Hoje Macau 30 JULHO 2021 #4821

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‘‘Nada vale tanto para o homem de letras como a independência.’’ PALAVRA DO DIA

Gaspar Melchor de Jovellanos

sexta-feira

30.7.2021 episódio 47

O Jogo das Escondidas

TIAGO ALCÂNTARA

Administração Garantida exigência de honestidade a funcionários públicos

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“O Governo da RAEM tem exigido aos trabalhadores que desempenhem fielmente as funções em que são investidos e sejam honestos e dedicados para com o público”, assim garante Kou Peng Kuan. O director dos Serviços de Administração e Função Pública começou assim por responder a uma interpelação de Ng Kuok Cheong em que o deputado pedia rigor disciplinar a dirigentes e chefias e aperfeiçoamento das normas anticorrupção. Além de garantir que o Governo está a elaborar um regime disciplinar para “crimes funcionais” e para supervisão e gestão do pessoal de direcção e chefia, Kou Peng Kuan afirma que irá ter em referência a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção. O objectivo do Executivo é tipificar crimes como tráfico de influências.

MYANMAR SISMO DE MAGNITUDE 5,5 NO NOROESTE

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M sismo de magnitude 5,5 atingiu ontem o noroeste de Myanmar (antiga Birmânia), perto da fronteira com a Índia, sem relatos imediatos de danos ou baixas. O sismo ocorreu às 15:09 locais, com epicentro localizado a 47 quilómetros a nordeste da cidade de Shwebo na região de Sagaing, anunciou o Instituto de Geofísica dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês), numa zona montanhosa a cerca de 100 quilómetros a noroeste de Mandalay, a segunda cidade mais populosa de Myanmar. O hipocentro foi registado a uma profundidade de 10 quilómetros, segundo os dados do USGS. Os sismos superficiais tendem a causar mais danos às estruturas na superfície. Este sismo foi sentido também no norte da Tailândia, com os edifícios em Chiang Mai, cidade situada a mais de 900 quilómetros, a oscilarem durante cerca de meio minuto, segundo a agência Associated Press. A Birmânia está localizada perto de uma área de alta actividade tectónica devido à pressão entre a placa do subcontinente indiano a sul e a placa eurasiática a norte. Em Maio, um sismo forte e superficial abalou o sudoeste da China perto da fronteira com Mianmar, matando pelo menos três pessoas e ferindo mais de duas dúzias.

Chan Ka Leong, membro do Conselho para os Assuntos de Habitação Pública“Os residentes mais vulneráveis já têm garantias suficientes devido às candidaturas permanentes para as habitações sociais em Mong-Há, Toi San e na zona A dos Novos Aterros, que serão atribuídas gradualmente.”

Vêm aí anos dourados Oferta de casas sociais resolve problemas habitacionais, diz Chan Ka Leong

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HAN Ka Leong, membro do Conselho para os Assuntos de Habitação Pública, defendeu que a actual oferta de habitações sociais vai fazer com que os próximos dez anos sejam “dourados” no que diz respeito à resolução dos problemas de habitação. O responsável falou aos jornalistas à margem de um fórum organizado pelo Centro de Política da Sabedoria Colectiva sobre habitação económica. “Os residentes mais vulneráveis já têm garantias suficientes devido às candidaturas permanentes para as habitações sociais em Mong-Há, Toi San e na zona A dos Novos Aterros, que serão atribuídas gradualmente”, frisou. Sobre a habitação económica, Chan Ka Leong disse

que a oferta de fracções está de acordo com a procura, elogiando a acção do Governo, que nos últimos dois anos disponibilizou oito mil casas.

Dez mil sanduíches

O responsável destacou as alterações feitas à lei de habitação económica, que beneficiam agora as famílias mais vulneráveis. “O novo sistema de pontuação tem em conta a estrutura das famílias, tal como a proporção dos residentes permanentes, a duração do período de residência e se há membros vulneráveis na família.” Para Chan Ka Leong, as famílias com três ou quatro pessoas, ou os agregados mais jovens, têm agora uma maior possibilidade de conseguir uma habitação. Quanto às casas para a classe sanduíche, Chan Ka

Leong acredita que serão necessárias dez mil fracções, apontando que o Governo já tem terrenos disponíveis. Quanto às críticas sobre os elevados preços de venda das casas económicas, de cinco mil patacas por metro quadrado, o membro do Conselho defendeu que os valores podem ser discutidos. “O mais importante é olhar para o prémio dos terrenos. Se o Governo cobrar totalmente o valor, o custo deve ser aproximadamente duas mil patacas por metro quadrado, e isso pode ser discutido na sociedade. É semelhante ao preço praticado nos edifícios privados, é um preço razoável”, defendeu. Chan Ka Leong admitiu que o valor é um pouco caro, mas deve-se também ao aumento do preço dos materiais de construção. A.S.S./N.W.

um folhetim por Fernando

Sobral

ONTINUOU a caminhar para sair do Bazar. Ouviu um sussurro à sua esquerda. E um estronho, seguido de um silvo. Sentiu um impacto forte no ombro esquerdo. Caíu com o embate. Levou a mão ao braço e depois retirou-a cheia e sangue. Procurou a sua pistola, mas antes de o conseguir fazer, levou um pontapé na mão direita. Olhou para cima. Viu o cano de uma pistola apontada a ele e, mais acima, o de um chinês que o olhava fixamente. Ouviu a sua voz: - Zōi gīn! Ia puxar o gatilho. Mas o som do tiro não saíu da sua pistola e o homem que estava defronte de si caíu. O seu sangue jorrou para cima do tenente. Espantado, viu o rosto de Li Bei e de outros dois chineses que empunhavam pistolas. Agarraramno e puxaram-no. Do nada apareceu um riquexó para onde o transportaram. Percebeu que seguiam a caminho da Rua da Felicidade. Antes de chegarem à “Noite Tranquila” pararam numa casa sem luz à porta e levaram-no para dentro. Amoroso deitou-se numa cama e procurou tirar a sua pistola Luger do coldre. Não lhe servira para nada, porque o ataque fora rápido. Alguém começou a tratar-lhe da ferida. - A bala entrou e saíu do seu braço esquerdo. Não vai haver problemas. A voz de Li Bei era reconfortante. A do tenente, um murmúrio: - Como sabiam que estava ali? - Ding Ling estava preocupada consigo. Tem sido seguido, dia e noite, tenente. Para seu bem. Descanse um pouco. Depois levá-lo-ei até ela. Passada quase uma hora, em que dormitou, Bei Li veio acordar o tenente. Depois levou-o até ao “Noite Tranqila”. Ding Ling esperava-o. Agarrou num copo com vodka e deu-lho. - Bebe. Faz-te bem. Ele assim fez. O olhar dela era preocupado, mas doce. Disse, com uma voz aveludada: - Sabes, às vezes sonho que quando estamos na cama, colados um ao outro, há algo no meio. Uma pistola. Perguntome: será sempre uma pistola o que nos junta e nos separa? Ding Ling atravessava a fronteira do silêncio que tinham jurado respeitar. Falava do passado e, também, do presente. Fora uma pistola que os juntara. Aquela Luger que agora não lhe servira para nada. - Queres falar disso, querida Ling? - Não. Mas penso nisso. - Porque me mandaste seguir? - Foi o que fiz de bem, não foi? - Talvez. Neste momento estaria morto, por certo. (continua)


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