Hoje Macau 5 NOV 2018 #4165

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segunda-feira 5.11.2018

A cantora, compositora e pianista Maria Guinot, que representou Portugal no Festival da Eurovisão em 1984, com “Silêncio e Tanta Gente”, morreu sábado, aos 73 anos

M

ARIA Adelaide Fernandes Guinot Moreno - Maria Guinot - nasceu em Lisboa, em 1945. Fixou-se com a família no Barreiro e ainda na infância iniciou uma formação musical clássica, em finais da década de 1950, mas foi no modelo de canção que se destacou. Editou um primeiro ‘single’, em 1968, com “Criança Loura”, “A Canção Que Eu Canto”, “La Mère Sans Enfant” e “Toi, Mon Ami”, revelando-se como autora, na linha dos ‘baladeiros’, que emergia na época.

Cai o pano ÓBITO MARIA GUINOT MORREU AOS 73 ANOS

A perspectiva foi reafirmada num segundo disco, no ano seguinte, com canções como “Balada do Negro Só”, “Silêncios do Luar”, “Escuta Menino”, “Poema de Inverno”. Apesar de ouvida na rádio, ficou afastada dos palcos durante vários anos. O regresso aconteceu em 1981, com "UmAdeus, Um Recomeço", que lhe garantiu o 3.º lugar no Festival RTP, a edição de novos discos e a revelação de novas canções: "Falar Só Por Falar", "Vai Longe O Tempo", "Um Viver Diferente".

SUCESSO CONQUISTADO

Foi, porém, em 1984, quando venceu o Festival RTP, com "Silêncio e Tanta Gente", que o seu nome chegou ao grande público. A interpretação ficou na memória: em solidariedade com os músicos em greve, Maria Guinot recusou o ‘playback’ adoptado nessa edição, e acompanhou-se a si mesma ao piano. Em 1986, compôs "Homenagem às mães da Praça de Maio", nos dez anos do início da concentração das mulheres que, em Buenos Aires, exigiam saber dos filhos desaparecidos durante a ditadura militar argentina (1976-1983). A canção foi incluída no duplo álbum da CGTP-Intersindical “Cem anos de Maio” e foi uma das ‘bandeiras’ do programa "Deixem Passar a

Em 1986, compôs “Homenagem às mães da Praça de Maio”, nos dez anos do início da concentração das mulheres que, em Buenos Aires, exigiam saber dos filhos desaparecidos durante a ditadura militar argentina (1976-1983)

Música", da RTP, no qual Maria Guinot foi acompanhada por José Mário Branco, que produziu e dirigiu a orquestra. Guinot cantou aqui grande parte do seu repertório, destacando-se a sua "Saudação a José Afonso", canção recusada pelo júri do festival da canção de 1986. “Não podia deixar passar esta oportunidade de homenagear um homem como José Afonso”, disse Maria Guinot no programa, emitido pouco antes da morte do compositor de “Grândola, Vila Morena”. “A orquestração de José Mário Branco é de desespero e de raiva”, acrescentou. No ano seguinte, lançou o seu primeiro álbum, "Esta Palavra Mulher", numa edição de autor.

ARTE “A SOMBRA MANIFESTA” VAI REPRESENTAR MACAU NA BIENAL DE VENEZA 2019

“A

Sombra Manifesta” de Lio Sio Man e Heidi Lau foi a proposta escolhido apara representar Macau na Bienal de Veneza, em Itália. Esta obra vai, no evento que se realiza em Maio do próximo ano vai, desconstruir a “imagem actual demasiadamente simplificada de Macau e revelar a sua identidade cultural intrincada, mostrando assim a Macau invisível”, revela o Instituto Cultural (IC), em comunicado. “A Sombra Manifesta”, é uma obra que utiliza a sobretudo o trabalho em cerâmica e que tem como objectivo, “alterar a impressão estereotipada das pessoas sobre Macau e mexer com a re-imaginação da cidade e da sua

identidade através da reconstrução mental da terra natal na memória, da introspecção sobre as ruínas da cidade e da inferência de mitos paranormais”, refere a mesma fonte. A obra de Lio Sio Man e Heidi Lau foi considera pelo júri como detentora de um discurso estético completo além de representar uma “retrospecção sobre o homem e a sua cultura”. A obra reflecte ainda sobre a “monstruosidade” do território materializada “na diversidade de culturas, na mistura de diversas religiões, na tradição e na modernidade do real e do irreal”, indicadores relevantes do contexto híbrido de Macau. S.M.M.

Seguir-se-ia, em 1991, "Maria Guinot", com produção de José Mário Branco, e a participação de músicos como PUB

a violoncelista Irene Lima, o contrabaixista Carlos Bica, o saxofonista Edgar Caramelo e o percussionista João Nuno

Represas. Até 2004, quando foi editado “Tudo Passa”, não há registo de outros disco de Maria Guinot. Escreveu, porém, “Histórias do Fado” (1989), com Ruben de Carvalho e José Manuel Osório, e manteve a intervenção política e social: subscreveu a saudação ao 30.º aniversário da Revolução Cubana, em 1989, com o actor Rogério Paulo, os escritores José Saramago e Natália Correia; condenou a política de não admissão de mulheres por bancos privados portugueses, no manifesto “Dizemos Não Aos Bancos Com Preconceitos”, no início dos anos de 1990; fez parte do movimento pela despenalização do aborto e da Frente para a Defesa da Cultura, que, na época, marcou a contestação do setor. Em 1991, actuou em Cabo Verde, no Dia de Portugal. Em 1994, nos 20 anos do 25 de Abril, montou o espetáculo "Os Poetas de Abril", com a actriz e encenadora Fernanda Lapa. Afastada do activo desde 2010, por doença, recebeu, em 2011, a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores.


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