Hoje Macau 31 OUT 2017 #3925

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MOP$10

TERÇA-FEIRA 31 DE OUTUBRO DE 2017 • ANO XVII • Nº 3925

HOJE MACAU

hojemacau LEI SINDICAL PROJECTO VOLTA A NÃO PASSAR NA AL

Peso do chumbo

ÓRGÃO MUNICIPAL

POVO SEM VOZ PÁGINA 4

CARTA DE CONDUÇÃO

Panorama que assusta

Nove vezes apresentado e nove vezes chumbado. O hemiciclo rejeitou, com 15 votos contra e 12 a favor, o projecto de Lei Sindical de Pereira Coutinho.

PÁGINA 8

PÁGINA 5

CATALUNHA

Divididos para reinar

JOSEP LAGO/AFP

GRANDE PLANO

A SOMBRA DE TESEU h PAULO JOSÉ MIRANDA

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

h ANTÓNIO CABRITA


2 grande plano

Após a destituição do Presidente catalão, Carles Puigdemont, a população que está contra a independência saiu à rua em números consideráveis, para gáudio das autoridades de Madrid. Entretanto, as primeiras sondagens referentes às eleições regionais não dão maioria às forças politicas separatistas que suportavam o anterior Governo exonerado por Mariano Rajoy

31.10.2017 terça-feira

CATALUNHA

UMA MANTA DE RETALHOS P

DIVISÃO PROSSEGUE ENQUANTO SE AGUARDA PELAS ELEIÇÕES REGIONAIS

OR vezes a realidade parece imitar a ficção. Com as devidas diferenças de intensidade dramática e, felizmente, muito menos sangue derramado, a situação política na Catalunha parece imitar a série “Game of Thrones”. Antes da entrada para o fim-de-semana, o Executivo liderado por Mariano Rajoy destituiu o presidente do governo catalão, Carles Puidgemont e anunciou eleições regionais para o dia 21 de Dezembro. O homem que tem encabeçado o movimento independentista não aceitou o afastamento e pediu aos catalães uma “oposição democrática”. “Numa sociedade democrática são os parlamentos que escolhem os seus presidentes”, disse Carles Puigdemont numa declaração oficial gravada previamente e transmitida pelas televisões espanholas. Entretanto, a discussão política subiu de tom com o ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, Alfonso Dastis, admitindo que o líder catalão demitido por Madrid pode mesmo ser preso por participar no movimento independentista. A cereja em cima do bolo político foi a declaração unilateral de independência feita pelo parlamento da Catalunha, posição na qual Puidgemont terá tido papel preponderante e que pode resultar em acusações criminais. Se for acusado de rebelião, o ex-presidente Puigdemont pode ser condenado a uma pena que vai até 30 anos de prisão. Mantendo o forte simbolismo que tem atravessado todo o processo, a votação parlamentar fez-se sem a presença dos deputados

da oposição que abandonaram o hemiciclo deixando bandeiras espanholas nos lugares vazios.

REI RAJOY

Após a destituição de Carles Puigdemont, e até serem apurados os resultados das eleições regionais, Madrid teve luz verde do Senado espanhol que autorizou o Governo a aplicar o artigo 155º da Constituição de forma a restituir a legalidade na região autónoma. Até haver Governo catalão, a autonomia da região fica suspensa. Rajoy concluiu a sua intervenção no plenário do Senado sublinhando que, perante o desafio independentista, “não é a Catalunha”, mas sim a “Espanha inteira que está em cima da mesa”, pedindo solidariedade e responsabilidade a todas as forças políticas para lidar com a situação catalã.

A completar esta esgrima entre Madrid e Barcelona, que torna minúscula a rivalidade futebolística, no domingo as ruas da capital catalã encheram-se de apoiantes da unidade espanhola. A polícia municipal de Barcelona estimou que os manifestantes contra a independência tenham chegado aos 300.000, um número que em muito se distancia dos

Rajoy concluiu a sua intervenção no plenário do Senado sublinhando que, perante o desafio independentista, “não é a Catalunha”, mas sim a “Espanha inteira que está em cima da mesa”

indicados pela Sociedade Civil Catalã que apontaram para cerca de 1,3 milhões. Entre cânticos do conhecido “Y Viva España”, os manifestantes pediram a prisão dos dirigentes separatistas chefiados pelo presidente do Governo regional, Carles Puigdemont, nas ruas de Barcelona. Na cabeça da manifestação estiveram a ministra da Saúde espanhola, a catalã Dolors Montserrat, em representação do Governo de Madrid, e os líderes regionais dos principais partidos que lutam contra a divisão de Espanha. Nos cartazes empunhados pela multidão liam-se slogans como “Espanha unida”, “despertar de um povo silenciado”, “pela reconciliação entre os catalães divididos”, e “todos somos catalães”. Além disso, os organizadores da manifestação demonstraram o desejo de que as próximas eleições regionais decorram num espírito de convivência e diálogo, dentro da lei, e que o sufrágio conduza a uma “Catalunha unida”.

PRIMEIRAS SONDAGENS

Os partidos independentistas actuais não vão conseguir ter a maioria necessária para formar Governo na Catalunha nas próximas eleições regionais, em 21 de Dezembro próximo, segundo a primeira sondagem publicada no diário El Mundo. De acordo com o estudo de opinião, os partidos separatistas que suportavam o executivo regional exonerado teriam 65 deputados (42,5 por cento) num total de 135 deputados, três menos do que os necessários para governar.


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terça-feira 31.10.2017

VISÃO CATALÃ

A

viver em Lisboa, Natália Tost, catalã e independentista acompanhou de longe os acontecimentos do fim-de-semana, no entanto, emocionalmente a distância não existiu. “O voto para mim foi algo muito emocionante, vi na televisão e chorei o tempo todo”, conta. Apesar de ser favorável à independência, Natália reconhece o perigo e “as consequências que pode ter para o país”. Casada com um português, Natália Tost identifica-se como uma “mulher republicana, catalã e nascida numa casa humilde, por isso três vezes rebelde”. A questão não se lhe afigura como uma dicotomia entre independentismo ou integração, destacando que há uma imensa pluralidade entre os que querem mais soberania para a Catalunha. Nesse aspecto, apesar da emoção com que viu o voto do parlamento regional, entende que o processo seguiu moldes fracos. “Acho que as minhas filhas vão ver dentro de uns anos uma Catalunha mais soberana, mas agora vamos entrar num período complicado, acho que vamos andar para trás”. A catalã acrescenta ainda que “a manifestação pró-integração demonstra que há gente chateada e com vontade de sangue”.

A Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) seria o mais votado, com 26,4 pontos percentuais das intenções de voto, o Partido Democrático Europeu Catalão (PDeCAT, direita) de Carles Puigdemont teria 9,8 por cento e a Candidatura de Unidade Popular (CUP, extrema-esquerda) 6,3 por cento. Os partidos constitucionalistas (não independentistas) somariam 43,4 pontos, sendo o mais votado o Cidadãos (centro) com 19,6 por cento, seguido pelo Partido dos Socialistas da Catalunha (PSC, socialistas agregados ao PSOE) com 15,1 e o Partido Popular (PP, direita) com 8,7 por cento. O Catalunha Sim Se Pode (CSQP, extrema-esquerda, próxima do Podemos) obteria 11 por cento dos votos. É de salientar que actualmente, o partido de Carles Puidgemont é o que mais deputados tem no parlamento catalão.

CONTEXTO EUROPEU

O terramoto catalão poderá ter réplicas na geologia política do

País Basco, mas o movimento pode servir de inspiração para outras regiões europeias que também anseiam independência. Depois do Kosovo ter declarado a independência unilateralmente em 2008, os independentistas da Flandres, a região holandesa da Bélgica, merecem toda a atenção das autoridades europeias. A região tem

Os partidos independentistas actuais não vão conseguir ter a maioria necessária para formar Governo na Catalunha nas próximas eleições regionais, em 21 de Dezembro próximo, segundo a primeira sondagem publicada no diário El Mundo

já alguma autonomia, tendo um parlamento próprio onde a representação do movimento nacionalista conta com 50 assentos num total de 124. Depois de uma crise política que assolou a Bélgica entre 2010 e 2011, a Aliança Nova Flandres entrou para o Governo federal belga, ficando com a possibilidade de influenciar por dentro os destinos do país e da região. Em Itália, nas regiões nortenhas de Veneto e Lombardia, onde grande parte da riqueza do país se concentra, pede-se maior autonomia em relação a Roma, em especial em termos financeiros. No entanto, não se discute ainda a questão da independência. Num referendo realizado no passado dia 22 de Outubro, mais de 40 por cento dos eleitores manifestaram vontade de maior autonomia. Neste caso, os partidos que apoiam um maior poder regional, em particular em termos de receitas com impostos, são do espectro político da direita. Aliás, na Lombardia é quase tradicional a distância cultural e social com o sul do país.

Em França os sentimentos separatistas são insulares, para ser mais específico centram-se na Córsega. Nas últimas eleições legislativas francesas os eleitores da ilha elegeram três candidatos abertamente pró-independência

O ensaísta Eduardo Lourenço considera que a luta pela independência da Catalunha pode representar “o princípio de uma fragmentação virtual” da União Europeia

para a Assembleia Nacional, os primeiros do movimento com assento parlamentar. É de salientar que a Córsega já goza de uma relativa autonomia e de um estatuto especial na sua relação com Paris. Já na assembleia regional os nacionalistas são a maioria e aprovaram uma moção a 22 de Setembro a destacar a “inegável legitimidade do governo da Catalunha”. O presidente do órgão colegial da Córsega, Jean-Guy Talamoni, chegou mesmo a expressar no Twitter o apoio “aos amigos da Catalunha” e condenou “a agressão espanhola contra a democracia”. Para já, a situação na ilha mantem-se calma, sem haver menção a uma palavra que anda a espalhar o terror entre os governos centrais: referendo. Eduardo Lourenço comentou que os catalães “têm que pensar duas vezes se querem ser uma ilha ou se querem pertencer realmente a um espaço maior que é um espaço histórico universal”. O ensaísta considera que a luta pela independência da Catalunha pode representar “o princípio de uma fragmentação virtual” da União Europeia. O próprio presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker alertou que a União Europeia não precisa de “mais fissuras”, enquanto que Donald Tusk reiterou que a Espanha continua a ser o único interlocutor com Bruxelas. O presidente do Conselho Europeu acrescentou ainda que espera que a força dos argumentos se sobreponha aos argumentos da força. João Luz com agências info@hojemacau.com.mo


4 política

31.10.2017 terça-feira

ÓRGÃO MUNICIPAL DEPUTADOS CONTRA A NOMEAÇÃO DE MEMBROS

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UATRO deputados da ala pró-democracia de Macau insurgiram-se, esta sexta-feira, na Assembleia Legislativa (AL), contra o recente anúncio do Governo de que o futuro órgão municipal sem poder político não terá qualquer membro eleito. No período de intervenções antes da ordem do dia, Ng Kuok Cheong, Au Kam San, Sulu Sou e José Pereira Coutinho criticaram o anúncio do Executivo, na terça-feira, de que os membros do prometido órgão municipal serão todos nomeados pelo líder do Governo, apesar de órgãos semelhantes no tempo da administração portuguesa contarem com eleições. “Recordo que antes do retorno de Macau à pátria, havia assembleias municipais, com membros eleitos pela população. Também na Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK) existem órgãos semelhantes, conselhos distritais”, apontou Pereira Coutinho. O único deputado luso-descendente da AL de Macau criticou o Instituto

para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) - que veio substituir as câmaras do tempo da administração portuguesa e que vai ser extinto para dar lugar a este novo órgão -, dizendo que “padece do problema de tráfico de influências e baixa eficiência”. “Por isso, os novos órgãos municipais devem pautar-se por servir o povo e ter a participação da população na sua constituição”, afirmou. O democrata Ng Kuok Cheong, que há muito pedia que o Governo avançasse com a criação deste órgão, considerou a decisão de “incompreensível”. “A RAEHK é uma região onde também se aplica o

