Hoje Macau 22 SET 2014 #3179

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HOJE MACAU

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

MOP$10

WWW.HOJEMACAU.COM.MO

S E G U N DA - F E I R A 2 2 D E S E T E M B R O D E 2 0 1 4 • A N O X I V • N º 3 1 7 9

hojemacau JORGE CAVALHEIRO

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O Largo do Senado é como um centro comercial PÁGINAS 2-3

ENFERMAGEM Alunos e docentes pedem mudanças na lei

IACM Garantias de certificação internacional

Estão todos de acordo e os números não enganam. Faltam recursos humanos no sector da enfermagem e a solução pode passar pela manutenção no território de estudantes que por cá aprendem. Para que tal aconteça há que ultrapassar um obstáculo de peso: a lei.

O Instituto para osAssuntos Cívicos e Municipais responde a críticas sobre a falta de credenciais do Centro de Segurança Alimentar e garante que a capacidade técnica do seu laboratório está de acordo com normas internacionais.

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POLÍTICA PÁGINA 4

SOCIEDADE PÁGINA 6

PALESTRA

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JOSÉ GIL E O FIM DO SONHO ÚLTIMA

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006


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ENTREVISTA

hoje macau segunda-feira 22.9.2014

JORGE CAVALHEIRO, INVESTIGADOR E PROFESSOR DA UNIVERSIDADE DE MACAU

A culpa da fraca expansão da língua portuguesa em Macau, no sentido prático, deve-se à falta de interesse dos alunos, apesar do esforço do Governo. Quem o diz é o historiador e docente da Universidade de Macau Jorge Cavalheiro, que considera que os alunos têm um interesse “pontual” pela História e chegam à universidade com poucos conhecimentos

ANDREIA SOFIA SILVA

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Qual o actual estado da investigação na área da história de Macau? O que é que precisa de ser melhorado? Nos últimos anos tem havido muita investigação sobre a história de Macau feita por pessoas locais e por historiadores em Portugal e do mundo lusófono e até historiadores de língua francesa e inglesa. Temos internamente muita gente a publicar, a fazer levantamento de fontes e de textos, dos quais não tínhamos conhecimento, que estavam em arquivos. Embora [com] algumas lacunas, a história de Macau é conhecida e há muita gente de qualidade a fazer investigação. Que lacunas são essas? Apenas determinados temas e períodos da História que não estão devidamente estudados. Mas, no geral, a História de Macau é conhecida e quem quiser informar-se sobre ela tem bons trabalhos. Em relação à ligação dos jovens com a história, considera que há um interesse pela licenciatura em História e investigação por parte dos jovens locais? Penso que é muito pontual. Infelizmente há poucos. Os jovens vêm das escolas secundárias de Macau

sem conhecimento da História de Macau, da China e da História em geral. Esses conteúdos constam nos programas das escolas, mas parece-me que há uma grande falha em termos da transmissão da História da China, de Macau e do mundo em geral. Sentimos aqui, há muito tempo, que há uma grande falha no conhecimento geral dos alunos.

HOJE MACAU

“Nunca vamos conseguir pôr os habitantes Porque é que isso está a acontecer? É uma falha das escolas ou do próprio Governo? Penso que são as escolas, porque este é um problema que vem de longe. Durante o tempo da Administração portuguesa, as escolas privadas eram mesmo privadas, o Governo não tinha intervenção. E eram escolas

“Há uma grande falha em termos da transmissão da História da China, de Macau e do mundo em geral. Sentimos aqui, há muito tempo, que há uma grande falha no conhecimento geral dos alunos”

PATRIMÓNIO O MUITO QUE JÁ SE PERDEU

“Venho ao Centro Histórico e só vejo marcas? Pedia O pessimismo invade Jorge Cavalheiro quando o assunto é património. Para o académico, há património de Macau que já se perdeu para sempre, até porque as teorias de preservação, diz, não passam do papel.

Tivemos recentemente eleições para o Chefe do Executivo. Olhando para o trabalho do Governo, foram feitos os esforços necessários para a preservação do património? Não. É uma questão que me deixa um pouco desanimado, porque não se tem feito o que se deveria e poderia fazer para preservar o património. Têm-se preservado edifícios, igrejas, templos, mas isso não chega. O património não é um edifício isolado, tem vida e um contexto à sua volta. Temos se preservar a vida daquele bairro e daquela rua. Não sei se não há vontade ou consciência. Dizem que

não há legislação... mas se não há, que se faça.

Entrou em vigor recentemente a nova Lei da Salvaguarda do Património Cultural, mas o Governo ainda está a trabalhar na lista dos edifícios a preservar. É um processo muito lento e é tão

“Não se tem feito o que se deveria e poderia fazer para preservar o património. (...) O património não é um edifício isolado, tem vida e um contexto à sua volta”

lento que há muitos aspectos culturais de Macau que já se perderam irremediavelmente. São longos anos de espera e com a transformação rápida da cidade perde-se uma actividade comercial tradicional, que é irrecuperável. Quanto mais Macau cresce nas zonas periféricas, mais ameaçado está o património e mais importante se torna a sua preservação. O Centro Histórico tem que se manter para que a cidade não perca a sua identidade. Para os cidadãos é importante, temos de ter referências culturais. É grave se esse património não for devidamente preservado e, infelizmente, não está. Falava da preservação das áreas à volta do património. Como olha para o actual Centro Histórico, cheio de pessoas diariamente? Com tantos turistas em massa, os cidadãos de Macau fogem daquelas zonas.Aprópria actividade comercial tradicional desapareceu. O Largo

do Senado é como um aeroporto internacional, um centro comercial. Temos as roupas de marca, os cremes. Que interesse histórico e cultural tem aquilo? Nenhum. Acho que tudo isso é uma grande confusão e um grande equívoco. Se a mim me atraíssem para visitar Macau e eu chegasse ao Centro Histórico e visse lojas de marcas

internacionais, ficava ofendido. Até dava para pedir uma indemnização ao Governo, que me enganou com uma propaganda falaciosa. Então eu venho ao Centro Histórico de Macau, uma cidade que tem 500 anos de história, um ponto de encontro entre o Oriente e Ocidente, e só vejo marcas de roupa? Foi para isso que gastei tanto dinheiro? Pedia uma indemnização.

“[A elaboração da lista de património] é um processo muito lento e é tão lento que há muitos aspectos culturais de Macau que já se perderam irremediavelmente”

O que se pode fazer com os bairros antigos, que estão degradados? Era um trabalho que já devia ter sido feito. Vai sendo tarde e o processo é quase irreversível. O Regime Jurídico dos Bairros Antigos foi retirado do hemiciclo, está a ser estudada uma nova versão, mas acredita então que já não há muito a fazer? Penso que não. Sou pessimista e já perdi a esperança. Porque ando a mostrar e a falar do património, a ligar


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de Macau a falar português” muito diferentes. Naturalmente as escolas concentram-se numa vertente mais prática para lançar os alunos no mercado de trabalho. Um licenciado em História trabalha em que área, actualmente, para além da Função Pública? Essa é a grande questão. Em Portugal temos milhares de licenciados e há desemprego. Em Macau acontece também um pouco esse problema. Esta situação das falhas no ensino da História também se passa nas escolas de Hong Kong ou de outros territórios vizinhos? Penso que não com tanta força como em Macau. Hong Kong tem, há muitos anos, manuais de História e Geografia para a sua própria História, algo que Macau tem muito pouco. O que tem é recente. Macau não investiu no ensino da História e da cultural oriental. A Escola Portuguesa de Macau (EPM) está a começar a dar os primeiros passos e tem feito um trabalho meritório, com a criação do “dia do mandarim”. Sendo uma escola de matriz portuguesa, e de Macau, porque é que, na sua óptica, esse trabalho não começou a ser feito há mais tempo? Macau nunca foi uma colónia, mas vivemos aqui momentos coloniais. A China tem importância há 20 anos e, nos últimos dez anos, essa

uma indemnização” a história aos locais, e ainda não vi nada feito. Fazem muitas vezes um trabalho de cosmética nos edifícios, mas lá dentro está tudo aos ratos e baratas. Puseram-lhe um creme na fachada. Fazem-se seminários e encontros, mas não passamos disso.

“O Largo do Senado é como um aeroporto internacional, um centro comercial. Temos as roupas de marca, os cremes. Que interesse histórico e cultural tem aquilo? Nenhum”

Muitas vezes mostram a esses especialistas uma Macau em ‘slides’. Há um abismo entre esses encontros teóricos e a realidade. Temos potencialidades em alguns bairros mas não vejo ninguém a agarrar isso. Não sou optimista, porque conheci muitas potencialidades e um grande património e hoje vejo uma cidade cada vez mais descaracterizada e invadida. São coisas arrepiantes. E de certeza que os cidadãos de Macau, que têm consciência do seu património, estão tristes. Já não gosta então de viver em Macau como gostava quando chegou, há 50 anos? Tenho de ser sincero, é evidente que não. Macau tinha um encanto e há uma certa nostalgia e saudosismo, da pacatez, do sossego. Uma cidade com árvores e plantas, com espaço para as pessoas. Com qualidade de vida. - A.S.S.

“Macau nunca foi uma colónia, mas vivemos aqui momentos coloniais. A China tem importância há 20 anos e, nos últimos dez anos, essa importância tornou-se muito grande” importância tornou-se muito grande. Portanto, o olhar sobre a China era sempre de alguma curiosidade e com algum distanciamento, um olhar que não despertava interesse. Então não se investia nem na língua, nem na cultura. A China era uma ilustre desconhecida.

Acha que o despertar da economia trouxe essa atenção? Não acho, tenho a certeza. O que está por detrás de tudo isso é a economia, o dinheiro, o investimento. Isso traz o desenvolvimento cultural e o interesse pela língua e pelo pensamento chinês. O Renascimento foi assim: as repúblicas italianas tinham poder económico e, a partir daí, fizeram o Renascimento, o esplendor cultural. Falou-se há algum tempo de que iria ser criada a disciplina de educação patriótica nas escolas de Hong Kong, matéria que está ligada à História. Qual seria a reacção se fosse implementada em Macau? Não posso dar uma opinião às cegas, teria de ver o programa da disciplina. Uma disciplina desse género com um programa orientado para o ensino da História e cultura, seria bem-vinda. A polémica aconteceu porque teria muitos conteúdos políticos. Se tem um conteúdo político e tendencioso, com certeza não estaria de acordo.

