Hoje Macau 26 MAR 2018 #4019

Page 12

12 eventos

26.3.2018 segunda-feira

ROTA DAS LETRAS O LUGAR DA FAMÍLIA ASSUMPÇÃO NO ROMANCE DE ISABEL VALADÃO

“A comunidade chinesa está Em “O Rio das Pérolas” lê-se a história de Luísa e Mei Lin, duas mulheres chinesas abandonadas à nascença pelas famílias que acabam por ter dois percursos de vida diferentes, sempre com a sobrevivência como força motriz. Convidada do festival Rota das Letras, que chegou ontem ao fim, a autora, Isabel Valadão, contou como a ligação à família de Carlos D’Assumpção a ajudou a escrever o romance

F

ORAM dois anos intensos, em que o corpo existiu em Portugal mas a mente e o coração estiveram de forma permanente em Macau. Esse foi o tempo que Isabel Valadão, licenciada em História da Arte, demorou a escrever “O Rio das Pérolas”, o romance sobre o lugar onde morou durante três anos mas que retrata uma outra época, a de uma sociedade onde meninas eram abandonadas à nascença apenas por carregarem consigo a condição feminina. Cuidadas por freiras, acolhidas por ordens religiosas, estas meninas acabariam por se dedicar à prostituição, a servir em casas de famílias macaenses, a serem sujeitas às boas maneiras para que, um dia, o casamento com homens ricos pudesse ser a salvação para uma vida difícil. No último dia do festival literário Rota das Letras, Isabel Valadão esteve no edifício do Antigo Tribunal a falar do seu romance que fala da Macau dos anos 40 e 50. Viveu no território entre

983 e 1985, tendo conhecido muitas famílias macaenses. A de Carlos D’Assumpção, ex-presidente da Assembleia Legislativa e um dos mais importantes juristas do território, foi fundamental para o seu processo de absorção da cultura local. “A família Lobo Vicente [retratada no livro] foi inspirada em famílias que conheci aqui, famílias antigas. A família do Carlos D’Assumpção deu-me muito conhecimento de como funcionavam as coisas”, revelou ontem. “A família de Carlos D’Assumpção ajudou-me a perceber como funcionava uma família macaense e luso-portuguesa. Além da origem chinesa também tinha outras origens, havia sempre uma grande mistura de sangues. Não gostavam muito do sangue chinês, porque achavam que ia manchar um pouco o sangue português, no qual tinham muito orgulho.” Isabel Valadão só agora regressou a Macau, e notou diferenças em relação ao passado histórico e aquele

que presenciou. “Tenho visto a comunidade chinesa muito mais aberta e com uma abertura grande às pessoas, embora continuem a não falar português. Penso que está tudo diferente.”

A IMPORTÂNCIA DA MULHER

Antes de escrever sobre Macau, Isabel Valadão escreveu sobre

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA 7 ANOS DE MAU SEXO - CRÓNICAS CONSTRANGEDORAS • Ana Anes

personagens reais, históricas, da Angola onde viveu a partir dos seis anos e até 1976, na altura em que se mudou para Portugal. Quando chegou a Macau esperava encontrar um pouco de África, mas não conseguiu, apesar de se ter deparado com um ambiente exótico. “Quando chegamos a Macau encontrei uma reali-

dade muito diferente da que estava à espera. Pensava encontrar um bocadinho de África quando cheguei, mas encontrei outra realidade muito exótica, muito sui generis. Foi um choque grande no início, porque não estava bem habituada à civilização chinesa. Mas a cidade começou a cativar-me.”

Desde que se licenciou, aos 49 anos, que a autora se tem dedicado a escrever sobre mulheres. Identifica-se com elas, mas não põe de parte escrever um romance onde os homens sejam protagonistas. “Talvez me identifique mais com o papel das mulheres, ou porque encontre

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

A maior parte das crónicas reunidas neste livro surgiram ao fim de dois anos de muita insistência por parte da autora à direcção do semanário O Independente, onde colaborava há cerca de três anos. Com o término dos suplementos anteriores, que deram lugar ao suplemento Vida, foi possível concretizar o que, mais do que um sonho, foi sempre uma certeza da autora - a de que iria «abanar os alicerces» de algumas mentalidades. Assim foi e, durante cerca de sete meses de duração da rubrica homónima, falou-se semanalmente, sem tabus, de sexo e relacionamentos, obviamente numa perspectiva autobiográfica (e não só, que os amigos deram ajudas preciosas com as respectivas experiências!), com humor, ironia e sentido de oportunidade e actualidade. Para além dessas, o livro reúne igualmente crónicas originais e outras da Perspectiva, da coluna Cambalhotas do Destak e da rubrica A Guerra dos Sexos da Maxmen. As crónicas estão organizadas num sistema crescente de «malaguetas»: as primeiras são relativamente toleráveis, mas para as mais picantes será conveniente prepararem o antídoto!

A PRINCESA E O PRESIDENTE • Valéry Giscard d’Estaing

A Princesa e o Presidente conta a história entre Jacques-Henri Lambertye, Presidente de França, e Patrícia, a Princesa de Cardiff. Nestas páginas, o leitor assiste aos seus primeiros encontros e ao nascimento de um amor que, rapidamente, se tornará o centro das suas vidas agitadas. Tendo como pano de fundo os palácios da república francesa e da monarquia britânica, a aproximação entre ficção e realidade é evidente, fazendo-nos crer que, até hoje, ninguém saberia a verdadeira história de amor daquela que o autor apelida de Princesa de Cardiff.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.