“Os novos órgãos municipais devem pautar-se por servir o povo e ter a participação da população na sua constituição.” JOSÉ PEREIRA COUTINHO DEPUTADO

HOJE MACAU

Os deputados conhecidos pela sua acção pró democrata manifestaram-se todos contra a recente decisão do Governo em nomear a totalidade dos membros do novo órgão municipal sem poder político. Para os deputados trata-se de mais uma medida em que a democracia regride no território

GONÇALO LOBO PINHEIRO

Democracia a andar para trás

José Pereira Coutinho

Sulu Sou

princípio ‘um país, dois sistemas’, e foram criados, nos termos da Lei Básica, órgãos por zona sem poder político, e recorreu-se ao sufrágio direto para a eleição dos membros dos conselhos distritais (...) o não admitir eleições por se tratar de órgãos sem poder político é um juízo extremamente errado”, criticou. Ng Kuok Cheong instou o executivo a explicar se houve, da parte do Governo Central da China, alguma oposição à implementação de eleições para estes cargos, e caso isso não tenha acontecido, que apresente então os seus motivos.

tiva Especial de Macau] para que parem de agir em sentido contrário, impedindo o ritmo do desenvolvimento democrático das zonas comunitárias e que parem de prejudicar Macau”, afirmou. O colega de bancada Au Kam San, que antes da transferência de Macau para a China foi eleito para dois mandatos de assembleias municipais, também sublinhou a importância de estes lugares serem sujeitos a sufrágio, e lembrou que vão fazer parte da comissão de 400 membros que elege o líder do Governo. “Os órgãos municipais têm de contar com elementos eleitos pela população, pois só assim é que será possível uma representação política”, salientou. “Pode dizer-se que esta operação para recriação de órgãos municipais demons-

ARISTOCRACIA ACTIVA

“Tenho de apelar aqui publicamente aos poderosos e aos aristocratas que governam a RAEM [Região Administra-

A secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, disse aos jornalistas que a criação do novo órgão municipal sem poder político não invalida a continuação dos conselhos consultivos que já existem para dar pareceres na mesma área. Citada por um comunicado oficial, Sónia Chan garantiu que “o Governo irá manter [os conselhos consultivos dos serviços comunitários] tendo em conta que podem dar opiniões sobre a acção governativa, servindo de plataforma de consulta mais vasta”. Quanto ao futuro “Instituto Municipal”, que irá substituir o actual Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), “terá funções consultivas e de gestão, o que permite realizar pareceres de carácter consultivo sobre matérias ligadas à cultura, recreio e salubridade pública”.

GCS

Sónia Chan Governo vai manter conselhos consultivos

tra plenamente o estado podre e decadente do Governo, que prefere prejudicar o interesse geral de Macau (...) para assegurar os interesses instalados e os almoços políticos gratuitos de certos grupos com direitos especiais”, acusou.

RETROCESSO DEMOCRÁTICO

Na mesma linha manifestou-se o novo membro da ala

“Macau precisa de um mecanismo representativo do povo, de baixo para cima.”

pró-democracia, eleito em Setembro. Para Sulu Sou, as características deste novo órgão revelam “o retrocesso da democracia de Macau”, já que o Governo “fechou a porta à democracia municipal”. Segundo Sulu Sou, a não eleição dos membros fará com que este órgão continue a não trabalhar convenientemente, não precisando de “responder às solicitações [da população] nem de tratar das suas queixas”. O futuro órgão municipal sem poder político será em tudo, menos no nome, igual ao IACM, sublinhou. “Macau precisa de um mecanismo representativo do povo, de baixo para cima”, defendeu. Apesar de a Lei Básica de Macau afirmar que os residentes têm o direito de eleger e ser eleitos, apenas 14 dos 33 deputados podem ser escolhidos directamente pela população e o líder do Governo é eleito por um colégio de 400 membros. O novo órgão municipal sem poder político encontra-se agora em consulta pública e espera-se que seja constituído em 2019. Será composto por dois conselhos, nomeados pelo Chefe do Executivo, um de administração municipal, com não mais de oito membros, e um consultivo municipal, com não mais de 25. Os membros destes dois conselhos vão escolher, entre si, dois representantes para integrar a comissão eleitoral do chefe do Governo.

SULU SOU DEPUTADO

AL Corte no orçamento do próximo ano

O Orçamento da Assembleia Legislativa para o ano económico de 2018, que vai ser discutido dia 6 de Novembro, sofre um corte de cerca de um milhão de patacas face a 2017. De acordo com o canal de rádio da TDM, a proposta, já admitida na Assembleia Legislativa, prevê um valor de 184 milhões 630 mil patacas. Trata-se de um corte de 0,71 por cento, quando comparado com o orçamento inicial da Assembleia Legislativa para 2017. No entanto, se a comparação for feita com o orçamento revisto em alta em Abril, o corte é de 0,84 por cento. Em 2018, a Assembleia Legislativa conta gastar menos com o pessoal – são cerca de 139 milhões - uma redução anual de 0,69 por cento. Para o próximo ano, destaca-se o aumento das despesas de capital. O valor duplica face a 2017 para cinco milhões 980 mil patacas.


política 5

terça-feira 31.10.2017

SOFIA MARGARIDA MOTA

ARQUIVO

SMG Agnes Lam pede responsabilizações além de Fung Soi Kun

A deputada Agnes Lam interpelou o Governo sobre a possibilidade de aplicação de sanções disciplinares a outros governantes que não apenas Fung Soi Kun, em relação aos estragos e às mortes provocadas pela passagem do tufão Hato. Segundo o Jornal do Cidadão, a deputada considera que Fung Soi Kun não deve ser alvo de qualquer condenação, numa altura em que o antigo director dos Serviços Metereológicos e Geofísicos enfrenta um processo disciplinar, ainda sem conclusões.

AL EXIGIDA IMPORTAÇÃO DE MOTORISTAS

LEI SINDICAL PROJECTO CHUMBADO PELA NONA VEZ

Trabalho sem voz

T

O projecto de lei apresentado pelo deputado Pereira Coutinho voltou a ser chumbado, na sexta-feira, pela maioria dos deputados à Assembleia Legislativa. O Regime Jurídico de Garantias dos Direitos e Interesses dos Idosos passou, mas não sem críticas

A

Assembleia Legislativa (AL) de Macau voltou a chumbar, pela nona vez, um projecto de lei sindical, apesar de críticas de vários deputados à demora do Governo em regulamentar um direito previsto na lei fundamental de Macau. A Lei Básica de Macau consagra, no artigo 27.º, que os residentes do território gozam da “liberdade de organizar e participar em associações sindicais e em greves”, no entanto tal nunca foi regulamentado. Desde a transferência de Macau para a China, em 1999, o deputado luso-descendente José Pereira Coutinho apresentou vários diplomas sobre a matéria, bem como alguns colegas da ala dos operários. Tal como nas ocasiões anteriores, o hemiciclo não aprovou

o projecto, exactamente com a mesma votação dos últimos dois diplomas sobre a matéria: dos 33 deputados que compõem a AL, 12 votaram a favor, 15 contra. Apesar de a maioria votar contra, foram os deputados que apoiavam a ideia que mais pediram para falar. “Na Lei Básica isto está consagrado, porque não encaramos com seriedade? Se não conseguimos produzir uma Lei Sindical, quais são as consequências? (...) Devido à falta de uma Lei Sindical estamos a fugir a determinadas matérias nomeadamente à negociação colectiva”, lamentou Ella Lei, com ligações aos operários. Sulu Sou, do campo pró-democracia, lembrou que esta é uma matéria sobre a qual as organizações internacionais têm vindo a

pressionar Macau, com o Governo a “empurrar responsabilidades” dizendo que “não há consenso na sociedade” sobre o assunto. “Porque é que o sector empresarial tem tanto medo? A Lei Sindical não é um instrumento para ser usado pela parte laboral para gerar conflitos, para ameaçar o patrão, é para promover uma oportunidade de conversa entre ambas as partes”, sublinhou. No final do ano passado, o Governo anunciou o lançamento de um concurso público para adjudicar um estudo sobre as condições para a regulamentação de uma Lei Sindical. Este estudo só deve estar concluído em meados de 2018.

IDOSOS POR UM TRIZ

Na sessão de sexta-feira foi aprovado na generalidade o Regime

GCS

RÊS deputados de Macau pediram ao Governo que autorize a contratação de motoristas ao exterior, uma profissão que, a par da de ‘croupier’ de casino, é reservada aos trabalhadores locais. “Solicitamos ao Governo, novamente, para estudar e considerar, a fim de deixar de indeferir, uniformemente, os pedidos de importação de motoristas”, afirmaram Kou Hoi In, Chui Sai Peng e Ip Sio Kai em reunião plenária da Assembleia Legislativa. Os deputados indicaram que apenas pretendem que seja autorizada a importação de motoristas para entrega de mercadorias, distinguindo-os dos “motoristas profissionais”. Numa intervenção conjunta na Assembleia Legislativa, os deputados lembraram que há “insuficiência de recursos humanos nas pequenas e médias empresas”, com a dificuldade em encontrar motoristas entre os “problemas mais graves”. A título de exemplo, os três deputados apontaram para a entrega de gás, ramo em que há “veículos que ninguém conduz”, sendo os trabalhadores “obrigados a usar bicicletas para o transporte”, o que depois se traduz em multas da polícia. “A média etária dos motoristas efectivos está a aumentar cada vez mais e a falta de sucessores resulta em vagas. A insistência do Governo em limitar as funções de motorista aos trabalhadores locais contribuiu, originalmente, para garantir o seu acesso ao emprego, mas o desenvolvimento de muitas PME foi posto em causa (...) e os trabalhadores locais estão sobrecarregados de trabalho”, afirmaram. Assim, os três deputados lançaram um repto: “Desejamos que os serviços competentes sejam práticos e realistas (...) adoptando assim uma política que permita a condução de veículos por entregadores de mercadorias não residentes”.

Sulu Sou, deputado “A Lei Sindical não é um instrumento para ser usado pela parte laboral para gerar conflitos, para ameaçar o patrão, é para promover uma oportunidade de conversa entre ambas as partes.”

Jurídico de Garantias dos Direitos e Interesses dos Idosos, um diploma que alguns deputados consideraram pouco concreto. A lei enumera os compromissos do Governo com esta faixa da população, garantindo prestação de cuidados de saúde gratuitos, alimentação e habitação para os mais carenciados, condições de acessibilidade em transportes e serviços públicos, isenção de tarifas na utilização de equipamentos culturais e desportivos, entre outros. O diploma compromete também o apoio do Executivo aos prestadores de cuidados aos idosos, ainda que não seja especificado de que modo. No que toca aos litígios civis entre os idosos e a família em matéria de prestação de alimentos, habitação ou património, é previsto que o Instituto de Acção Social medeie uma conciliação, antes de avançar para fase judicial. É prevista ainda a criação de “um mecanismo de avaliação unificada, de encaminhamento e de espera relativo aos candidatos que requerem o serviço de internamento nos lares e outros serviços de cuidados permanentes”. Vários deputados sublinharam a dificuldade de muitas famílias em tomar conta dos idosos, visto muitos terem problemas de saúde e os filhos a trabalhar, acabando por optar pelos lares, onde as vagas escasseiam. Ainda assim, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, frisou que “o Governo tem uma política muito clara de incentivo às pessoas para cuidarem dos seus idosos em casa”. “Se colocarmos os nossos idosos em asilos ou lares podemos imaginar qual vai ser o número, todas as despesas que isso implica (...) temos essa responsabilidade de cuidar dos nossos pais”, afirmou. Pereira Coutinho foi um dos que apontou o dedo à falta de concretização do regime: “Com base neste diploma não vou conseguir extrair alguma coisa que me proteja, vou ter de ler leis avulsas. Não me dá estrutura para dizer a esta ou aquela entidade que têm de respeitar esta lei (...) É como uma laranja, ao espremer não sai muito sumo que o idoso possa beber deste diploma. Isto francamente não chega”. Em 2016, Macau contava com 9,8 por cento de população idosa, com as previsões a apontarem para um aumento até 20,7 por cento até 2036.