Do ensino da Língua Portuguesa Sobre o ensino do Português, fala-se que as escolas não têm todas o ensino desta língua. O que é preciso fazer, do ponto de vista institucional e por parte das pessoas ligadas à educação, para que isso aconteça? Vou ser muito frontal. A Língua Portuguesa tem tido uma importância cada vez maior. É uma língua com um valor económico extraordinário. E é interessante porque estamos em Macau e, quando se fala de portugueses em Macau, temos o português ‘versus’ o mandarim. O mandarim também tem tido um crescimento muito grande. Hoje, nas principais universidades da China há um curso de Português. O mesmo está a acontecer em relação ao Mandarim em Portugal. Em termos locais, nunca vamos conseguir pôr os habitantes de Macau a falar português, porque isso é completamente impensável. Algo que nunca foi feito até aqui. Nunca foi, porquê? Historicamente, a maior parte da população de Macau foi sempre chinesa. Quem tinha de aprender alguma coisa de chinês eram os portugueses. Na população de Macau, a percentagem de portugueses ditos reinóis, os que vinham de Portugal, era mínima. Chegou a ser de 1%. Depois havia os macaenses, que faziam a ponte entre os reinóis e os chineses. E os portugueses nem precisavam de aprender português. Há português em algumas escolas, mas é um problema para o ensinar, porque os alunos têm duas ou três aulas por semana, mas estão mergulhados na sua cultura e língua, que são muito fortes. Falam chinês em casa, na rua, na escola. Como se pode? Encontro

os meus alunos antigos que falavam razoavelmente português e, ao fim de um ano, encontro-os [novamente] e já têm dificuldades. E dizem-me: “no meu trabalho, não preciso de falar e escrever português, os meus amigos falam chinês”. Em termos gerais, não é apelativo e não há um interesse imediato na língua. Mesmo quando acabam a licenciatura, vão trabalhar para determinados serviços e não usam a língua. Mas isso não quer dizer que não se insista. É isso que eu digo aos meus alunos, até porque o português é uma língua em crescimento e que está num processo de internacionalização. Apesar dessa falta de interesse, o Governo de Macau tem feito esse esforço e tem adoptado as políticas necessárias para que a língua se mantenha? Penso que sim. O Governo tem feito um esforço enorme e as instituições também. Falo não só da Universidade de Macau, mas da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, Instituto Português do Oriente, da Universidade de São José, o Instituto Politécnico de Macau. Têm apostado no ensino e na qualidade do ensino e têm produzido materiais. Não é uma questão de falta de apoio. Em termos de oferta no ensino superior, apenas a UM e IPM ofereciam cursos na área. Só agora é que o ensino privado em Macau está a ter consciência da importância da língua? De certo modo sim. Embora a educação há muitos anos que invista no ensino do português.


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POLÍTICA

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ANÁLISE OBRAS PÚBLICAS E TRANSPORTES Macau a trabalhar, a menos ENFERMAGEM PEDIDAS MUDANÇAS NA LEGISLAÇÃO

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que peçam bluecard, um processo demorado e que nem sempre é de sucesso. Michelle Zhu acredita que Macau precisa de mais desenvolvimento profissional e da estrutura social, pelo que defende que o Governo precisa de considerar uma mudança nesta legislação. “Por exemplo, o Executivo pode dar-lhes [autorização] para que fiquem em Macau, nem que seja durante um período curto de trabalho. Ainda por cima, depois de estudarem em Macau, [estes alunos] já não têm dificuldades na língua e podem cuidar dos pacientes de Macau”, frisou a professora, citada pelo canal chinês da Rádio Macau e à margem de um seminário de enfermeiros realizado no sábado.

residentes, estatísticas da

SEM MEDIDAS

Para o bem de todos

A falta de recursos humanos na área da enfermagem está a fazer com que docentes e alunos concordem com a manutenção no território de alunos estrangeiros licenciados por cá. A legislação não permite, mas há quem diga que o Governo tem de pensar melhor CECÍLIA LIN

cecilia.lin@hojemacau.com.mo

P TIAGO ALCÂNTARA

ROFESSORES e alunos do Instituto de Enfermagem do Kiang Wu consideram ser necessário mudar a legislação em vigor para permitir que os estudantes de fora do território que cá estudam possam ficar em Macau depois de graduados. A falta de mão-de-obra dá o mote para a sugestão,

cuja ideia é que se elimine a norma que não permite aos alunos estrangeiros ficar em Macau a trabalhar. Chui Sai On tem vindo a comprometer-se com a não alteração desta lei, mas professores e alunos pensam de forma diferente. Michelle Zhu, professora do Instituto de Enfermagem do Kiang Wu, explica, por exemplo, que é muito difícil recrutar alunos de Macau. Citada pela rádio

chinesa, a docente diz que, entre 117 graduados este ano, cerca de 6% são da China continental, sendo que não podem ficar em

enfermeiras para cada 1000 Organização Mundial de Saúde

Também o professor-adjunto da Escola Técnica dos Serviços de Saúde

UM Si Ka Lon preocupado com segurança do novo campus

O deputado Si Ka Lon entregou uma interpelação escrita ao Governo onde refere que a actual gestão da fronteira entre o novo campus da Universidade de Macau (UM) e Zhuhai não é “rigorosa o suficiente”, o que faz com que se transforme numa “porta de conveniência” para crimes como entrada ilegal de pessoas, tráfico de droga e chegada de trabalhadores ilegais. O número dois de Chan Meng Kam quer saber quais as medida que serão tomadas pelo Governo para prevenir entradas ilegais através de Hengqin. Si Ka Lon escreveu ainda que conhece casos de infracções cometidas por veículos, estacionamentos ilegais e má condução no novo campus, o que também põe em causa a segurança e origina ruídos, afectando o descanso dos estudantes. O deputado pede, por isso, medidas para maior segurança no campus universitário no futuro.

REAIS L ACUNAS Segundo estatísticas da Organização Mundial de Saúde, Macau tem, actualmente, três enfermeiras para cada mil residentes, o que demonstra uma grande falta de recursos humanos. Lacuna esta que poderia ser colmatada se os estudantes do continente que tiraram enfermagem no Kiang Wu, por exemplo, cá pudessem ficar. Uma aluna do continente já graduada, de apelido Lei, disse à TDM que já tinha pedido para ficar a trabalhar em Macau, sem sucesso. Também há graduados de Macau que concordam que os colegas da China fiquem em Macau depois da graduação. “Eles estudam no mesmo curso que nós e connosco, fazem estágios no mesmo local... por isso, acho que podem trabalhar connosco”, frisou Tou, um aluno de Macau, à TDM. A docente Michelle Zhu frisa que não se pode apenas aumentar o número de recrutamento de alunos para o instituto para conseguir colmatar a falta de mão-de-obra no sector, até porque o instituto “tem de garantir a qualidade de ensino”. A professora explicou ainda que, além da falta de graduados da escola secundária, outros sectores de Macau já conseguiram atrair muitos estudantes de Macau sendo, por isso, cada vez mais difícil recrutar alunos para enfermagem.

do Instituto Politécnico de Macau, Lo Chi Man, disse que há sempre cerca de 300 alunos que querem entrar na escola durante as candidaturas, sendo que, anualmente, são recrutados 60 alunos. Contudo, cerca de dois ou três acabam por mudar de curso porque não sentem que este é adequado para si. O director do hospital Kiang Wu, Ma Hok Cheung, disse no seminário que não há dúvidas que o Governo tenha de fazer um melhor planeamento na formação de profissionais e de recursos humanos e diz ainda que o Governo tem de acabar por chegar a um consenso: se aceita

ou não que os graduados estrangeiros cá fiquem. O próprio director assume que concorda com a política de manutenção destes licenciados, uma vez que “como director do hospital espera que o número de enfermeiras seja suficiente”. Segundo o jornal Ou Mun, contudo, o vice-director dos Serviços de Saúde, Chan Wai Sin, afirmou que é primeiro preciso ver como está a situação local no que aos recursos humanos ao nível destes profissionais diz respeito e só depois é que se podem procurar recursos fora de Macau. Para já, sublinha no entanto, ainda não há uma política que permita isso.


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FRONTEIRAS CHUI AGUARDA AVAL DE PEQUIM PARA ABERTURA 24 HORAS

HABITAÇÃO CONSULTA PÚBLICA CHEGA AO FIM

ERNANDO Chui Sai On, Chefe do Executivo, afirmou na sexta-feira passada à comunicação social que Macau aguarda “autorização do Governo Central para prolongar o horário de funcionamento dos postos fronteiriços”, assim como para a abertura da zona industrial transfronteiriça a toda a população. Numa nota à imprensa, o Governo explica que Chui Sai On adiantou que o Executivo irá “ponderar a cooperação com as grandes empresas para aliviar a pressão nas fronteiras e trânsito”, tendo especial atenção à zona fronteiriça das Portas do Cerco durante a hora de mais movimento. O Chefe do Executivo garantiu ainda que tanto Macau, como as autoridades nacionais “têm efectuado várias reuniões de trabalho sobre assuntos inerentes aos postos fronteiriços”, esperando-se portanto a “luz verde do Governo Central” durante estes dias, em que o líder do Governo de Macau visita a capital. Chui Sai On garantiu que,

consulta pública sobre a revisão da Lei da Habitação Pública terminou na sexta-feira passada e serviu para recolher “muitas ideias e sugestões” que serão analisadas e organizadas pelo Governo, conforme garantiu o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Lau Si Io. Sem adiantar muitas informações, Lau Si Io apenas reforçou que nos “últimos anos surgiram muitas opiniões” sobre o assunto, especialmente “sobre o número de fracções, avaliação e ordenamento dos candidatos e cancelamento dos limites de rendimento para os pedidos de habitação económica” e que, agora, o Governo vai ter em conta todas elas. “As autoridades competentes tencionam analisar e organizar todas as opiniões recolhidas, adiantando que a sociedade tem feito muitas revindicações sobre a alteração da lei em questão e o Governo ponderará a direcção do desenvolvimento social no futuro”, pode ler-se num comunicado. Também o processo de tratamento das listas de espera para as

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GCS

Quem espera sempre alcança... A opinião que conta F A

após a autorização, o Executivo irá adoptar “de imediato as novas medidas de ajustamento, a fim de se proceder à distribuição de pessoas e bens para um melhor escoamento”. Sem deixar de parte a província de Guangdong, o Chefe do Executivo esclareceu ainda que irá continuará a existir uma colaboração entre as partes, para

que se aperfeiçoem as “formalidades fronteiríças”, permitindo assim o alívio da pressão nas próprias fronteiras e tornando o processo alfandegário de bens e passageiros mais fácil. Chui Sai On encontra-se em Pequim desde ontem, onde espera receber oficialmente a nomeação como Chefe do Executivo de Macau. - F.A.

