mas que é membro do Mercosul. Porém, a criticada destituição do Presidente do Paraguai, Fernando Lugo, pelo senado, motivou os seus parceiros no Mercosul a decidirem, no domingo, a suspensão da participação do Paraguai. Wen Jiabao propôs uma declaração conjunta sobre o fortalecimento das relações mútuas, o que vai ser analisado pelos presidentes do Mercosul na cimeira semestral, que se realiza na sexta-feira na cidade argentina de Mendoza. “Devemos reali-

zar estudos de viabilidade sobre o estabelecimento de uma zona de comércio livre entre a China e o Mercosul”, afirmou Jiabao. A declaração proposta pela China inclui também o compromisso mútuo de “reforçar a comunicação e a confiança estratégicas” e “aprofundar a comunicação e a confiança estratégicas” em todos os campos, incluindo o comercial, com o objectivo de duplicar até 2016 o volume das trocas comerciais registado em 2011. No último ano, a China exportou para o Mercosul

387.640 milhões de patacas, que por sua vez já representou um aumento de 34,5% face à 2010, e importou 399.667 milhões de patacas, mais 37,9% que no ano anterior. Wen Jiabao acrescentou que a China está “interessada em aumentar ainda mais os investimentos mútuos e a cooperação financeira” com o bloco regional e propor uma cimeira entre os chefes de Governo da China e dos membros do Mercosul no segundo semestre deste ano, para coordenar posições sobre assuntos regionais e internacionais.


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