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política 7

terça-feira 31.10.2017

O Conselho Executivo aprovou a proposta de lei que prevê mais garantias aos depositantes em caso de falência bancária. Foi também aprovado pelo mesmo organismo o regulamento administrativo que visa a reformulação da Direcção dos Serviços de Economia

BANCOS APROVADO REFORÇO DE GARANTIAS A DEPOSITANTES

Dívidas de fora

quada da economia e satisfazendo as necessidades da sociedade”. Não obstante as mudanças, incluindo fusões, a estrutura da DSE manter-se-á com cinco departamentos e nove divisões. No entanto, vão ser retiradas ao Departamento de Desenvolvimento de Convenções e Exposições e das Actividades Económicas (DDCEAE) as competências relativas à promoção do desenvolvimento de convenções e exposições. Essas competências vão passar para o Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau (IPIM) que, por via dessa mudança, vai ver o regime orgânico alterado.

O Governo propõe mexidas nos critérios a observar na determinação do valor da compensação, deixando cair a dedução das eventuais dívidas do depositante à respectiva instituição quando é accionada a garantia pelo Fundo de Garantia de Depósitos

O

Governo de Macau elaborou uma proposta de lei de alteração ao Regime de Garantia de Depósitos que prevê mexidas nos critérios a observar no valor da compensação a pagar pelos bancos, excluindo a dedução de dívidas. Esta proposta de lei tem como finalidade “a simplificação do cálculo de compensação a pagar aos depositantes”, traduzindo-se nomeadamente “no reforço da garantia a conceder aos direitos e interesses razoáveis dos depositantes”, “contribuindo, assim, para a promoção da política de estabilidade financeira de Macau”, afirmou o porta-voz do Conselho Executivo, Leong Heng Teng. Em concreto, o Governo propõe mexidas nos critérios a observar na determinação do valor da compensação, deixando cair a dedução das eventuais dívidas do depositante à respectiva instituição quando é accionada a garantia pelo Fundo de Garantia de Depósitos (FGD).

O

recém-eleito deputado de Macau Leong Sun Iok, da Federação das Associações de Operários, pediu ao Governo que mobilize inspectores em permanência para os casinos, para garantir que a lei antitabaco não é violada. No período de intervenções antes da ordem o dia na Assembleia Legislativa (AL), Leong criticou os casinos de Macau, dizendo que tudo fazem para contornar a Lei da Prevenção e Controlo do Tabagismo, adoptada em 2012 e que tem gradualmente vindo a alargar o seu

À luz da proposta de lei – que carece de ser aprovada pela Assembleia Legislativa – continuam a ser levados em conta os saldos dos depósitos garantidos do depositante na entidade participante em causa, acrescidos dos respectivos juros contados até àquela data, explicou Leong Heng Teng. O actual regime prevê um limite máximo de reembolso de 500 mil patacas a cada depositante e por banco. Todos os bancos autorizados a exercer actividade em Macau

(com a excepção dos ‘offshore’) e a Caixa Económica Postal são obrigados a participar no Regime de Garantia de Depósitos, cuja gestão e financiamento é da competência do FGD, apoiado técnica e administrativamente pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM).

REESTRUTURAÇÃO DECLARADA

O Conselho Executivo anunciou que deu ‘luz verde’ a duas propostas de regulamento administrativo,

Olhos no fumo

Leong Sun Iok pede mais inspecções nos casinos

âmbito, abrangendo também os casinos. O antigo ‘croupier’ afirmou que os casinos encontraram, desde 2014, quando foram criadas salas de fumo, “vários métodos para contornar a lei (...) deixando os clientes fumar”. O novo deputado dá como exemplo de má conduta casos em que não são afixados os dísticos necessários

nas zonas onde não se pode fumar, áreas de fumadores que têm o seu âmbito alterado, bem como casos em que “enganam os clientes, afirmando que era permitido fumar nas áreas para não fumadores, e até impediram os seus trabalhadores de dizer aos clientes que era proibido fumar naquelas áreas”. “Os casinos violam a lei a seu bel-prazer e os trabalhadores

com a primeira a dizer respeito à organização e funcionamento da Direcção dos Serviços de Economia (DSE). “Devido à mudança rápida da conjuntura económica mundial verificada nos anos recentes e à realidade do desenvolvimento económico de Macau”, propõe-se uma “reconfiguração da estrutura orgânica” da DSE que “permita impulsionar o desenvolvimento industrial e comercial de Macau, promovendo a diversificação ade-

já não conseguem tolerar isso”, criticou. Leong disse que “o controlo do tabaco nos casinos não obteve resultados satisfatórios” e lamentou que as salas de fumo continuem a ser permitidas, ao contrário do que tinha sido anteriormente anunciado pelo Governo, que pretendia proibir totalmente o tabaco nestes espaços.

DIA E NOITE

Para combater “os riscos do tabagismo” para os trabalhadores dos casinos, o deputado sugeriu que o Governo “simplifique os

Segundo Leong Heng Teng, sugere-se “alargar o âmbito das responsabilidades do IPIM, adicionando nomeadamente o impulso ao desenvolvimento da indústria de convenções e exposições e promoção das funções de Macau como plataforma de serviços para a cooperação comercial entre a China e os países de língua portuguesa”. Neste âmbito, vai ser criado o departamento de promoção comercial e económica dos países de língua portuguesa, complementou o presidente do IPIM, Jackson Chang.

procedimentos relacionados com a aplicação da lei por parte dos inspectores” e “mobilize esse pessoal para ficar nos casinos 24 horas por dia”. A Lei da Prevenção e Controlo do Tabagismo entrou em vigor em 2012. Em 2015 passou a aplicar-se a bares, salas de dança, estabelecimentos de saunas e de massagens. Os casinos foram abrangidos dois anos antes, a 1 de Janeiro de 2013, mas apenas parcialmente, dado que as seis operadoras de jogo foram autorizadas a

criar zonas específicas para fumadores, que não podiam ser superiores a 50% do total da área destinada ao público. Em Outubro de 2014, “as zonas para fumadores” foram substituídas por salas de fumo fechadas, passando a ser proibido fumar nas zonas de jogo de massas dos casinos e permitido apenas em algumas áreas das zonas de jogo VIP. No Verão do ano seguinte foi aprovada, na generalidade, uma proposta de lei que proibia totalmente o fumo nos casinos, mas o Governo viria a recuar na promessa inicial de ‘tolerância zero’.


8 sociedade

TIAGO ALCÂNTARA

31.10.2017 terça-feira

Taxímetros Mais de mil táxis com tarifas actualizadas

CARTAS DE CONDUÇÃO DEPUTADOS TEMEM AGRAVAMENTO DO TRÂNSITO

Para pior já basta assim

Vários deputados debateram a questão do reconhecimento mútuo das cartas de condução de Macau e do interior da China, temendo um agravamento das condições do tráfego no território. Lam Hin San, director da DSAT, afasta essa possibilidade

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STE domingo a TDM promoveu um debate com cinco deputados da Assembleia Legislativa sobre a proposta de reconhecimento mútuo das cartas de condução de Macau e do interior da China, uma medida anunciada a semana passada pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT). Segundo a imprensa chinesa, o deputado Si Ka Lon crê que a medida proposta pelo Governo segue uma tendência já verificada, uma vez que Hong Kong e o interior da China já colocam em prática esse reconhecimento dos documentos de condução há mais de dez anos. Uma vez que a cooperação com a província de Guangdong está mais estreita, e também devido ao facto de vários residentes realizarem os exames de condução no continente, Si Ka Lon considera que a medida pode ser benéfica. Leong Sun Iok, deputado ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), disse estar preocupado com a possibilidade do aumento do número de veículos em circulação, o que pode trazer um grande impacto à vida da população local. O número dois de Ella Lei na AL lembrou a existência de

excesso de motoristas ilegais em Macau, sendo que, quando a proposta for implementada, haverá o risco da vinda de mais motoristas não residentes, o que pode piorar a situação de ilegalidade. Ng Kuok Cheong considerou “óbvia” a possibilidade de piorar não só a situação dos motoristas ilegais como o panorama do tráfego em Macau. A proposta anunciada pela DSAT já tinha sido abordada em 2013, mas não avançou por falta de viabilidade. O deputado pró-democrata frisou que as autoridades decidiram implementar a proposta dado o futuro planeamento da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. Para Ng Kuok Cheong, este projecto de integração regional “visa melhorar as cidades e não torná-las iguais”. Tendo em conta as condições de Macau, Ng Kuok Cheong acha que “são sempre bem-vindos os visitantes, mas convém usarem transportes públicos”. O deputado defendeu ainda que as autoridades comuniquem com a China, para que os futuros novos condutores tenham a percepção das características locais. Na visão de Ho Ion Sang, deputado ligado à União Geral das Associações dos Moradores

de Macau (Kaifong), esta não é a altura ideal para se avançar com a proposta de mútuo reconhecimento das cartas de condução, pelo facto do trânsito em Macau enfrentar problemas de planeamento. Ho Ion Sang lembrou ainda o mau funcionamento dos autocarros públicos, as ilegalidades cometidas pelos taxistas e a entrada em funcionamento do metro ligeiro só em 2019, [e apenas no segmento da Taipa]. O deputado considera, portanto, que o Governo só deve implementar esta medida quando forem criadas melhores condições para o trânsito e transportes públicos. Ainda assim, defende que o reconhecimento mútuo das cartas de condução será uma tendência a seguir nos próximos tempos. Mak Soi Kun defendeu, por sua vez, que o Governo de Macau

Ng Kuok Cheong considerou “óbvia” a possibilidade de piorar não só a situação dos motoristas ilegais como o panorama do tráfego em Macau

deve comunicar de forma estreita com as autoridades da China, ao mesmo tempo que se devem melhorar os serviços de autocarros e garantir a execução das leis.

SEM PRESSÃO

Citado pelo Jornal do Cidadão, o director da DSAT, Lam Hin San, lembrou que a cada ano que passa há mais turistas a necessitar de conduzir em Macau, além de que o número de acidentes de viação tem diminuído nos últimos dois anos. Tendo em conta o exemplo de Hong Kong, Lam Hin San frisou que o número de visitantes em Macau não será excessivo. Com as medidas de controlo da circulação de veículos e as opções de deslocação existentes, o responsável defende que, numa fase inicial, a nova medida não vai trazer um impacto significativo ao trânsito. O chefe do departamento de trânsito do Corpo de Polícia de Segurança Pública, Vong Vai Hong, acredita que a proposta não vai aumentar as dificuldades de combate aos motoristas ilegais. Caso seja necessário, haverá um aumento da fiscalização, alertou. Também Vong Vai Hong não acredita num aumento exponencial do número de acidentes de viação. HM

A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) garantiu ao HM que, até 23 de Outubro, um total de 1383 táxis foram alvo da actualização dos taxímetros, uma vez que o aumento do valor da bandeirada entrou em vigor no passado dia 23 de Julho. Esses veículos já operam, portanto, com as novas tarifas. Na resposta, a DSAT esclarece ainda que, no caso dos táxis que ainda não actualizaram os seus taxímetros, “as tarifas a praticar estão definidas na tabela de correspondência do tarifário, que deve estar visível no veículo e ao acesso do passageiro”. “Nos casos de não actualização do taxímetro e do não levantamento da referida tabela, a cobrança deve ser feita na tarifa antiga, caso contrário é considerada cobrança abusiva, ficando, o condutor, sujeito a sanções.” A DSAT não esclarece, contudo, quantos condutores é que foram alvo de multas neste âmbito.