19 mil habitações públicas e as que ainda estão em fase de construção está concluído. Recorde-se que, actualmente, em Macau, os candidatos a casas de habitação pública são sujeitos a uma fila de espera, que pode fazer com que fiquem até dez anos à espera de uma casa. O problema tem vindo a ser polémico na sociedade, com os deputados a frisarem, por exemplo, que a necessidade do tipo de apartamento pedido – T1, T2 ou T3 – poder alterar-se ao longo dessa espera.


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SOCIEDADE

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SEGURANÇA ALIMENTAR IACM GARANTE CERTIFICAÇÃO INTERNACIONAL

Ter ou não ter “capacidade técnica” O IACM responde às acusações de José Pereira Coutinho e assegura que o seu laboratório é reconhecido internacionalmente

tidos, “em ordem de assegurar a capacidade técnica do Centro”.

GUERRA DE PALAVRAS

FILIPA ARAÚJO

filipa.araujo@hojemacau.com.mo

O

Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) garante ter certificação internacional, numa reacção a uma acusação de José Pereira Coutinho sobre a matéria. Quando rebentou o escândalo do óleo adulterado de Taiwan em Macau, o deputado assegurou que o Centro de Segurança Alimentar do IACM não possui as devidas credenciais para analisar casos como estes e que não tem, sequer, certificação internacional. Estas não são as primeiras acu-

sações de deputados face ao Centro de Segurança Alimentar do instituto, mas, em resposta ao HM, o IACM garante que possui, desde 2003, as certificações laboratoriais exigidas.

ÓLEO SEM SOLUÇÃO O caso do óleo adulterado continua a ser um mistério. Isto porque, segundo o próprio Centro de Segurança Alimentar do IACM, “ainda não existe um método científico para efectuar o estudo e identificar os óleos alimentares feito à base de ‘óleos de sarjetas’”. Os peritos afirmam que, apesar de terem na sua composição óleos adulterados, os óleos alimentares “podem ter índices de ensaio que cumprem os padrões hígio-sanitários definidos para os óleos alimentares”. O IACM adianta ainda que apesar de já ter recolhido alguns resultados, os testes realizados até agora não são suficientes e, por isso, o Centro “irá aumentar os itens de estudos, de modo a conferir garantia técnica aos respectivos testes”.

O

Instituto Português do Oriente (IPOR) assinou sábado, na cidade continental de Shenyang, um acordo de cooperação com a escola secundária local para o ensino da língua e cultura portuguesas naquela instituição, que tem mais de cinco mil alunos. “Respondendo ao crescente impulso conferido à aprendizagem do português na República Popular da China, este protocolo, assinado no dia em que comemorámos os 25

“O Laboratório do IACM, já em 2003, obteve a certificação laboratorial ISO/IEC 17025, atribuída pelo Conselho de Acreditação do Laboratório da China (CNAS)”, diz o IACM ao HM. “Este facto mostra que o Laboratório do IACM possui a capacidade técnica para, de acordo com os padrões internacionais, efectuar ensaios.” Relativamente ao reconhecimento dos resultados, o instituto garantiu que tal certificação permite que “os resultados dos ensaios, aprovados por laboratórios acreditados, são reconhecidos internacionalmente”, esclarecendo

IPOR Ensino de Português em Shenyang anos do IPOR, é também muito significativo do ponto de vista dos objectivos estratégicos da instituição”, disse João Neves, director do IPOR, em declarações à agência Lusa, salientando que o documento foi rubricado com a “Shenyang Guangquan Middle School”. João Neves explicou que o acordo traça o quadro da cooperação que será agora “opera-

cionalizado, assente no ensino da língua e cultura portuguesas, potenciando a experiência do IPOR e respondendo ao interesse da escola”, que tem desde sábado uma sala de Língua Portuguesa equipada com exposições bilingues e bibliografia doadas pelo IPOR. O mesmo responsável defendeu que o protocolo pode ser o ponto de partida para

que anualmente participa no “teste comparativo de proficiência”, a que todos os laboratórios certificados internacionalmente são subme-

“O laboratório do IACM possui a capacidade técnica para, de acordo com os padrões internacionais, efectuar ensaios” IACM

experiências semelhantes com outras escolas do mesmo nível de ensino, “reforçando Macau como plataforma de cooperação entre a China e os países de língua portuguesa”. A assinatura do Protocolo decorreu na presença de várias autoridades da Província de Liaoning e de Macau, bem como dos dirigentes do Fórum Macau, que se deslocaram a Shenyang no quadro de uma feira de comércio e investimento.

Recorde-se que Pereira Coutinho afirmou que, para além do respectivo Centro não estar apetrechado com o equipamento suficiente, não tem pessoal capacitado para as avaliações. Algo também já defendido por outros deputados, como Mak Soi Kun. “Além do pessoal não estar credenciado, os relatórios não são reconhecidos por países estrangeiros. O próprio Centro não está credenciado em nenhuma parte do mundo”, disse, no mês passado Pereira Coutinho, adiantando que o comportamento do Centro do IACM perante situações idênticas às do óleo adulterado, dá a entender que o mesmo “não está minimamente capacitado para resolver as questões no âmbito da segurança alimentar”. Em resposta, o IACM afirma que promove “todos os anos, diversos tipos de formação técnica, incluindo o intercâmbio de estudos com os territórios vizinhos e a partilha de experiências na técnica de ensaios com os especialistas, de modo a consolidar e promover o nível das técnicas de ensaios”, a fim de assegurar e elevar o nível profissional dos seus trabalhadores. Ao terminar, o IACM acrescenta que vários dos seus estudos foram reconhecidos, em diversas áreas, tais como, ensaios na área de resíduos de medicamentos veterinários, metais pesados, aditivos, corantes e microrganismos.

Ensino Dois mil candidatos a bolsas de estudo

Mais de dois mil candidatos inscreveram-se para receber bolsas de estudo no ano lectivo de 2014/2015. De acordo com dados da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, houve um total de 2737 candidatos às bolsas de estudo e, destes, 582 candidataram-se às bolsas especiais e 1070 às de mérito. Após apreciação, contudo, foram seleccionados 220 estudantes que receberão bolsas especiais e 380 que receberão bolsas de mérito. Os resultados das candidaturas serão publicados hoje.


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TABACO ASSEGURADA “INSPECÇÃO RIGOROSA” EM CASINOS

Governo contra-ataca

Depois de várias associações terem garantido que haverá fumo nas salas de jogo de massas dos casinos, os Serviços de Saúde contestam e dizem que vão acompanhar a situação de forma “rigorosa”, fazendo com que seja proibido fumar onde a lei não o permite FLORA FONG

flora.fong@hojemacau.com.mo

D

EPOIS da Forefront of Macau Gaming (FMG) e da Federação das Associações de Operários de Macau (FAOM) terem lançado o alerta sobre eventuais

planos das operadoras de jogo em criar espaços de fumo nas salas de jogo de massas, a partir de 6 de Outubro, transformando-as em salas VIP, Lei Chin Ion, veio a público assegurar que isso não irá acontecer. O director dos Serviços de Saúde (SS) admitiu, contudo, ter conhecimento de trabalhos de

SEPARAÇÃO VITAL Em comunicado, os SS reiteraram que os casinos devem obrigatoriamente separar as salas VIP e as áreas comuns. “Importa ainda esclarecer que a DICJ elaborou regulamentos para definir explicitamente quais as salas VIP e quais são as áreas comuns de jogos. As salas VIP adoptarão um sistema de membros e não podem ser abertas ao público, havendo a obrigação de nesses espaços separar fisicamente as áreas para fumadores e as áreas para não fumadores”, realçam os SS. “Acresce que nestas salas VIP, nas áreas para fumadores, as mesas de jogos devem ter instaladas cortinas de ar para evitar que o fumo se propague aos croupiers.”

construção nas zonas de apostas elevadas, mas prometeu discutir o assunto com assessores jurídicos, por forma a coordenar o caso com a lei em vigor. “Já vimos essa situação e algumas divisórias não são divisórias reais, porque não cobrem o espaço até ao tecto. Os SS vão cooperar com a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) e com a Direcção de Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) para fazer uma inspecção aos espaços de fumo de forma rigorosa”, garantiu Lei Chin Ion, à margem de uma conferência de imprensa.

