Hoje Macau 30 OUT 2019 # 4401

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30.10.2019 quarta-feira

VERDADE OU CONSEQUENCIA V

CO-LIVING MACAU COMEÇA A TER ESPAÇOS DE ALOJAMENTO EM COMUNIDADE

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IVER em comunidade em Macau pode não ser uma novidade, mas é um conceito que está cada vez mais a assumir uma nova forma. Isto porque surgiram no território dois espaços de co-living, onde cada pessoa aluga o seu quarto a baixo custo, com despesas incluídas e partilha de espaços comuns, como a cozinha, casa-de-banho e sala. Os apartamentos estão completamente renovados e oferecem todas as condições, sendo bem diferentes das condições de alojamento de muitos trabalhadores não residentes, que se vêem muitas vezes obrigados a partilhar quartos com beliches em casas velhas. Em Macau existem dois edifícios habitacionais onde funciona o conceito de co-living, um na zona da avenida Horta e Costa, outro na zona do Porto Interior. Quem lá vive são, sobretudo, estrangeiros que procuram um alojamento temporário, como é o caso de José Fonseca, estagiário português numa empresa local, que vive no Macau Co-Living, onde tem contrato até Dezembro, data em que deixará o território. Viver num espaço de co-living surgiu por necessidade, mas acabou por tornar-se um hábito, conforme contou ao HM. “Quando cheguei fiquei em casa de uma amiga, na Taipa, que tinha de ser entregue no final do mês de Setembro. Procurei algumas soluções, mas em Macau o interior das casas é muito velho. O Macau Co-Living é um espaço completamente renovado e equipado com Internet, e apesar dos quartos serem um bocado pequenos, o espaço comum que oferece e o terraço foram uma vantagem, daí ter decidido ir.” Apesar de notar que os quartos são pequenos, o que nem sempre garante a privacidade de cada um,

José Fonseca assegura que já se habituou ao bom ambiente da casa, que partilha com pessoas que não conhecia.

“Essa forma de habitar é uma experiência pessoal altamente gratificante, mas tem a ver com questões geracionais e financeiras. Acho que a sociedade não vai aderir a essa modalidade de alojamento.” MÁRIO DUQUE ARQUITECTO

“As pessoas que estão aqui convivem bem e não se intrometem no espaço de cada um. Vou a pé para o trabalho. Estou a gostar imenso da experiência, acho que é uma opção a aconselhar para quem esteja em Macau a viver, nem que seja por um ano ou dois, e é uma opção interessante para jovens entre os 20 e 30 anos”, acrescentou. José Fonseca está a gostar tanto de viver num espaço de co-living que, caso ficasse a trabalhar no território, colocaria a hipótese de estender o contrato. No entanto, assegura que muitos optarão por viver neste regime por não terem alternativa. “Não sei até que ponto as pessoas optam pelo co-living pela experiência em si. O que me fez escolher viver assim foi o espaço que é oferecido, e penso que a maior

parte das pessoas escolhem o co-living por ter o espaço renovado, o que em Macau não é comum. Não há nada a apontar em termos de limpeza”, frisou. Quem também vive no Macau Co-Living, mas no andar destinado a moradoras do sexo feminino, é Phoebe, natural de Taiwan. “Trabalho em Macau há dois anos. O meu quarto é muito pequeno, mas todo o ambiente e equipamentos são melhores do que em outros alojamentos, isto se quiseres uma renda de cerca de quatro mil patacas com um quarto só para ti”, contou ao HM. No mercado imobiliário de Macau, ao nível do arrendamento, Phoebe assegura que se deparou com situações bastante insatisfatórias para aquilo que procurava. “É sempre necessário partilhar

quarto com outras pessoas e as contas não estão incluídas na renda, então penso que o regime de co-living é a melhor opção. A coisa mais importante é estar num espaço onde todos se preocupam com a higiene, para que haja um ambiente habitável”, frisou.

LENTA PROGRESSÃO

O Macau Co-Living nasce da vontade de investidores de Hong Kong de renovarem um antigo edifício no Porto Interior e transformá-lo num espaço de alojamento à semelhança dos que já existem na região vizinha. Robert Cai, mentor do projecto, conta como tudo começou. “Quisemos preencher uma lacuna em termos de alojamento para pessoas que querem arrendar um espaço por apenas três meses


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