Imposto de circulação Novos dísticos a partir do dia 20 de Novembro

A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego lança no próximo dia 20 de Novembro o serviço de impressão dos dísticos do imposto de circulação, através do quiosque de auto-serviço da Direcção dos Serviços de Identificação (DSI) que tem apenas a função de emissão, em segunda via, em Novembro e Dezembro. Segundo um comunicado oficial, “desde que os cidadãos efectuem o pagamento online, em segunda via, do imposto de circulação, podem seleccionar a impressão do respectivo dístico nos quiosques de auto-serviço da DSI disponíveis em quatro locais”. O último dia para imprimir o dístico do imposto de circulação deste ano será 28 de Dezembro.

DSSOPT Obra para nova passagem superior arranca em 2018

A Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) vai construir uma passagem superior para peões para interligar as duas passagens superiores para peões situadas na Avenida da Amizade, junto à Rua do Terminal Marítimo e junto ao Terminal Marítimo de Passageiros do Porto Exterior. Segundo um comunicado, o objectivo é “facilitar a circulação de residentes e turistas”. Prevê-se que a obra arranque no primeiro trimestre do próximo ano, estando neste momento a ser realizado o concurso público, cujo prazo para a entrega de propostas termina no próximo dia 20. A DSSOPT prevê que a obra demore 380 dias a concretizar-se.


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terça-feira 31.10.2017

COMÉRCIO EXPORTAÇÕES SOBEM DE JANEIRO A SETEMBRO

O

comércio externo de Macau subiu 6 por cento nos primeiros nove meses do ano, em termos anuais homólogos, atingindo 63,03 mil milhões de patacas, indicam dados oficiais divulgados. De acordo com a Direção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), entre Janeiro e Setembro, Macau exportou bens avaliados em 8,56 mil milhões de patacas – mais 10,7 por cento – e importou produtos avaliados em 54,47 mil milhões de patacas, ou seja, mais 5,3 por cento, em termos anuais homólogos. Por conseguinte, o défice da balança comercial nos nove primeiros meses do ano atingiu 45,91 mil milhões de patacas, traduzindo um agravamento de 4,3 por cento em termos anuais homólogos. Em termos de mercados, as exportações para a China totalizaram 1,63 mil milhões de patacas, reflectindo uma subida de 21,4 por cento relativamente a igual período do ano transato. As vendas para Hong Kong, para a União Europeia e para os Estados Unidos subiram 16,8 por cento, 2,6 por cento e 22,2 por cento, respectivamente, em termos anuais homólogos, segundo a DSEC. As exportações para os países de língua portuguesa cifraram-se em 700 mil patacas, traduzindo um ‘tombo’ de 88 por cento face ao período homólogo de 2016. Já do lado das importações, Macau comprou à China produtos no valor de 17,85 mil milhões de patacas nos primeiros nove meses do ano, ou seja, menos 5,4 por cento em termos anuais homólogos. A mesma tendência foi verificada nas importações de mercadorias dos países de língua portuguesa que diminuíram 3,3 por cento. Em sentido inverso, as compras à UE aumentaram 12,3 por cento.

CEPA ASSINADO ACORDO ENTRE HONG KONG E MACAU

Serviços livres

Já foi assinado o acordo bilateral de comércio livre entre Macau e Hong Kong. No entanto, a sua operacionalidade vai no ínicio abranger apenas os serviços. Fica em falta o sector do comércio de mercadorias

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A região vizinha compromete-se a liberalizar 105 serviços a Macau que, em contrapartida, vai abrir 72 serviços a Hong Kong

S Governos de Macau e de Hong Kong, as duas Regiões Administrativas Especiais da China, assinaram sexta-feira um acordo bilateral de comércio livre que no arranque prevê apenas a liberalização de serviços. O Acordo de Estreitamento das Relações Económicas e Comerciais entre Hong Kong e Macau (CEPA HK-Macau), indicou o Gabinete de Comunicação Social em comunicado, prevê a livre circulação de mercadorias, a facilitação dos procedimentos aduaneiros e de comércio e a abertura do comércio de serviços ou cooperação no domínio da propriedade intelectual. No âmbito do Acordo CEPA HK-Macau, a região vizinha compromete-se a liberalizar 105 serviços a Macau que, em contrapartida, vai abrir 72 serviços a Hong Kong, diz a mesma nota, sem qualquer referência, porém, ao comércio de mercadorias. O acordo foi firmado pelos titulares das pastas de Economia e Finanças de Macau e de Hong Kong, respectivamente, Lionel Leong e Paul Chan Mo-po, após a 10.ª reunião de alto nível de cooperação entre as duas Re-

Burlas Zheng Anting exige cartões registados em nome real O deputado Zheng Anting interpelou o Governo sobre a necessidade de implementação de um sistema de cartões telefónicos registados em nome real, uma medida que existe há muito no interior da China e em Taiwan. Tudo para que, na visão do deputado, seja mais fácil apanhar os suspeitos da prática de burla telefónica, um tipo de crime que não pára de aumentar em Macau. Zheng Anting considera que, apesar dos vários trabalhos efectuados pela Polícia Judiciária (PJ), os casos continuam a aumentar e a ocorrer

com recurso a técnicas diferentes. Com vista a reduzir a ocorrência de burlas telefónicas, o deputado acha necessário que se eleve a educação cívica sobre esta matéria junto dos cidadãos e que se intensifique a cooperação transfronteiriça e a partilha de informações. Zheng Anting questionou ainda os resultados das medidas de prevenção adoptadas em conjunto pela PJ, a Autoridade Monetária e Cambial de Macau, a Direcção dos Serviços de Correios e Telecomunicações (DSCT) e as operadoras de telecomunicações.

giões Administrativas Especiais realizada na sexta-feira em Hong Kong.

ANTES TARDE QUE NUNCA

No encontro anterior, em Julho de 2016, em que os dirigentes rubricaram o “documento principal” do Acordo CEPA HK-Macau, que definiu as regras a serem aplicadas às áreas do comércio de mercadorias e serviços, do investimento ou propriedade intelectual, ficou a promessa de que o acordo seria celebrado até ao final desse ano. Os três acordos CEPA – entre Hong Kong e Macau, entre a China e Hong Kong e entre a China e Macau – “vão contribuir para um melhor ambiente de comércio livre e um efeito activo de sinergias”, sublinha o mesmo comunicado oficial. Desde a entrada em vigor do Acordo CEPA – entre Macau e a China –, em Janeiro de 2004, têm vindo a ser assinados vários suplementos, com vista ao alargamento das áreas, produtos e serviços. De Janeiro de 2004 até Dezembro de 2016, o valor acumulado das exportações de mercadorias com isenção de direitos aduaneiros atingiu 764,44 milhões de patacas. No plano do comércio de serviços, no mesmo período, foram emitidos 612 certificados de prestador de serviços de Macau, quase metade dos quais relativos a serviços de transporte. O CEPA foi criado com o objectivo “promover a prosperidade e o desenvolvimento comum do Interior da China e da Região Administrativa Especial e reforçar a cooperação mútua económica e comercial”, estabelecendo “um relacionamento semelhante a parceiros de comércio livre, num país com duas regiões aduaneiras autónomas”.


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31.10.2017 terça-feira

Praia das letras

Macau no Festival Literário de Cabo-Verde

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ACAU está representado com o escritor Carlos Morais José na Festa do Livro, na Cidade da Praia. O evento, começou ontem e reúne 40 autores, numa programação que se estende às escolas, com espetáculos musicais e debates. A organização, a cargo do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas e da Biblioteca Nacional de Cabo Verde com produção executiva da Booktailors, aponta o evento, que vai decorrer em vários espaços da capital cabo-verdiana, como “o maior evento literário dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP)”. O Morabeza “pretende assumir-se como um ponto de ligação entre os vários continentes onde a expressão portuguesa está presente e viva”, afirma a organização, referindo parcerias firmadas com o Festival

Rota das Letras, de Macau, o Festival da Palavra, de Porto Rico e Nova Iorque, e o Literatura em Viagem, de Matosinhos. A programação da festa tem prevista uma feira do livro, mesas de debate, concertos, sessões de poesia, acções de formação, visitas a escolas e universidades, um colóquio dedicado ao poeta Eugénio Tavares (1867-1930), um seminário internacional sobre o escritor cabo-verdiano Luís Romano, que se radicou no Brasil na década de 1960, e ainda a pintura de um mural pelo duo Acidum. De acordo com o programa, o Morabeza abriu ontem com uma sessão especial por Olinda Beja, na livraria da Biblioteca Nacional de Cabo Verde, intitulada “Escrever como quem planta ocás” e dedicada ao público infantil e juvenil. Também ontem foi apresentada a reedição da “Obra

de Eugénio Tavares”, na Biblioteca Nacional de Cabo Verde.

UM POUCO DE TUDO

Até domingo, quando encerra o evento, está prevista a realização de dez mesas-redondas sob diferentes motes como “É doce morrer no mar”, uma canção dos brasileiros Jorge Amado e Dorival Caymmi, ou “Tantu stória pa-m Kontâ-bu”, que aborda a tradição oral, um ciclo de conversas com os escritores “em diversas universidades das ilhas” cabo-verdianas, e a apresentação do livro “Debaixo da nossa Pele – Uma Viagem”, de Joaquim Arena. Entre os cerca de 40 autores que vão participar neste evento, foram já anunciados os nomes de Germano Almeida, autor de “O Testamento do Senhor Napumoceno”, José Eduardo Agualusa, que recentemente publicou “A Sociedade dos Sonhadores Involuntários” e recebeu este ano o Prémio IMPAC de Dublin pelo romance “Teoria Geral do Esquecimento”, e aindaAfonso Cruz,Alexandra Lucas Coelho, José Rodrigues dos Santos, Valter Hugo Mãe, Vera Duarte e Álvaro Laborinho Lúcio. Na área dos espectáculos, um trio composto pelos músicos Isabella Bretz, Matheus Félix e Rodrigo Lara apresentará “Canções para abreviar distâncias”, que inclui poemas de José Luís Peixoto (Portugal), Adélia Prado (Brasil), Mia Couto (Moçambique), Vera Duarte (Cabo Verde), Conceição Lima (São Tomé), Odete Semedo (Guiné-Bissau), Ana Paula Tavares (Angola) e Crisódio Araújo (Timor-Leste). “Mais do que um encontro de escritores, esta festa literária procura ser um palco internacional para a produção literária cabo-verdiana e para o desenvolvimento do meio editorial local”, afirma a organização da Morabeza - Festa do Livro.

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA OS MONSTROS TAMBÉM AMAM • Clara Sanchez

Sandra tem 30 anos, está grávida de um homem que não ama e decide ir viver para uma pequena aldeia da costa leste espanhola. Num dos seus passeios pela praia conhece os Christensen, um casal de octogenários noruegueses e estabelece com eles uma relação de proximidade. Nada faria supor que estas três vidas, unidas por acaso, pudessem ser a razão de viver de Julián, um homem recém-chegado da Argentina que segue, passo a passo, os noruegueses. Repleto de suspense e emoção, “Os Monstros Também Amam” é, acima de tudo, um romance sobre as ambiguidades do ser humano, entre a maldade e o amor, e sobre a forma como as aparências escondem o lado mais negro de cada um de nós.