DE OLHO ALERTA

Lei Chin Ion pediu ainda rapidez para a implementação de espaços

“Os SS vão cooperar com a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) e com a Direcção de Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) para fazer uma inspecção aos espaços de fumo de forma rigorosa” LEI CHIN ION Director dos Serviços de Saúde

de fumo sem máquinas de jogo, mas acredita que nem todos os 38 casinos o vão conseguir. Apesar disso, a proibição total de fumo nos casinos deverá ser implementada na data prevista, a partir de 6 de Outubro. “Essa decisão será feita porque o regime vai ser revisto no próximo ano, então teremos três meses para que os residentes possam avaliar

SAÚDE HONG KONG, MACAU E GUANGDONG NO COMBATE A DOENÇAS CONTAGIOSAS

De olho no ébola e dengue A

GCS

S autoridades de saúde de Macau, Hong Kong e Guangdong acordaram em reforçar a cooperação na prevenção de doenças transmissíveis, incluindo da febre de dengue, com mais de 2100 casos já registados este ano em Guangdong. Lam Chong, chefe do Centro de Prevenção e Con-

trolo de Doenças Transmissíveis, garantiu que é necessário “consolidar a cooperação e prevenção no tratamento de doenças como o vírus H7N9, o MERS-CoV, o Ébola ou a febre aftosa, entre outras novas doenças transmissíveis” e, segundo o responsável, deverá ser melhorado o mecanismo de comunicação entre Macau, Hong Kong e Guang-

dong, “mantendo formações e trocas de experiências para profissionais da área das doenças transmissíveis”. Uma reunião de dois dias em Macau serviu para partilhar experiências, nomeadamente sobre o sistema de notificação existente nas três regiões, explicou Lam Chong. “Até agora [desde o início do ano] há oito casos

os resultados. Vamos ver se é aceitável ou não”, disse o director dos SS. “Torna-se importante salientar que a partir do dia 6 de Outubro, caso as áreas comuns de jogos não consigam construir salas para fumadores sem possibilidade de jogo, as mesmas passam a ser consideradas como locais onde é totalmente proibido fumar”, frisa ainda o comunicado dos SS.

PROMESSAS DAS TRÊS PARTES • Continuar a reforçar o intercâmbio e a cooperação

de dengue confirmados em Macau. A situação não é muito grave”, assegurou.

NÚMEROS DA DOENÇA

Dos oito casos de dengue confirmados desde Janeiro em Macau, um foi contraído na região e os outros sete são referidos como ‘importados’, dado que os pacientes estiveram fora do território. O mais recente dos sete casos de dengue ‘importados’ foi reportado na semana passada e corresponde a um homem de 27 anos que visitou o interior da China. Já Hong Kong regista em média cerca de 100 casos anuais de dengue, segundo Leung Ting Hung, do Centro para a Protecção da Saúde da região vizinha. Na província de Guangdong, a situação epidemiológica do surto de febre de dengue foi já esta semana descrita como continuando

a nível de prevenção e resposta às novas doenças transmissíveis tais como infecção humana pela gripe aviário H7N9, síndrome respiratória por coronavírus do Oriente Médio e vírus Ébola • Continuar a reforçar a cooperação e a partilha da experiência relativas à prevenção e controlo da febre de dengue, sarampo, doenças de mãe, pé e boca, SIDA e resistência antibiótica • Reforçar a implementação e promoção da vacinação • Continuar a promover a concretização do “Protocolo de colaboração entre Guangdong, Hong Kong e Macau referente às medidas de contingência de saúde pública”

“a ser muito grave, tendo sido já registados 2175 casos”. Na sexta-feira, Leung Ting Hung observou que “o número de casos de dengue subiu em todo o mundo, talvez pelo aumento da temperatura”.

Leung Ting Hung assegurou que todas as medidas adoptadas nos três territórios para combater doenças transmissíveis são semelhantes e estão de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde. - F.F. com Lusa


8 sociedade

RUA PADRE JOÃO CLÍMACO EMPRESÁRIO DECLARADO INOCENTE

Prolongamento à vista? nunca recebeu dinheiro e que também não tinha interesse em recebê-lo. Disse também que, quando fazia as cobranças, não mostrava provas de ser proprietário do terreno.

GOOGLE STREET VIEW

Chegou ao fim o caso do empresário que era acusado por vendedores ambulantes de cobrar rendas

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CECÍLIA LIN

SEQUELAS SEM CONSEQUÊNCIAS

cecilia.lin@hojemacau.com.mo

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STÁ terminado o mediático julgamento da Rua Padre João Clímaco, com o empresário – que ia acusado de falsas declarações e fraude agravada – a ser considerado inocente. O homem foi acusado por vendedores ambulantes da Rua do Padre João Clímaco de cobrar rendas, mas, na sexta-feira, o Tribunal Judicial de Base (TJB) decidiu que Teng Man Lai é inocente. O empresário, que exigiu a retirada dos vendedores ambulantes na Rua do Padre João Clímaco por considerar

que o terreno era seu, negou em tribunal as acusações de ter obtido o terreno através de “posse pacífica”, na primeira sessão do julgamento em Julho.

Segundo o canal chinês da Rádio Macau, o juiz Ip Son Sang apontou na sentença que, apesar da sociedade ter dado atenção ao caso, não havia provas e que agora PUB

cabe apenas ao Ministério Público (MP) e à assistente do processo apresentar o recurso, no caso de estarem interessados nisso. A assistente do processo, Miu Fong Tak, disse aos jornalistas que não está satisfeita com a sentença, mas diz esperar que o MP a analise primeiro, antes de decidir que recorre ou não. Até porque, diz, o recurso depende da sua capacidade económica. O empresário até chegou a admitir que mandou dois homens cobrar rendas aos vendedores, mas alega que

Teng Man Lai foi acusado de cometer o crime de declaração falsa, bem como suspeita fraude agravada, ainda que tenha chegado a dizer em tribunal que, com o dinheiro, tinha a intenção de reparar painéis e coberturas para as bancas, mas que os vendedores ambulantes sempre se opuseram. Teng disse na sexta-feira estar satisfeito com o resultado de julgamento, porque a sentença prova, diz, que ele “é inocente”. O empresário assegura que o processo o fez sofrer tanto a nível físico, como mental, mas assegura que não vai processar ninguém. Mesmo que os vendedores recorram da decisão, diz, também não vai fazer nada. “Não cometi nenhum crime e tenho confiança no sistema jurídico de Macau. É muito justo, Macau é um Estado de Direito”, disse citado pela rádio, acrescentando ainda que “a primeira coisa a fazer quando chegar a casa seria tomar café e banho”.

LINHAS SINUOSAS Segundo os dados da Conservatória do Registo Predial, o lote que pertence à Rua Padre João Clímaco é terra privada, pelo que Teng tem o direito de solicitar, através de acções judiciais, o terreno por “posse pacífica” ou caducidade do contrato. A terra na Rua do Padre João Clímaco era pública mas, em 2009, o comerciante, Teng Man Lai, reivindicou que, através de uma decisão do tribunal em 2004, a tinha obtido através de “posse pacífica” e pediu a saída dos vendedores ambulantes. Em 2011, o IACM também deixou de dar licenças aos vendedores ambulantes. Estes sublinharam que nunca foram convocados antes da decisão do tribunal e que ninguém testemunhou em tribunal. No dia 24 de Setembro de 2012, John Lo, membro da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, mostrou documentos afirmando que gastou 61,74 milhões patacas para comprar a área de 379 metros quadrados a Teng. A Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes também emitiu um comunicado dizendo que a terra era pública desde 1904. Teng faltou ao primeiro julgamento, devido a questões de saúde e só no fim de Julho teve início o processo.

Trânsito Combate ao estacionamento ilegal

H

Á três novos sistemas de detecção de estacionamento ilegal que entrarão hoje em funcionamento. Os dispositivos foram instalados juntos às paragens de autocarro da Rua do Campo, em ambas as vias, e na paragem da Estrada dos Cavaleiros nas Portas do Cerco. Para que os “condutores estejam cientes da situação no início do funcionamento dos sistemas” irão ser colocados painéis informativos com base nas sinalizações de trânsito

existentes. Este sistema de detecção de estacionamento ilegal tem como objectivo, tal como indica a DSAT, identificar através de imagens se o estacionamento em causa é ou não ilegal. Aos infractores

esperam-lhe coimas de 300 a 600 patacas caso se confirme que o estacionamento não respeita a lei. Os três novos dispositivos juntam-se à lista de 16 sistemas já instalados em Macau e na Taipa.

TÁXIS POLÍCIAS À PAISANA GERAM CONSENSO Wong Wan garantiu que já foram recebidas cerca de 110 opiniões no âmbito da consulta pública sobre o novo regulamento dos táxis, sendo que existe consenso quanto à criação dos agentes à paisana para combater as irregularidades.


sociedade 9

hoje macau segunda-feira 22.9.2014

MGM Trabalhadores voltam hoje à rua

É já hoje pelas 16h30 que os funcionários de MGM vão sair novamente à rua para se manifestarem contra a operadora, naquela que é o terceiro protesto contra a MGM. Os funcionários querem mostrar a sua insatisfação face à reacção da empresa sobre os seus pedidos de aumentos de salário e melhores condições de trabalho. Ontem, a Forefront of the Macao Gaming (FMG) também realizou uma sessão de recolha de assinaturas dos funcionários da Wynn para depois ser entregue à operadora de jogo. Ainda hoje de manhã, a associação realizará uma conferência de imprensa sobre o crime de desobediência agravada, causado pela manifestações contra as seis operadoras no final de Agosto.

IAS SÓ NOVE CANDIDATAS ACABAM FORMAÇÃO DE “AMAS SOCIAIS”

Metro Moradores do La Cité apoiam passagem Av. 1º de Maio

Os fracos recursos humanos

CECÍLIA LIN

cecilia.lin@hojemacau.com.mo

O

plano das amas comunitárias pretendia formar amas para colmatar a falta de espaços nas creches, mas a ideia implementada pelo Governo acabou por não ter muito sucesso. Iniciado em Agosto, e organizado

pela Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), Cáritas e o Instituto de Acção Social (IAS), o plano pretendia formar cerca de 75 pessoas, mas apenas nove concluíram a formação. De um total de apenas 19 candidatas, que foram avaliadas e seleccionadas, foram nove as pessoas capazes de se tornarem amas comunitárias. Iong Kuong Io, director do IAS já disse que este insucesso não vai servir para o aumento do subsídio pago às amas, pelo menos neste momento.