Em contage C MÚSICA KAISER CHIEFS NO ÚLTIMO LOTE DE BANDAS A ENTRAR NO

O maior festival de música da região está à porta, a menos de um mês de distância. Entre o último grupo de bandas anunciadas estão os britânicos Kaiser Chiefs, os rappers Stormzy e Kid Ink. O Clockenflap 2017 arranca a 17 de Novembro, em Hong Kong, no Central Harbourfront e termina a 19

ARTAZ fechado, agora venha a música. Os melómanos de Hong Kong, Macau e arredores têm o dia 17 de Novembro, de certeza, reservado. O Clockenflap 2017 está cada vez mais próximo e já tem as últimas bandas confirmadas. Entre as derradeiras participações contam-se Kaiser Chiefs, Stormzy, Kid Ink, Onra, Tokimonsta, os Cosmospeople e os locais Chochukmo. Do lote final de bandas reveladas, destaque para os britânicos Kaiser Chiefs, o grupo que quase motivou um seguimento de culto em Portugal em parte motivado pelos concertos memoráveis que proporcionam. A banda de Leeds, liderada pelo carismático Ricky Wilson, teve um começo de carreira fulgurante com o lançamento de “Employment”, o disco que marcou a ascensão meteórica dos Kaiser Chiefs com clássicos como “Everyday I Love You Less and Less”, “Oh My God” ou “I Predict a Riot”. O álbum de estreia, de 2005, valeu-lhe aclamação crítica, sucesso comercial e a acumulação de prémios e distinções, onde se contam três Brit Awards, o prémio de melhor álbum da NME e a entrada na lista do Mercury Prize. Apesar de não terem conseguido repetir o sucesso e popularidade de “Employment”, a banda de Ricky Wilson foi sempre garante de concertos divertidos e de total entrega. Chegam a Hong Kong como cabeças de cartaz de sexta-feira, dia 17, e trazem na bagagem o mais recente disco, “Stay Together”, um registo ritmado e propício a um pé de

Kaiser Chiefs

dança. Depois de meia dúzia de álbuns lançados, uma coisa é certa: os Kaiser Chiefs continuam em grande forma ao vivo. No mesmo dia sobe ao palco do Clockenflap a Dj e produtora TOKIMONSTA, uma artista californiana de origem coreana.

LOCAIS E ESTRANGEIROS

De Londres chega-nos um dos nomes mais badalados da nova onda de hip-hop londrina, Stormzy, que mistura os

Do lote final de bandas reveladas, destaque para os britânicos Kaiser Chiefs, o grupo que quase motivou um seguimento de culto em Portugal em parte motivado pelos concertos memoráveis que proporcionam

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NOCTURNO INDIANO • António Tabucchi

Uma conjectura do autor é a de que este livro poderia servir de guia a um amante de viagens absurdas. E não deixa de ser absurda esta busca de um amigo que desapareceu, sombra que pertence a um passado também ele conjectural, numa Índia que se conhece quase só através de quartos de hotel, de hospitais, de estações de caminho-de-ferro. Uma Índia que todavia transparece em conversas com profetas nómadas, Jesuítas portugueses, prostitutas de Bombaim, uma repórter que fotografa a miséria de Calcutá. Mas este misterioso ballet de sombras é sobretudo um hino às faculdades criativas da linguagem, pois é graças a uma palavra evocada em várias línguas que o viajante se aproxima daquele que procura. E é graças à escrita que esta viagem se transforma em livro, passa da insónia ao sonho e do sonho ao texto.


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terça-feira 31.10.2017

em decrescente CARTAZ DO CLOCKENFLAP

sons do jungle, breakbeat e ragga num cozinhado sonoro moderno. O rapper britânico estreou-se este ano em álbum PUB

com o lançamento de “Gang Signs & Prayer”, que chegou ao número um das vendas de discos no Reino Unido.

Com uma forte mensagem política, Stormzy promete fazer tremer as colunas do sistema do palco principal do Clockenflap no sábado, dia 18 de Novembro. Ainda nas sonoridades mais urbanas, destaque para Onra, o rapper de Paris, que actua no Central Harbourfront também no sábado, dia que tem os The Prodigy como cabeças de cartaz. O francês é conhecido pela entrega que imprime nas suas actuações, pleno de “soul” e “groove”, a piscar o olho ao funk e ao RnB. A caminho de se tornar uma lenda do hip hop que extravasa as fronteiras da França, Onra sobe ao palco do Clockenflap no sábado, no dia 18.

Também no sábado actuam os locais de Hong Kong Chochukmo, a banda de rock experimental que mistura sem receios sonoridades tão dispares como punk, música de dança, jazz e bossanova. De Taiwan chegam os COSMOS PEOPLE, uma banda de funk-pop. Feitas as contas, a edição deste ano do Clockenflap promete pela diversidade e qualidade do cartaz mas, também, pela extrema fome de música ao vivo da região. Nunca mais chega 17 de Novembro. João Luz

info@hojemacau.com.mo

“Macau 5.0” Receitas para vítimas de fogos O fotojornalista português Gonçalo Lobo Pinheiro vai doar a receita da venda de 40 exemplares do livro “Macau 5.0” à população afectada pelos incêndios em Góis, ocorridos em meados deste mês. Depois dos incêndios de Junho, o concelho de Góis, de onde é originária a família paterna do fotógrafo, voltou a ser afectado em Outubro, podendo a área ardida “ascender aos cinco mil hectares, com forte incidência nas manchas florestais, objecto de exploração económica, tendo atingido de forma violenta

40 aglomerados populacionais”, indicou Gonçalo Lobo Pinheiro. Cada exemplar do livro, que exibe 300 fotografias a preto e branco da Macau contemporânea e tem prefácio do escritor português José Luís Peixoto, custa 250 patacas. Nascido em Lisboa, em 1979, Gonçalo Lobo Pinheiro colaborou com vários órgãos de comunicação social e é actualmente coordenador fotográfico da Revista Macau, do Gabinete de Comunicação Social do Governo da Região Administrativa Especial de Macau.

D. Pedro V Raiz di Polon apresenta “A Serpente” “A Serpente” é a coreografia que vai subir ao palco do Teatro D. Pedro V no pela Raiz di Polon, companhia nacional de dança de Cabo Verde. A apresentação tem lugar amanhã pelas 20h e traz o trabalho de Manu Preto inspirado na peça homónima de Nélson Rodrigues. Os bailarinos Mano Preto, Betty Fernandes (fundadores da companhia) e Júlia Furtado constroem um triângulo amoroso, e recriam o drama de um casal que vive na sombra do

ciúme, ao ritmo de clássicos do repertório musical cabo-verdiano, com ênfase nas mornas de Eugénio Tavares. Criada em 1991, a Raiz di Polon tem desenvolvido um trabalho pioneiro de promoção da dança contemporânea, e destaca-se, refere a apresentação do evento, pela forma criativa e já reconhecida por vários coreógrafos internacionais por fazer a fusão entre linhas de movimento de inspiração africana e europeia. O espectáculo tem entrada livre.


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terça-feira 31.10.2017

AMBIENTE POLUIÇÃO AUMENTA EM PEQUIM PM10 sofreu um aumento de 10,7%. Em Setembro, Pequim teve uma “boa” qualidade do ar em 53,3% dos dias, 13,4 pontos percentuais menos do que no mesmo mês de 2016, segundo o Ministério da ProtecçãoAmbiental, que sublinhou que a densidade de PM10 aumentou nesse mês em 53,8%. Anível nacional, nas 388 cidades monitorizadas houve uma “boa” ou “excelente” qualidade do ar em 19,4% dos dias correspondentes aos primeiros nove meses deste ano, um valor ligeiramente inferior ao do mesmo período de 2016. A qualidade do ar geralmente piora no Inverno no norte da China, onde a queima de carvão usada no aquecimento agrava a situação.

Agua no deserto ´

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China vai construir o túnel mais longo do mundo, com um total de mil quilómetros, para levar água desde o Tibete para o deserto de Taklimakan, na região do Xinjiang, extremo noroeste do país.

De acordo com a edição de ontem do jornal de Hong Kong South China Morning Post, a obra vai transportar água a partir do rio Brahmaputra até Taklimakan, deserto com 270.000 quilómetros quadrados, equivalente a três vezes o território português.

FREDERIC J. BROWN/AFP/GETTY IMAGES

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qualidade do ar na zona de Pequim-Tianji-Hebei piorou consideravelmente durante os primeiros nove meses do ano devido ao aumento dos poluentes, segundo dados do governo chinês divulgados pela agência Xinhua. O chefe da monitorização ambiental, Liu Zhiquan, disse que as 13 cidades examinadas naquela área do norte da China registaram uma “boa” qualidade do ar em apenas 52,6% dos dias durante o período de Janeiro a Setembro, 8,7 pontos percentuais abaixo do mesmo período do ano anterior. Assim, a densidade das partículas PM2,5 nessas áreas urbanas aumentou 10,3% em relação ao ano anterior e a densidade das

CHINA VAI CONSTRUIR TÚNEL MAIS LONGO DO MUNDO

OBRAS EM CURSO

Em Agosto passado, a China começou a construir um outro túnel, que terá 600 quilómetros, e vai demorar oito anos a concluir, em Yunnan, província no extremo sudoeste do país, que faz fronteira com Laos, Birmânia e Vietname. A construção desta infra-estrutura, para circulação de comboios de alta velocidade, vai servir de ensaio aos métodos de engenharia que

NOVA COMISSÃO ANTICORRUPÇÃO EM 2018

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EQUIM vai activar, em 2018, uma comissão anticorrupção, paralela à do Partido Comunista da China (PCC) que puniu um milhão e meio de altos funcionários por más práticas nos últimos cinco anos, informou ontem o jornal Global Times. A comissão nacional, que vai depender do governo em vez de estar adstrita ao PCC, vai alargar a todo o território chinês sistemas já aplicados de forma experimental em Pequim e nas províncias de Shanxi (norte) e Zhejiang (leste), de acordo com o jornal em inglês do grupo Diário do Povo, órgão central do PCC. O anúncio da nova ferramenta antifraude foi feito depois da primeira reunião, no domingo, da

comissão de inspecção e disciplina do PCC sob a nova liderança de Zhao Leji, em substituição de Wang Qishan que, nos últimos cinco anos, foi um dos líderes mais influentes do regime. Zhao Leji afirmou no primeiro ato público como chefe do órgão máximo anticorrupção do partido que a campanha vai continuar durante o seu mandato, com vista à conquista de uma “vitória total” contra a fraude no seio da formação. Zhao, de 60 anos, também se converteu na semana passada num dos sete membros do Comité Permanente do Politburo, a cúpula do poder na China, encabeçada pelo Presidente do país e secretário-geral do PCC, Xi Jinping.

Aproposta foi apresentada em Março ao Governo chinês e as equipas de investigação sobre o projecto integraram mais de 100 cientistas chineses, indicou o jornal. De acordo com Zhang Chaunqing, investigador da Academia de Ciências chinesa, citado pelo diário, Pequim vai adoptar o projecto de forma faseada.

serão utilizados no futuro túnel entre as regiões do Tibete e Xinjiang. O planalto do Tibete impede que a chuva trazida pela monção desde o oceano Índico alcance Xinjiang, região rodeada a norte pelo deserto de Gobi e a sul pelo Taklimakan, inviabilizando assim a actividade humana em 90% do território. A primeira vez que se estudou a possibilidade de transportar água desde o Tibete para Xinjiang foi durante a dinastia Qing, no século XIX, mas o projecto nunca avançou, devido aos custos elevados, impactos ambientais e potenciais protestos dos países vizinhos. O planalto do Tibete é uma das regiões do mundo com mais actividade sísmica.

PUB HM • 1ª VEZ • 31-10-17

ANÚNCIO Divórcio litigioso n.º FM1-17-0106-CDL Juízo de Família e de Menores AUTOR: IUN HON CHUN, casado, nacionalidade chinesa, titular do Bilhete de Identidade de Residente de Macau, e residente em Macau, na Rua do Padre António Roliz, nº31, Edifício Pou Mei On, 2º andar B. RÉ:

A obra vai transportar água a partir do rio Brahmaputra até Taklimakan, deserto com 270.000 quilómetros quadrados, equivalente a três vezes o território português

Xangai Ex-assessor de Xi Jinping nomeado chefe do Partido O Governo chinês nomeou para chefe do Partido Comunista (PCC) em Xangai, a ‘capital’ económica do país, Li Qiang, antigo assessor principal do Presidente da China, Xi Jinping, informou ontem a imprensa local. Li, de 58 anos, foi secretário do (PCC) na província de Jiangsu, uma das mais prósperas do país. Segundo o jornal de Hong Kong South China Morning Post, Li Qiang é “uma estrela em ascensão”, fazendo parte do grupo de alto quadros do regime próximos de Xi.

O político substitui Han Zheng, de 63 anos, um dos cinco novos membros nomeados por Xi para o Comité Permanente do Politburo. Xi obteve na semana passada um segundo mandato de cinco anos como secretário-geral do PCC, durante o XIX Congresso da organização. Nas últimas três décadas, todos os secretários do partido em Xangai, com excepção de Chen Liangyu, que foi implicado num caso de corrupção, acabaram por ascender ao Comité Permanente do Politburo.

SAINAPA MANOKAM, casada, nacionalidade tailandesa, titular do Bilhete de Identidade de Residente de Macau, com última morada conhecida em Macau, Avenida de Horta e Costa, nº 90B, Edifício Pou On, 1º andar A, ora ausente em parte incerta. *** FAZ-SE SABER que pelo Tribunal, Juízo e processo acima referidos, correm éditos de TRINTA DIAS, contados da segunda e última publicação do anúncio, citando a Ré acima identificado, para no prazo de TRINTA DIAS, findo o dos éditos, contestar, querendo, a Acção de Divórcio Litigioso, com a advertência de que a intervenção do citando nos autos implica a constituição de advogado – artº 74º do Código Processo Civil e a falta de contestação não importa a confissão dos factos articulados pelo Autor. O pedido formulado nos presentes autos resumidamente consiste em declarar-se dissolvido o casamento entre o autor e a ré, tudo como melhor consta da petição inicial, cujo duplicado se encontra na Secretaria do Juízo de Família e de Menores à disposição do citando. RAEM, 11 de Outubro de 2017


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31.10.2017 terça-feira

Os arrogantes, como os leões, Não são fáceis de domar.

SHEN HAO

Paulo Maia e Carmo tradução e ilustração

«Hua Zhu»

Discurso sobre a Pintura

Ao ler a biografia de Tian Suizi1 percebi a fei mo (tinta rápida, ou seja utilizar a tinta de modo insuficiente, deixando espaços em branco). Depois de fazer o esboço e colocar as rugas2, sequei o reverso da pintura (sobre um fogão) de modo a que o qiyun surgisse profundo e rico de um modo que não se descobre facilmente. Há um poema sobre a pintura de paisagens que termina com as seguintes palavras: «Uma gota de tinta contém um mundo, uma infinidade de tempo, tudo se tornando claro no coração»3 (como se diz nas escrituras Budistas). Discuti com Hanshan Fanfu4 sobre a ponta e o modo de segurar o pincel, se deveria ser usado obliqua ou verticalmente. Um dia quando vi um espécime de caligrafia de um homem da dinastia Jin (265-420) entendi o método da pintura (o que é mais desenvolvido no poema). 1 - O poeta também conhecido como Lu Guimeng ou Lu Wang, falecido em 881, viveu recluso em Puli, perto de Suzhou. Numa nota de Osvald Sirén (op. cit. p.175), citando Giles, refere-se que o seu prazer favorito era vagabundear num barco pequeno com equipamento de pesca e utensílios para preparar o chá. Junto ao seu túmulo perto do templo Baoshen em Luzhi, Suzhou, estão duas grandes árvores Gingko biloba que se diz terem sido plantadas por ele. 2 - As rugas, «cun», como escreveu Guo Xi (1020?-1090?) «é o que se obtém ao esfregar um pincel pontiagudo manobrado obliquamente». Depois das grandes linhas situarem os contornos de um objecto, no seu interior, ou apoiando-se nelas, as «rugas» descrevem o relevo, a textura, a luminosidade, ou seja aspectos que na pintura do Ocidente são descritos com a linha, a cor, as sombras e a perspectiva. Partindo da observação directa das estruturas existentes na natureza, são inventariadas diversas possibilidades de rugas que constituirão, então, um sistema convencional. Esse convencionalismo, a

partir das dinastias Ming e Qing, colocou a possibilidade de a pintura não ser feita como se desejava, a partir da natureza mas da própria pintura. Shitao (1642-1707) que lhes dedicou um capítulo do seu tratado colocou a questão: «que relação, estas rugas cultivadas por si mesmas, podem ter ainda com as montanhas reais?» (Capítulo IX, O método das rugas) 3 - A observação de uma forma visível em miniatura como um caminho para entender o todo é uma expressão comum do Budismo na China. No templo Erliang miao, famoso pelos seus jardins em miniatura está escrito: «Da profusão de flores emergem torres e galerias; /Num único grão contido todo o universo.» (citado por Michael Sullivan, op. cit., p.83) 4 - Possível referência a Zhao Yiguang (1559-1625) reputado escritor e calígrafo descendente do grande pintor Zhao Mengfu (1254-1322), que utilizou como alternativo este nome «Fanfu». O nome completo traduzido à letra significa «O homem comum da montanha fria».


ARTES, LETRAS E IDEIAS 15

terça-feira 31.10.2017

HEAVEN CAN WAIT, ERNST LUBITSCH

o ofício dos ossos Valério Romão

G

RANDE parte da vida de um escritor é feita de outras coisas que não a escrita. Trabalhar é uma delas, e é uma realidade com a qual os escritores têm de conviver a maior parte da vida, porque aquilo que recebem pela sua actividade literária é, na maior parte das vezes, insuficiente até para levar a mais frugal das vidas em regime de campismo selvagem. Outra das coisas que de certo modo constituem a carcaça daquilo que pode ser chamado “a carreira do escritor” são os festivais literários. Estes multiplicaram-se consideravelmente nos últimos dez anos. Neste momento, há dezenas de festivais por ano, muitos deles organizados sob a

É isto um festival alçada da autarquia da cidade em que se inserem, o que acaba por revelar – perspectiva optimista – o reconhecimento por parte da classe dirigente do interesse crescente da população pelo mundo da cultura, em geral, e para a constelação livro, em particular. Ou – perspectiva pessimista – tudo não passa de uma moda contagiosa que a qualquer momento se vê ser substituída por feiras do chocolate, feiras medievais ou encontros de medicinas alternativas. O tempo o dirá. Um festival literário é uma experiência diferente para cada escritor convidado. Uns, recusam sempre (o Herberto, por exemplo, termina uma carta de resposta a um convite escrevendo “a minha ambi-

ção é não aparecer”). Outros, aceitam de bom grado todos os convites porque estes se transformam numa oportunidade de conviver com os seus públicos, de ver ou rever amigos escritores, ou simplesmente de comer e beber à pala durante o decurso do festival. Para muitos, as razões sobrepõem-se num cocktail mais ou menos homogéneo de motivações equitativamente distribuídas. Há um aspecto a ter também em conta: o escritor faz também parte de um determinado público de leitura e de leitores, embora numa categoria de “leitor especializado”. Ele próprio pode ter, em condições privilegiadas, a oportunidade de conhecer os escritores que admira. Lembro-me de

Neste momento, há dezenas de festivais por ano, (...) o que acaba por revelar – perspectiva optimista – o reconhecimento por parte da classe dirigente do interesse crescente da população pelo mundo da cultura, em geral, e para a constelação livro, em particular. Ou – perspectiva pessimista – tudo não passa de uma moda contagiosa que a qualquer momento se vê ser substituída por feiras do chocolate, feiras medievais ou encontros de medicinas alternativas

quando conheci o Ruy Castro em Óbidos, há cerca de dois anos (o grande biógrafo em língua portuguesa, que escreveu uma biografia que muito me impressionou, a do Garrincha). E lembro-me de ter ficado com uma cara semelhante àquela que um adolescente dos nineties faria se estivesse frente a frente com o Kurt Cobain. E de ter sentido que disse tontices ainda maiores do que é costume. Not my finnest moment. Adiante. Por vezes, quando as coisas correm menos bem, há muito pouco público e este dá a sensação de ter vindo ao engano. O moderador fez o trabalho de casa com demasiado afinco e vai desfiando penosamente e sem critério todos os acontecimentos de vida de todos os convidados. No tempo que resta para o debate propriamente dito, os convidados descobrem que se detestam e passam os quinze minutos sobrantes a insultarem-se uns aos outros, a despeito das tentativas canhotas de o moderador pôr alguma água na fervura. No final, ninguém esconde o alívio de ver aquele espectáculo chegar ao fim. Às três da manhã, no hall do hotel, os mesmos escritores que tinham descoberto serem inimigos de infância abraçam-se e brindam à amizade e ao futuro.


16

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31.10.2017 terça-feira

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Máquina Lírica Paulo José Miranda

A Sombra de Teseu

(TERCEIRO ESTÁSIMO)

PERSONAGENS: Afrodite Ártemis Chefe dos Guardas Corifeu Coro de mulheres Criada de Fedra Criado de Hipólito Fedra Hipólito Teseu

HIPÓLITO Muito obrigado, Teseu! Decidiste justamente. TESEU Continuo a acreditar em Fedra, Hipólito! Mas estás certo quando referes os diferentes comprimentos do fio de espada. Aguardemos que Fedra chegue. (algum silêncio e Fedra entra em cena) FEDRA Que desejas de mim, meu marido? (vê Hipólito e fica surpresa e contrariada) Que faz ele aqui, meu amor? TESEU Fedra, Hipólito lembrou-me os ensinamentos que eu mesmo lhe dei: podemos ajuizar erradamente, mas não podemos ajuizar negligentemente. Por isso, quero exigir de ambos o mesmo comprimento de espada: factos e palavras. Já sei da tua parte do relato, quero agora escutar a de Hipólito e que estejas presente, para contrariar com factos, se possível, ou argumentando acerca da mentira das palavras dele. FEDRA Minha parte? Agora aquilo que digo é a minha parte e não a verdade? Desde quando a minha palavra ficou no mesmo chão de um cão sem dono? TESEU Por muito que me custe, Fedra, este é o preceito, este é o modo justo de proceder em relação a algo tão grave. FEDRA (furiosa) Não me vou prestar a isto! E se queres saber, Teseu, não me importa se acreditas ou não em mim. Se preferes acreditar nele, acredita, e toma as providências necessárias a essa decisão, mas eu não vou ficar aqui, vou embora. (e sai) HIPÓLITO Não achas este comportamento estranho, Teseu?

TESEU Deixemo-nos de hermenêuticas estéreis. Já escutei a parte dela, conta-me então agora a tua! HIPÓLITO Como tentei dizer-te antes, ainda nem o sol deu uma volta completa à Terra e Fedra estava no pequeno jardim do palácio tentando seduzir-me. Acabou mesmo por me dar um beijo na boca. Empurrei-a e fugi. Envergonhado com tudo. TESEU Envergonhado com o quê? HIPÓLITO Envergonhado com isso ter acontecido. Envergonhado por tudo. Por ti, por mim, por ela, por esta casa... TESEU Se o que dizes é verdade, então porque razão Fedra inventaria outra história, em que ela mesma sai prejudicada? HIPÓLITO Não vês, Teseu, que ainda que ela saia prejudicada, eu fico muito pior, nessa história que ela conta? Ela pode até acabar com o vosso casamento, mas acaba também com a minha vida.