EXPECTATIVAS ELEVADAS

O IAS queria recrutar 75 deste tipo de amas, mas já em Julho não se conseguiu arranjar mão-de-obra. Na altura, Iong Kong Io admitiu ao jornal Ou Mun que não previa que fosse complicado fazer o recrutamento das amas sociais e atribuía este problema ao facto

de, tanto os pais, como as amas, “talvez precisarem de tempo para se habituar”. Contudo, actualmente, o número ainda não é suficiente. Iong Kuong Io admitiu que se preocupava com o facto de o pagamento não ser tão alto como noutros trabalhos, mas, depois de publicidade e promoção, acredi-

75

amas pretendidas pelo IAS

19

candidatas

9

concluíram o curso

tava que poderia atrair mais mulheres que quisessem participar neste sector. Ao canal chinês da Rádio Macau, o presidente disse que o serviço tem uma natureza voluntária e que o subsídio é apenas para incentivar as amas comunitárias, pelo que, agora, é de 18 a 24 patacas por hora. Quanto a aumentar o subsídio para atrair mais pessoas a participar, Iong Kuong Io disse que não está a considerar essa medida. Algumas destas amas, contudo, citadas pela rádio, disseram não se importar com o subsídio, porque o princípio seria ajudar os outros. “Também tenho crianças em casa, quando tiver tempo, quero ajudar os outros também.” O serviço acontece das sete da manhã às dez da noite e é destinado a crianças com menos de quatro anos, que ainda não conseguiram entrar na jardim de infância por falta de vagas.

Aeronáutica China dá uma mão a Macau

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S autoridades aeronáuticas do interior da China e da RAEM chegaram a um novo acordo de cooperação regional, que vai mandar especialistas de abastecimento de aeronaves da China anualmente a Macau para dar apoio técnico na área da aero-navegabilidade de operações de abastecimento de aeronaves. A equipa de especialistas irá analisar

toda a regulamentação relevante, a gestão, as normas técnicas e as condições da operação do serviço no aeroporto e fará recomendações sobre possíveis estratégias de aperfeiçoamento para melhoria do armazenamento, do handling e do controlo de qualidade do combustível de aviação. “A CAAC atingiu o padrão de classe mundial no que res-

peita a legislação e a implementação de normas técnicas relativas ao desenvolvimento e fiscalização de produtos de combustível de aviação. Eles estabeleceram o seu próprio centro de pesquisa para conduzir inspecções regulares aos produtos de combustível por forma a garantir que os procedimentos de abastecimento cumprem a legislação e

regulamentação locais bem como os padrões internacionais”, referiu Chan Weng Hong, citado em comunicado. “Em Macau temos um abastecedor de combustível reputado, no entanto, as operações baseiam-se principalmente nos standards da indústria.” O interior da China irá ainda prestar apoio na formação do pessoal de Macau.

TIAGO ALCÂNTARA

Apenas nove amas comunitárias acabaram a formação. IAS não considera aumentar o subsídio para atrair mais mão-de-obra

Mais de 80 moradores assistiram à última sessão de consulta pública sobre a linha do metro ligeiro no norte de Macau, na passada sexta-feira, e forma muitos os que se mostraram contra a passagem do metro na Avenida 1º de Maio. Contudo, os moradores de edifício La Cité, declararam o seu apoio à passagem nessa zona e estão contra a linha que passa à beira mar, dizendo que esta irá causar mais trânsito durante as obras.

Preço da habitação já aumentou 30% este ano

Segundo a Savills, grupo internacional do sector imobiliário, o preço da habitação na primeira metade deste ano já aumentou entre 20% a 30%. A empresa diz que a principal causa é a falta de oferta de casas. A Savills prevê que o preço vá continuar a aumentar no próximo ano. Representantes do sector imobiliário sugerem que a medida mais eficaz do Governo para ajustar o mercado seja controlar o número de aquisição de casa dos residentes, mas como, segundo o Executivo, 70% a 80% dos moradores de Macau possuem casa própria, é difícil executar esta política, dizem.


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EVENTOS

FOTOGRAFIA TRABALHOS DE ARTISTAS DA RAEM NA CHINA CON

HOJE NA CHÁVENA

Da vila piscatória à c

Paula Bicho

Naturopata e Fitoterapeuta • obichodabotica@gmail.com

Reishi Nome botânico: Ganoderma lucidum (Leyss. ex. Fr.) Kars. Família: Ganodermataceae. Nomes populares: Ganoderma; Ling zhi (chinês). Actualmente considerado um super-alimento pela sua riqueza em nutrientes e contributo para a saúde, o Reishi é, no entanto, um cogumelo usado há mais de 4000 anos na China, Japão e Coreia. Também apelidado de Cogumelo do Imperador, é um reputado tónico tradicionalmente associado à longevidade, sabedoria e felicidade. Originário das florestas tropicais do Oriente, onde cresce em estado selvagem em troncos ou cepos de árvores, também é cultivado. Embora se trate de um fungo, é considerado uma planta medicinal e usado em fitoterapia. Referido pela primeira vez no império de Shih-huang, da dinastia Ch’in (221-207 a.C.), o Reishi é um dos cogumelos medicinais mais estudados, tendo-se confirmado grande parte das propriedades medicinais atribuídas pela Medicina Tradicional Chinesa. COMPOSIÇÃO Polissacáridos de elevado peso molecular aos quais se atribui actividade terapêutica; triterpenos, fitosterois, glicoproteínas e ácidos gordos insaturados (oleico); apresenta ainda elevado teor em aminoácidos essenciais, proteínas, vitaminas, minerais (cálcio, germânio) e enzimas diversas. ACÇÃO TERAPÊUTICA Com uma acção complexa sobre o sistema imunológico, o Reishi é um potente estimulante da capacidade de defesa do organismo actuando de diferentes formas na luta contra os tumores e as infecções; é ainda antioxidante, anti-inflamatório, analgésico e anti-alérgico. Especialmente utilizado como adjuvante na prevenção e tratamento do cancro, nomeadamente durante os tratamentos médicos, este cogumelo é igualmente empregue no HIV e outras imunodeficiências, infecções recorrentes do trato respiratório superior, asma e bronquite; recomenda-se ainda em caso de candidíase, síndrome da fadiga crónica, artrite reumatoide, contracturas musculares, dores articulares e no combate ao envelhecimento.

Duas gerações de fotógrafos asseguram a presença de Mac Tonificante do coração, o Reishi reduz os níveis elevados de colesterol e triglicéridos, inibe a agregação das plaquetas e diminui a tensão arterial elevada. Hipertensão, arteriosclerose, colesterol elevado, doença das artérias coronárias e prevenção de trombos são outras das indicações que beneficiam com a sua ingestão. Na diabetes reduz a taxa de açúcar no sangue e pode ser usado como adjuvante. OUTRAS PROPRIEDADES Apresentando uma acção protectora sobre o fígado, o Reishi protege-o dos danos causados por toxinas, reduz a acumulação de gorduras, normaliza a sua estrutura alterada e melhora o seu funcionamento. É utilizado no fígado gordo, hepatites agudas e crónicas e cirrose hepática. De efeitos adaptogénicos, este cogumelo aumenta a capacidade de resistência do organismo à doença e ao stresse tonificando-o, sendo ainda um relaxante muscular e indutor do sono, pelo que vem sendo muito apreciado em caso de insónia, nervosismo, irritabilidade, stresse e neurastenia. Pode igualmente ser útil na úlcera duodenal de origem nervosa. Os alpinistas chineses tomam-no para prevenir o mal de altitude. COMO TOMAR • Uso interno: Em pó: tomar 1 colher de chá 2 vezes por dia, diluído em água, chás de ervas, sumos, sopas, saladas ou misturado com outros alimentos. Em ampolas, tintura, cápsulas ou comprimidos, em simples ou integrado em fórmulas; são muito usadas as associações com outros cogumelos medicinais, com os quais apresenta efeito sinérgico. PRECAUÇÕES Não se aconselha a sua ingestão, como forma de tratamento, em caso de tendência a hemorragias. No início do tratamento pode ocorrer uma descompensação dos valores de glicose no sangue que tende a normalizar ao fim dumas semanas; os diabéticos deverão ajustar, se necessário, a dose de insulina ou anti-diabéticos orais. Pessoas com o estômago sensível devem tomar o Reishi após as refeições ou adicionar uma planta suavizante, como a Alteia. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA VIVA O POVO BRASILEIRO • João Ubaldo Ribeiro

hoje macau segund

Ao contrário da impressão que o título deste romance pode causar a uma primeira leitura, Viva o Povo Brasileiro não é uma saga da nação brasileira, nem uma tentativa de construir uma “história secreta” como contraponto da “história oficial”. Este extraordinário romance (Prémio Jabuti e Prémio Golfinho de Ouro em 1985), que deixou uma forte marca na literatura brasileira e em toda a literatura latino-americana, é principalmente a história exuberante e encantada da busca de identidade e da consciência do povo brasileiro, tão agredido na diversidade das suas raízes culturais. E também, de certo modo, a história do surgimento dessa consciência e da luta pela sua afirmação. Mais de três séculos de história do povo brasileiro resumem-se neste livro, na sua escrita encantatória, na sua arquitectura exuberante, transformando João Ubaldo Ribeiro (Prémio Camões, 2008) num dos escritores mais importantes da literatura brasileira e mundial.