TESEU E por que razão ela quereria acabar com a tua vida, se tivesse acontecido aquilo que me contas? Por tê-la empurrado? Por tê-la rejeitado? HIPÓLITO Que sei eu do que pensa uma mulher, Teseu? TESEU Mas para quem não sabe, adiantas muitas conjecturas... HIPÓLITO Não são conjecturas, mas pura dedução. TESEU Pura dedução, disseste? Pura dedução? Pura dedução, Hipólito? (desembainha a espada e rasga os intestinos de Hipólito; entra o coro de mulheres)

(QUARTO ESTÁSIMO)

CORO DE MULHERES Pobre desgraçado, Hipólito! Julgava estar protegido Pela devoção a Ártemis, Mas ninguém tem mais artimanhas

Do que a deusa Afrodite. Contra ela nenhuma razão Um dia irá ter efeito. A intempérie duma paixão Arrasará até amores; De qualquer pai pelos seus filhos Ou dum marido pela mulher. Que mortal pode se defender Deste tão poderoso ataque, Se não arrancar os seus olhos? É sempre por uma imagem Que a história começa. Também se conta que escutar Pode ser mal de Afrodite. Pois há palavras que não são Nem neste mundo nem em outro, Apenas mentira, ilusão. Com uma palavra se morre, Se Afrodite assim quiser. CORIFEU Como vós estais enganadas! Fedra, a única culpada, É bem pior do q’ Afrodite. Digo: foi ela e só ela Que destruiu a sua casa! A deusa acendeu-lhe o corpo, Mas não acende a todos nós? E destes todos, quantos cedem À tentação de continuar Até que não haja mais volta? Nenhum deus tem esse poder De sem nossa ajuda nos matar.


desporto 17

terça-feira 31.10.2017

PÓLO-AQUÁTICO MACAU COM MEDALHA EM HONG KONG

Prata para casa

A

equipa sénior de pólo-aquático Fishballs Macau conquistou a medalha de prata na Taça Lufthansa do 5.º Torneio Internacional de Pólo-Aquático de Praia de Hong Kong, frente a equipas locais, da China Continental e do Japão, este fim-de-semana em Repulse Bay. O conjunto do Clube Internacional de Pólo-Aquático de Macau perdeu a final do troféu num disputado encontro frente à equipa da South China Athletic Association (SCAA), de Hong Kong. O clube de Macau levou igualmente ao torneio uma equipa júnior, que assegurou também a medalha de prata no seu escalão. Num comunicado, a equipa Fishballs Macau considera que a “prova decorreu de forma satisfatória, tendo em conta que se apresentou bastante desfalcada, por impedimentos vários de alguns dos seus principais atletas”. “Os Fishballs puderam colmatar as ausências graças à possibilidade de alinhar na equipa principal elementos do seu conjunto júnior que, com grande esforço e entrega,

À BEIRA DO OURO

A equipa Fishballs Macau considera que a “prova decorreu de forma satisfatória, tendo em conta que se apresentou bastante desfalcada, por impedimentos vários de alguns dos seus principais atletas” PUB

BARCOS DA VOLVO OCEAN RACE COMPLETARAM PRIMEIRA ETAPA

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S sete barcos da Volvo Ocean Race completaram sábado a primeira etapa, que ligou Alicante, em Espanha, a Lisboa, com o Vestas a ser o primeiro a cortar a meta. O barco britânico, liderado pelo ‘skipper’ Charlie Enright, precisou de 138:08.26 horas para percorrer as 1.450 milhas náuticas (2.690 quilómetros). Na segunda posição, a 2:33.03 horas do Vestas, chegou o espanhol MAPFRE, com os chineses do Dongfeng a cortarem a meta 2:48.39 depois dos britânicos. Os holandeses do AkzoNobel cortaram a meta 4:00.13 horas depois do Vestas, o Team Sun Hung Kai/ Scallywag, de Hong Kong, precisou de mais 4:47.42, e o holandês Team Brunel gastou mais 6:19.37 A correr com a bandeira das Nações Unidas, o Turn

participaram nos jogos de ambos os escalões”, defendem ainda. No sábado a equipa de Macau jogou com o BGI, de Hong Kong, em apenas dois parciais (3-0 e 5-1). Nesse mesmo dia somaram-se duas derrotas contra as equipas Beach Uncles e Beach Dudes, ambos de Hong Kong, e Poseidon, de Xangai.

the The Tide on Plastic, que tem o português Bernardo Freitas, foi o último a chegar à doca de Pedrouços, 6:30.44 horas depois do Vestas. A chegada ao estuário do Tejo aconteceu três dias antes do previsto, uma vez que a abertura oficial do recinto está agendada apenas para terça-feira. O ‘stopover’ decorre até 5 de Novembro, dia em que as embarcações partem para uma ligação transatlântica até à Cidade do Cabo, na África do Sul. Dois dias antes haverá a corrida de porto. A Volvo Ocean Race, antiga Whitbread, é a maior competição de vela oceânica do mundo. Esta edição tem chegada prevista para Haia (Holanda), a 30 de Junho de 2018, depois de 11 etapas em 12 países, com um total de 83.400 quilómetros (45.000 milhas náuticas).

“A vitória no primeiro encontro, contudo, permitiu à equipa de Macau apurar-se como terceiro classificado no seu grupo, para a disputa da Taça Lufthansa.” No domingo “a equipa de Macau discutiu com a SCAA e com a Universidade de Ciência e Tecnologia (UST), dois disputados encontros que terminaram com empates só desfeitos no saldo de golos, contra e a favor dos Fishballs, respectivamente.” Na final, Fishbals e SCAA voltaram a defrontar-se, com a equipa de Hong Kong a vencer o primeiro parcial (4-2) e os de Macau a dominarem o segundo (3-0), sucumbindo depois ao desgaste no terceiro período (3-0), em que a SCAA assegurou o troféu. No escalão júnior, os Fishballs Macau viram-se também afastados do ouro pela formação das camadas jovens da SCAA.

WTCC NO JAPÃO TIAGO MONTEIRO CAI PARA QUARTO LUGAR

O

húngaro Norbert Michelisz (Honda) e britânico Tom Chilton (Citröen) venceram este domingo as corridas japonesas do campeonato do mundo de carros de turismo (WTCC), no qual o português Tiago Monteiro (Honda), ausente por lesão, caiu para quarto. No circuito de Motegi, Chilton venceu a primeira manga e Michelisz a corrida principal, enquanto o sueco Thed Bjork (Volvo), quarto e quinto, respectivamente, reforçou a liderança do campeonato, com 228,5 pontos. Após oito das 10 provas do Mundial de WTCC, Tiago Monteiro, que falhou as últimas duas por estar a recuperar de um violento acidente ocorrido em 7 de Setembro, numa sessão de testes da Honda, em Barcelona, caiu para o quarto lugar, a 28,5 pontos do líder. Michelisz subiu ao segundo lugar, com 212, mesmo depois de terem sido subtraídos os pontos conquistados na China pela Honda, devido a irregularidades nos injectores, e o holandês Nicky Catsburg (Volvo) ao terceiro, com 209,5 O Mundial de WTCC prossegue em Macau, entre 17 e 19 de Novembro, e termina no Qatar, entre 30 de Novembro e 1 de Dezembro.


18 (f)utilidades TEMPO

POUCO

31.10.2017 terça-feira

O QUE FAZER ESTA SEMANA Amanhã

EXPOSIÇÃO | XI CONGRESSO DA UMEAL MACAU 2017: MEDICINA E CRIATIVIDADE Albergue SCM | 18h30

?

NUBLADO

MIN

18

MAX

24

HUM

45-75%

EURO

9.33

BAHT

INAUGURAÇÃO DA MOSTRA “A ARTE NA RELAÇÃO MÉDICO DOENTE” Fundação Rui Cunha | 17h30 às 20h30

Sexta-feira

SEMINÁRIO “ARCHITECTURE AND DISCONTENT” Fundação Rui Cunha | 18h30 às 20h30

O CARTOON STEPH

Sábado

CONCERTO PARA BÉBÉS E FAMÍLIAS – UNITYGATE Fundação Rui Cunha | 11h00 às 12h00 ESPECTÁCULO THE MONTE-CARLO BALLET “LE SONGE” CCM | 20h00

Domingo

SUN(DAY) CHILLAX Pousada de Coloane | 17h00 SOLUÇÃO DO PROBLEMA 149

EXPOSIÇÃO | MACAU NA 57ª EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DE ARTE DA BIENAL DE VENEZA 2017 MAM | Até 12/11

Cineteatro

C I N E M A

THOR: RAGNAROK SALA 1

THOR: RAGNAROK [B] Fime de: Taika Waititi Com: Chris Hemsworth, Cate Blanchett, Tom Hiddleston 14.15, 16.45, 21.45

THOR: RAGNAROK [B] [3D] Fime de: Taika Waititi Com: Chris Hemsworth, Cate Blanchett, Tom Hiddleston 19.15 SALA 2

GEOSTORM [B] Fime de: Dean Devlin Com: Gerard Butler, Jim Sturgess,

Abbie Cornish, Daniel Wu 14.30, 21.30

PROBLEMA 150

UM FILME HOJE

SUDOKU

DE

FRIDAY NIGHT JAZZ Pousada de Coloane | 19h00 às 21h00

Diariamente

1.12

GRANDE IRMÃO

FESTA “HALLOWEEN X DAVID LYNCH” Cinemateca Paixão | 20h30

EXPOSIÇÃO “ENCHANTED - SOLO EXHIBITION BY LEON CHAN” MMM workshop & JUJU studio, Barra | 18h30 às 21h30

YUAN

PÊLO DO CÃO

ESPECTÁCULO DE DANÇA “A SERPENTE”, COMPANHIA RAIZ DI POLON Teatro D.Pedro V | 20h00

ESPECTÁCULO THE MONTE-CARLO BALLET “LE SONGE” CCM | 20h00

0.24

O que resta da nossa intimidade? Haverá no mundo um local onde nos possamos resguardar ou escapar para longe do olhar de entidades supra-humanas? Quem tem um telefone, quem se inscreve num serviço com uma password, quem recebe uma chamada ou responde a uma mensagem alimenta, inadvertidamente, uma máquina de controlo cada vez mais requintada. Somos carne para um canhão electrónico que tudo tritura, resultados de computação na frieza dos algoritmos que nos definem. Um mundo binário que nos espia em busca do cidadão perfeito, complacente, higienicamente civilizado, de comportamento exemplar. Dissonância, discórdia, paixões assolapadas e devaneio não pertencem a este século. Pensamento original é como o pecado de Adão e Eva, uma granada profana no paraíso asséptico onde impera a maçã branca. Vivemos a Era do cidadão benfazejo, do capacho que dá o lombo à chibata do poder, da alegre submissão. Ler artigos sobre algoritmos e controlo de comportamento dá vontade de partir o telefone, encerrar todas as sessões, partir todos os cartões e rumar para um isolamento idílico onde a liberdade possa florescer. Fantasia-se com lugares onde as relações humanas extravasem a redutora natureza binária da computação, onde as pessoas possam existir plenamente, sem amarras tecnológicas, ou ratings de cidadania. No rebanho global sonha-se com outras pastagens onde o anonimato, o silêncio e intimidade ainda crescem viçosos. João Luz

WHAT WE DO IN THE SHADOWS | JEMAINE CLEMENT E TAIKA WAITITI

Imagine quatro vampiros a dividir um apartamento em Welligton, na Nova Zelândia. Esta é a base de “What We Do in the Shadows”, um filme em formato documentário que segue o quotidiano de um grupo de vampiros. Desde distribuições de tarefas domésticas, passando pela forma mais higiénica como morder um pescoço, todos os aspectos do dia-a-dia se revestem de uma comicidade de levar às lágrimas. Absolutamente imperdível, em plena época de Halloween. João Luz

WISH UPON [C] Fime de: John R. Leonetti Com: Joey King, Ryan Phillippe, Ki Hong Lee 16.30, 19.30 SALA 3

ALWAYS BE WITH YOU [C] FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Fime de: Herman Yau Com: Louis Koo, Julian Cheung, Lam Ka Tung, Charlene Choi 14.30, 16.30, 19.30, 21.30

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Luz; João Santos Filipe; Sofia Margarida Mota; Vitor Ng Colaboradores Amélia Vieira; Anabela Canas; António Cabrita; António Castro Caeiro; António Falcão; Gonçalo Lobo Pinheiro; João Paulo Cotrim; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Manuel Afonso Costa; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Miguel Martins; Paulo José Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fa Seong; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


opinião 19

terça-feira 31.10.2017

macau visto de hong kong

DAVID CHAN

JURAMENTO DO JOGO DA PÉLA JACQUES-LOUIS DAVID (PORMENOR)