S

ÃO 72 os trabalhos de seis fotógrafos de Macau que estão este ano em exposição no 14º Festival Internacional de Fotografia de Pingyao (PIP), na China continental. Três pioneiros da velha guarda – Lei Iok Tin, Lee Kung Kim e Ou Ping - e três artistas emergentes – Tang Kuok Hou, Season Lao Sin Hang e Rusty Fox, foram os eleitos para mostrar 12 das suas fotografias. Com uma exposição intitu-

lada “Heartscapes of Macao”, esta é a segunda presença de Macau por convite, sendo que o território tem o seu próprio pavilhão. As fotos dos seis artistas cobrem mais de seis décadas, desde os anos 1950 até à actualidade. O Museu de Arte de Macau (MAM) “continua assim a manter como temática principal a cultura local, desta vez revelando as ‘paisagens interiores’ de duas gerações de fotógrafos de Macau”, começa

por dizer um comunicado do museu. “Os três pioneiros, nascidos na década de 1920, começaram a fotografar nos anos 1940, captando pérolas visuais da ‘antiga e animada vila piscatória’, registando para a posteridade as ruas antigas, vielas bucólicas, arquitecturas

72 6 trabalhos

fotógrafos

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

FAMA E SEGREDO NA HISTÓRIA DE PORTUGAL • Agustina Bessa-Luís

Quem foi Viriato? Porque se davam mal D. Afonso Henriques e a sua mãe, D. Teresa? Terá Salazar sido amado em vida? Fama e Segredo na História de Portugal está organizado em 12 óperas, que nos levam numa viagem pelo tempo, para descobrir os segredos e mistérios por detrás de personalidades tão díspares da nossa história como D. Afonso Henriques, D. Leonor Teles, D. Sebastião ou Salazar. Conheça as causas da morte do guerreiro lusitano Viriato, o poder que a rainha D. Leonor Teles detinha sobre o marido, D. Fernando, a ascendência do primeiro rei de Portugal ou, mesmo, o hipotético casamento de Salazar com uma discretíssima senhora Trocado.


eventos 11

da-feira 22.9.2014

NTINENTAL

cidade dos casinos

cau no 14º Festival Internacional de Fotografia de Pingyao

Júlio Pomar doa 300 obras à fundação com o seu nome

O

artista plástico Júlio Pomar vai fazer uma doação de mais de 300 obras suas – pinturas, esculturas, desenhos e gravuras – à Fundação a que deu nome. Segundo Alexandre Pomar, administrador da Fundação Júlio Pomar, as obras serão formalmente doadas na terça-feira, num acto de registo notarial a decorrer nas instalações do Atelier-Museu Júlio Pomar, em Lisboa. Criado para conservar e divulgar a obra do artista plástico português de 88 anos, o Atelier-Museu Júlio Pomar foi inaugurado em Abril de 2013. É neste espaço, na Rua do Vale, que estão a ser depositadas as obras que constituem o acervo pessoal do pintor, de acordo com os objectivos da fundação criada em 2004, altura em que o artista fez uma primeira doação de cerca de 400 peças.

TODA A ARTE

Esta nova doação é composta por um total de 313 obras, que incluem pintura (30), PUB

de ocidente e de oriente e a animada zona ribeirinha. As suas fotos testemunham a evolução de Macau, constituindo uma inalienável memória colectiva”, frisa o MAM.

OUTRO ÂNGULO

Por sua vez, os três jovens, nascidos em finais dos anos 1980 e inícios dos 1990, exprimem as ideias da nova geração de Macau, de uma forma diversa e animada, dispensando claramente a visão glamourosa

e bonitinha de Macau como mera Meca do jogo, preferindo expressar os seus sentimentos interiores ‘alternativos’ de um ângulo jovial, criando obras com novos conceitos e efeitos visuais. “Estes fotógrafos da chamada geração Y ousam explorar contextos humanos, urbanos e naturais, contando estórias de Macau para além dos cenários, com a sua subtil imagética a funcionar como subtextos.” O PIP, agora na sua 14ª edição, foi criado em 2001 como

Artistas de Hong Kong e Taiwan no Venetian

um evento anual e conta com a presença de fotógrafos nacionais e internacionais, tendo-se tornado um dos eventos de fotografia mais importantes da China, atraindo todos os anos mais de 100 mil profissionais e aficionados. Este ano, o tema do festival é “Vida de Fotografia, Mundo de Sonho.” O pavilhão de Macau estará aberto diariamente das 8h00 às 18h00, com entrada livre e a exposição estará patente de 19 a 25 de Setembro.

Cerca de meia dezena de artistas de Hong Kong e Taiwan vão juntar-se no Venetian por uma boa causa. Os cantores pop actuam na Arena do Cotai no dia 11 de Outubro, para apresentar “Perfect Voice, Warmest Love”, um espectáculo musical de caridade que servirá para apoiar a cidade de Ludian, na província de Yunnan. A área foi afectada por um sismo de magnitude 6.5 em Agosto deste ano, sendo que 980 mil pessoas foram afectadas, com muitos mortos, feridos e danos materiais a ser observados. Miriam Yeung, Joey Yung, Julian Cheung, William So, Ivana Wong, Vincy Chan, C AllStar e Phil Chang são os artistas convidados, que terão o apoio da UNICEF, a quem vão dar todo o dinheiro conseguido com a venda de bilhetes. O espectáculo está marcado para 11 de Outubro, às 20h00, mas os bilhetes estão à venda a partir de hoje, custando desde 88 a 1680 patacas.

assemblage (11), escultura (7), cerâmica (4), desenhos (100, aos quais se somam 11 cadernos de estudos), e ainda gravuras (80) e serigrafias (70). Entre as obras de pintura contam-se os óleos Mulheres na Lota, Nazaré, de 1951, Ponte de D. Luiz, no Porto, de 1962, e Estudo em Vermelho, de 1964. Em acrílico e pastel sobre tela, a oferta

inclui Mariza, de 2011, e Fernando Pessoa e Alfredo Marceneiro, do mesmo ano. De acordo com Alexandre Pomar, filho do artista, esta segunda doação foi comunicada à Câmara Municipal de Lisboa nas vésperas da abertura do Atelier-Museu, por ocasião da formalização do protocolo adicional de colaboração com a autarquia, no ano passado.


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CHINA

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HONG KONG MILHARES DE ESTUDANTES EM BOICOTE ÀS AULAS

Nova era de desobediência civil As organização da jornada de luta pelo sufrágio universal espera uma adesão de cerca de três mil estudantes das duas principais universidades da antiga colónia britânica

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ILHARES de estudantes de Hong Kong iniciam na segunda-feira uma semana de boicote às aulas, acção descrita como o arranque de uma ampla campanha de desobediência civil contra a recusa de Pequim em garantir pleno sufrágio universal. A China frustrou, no mês passado, as esperanças de que um democracia plena

na antiga colónia britânica ao ter anunciado que o futuro chefe do Executivo de Hong Kong será eleito por sufrágio universal a partir de 2017, mas apenas depois da selecção de dois ou três candidatos para se apresentarem ao escrutínio. Uma coligação de grupos pró-democracia – liderada pelo movimento “Occupy Central” – rotulou o plano de Pequim de “falsa democracia” e prometeu levar a cabo uma série de acções incluindo um bloqueio ao distrito financeiro de Hong Kong.

NOVO ALENTO

Abrindo caminho para o que os activistas apelidam de “nova era de desobediência civil”, milhares de estudantes de mais de 25 universidades e institutos vão participar a partir de segunda-feira, e ao longo de uma semana, num boicote às aulas para demonstrar a sua insatisfação. O boicote poderá dar um novo fôlego à campanha pela democracia, que recentemente perdeu força depois de um dos seus líderes ter admitido ser altamente

PRESSÃO SOBRE PEQUIM

improvável uma mudança de atitude por parte de Pequim independentemente do que façam. “Este é um momento de viragem”, disse Alex Chow, presidente da Federação de Estudantes de Hong Kong, à agência AFP. “O Governo tem de responder àquilo a que muitos residentes de Hong Kong consideram como sendo um sistema de eleição injusto”. A agitação estudantil surge uma semana depois de mais de 1.500 activistas

Aprovado plano contra alterações climáticas

“O Governo tem de responder àquilo a que muitos residentes de Hong Kong consideram como sendo um sistema de eleição injusto” ALEX CHOW Presidente da Federação de Estudantes de Hong Kong

terem marchado pelas ruas de Hong Kong vestidos de preto, com enormes faixas e cartazes por um sufrágio universal genuíno. Tratou-se do primeiro protesto considerável desde que a Assembleia Nacional

Popular decidiu, no final de Agosto, que os aspirantes ao cargo vão precisar do apoio de mais de 50% de um comité de nomeação para concorrer à eleição e que apenas dois ou três serão seleccionados.

Segundo Alex Chow, o sucesso do boicote às aulas será determinado pela escala da adesão. Mais de 3.000 estudantes das duas principais universidades de Hong Kong deverão aderir à iniciativa, segundo a organização. “A legitimidade do governo é muito, muito baixa nesta fase e, neste contexto, gostaríamos de redefinir a direcção de Hong Kong”, disse Yvonne Leung, presidente da União de Estudantes da Universidade de Hong Kong, instando Pequim a reverter a sua decisão. A reforma proposta carece de ser submetida ao Conselho Legislativo de Hong Kong (LegCo, parlamento) e aprovada por dois terços dos 70 deputados, dos quais 27 do campo pró-democrata anunciaram ter-se unido num compromisso pelo veto.

FARMACÊUTICA MULTA DE TRÊS MIL MILHÕES DE YUANES

O Governo chinês aprovou esta sexta-feira um plano que define os grandes objectivos a cumprir no combate às alterações climáticas até 2020. O Conselho de Estado deu luz verde ao plano, proposto pela Comissão Nacional do Desenvolvimento e Reforma. A China comprometeu-se a reduzir as emissões de carbono ente 40 e 45% até 2020, tendo como ponto de partida as emissões de 2005 e quer também aumentar a proporção de combustíveis não-fósseis em 15%, avança a agência Xinhua. Outro objectivo estabelecido diz respeito a um aumento da área florestal para 40 milhões de hectares até 2020.

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Open Tender Notice Request for Proposal –Installation of a 2000kVA Transformer in the Power Room of New Hangar in Macau International Airport – RFQ-205 1. Company: Macau International Airport Co. Ltd. (CAM) 2. Tendering method: Open tendering 3. Objective: To select a Contractor for the Installation of a 2000kVA Transformer in the Power Room of New Hangar in Macau International Airport. 4. Request for tender documents: Tender Notice and Tender Document can be downloaded from the website www.macau-airport.com and www.camacau.com until 7 days prior to the deadline for submission of Bidders’ tenders. Please regularly check the website for any clarification or changes/ modification/amendment in the Tender Document. 5. Location and deadline for submission of Bidders’ tenders: Macau International Airport Co. Ltd. (CAM) 4th Floor, CAM Office Building, Av. Wai Long, Taipa, Macau Before 12:00 p.m. on 24 October 2014 (Macau Time) The addressee of the tender shall be Mr. Deng Jun – Chairman of the Executive Committee. The tenders received after the stipulated date and time will not be accepted. 6. CAM reserves the right to reject any tender in full or in part without stating any reasons. -END-

Ou seja, a população de Hong Kong exercerá o seu direito de voto mas só depois daquilo que os democratas designam de ‘triagem’. A China tinha prometido à população de Hong Kong, cujo chefe do Executivo é escolhido por um colégio eleitoral composto actualmente por cerca de 1.200 pessoas, que seria capaz de escolher o seu líder em 2017.