Justiça ameaçada

R

ECENTEMENTE sou -be-se por um jornal de Hong Kong que um homem, empunhando uma faca, tinha ameaçado um juiz no Supremo Tribunal. Operário da construção civil, Yu Zulin, de 53 anos, foi acusado de ameaçar o juiz Wilson Chan Ka-shun, com insultos pessoais, numa tentativa de intimidação. Os acontecimentos ocorreram dia 17 deste mês, nas instalações do Supremo Tribunal. O homem, que se encontrava apenas a dois metros de distância do juiz, empunhava uma faca de 20cm de comprimento. O juiz estava no Tribunal para presidir ao julgamento de um caso de Direito Civil. Por volta das 10h da manhã, Yu encontrava-se na galeria pública da sala de audiências nº 13, onde o juiz Wilson presidia ao julgamento. De repente, Yu puxou de uma faca e gritou para o juiz em mandarim: “Vendido! Pensavas que eu não te ia encontrar!” O juiz não respondeu e abandonou a sala de imediato. Nessa altura Yu também saiu a correr. Os funcionários do Tribunal chamaram a polícia. Quase de imediato chegaram ao local dezenas de polícias que se puseram à procura do homem. Polícias à paisana fizeram buscas em todos os andares do edifício, inclusivamente no 5º andar, onde o antigo Chefe do Executivo Donald Tsang Yam-kuen estava a ser julgado por corrupção. A audiência não foi interrompida. O Inspector-Chefe Dilys Lo Shui-lin, da Polícia Central, comunicou que tinham

revistado o edifício por duas vezes, mas que não tinham encontrado ninguém suspeito. Yu acabou por se render ao fim de oito horas. Na esquadra explicou à polícia as razões do seu comportamento e foi conduzido ao Tribunal de Magistrados, no passado dia 19. O delegado do Ministério Púbico declarou: “Este crime foi planeado, ao contrário de outras situações de ameaça.” Yu foi preso pelo crime de intimidação. O apelo para sair em liberdade condicional foi rejeitado pelo Tribunal de Magistrados. No entanto Yu afirmou que: “Agi por impulso. Peço desculpa ao juiz e à população de Hong Kong pelos meus actos. Estou arrependido. Não vou oferecer resistência.” Este caso resume-se à insatisfação de alguém com a sentença de um juiz e que, em consequência disso, o ameaça. Em Hong Kong, existe um sistema bem estruturado que permite apresentar queixa da actuação dos magistrados, caso a pessoa se sinta lesada por uma decisão injusta. Nessa altura o juiz será sujeito a um inquérito. Teria sido melhor para Yu se se tivesse informado sobre o funcionamento do sistema legal de Hong Kong, antes de ter partido para acções desadequadas. Agora Yu vai ter de enfrentar consequências graves. Como afirmou o delegado do Ministério Público, este caso excede a acção de intimidação habitual. Foi premeditado e houve intenção de agressão. Em causa está, não só, a ameaça feita ao juiz, mas também o estado de direito em Hong Kong. De acordo

É preciso que nunca nos esqueçamos que o “estado de direito” não se impõe pelas armas, mas sim pela nossa crença na sua necessidade

com a seriedade da situação, a hipótese de o réu vir a ser preso é elevada. A sentença não se limitará ao pagamento de uma multa. A data para o encarceramento do réu será anunciada posteriormente pelo magistrado. Como já referimos por diversas vezes, condenamos em absoluto qualquer tipo de ameaças feitas a representantes da justiça. Devemos dar o nosso melhor para que sejam criadas todas as condições que permitam aos juízes deliberar de acordo com a lei. Qualquer demonstração de desagrado em relação às decisões do juiz, dentro ou fora da sala de audiências, ou qualquer tipo de ameaça, são comportamentos condenáveis. Se o juiz: • For pressionado, ou • Sentir que a sua vida corre perigo, ou • Sofrer qualquer represália pós julgamento, ou • for despedido na sequência de uma sentença acabará por ficar condicionado e deixa de haver garantias de que as suas decisões não estão a ser determinadas pelo medo. O interesse da justiça deixará de estar protegido. Será isto a que queremos assistir? As situações que atrás mencionámos devem ser evitadas, porque só assim o juiz estará livre para deliberar de acordo com a lei, sem qualquer tipo de pressão. O interesse das partes envolvidas estará protegido e as pessoas acreditarão que a lei é um instrumento de que nos servimos para resolver contendas. Se a população confiar nas decisões dos juízes, o estado de direito fica garantido. É preciso que nunca nos esqueçamos que o “estado de direito” não se impõe pelas armas, mas sim pela nossa crença na sua necessidade. Embora o caso relatado não seja complexo, não deixa de ser muitíssimo sério. Se toda a gente que fica insatisfeita com a decisão de um Tribunal agisse desta forma, imagine-se o tipo de sociedade que teríamos.

Professor Associado do IPM • Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau • legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog


Cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício. PALAVRA DO DIA

Clarisse Lispector

terça-feira 31.10.2017

CHINA COOPERAÇÃO MARÍTIMA “ESSENCIAL” NA COLABORAÇÃO COM PORTUGAL

COREIA DO NORTE PYONGYANG DIZ QUE VAI LANÇAR MAIS SATÉLITES

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Coreia do Norte garantiu ontem que vai lançar mais satélites, apesar da pressão internacional, com o objectivo de contribuir para o desenvolvimento económico em virtude do “direito de explorar o Espaço” como nação soberana. Pyongyang considerou que “promover o desenvolvimento económico através do desenvolvimento espacial” tem-se transformado “numa tendência internacional”, pelo que, à luz do plano quinquenal sobre a matéria, irá proceder ao lançamento de mais satélites, incluindo um geoestacionário, de acordo com um artigo publicado pelo jornal oficial Rodong Sinmun. O regime norte-coreano acusou Washington de obstaculizar tanto o seu programa espacial como o de países em vias de desenvolvimento, por via da imposição de “condições irracionais para impedir que concretizem as suas ambições” espaciais. “Manipular as resoluções de sanções da ONU e impedir o desenvolvimento espacial de um Estado soberano legítimo constituem um acto inaceitável e uma violação dos seus direitos ao desenvolvimento”, referiu o mesmo texto citado pela agência de notícias espanhola Efe. O país asiático colocou em órbita dois satélites, o Kwangmyongsong-1 (Estrela Brilhante-1, nome que faz referência ao falecido Kim Jong-il, pai do actual líder) em Agosto de 1998. Em Fevereiro de 2016, lançou o Kwangmyongsong-4. Enquanto Pyongyang reivindica o direito ao desenvolvimento espacial com fins pacíficos, a maioria da comunidade internacional vê neste tipo de lançamentos um teste encoberto e ilegal de mísseis de longo alcance, dado que a tecnologia dos seus foguetões é idêntica à dos mísseis balísticos intercontinentais.

Uma dinâmica azul

O

director da Administração do Oceano do Estado chinês (SOA), Wang Hong, disse ontem que a cooperação marítima é “parte essencial” da colaboração entre Portugal e a China, apontando o novo perfil da diplomacia chinesa. “O oceano é uma porta importante para a China abraçar todo o mundo”, lembrou Hong, durante um seminário em Pequim, que contou com a presença da ministra do Mar portuguesa, Ana Paula Vitorino. Vitorino encontra-se numa visita de oito dias à China, com uma comitiva que inclui 39 empresas portuguesas. Wang Hong afirmou que o “Governo chinês está disposto a definir um novo quadro de parceria azul com diferentes países”, visando uma globalização económica “mais aberta, exclusiva e benéfica para todos”. Pequim investiu nos últimos anos em dezenas de portos por todo o mundo, desde a Austrália à Europa, convertendo os operadores portuários chineses em líderes mundiais.

“ O Governo chinês está disposto a definir um novo quadro de parceria azul com diferentes países”, visando uma globalização económica “mais aberta, exclusiva e benéfica para todos.” WANG HONG ADMINISTRAÇÃO DO OCEANO DA CHINA

Em 2015, quase dois terços dos 50 maiores portos de contentores do mundo tinham recebido investimento chinês, segundo uma pesquisa realizada pelo jornal Financial Times. Os investimentos fazem parte da nova dinâmica da diplomacia da China, que desde a ascensão

ao poder do Presidente Xi Jinping quebrou com a presença discreta na cena internacional, para se assumir como uma grande potência, pronta a intervir nas questões globais.

GRANDE PLANO

O seminário de ontem foi dedicado à cooperação

Vales de saúde Leong Sun Iok pede aumento do apoio

O deputado Leong Sun Iok, número dois de Ella Lei na Assembleia Legislativa, enviou uma interpelação escrita ao Governo onde questiona os valores concedidos no âmbito dos vales de saúde. Na visão do deputado, o montante de 600 patacas por cheque não chega para a prevenção e tratamento da maioria das doenças, pelo que há necessidade de rever a medida. Leong Sun Iok lembrou que muitos residentes esperam que seja alargado o prazo de validade dos vales de saúde, e que estes possam ser acumulados até que haja necessidade para a sua utilização. O deputado lembrou que, em Agosto deste ano, o Chefe do Executivo prometeu estudar a extensão do prazo de validade dos vales de saúde e a criação de um sistema de substituição dos vales para cartões de crédito. Leong Sun Iok deseja saber, portanto, em que fase está este estudo e quais as suas conclusões.

marítima entre Portugal e a China no âmbito de um gigante projecto de infra-estruturas lançado por Xi, que coloca a China no centro da futura ordem mundial. Designado ‘Faixa e Rota’, o plano visa reactivar a antiga via comercial entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e sudeste Asiático. Inclui uma malha ferroviária de alta velocidade, portos e auto-estradas, e vai abranger 65 países e 4,4 mil milhões de pessoas - cerca de 60% da população mundial. Portugal já afirmou por várias vezes a intenção de integrar a iniciativa, com a inclusão do porto de Sines. Na sua intervenção, Ana Paula Vitorino lembrou que “Portugal se quer afirmar como um ‘hub’ logístico e global na área atlântica” e “duplicar o valor da economia azul”, para passar a figurar entre as cinco economias do mundo em que as actividades marítimas têm maior peso no conjunto da economia. “Somos um pequeno país em área imersa e um grande país já hoje em toda a área sob soberania nacional”, disse.

UMEAL EXPOSIÇÃO JUNTA MEDICINA E ARTE NO ALBERGUE SCM

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ACAU, medicina e criatividade” dá nome ao XI Congresso da União de Médicos Escritores e Artistas Lusófonos (UMEAL) que decorre amanhã nas instalações do Albergue SCM. De acordo com o comunicado oficial, a iniciativa pretende “promover a actividade artística dos médicos de Macau, debater a importância da criatividade na actividade médico-científica e mostrar as capacidades literárias e artísticas de um grupo profissional que a sociedade esperava que fosse somente científica mas que busca na arte uma forma de realização pessoal”. Para o efeito, a exposição que abre portas amanhã, é uma mostra variada e capaz de reflectir a “diversidade de pensares e modos de estar das várias comunidades existentes no território”. A ideia é ainda dar a conhecer “a pluralidade criativa dos homens e mulheres da Ciência”. Em exibição estarão trabalhos de médicos e enfermeiros artistas como é o caso de Arlinda Frota, Chow Kam Ching, Choi Weng Chi, Elizabeth Fernandes, Ip Chi Tat, Josefine Ho, Lei Chio Leong, Mui Lei Chui Ha e Wong Keong. A UMEAL é uma entidade que congrega médicos escritores e artistas que falam a língua portuguesa. Foi fundada em 1992 e integra associações médicas de Portugal (Sociedade Portuguesa de Escritores e Artistas Médicos - SOPEAM), do Brasil (Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - SOBRAMES) e de Moçambique (Associação Moçambicana de Escritores e Artistas Médicos - AMEAM). S.M.M.


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