O preço do suborno C

HINA puniu a GlaxoSmithKline com uma multa recorde de três mil milhões de yuanes por pagar subornos a médicos para que usassem os seus produtos, disse a empresa britânica esta sexta-feira. Um tribunal na cidade de Changsha condenou também Mark Reilly, ex-chefe da GSK na China, e outros executivos da empresa a entre dois e quatro anos na cadeia, segundo a

agência de notícias estatal Xinhua. No entanto, o britânico Reilly será deportado e não enfrentará a reclusão na China, disse uma fonte com conhecimento directo do caso. “Reilly será deportado, portanto não será preso na China”, disse a fonte, que se recusou a ser identificada devido à sensibilidade do tema. O veredicto representa o fim de uma investigação chinesa da fabricante de medicamentos britânica,

que autoridades chinesas tornaram pública em Julho do ano passado. A polícia chinesa disse que a empresa destinou até 3 mil milhões de yuanes, exactamente o mesmo valor da multa, a agências de viagens para facilitar subornos a médicos e autoridades. A GSK disse que as actividades da unidade chinesa da empresa são uma “clara violação” dos procedimentos administrativos da GSK. “Chegar a uma conclusão na investigação do nosso negócio na China é importante, mas este assunto tem sido profundamente desanimador para a GSK. Nós aprendemos e continuaremos a aprendendo com isto”, disse o presidente da GSK, Andrew Witty, em comunicado.


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PEQUIM ACOMPANHOU DE PERTO REFERENDO ESCOCÊS

Perigo de contaminação As autoridades chinesas estiveram atentas à votação escocesa com receios de possíveis repercussões em regiões como Hong Kong, Taiwan ou Tibete

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S autoridades de Pequim observaram de perto o referendo à independência da Escócia para avaliar o impacto que a votação poderia ter nos seus territórios, diz o jornal de Hong Kong South China Morning Post. Desde que as urnas abriram, não foi feito qualquer comentário oficial, mas a atenção do público foi elevada,. Stephen Notman, um escocês que trabalha na China e regressou a casa para votar, garante que os seus amigos chineses têm feito muitas comparações entre a Escócia e os desenvolvimentos em Taiwan, Xinjiang e Tibete. Outro escocês em Pequim, Stephen Nashef, professor de inglês, contou que alguns dos seus amigos PUB

chineses consideram o referendo como algo “estranho”. “Julgo que o Reino Unido é olhado como sendo um país poderoso e bem-sucedido. Muitas pessoas acham estranho que [partes desse país] se queiram separar”, comenta.

UM REINO FORTE

O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, disse ao primeiro-ministro britânico, David Cameron,

durante uma viagem a Londres em Junho, que a China queria ver “um Reino Unido forte, próspero e unido”.

“A China Continental não quer, obviamente, que a forma como os escoceses decidem o seu futuro seja vista como um exemplo para Taiwan e Hong Kong” TITUS CHEN CHIH-CHIEH Professor de Relações Internacionais na Universidade Nacional de Chengchi

Analistas explicam ao jornal que o assunto é sensível para Pequim, já que tem o potencial de encorajar debates sobre se o futuro de Taiwan, do Tibete ou até de Hong Kong deve ser “decidido pelas pessoas”. “A República Popular da China nunca gostou da ideia de realizar este tipo de referendos em Taiwan ou em qualquer outro sítio considerado território chinês”, comenta Dali Yang, professor de Ciência Política na Universidade de Chicago. Titus Chen Chih-chieh, professor de Relações Internacionais na Universidade Nacional de Chengchi, em Taiwan, acredita que as implicações para Hong Kong e Taiwan são uma séria preocupação. “A China Continental não quer, obviamente, que a forma como os escoceses decidem o seu futuro seja vista como um exemplo para Taiwan e Hong Kong”, diz. Na segunda-feira, o jornal oficial chinês Global Times, escreveu que a decisão de Cameron de permitir o referendo foi “imprudente” e irá torná-lo um “pecador” no Reino Unido, caso a Escócia se torne independente. “Se a auto-determinação nacional se tornar um princípio supremo, a Europa vai estar constantemente a separar-se em pequenas fracções, o que contraria a integração europeia”, dizia o jornal.

MODELO INSPIRADOR O voto no “sim” para a independência da Escócia “seria estimulante” para os taiwaneses, disse sexta-feira o presidente da Sociedade de História de Taiwan, Chang Yen-hsien, fazendo eco de muitas declarações semelhantes de independentistas da ilha. O referendo na Escócia, seja qual for o resultado, é um “modelo” e “uma inspiração” para Taiwan porque “se na Escócia foi possível realizar a consulta, porque não é possível em Taiwan?”, questionou o mesmo responsável, sublinhando a defesa de uma separação permanente e efectiva da ilha face à China. Mesmo que a Escócia diga ‘não’, a experiência democrática seria, segundo Chang Yen-hsien, uma lição positiva para Taiwan, que agora devido aos entraves Constitucionais e à pressão da China, nem sequer pode realizar um referendo para mudar o nome do país e para escrever uma nova Constituição.


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Paulo Barriga

ARTES, LETRAS E IDEIAS

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IN DIÁRIO DO ALENTEJO

Cláudio Torres

OS ESTILHAÇOS DA PRIMAVERA ÁRABE

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fragmentação da Síria e do Iraque. O eternizar da guerra na Palestina. O choque de interesses no Médio Oriente entre a Arábia Saudita, Israel e Irão. A criação do nono Estado Islâmico. A barbárie que todos os dias nos entra em casa pela janela televisiva. A ameaça de ataques terroristas na Europa. E, mais recentemente, a grande campanha de jovens jihadistas pela reconquista do território do Al Andaluz, que corresponde na generalidade à Península Ibérica, são os pontos de partida para esta entrevista com Cláudio Torres, arqueólogo, director do Campo Arqueológico de Mértola (CAM). Um verdadeiro laboratório sobre o passado árabe na Ibéria que hoje está financeiramente “bastante mal”, embora sempre preparado para “novas aventuras”. Enquanto investigador das culturas do mundo árabe e mediterrânico, como observa o desmembramento e até a anarquia que se instalou em alguns países, após a chamada Primavera Árabe? Não creio que seja correcto falar do mundo árabe em geral quando nos referimos aos últimos acontecimentos políticos que têm agitado o norte de África e o Próximo Oriente. Se pode

ter havido alguma contaminação inicial entre os acontecimentos que eclodiram na Tunísia e, de certa forma, a explosão urbana no Egipto, é o único caso que pode servir de exemplo às revoltas incluídas mais tarde na chamada Primavera Árabe. Senão vejamos: a Argélia, apenas emergente de uma longa guerra colonial, continua ainda a manter um equilíbrio precário e onde o fundamentalismo religioso tem sido mais ou menos controlado pelo exército. Marrocos, para já, mantém-se dominado por um regime musculado. O caso da Líbia assemelha-se mais ao que se passou no Iraque e Afeganistão, onde, cavalgando e alimentando descontentamentos populares, foram os interesses petrolíferos a justificar a intervenção estrangeira.

O ISLÃO DESEMPENHA HOJE, NO MUNDO MODERNO, O PAPEL DO CRISTIANISMO PRIMITIVO NA AFIRMAÇÃO E SOBREVIVÊNCIA DE POPULAÇÕES HUMILHADAS E ESCRAVIZADAS

Neste caso, onde inicialmente foram criados e fortemente armados grupos de guerrilha fanatizada, estes três países foram praticamente destruídos para que as grandes empresas petrolíferas americanas e inglesas recuperassem o controlo sobre o ouro negro destas antigas colónias que, por acidentes históricos, tinham escapado da sua esfera de influência. A Síria e o Líbano, vistos inevitavelmente em conjunto, são outro caso diferente que está certamente relacionado com as feridas deixadas pela Guerra Fria. Tem sido um campo de batalha entre as grandes potências em que o jogo no terreno tem pertencido à Arabia Saudita e a Israel, por um lado, e ao Irão, pelo outro. Em termos estruturais, pelo menos em termos culturais, é possível constituírem-se sociedades democráticas, ao jeito europeu, nos países islâmicos da bacia do Mediterrâneo? Também aqui há casos muito diferentes. A Tunísia, o Líbano e a Turquia que, por razões históricas, estão mais próximos da cultura europeia, já construíram referentes que certamente vão permitir uma melhor assimilação dos chamados valores da democracia ocidental. Os outros países são casos muito diferentes. Ou

porque têm, eles próprios, um poderoso mosaico de culturas, como o Irão, a Síria, e o Egito e mesmo os farrapos em que foi retalhado o Iraque. Os casos da Argélia e de Marrocos são parecidos no seu esforço recente de recuperar a sua identidade histórica ligada indissociavelmente à cultura amazigh-berbere. Hoje em dia quase que existe uma espécie de muro a separar os hemisférios Norte e Sul do Mediterrâneo. De onde advém esta falta de compreensão e de adaptação mútuas entre povos que durante milénios partilharam o mesmo caldeirão cultural? Historicamente os habitantes das margens norte e sul do Mediterrâneo sempre pertenceram às mesmas famílias e à mesma cultura. Depois do desmembramento do Império Romano e da formação na Europa e no Magreb de vários países, o Mediterrâneo continuou a ser a grande plataforma comum para os intercâmbios comerciais e culturais até aos movimentos militares da Reconquista, a partir do século XII. Sob a capa de um movimento religioso, Roma tenta reconstituir o império assimilando todo o Mediterrâneo e cristianizando o Sul muçulmano. É neste contexto que decorre a Idade Média e que se afirma


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no Sul, como reverso da medalha, o Império Otomano. A sua derrota nos tempos modernos motiva a ocupação colonial de todo o Sul, transformando todos estes países em simples apêndices da Europa capitalista. A violência desta ocupação é bem patente na Guerra da Argélia que praticamente se arrastou até aos nossos dias. Não podemos esquecer que a ocupação política, económica e cultural de todos estes países pelas potências coloniais, sobretudo Inglaterra, França e Estados Unidos, durou praticamente até aos nossos dias. Não é portanto de admirar que os movimentos de libertação colonial ainda não tenham chegado ao fim. Estamos a falar de uma barreira cultural e religiosa difícil de transpor, ou o que está em causa, de facto, são razões de ordem económica? São razões de ordem económica, naturalmente. Só que ainda é muito pesado o envolvimento cultural e sobretudo religioso. O domínio cultural, devido sobretudo à imprensa e televisão, é praticamente absoluto ao contrário do facto religioso que tem vindo a transformar-se numa poderosa arma identitária. O Islão desempenha hoje, no mundo moderno, o papel do cristianismo primitivo na afirmação e sobrevivência de populações humilhadas e escravizadas. Este novo pseudo-Estado, autodenominado Estado Islâmico do Iraque e do Levante, é para levar a sério? Não só levado a sério, como compreendido e inserido no seu contexto. É a abertura, a porta de acesso ao paraíso tão desejado e esperado. É um sonho, uma esperança para populações desesperadas a quem foram arrancadas as raízes e muitas vezes a própria razão de viver. As imagens de terror que todos os dias nos entram em casa, mostram uma vertente da humanidade de tal forma bárbara que nos é difícil imaginar sequer que possa corresponder à realidade. Quem é esta gente, o que professam, como apareceram? É a mesma gente, é a mesma barbárie alimentada e fomentada, por exemplo, no expoente máximo da nossa “civilização tão civilizada” como são os Estados Unidos. Ali vemos e sabemos da mesma violência nas cenas de matar em câmaras ascéticas… apenas mais científica. A mesma gente que em poucos dias massacrou centenas de milhares de mulheres e crianças amontoados num cubículo de território onde não cabe mais ninguém. A violência e a barbárie são, infelizmente, apanágio também da nossa pudica civilização, o que naturalmente não desculpa a violência e a barbárie dos outros, daqueles que, sem vergonha, mostram as únicas armas que possuem.

É COM APREENSÃO QUE TODOS ASSISTIMOS A ESTE EXTREMAR DE POSIÇÕES E SOBRETUDO AO AUTISMO DESESPERANTE COMO OS SENHORES DA GUERRA E DO MUNDO ESTÃO A TENTAR IMPOR OS SEUS MODELOS, A PISOTEAR BRUTALMENTE REGIÕES EXTREMAMENTE FRAGILIZADAS, ONDE VIVEM POPULAÇÕES QUE SEMPRE CONVIVERAM PACÍFICA E SABIAMENTE COM OUTRAS CRENÇAS E OUTRAS LÍNGUAS Estamos aqui a falar de questões religiosas em conflito, entre xiitas e sunitas, ou há outras razões de fundo que são necessárias equacionar? Quando a Europa estava dividida em duas seitas cristãs – os católicos e os protestantes – dezenas de milhares de habitantes eram diariamente massacrados. Quando nos séculos XVI e XVII milhares de judeus foram expulsos da Europa, apenas os países muçulmanos os receberam e permitiram que habitassem nas suas cidades. Quanto aos sunitas e xiitas, estas duas crenças muçulmanas sempre coexistiram nas terras do Islão. Sem referir, por exemplo, as prestigiadas dinastias fatimidas de cariz xiita, que durante séculos dominaram vários países do Mediterrâneo, lembramos que no Iraque actual sempre conviveram comunidades sunitas e xiitas. Os problemas hoje existentes entre estas duas correntes religiosas foram criados e alimentados pelo facto de o Irão ser xiita. E o Irão é hoje, na região, o inimigo a abater. O único território rico em petróleo que ainda não é controlado pelas empresas anglo-americanas. O legado histórico e cultural dos povos do sul na Península Ibérica é em tudo contrário às práticas destes novos jihadistas… Ainda assim, eles dizem-se herdeiros desse passado. Isto faz algum sentido? O Al Andalus é uma espécie de paraíso perdido para o Islão mediterrânico. Não só por ter sido uma época e um território onde a civilização islâmica atingiu o seu apogeu, como sobretudo pelo facto de ter sido nas cidades andaluzas que foi transmitido à Europa medieval o legado do mundo clássico. É evidente que o atual fundamentalismo e jihadismo islâmicos nada têm a ver com o Al Andaluz, mas compreende-se que este seja mitificado na imaginação de populações escorraçadas dos seus países como é o caso, por exemplo, dos palestinos. Há vários filmes e fotografias na Internet que revelam a intenção dos jiha-

distas, nomeadamente marroquinos, em conquistar o antigo território europeu do Al Andaluz. Estas “ameaças” são para ter em conta? Na medida em que o mundo ocidental e sobretudo os interesses norte-americanos promoveram e concretizaram o regresso à Palestina de populações europeias e americanas, cuja religião incitava os seus crentes a procurar a terra prometida pelo seu Deus, é possível admitir que haja outras religiões que procurem o seu paraíso mais ou menos perdido. Imaginemos, por exemplo, que os Almóadas marroquinos, que durante o século XII tiveram Sevilha como capital do seu império, vinham hoje tomar posse da cidade andaluza, afirmando que tinham sido ordens divinas? Pode a Europa estar descansada, pelo menos a salvo, de agressões por parte destes grupos extremistas? Nunca a Europa ou qualquer outra parte do mundo ficará a salvo de grupos extremistas, sobretudo quando eles são principalmente oriundos e alimentados no seu próprio seio. O que pode e deve mudar nas políticas externas europeias e americanas quanto ao Médio e Próximo Oriente? Mudar radicalmente as políticas imperialistas e neocoloniais com que esta região é tratada e explorada no contexto internacional. Estes países já eram civilizados e possuidores de brilhantes civilizações quando a Europa ainda vivia na Idade da Pedra.

NÃO NOS ESQUECEMOS QUE AS TROPAS AMERICANAS DE BLINDADOS SE INSTALARAM SOBRE A MAIS CÉLEBRE E MÍTICA CIDADE DA ANTIGUIDADE: A BÍBLICA BABILÓNIA

Em Portugal, pelo menos nos territórios mais a Sul, é natural existir alguma proximidade em relação aos países ditos árabes. Ainda este fim de semana decorre em castro Verde um festival denominado “Planície Mediterrânica”. São mais as coisas que nos aproximam ou mais as que nos separam destes povos? Portugal é cortado mais ou menos na região de Coimbra por uma fronteira cultural que separa as regiões mediterrânicas das atlânticas. Portanto, as zonas meridionais do nosso País estão incluídas no Mediterrâneo, onde a maioria da população era muçulmana. Hoje a investigação histórica e arqueológica tem vindo a desvalorizar a invasão militar de 711 como causa da islamização, destacando um imparável movimento de conversões a partir do século X. As nossas identidades com o outro lado do Mediterrâneo devem-se não apenas ao facto de todos nós já termos sido muçulmanos, mas sobretudo por todos pertencermos ao mesmo passado comum de hábitos culturais, de gestos e saberes. O CAM é, por certo, o maior laboratório sobre o passado islâmico em Portugal. Enquanto grande mentor e director do CAM, como observa este extremar de posições na região do Levante e da Assíria? É com apreensão que todos assistimos a este extremar de posições e sobretudo ao autismo desesperante como os senhores da guerra e do mundo estão a tentar impor os seus modelos, a pisotear brutalmente regiões extremamente fragilizadas, onde vivem populações que sempre conviveram pacífica e sabiamente com outras crenças e outras línguas. Desde a brutal e inútil invasão do Iraque que os problemas se têm vindo a agravar, estando a atingir um ponto sem retorno. Há aqui um grande contraste, quase uma negação, entre o legado cultural e artístico que todos os dias vai aparecendo à luz do dia em Mértola e as práticas barbáricas que nos chegam do lado de lá do Mediterrâneo. Em Mértola, acasos históricos têm permitido que as nossas equipas continuem a trabalhar quase ininterruptamente na procura e salvaguarda de um património histórico e arqueológico que, de certa forma, caracteriza e dignifica não só a nossa região, como também todo o passado histórico do nosso país. Infelizmente, países como a Síria e o Iraque, fundamentais para entender e enquadrar historicamente este nosso passado, estão a ser arrasados pela mais selvática horda de bárbaros que a história conheceu. Não nos esquecemos que as tropas americanas de blindados se instalaram sobre a mais célebre e mítica cidade da antiguidade: a bíblica Babilónia.


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DESPORTO

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TAXI CHI IAO VENCEU FC PORTO POR 3-0

Dragões em apuros na Bolinha info@hojemacau.com.mo

N

ÃO foi benfazejo para os dragões do território, o arranque do fim-de-semana. O sete da Casa do Futebol Clube do Porto de Macau comprometeu seriamente as parcas possibilidades de que ainda dispunha de marcar presença nas meias-finais da edição de 2014 do Campeonato da Bolinha, ao perder por três bolas a zero frente ao Taxi Chi Iao. A formação de Chan Kin Seng, Lei Ka Man e companhia perfila-se cada vez mais como a principal candidata a levar de vencida as contas da série A da competição e na sexta-feira não deu hipóteses ao Futebol Clube do Porto. A formação de matriz portuguesa estava proibida de perder e até entrou no encontro decidida a importunar o veterano William Chu na baliza adversária, mas a parca eficácia ofensiva da formação azul e branca nunca fez perigar verdadeiramente o

guardião do último reduto do Taxi Chi Iao. Conhecido por Jackson dentro das quatro linhas, o colombiano José Carlos Sanchez foi o primeiro a tentar a sorte para o Futebol Clube do Porto, antes de Alex Imbirimbeira também visar sem sucesso a baliza adversária. O Taxi Chi Iao respondeu aos dezoito minutos, com Liu Chun Ip a abeirar-se do golo, naquela que foi uma das melhores oportunidades da primeira parte. Apesar de pouco produtivo em termos de lances de golo, o primeiro tempo ficou pautado pela intransigência dos dragões e por uma certo equilíbrio.

GONÇALO LOBO PINHEIRO

MAR CO CARVALHO

DESATENÇÕES FATAIS

No intervalo, os responsáveis pelo FC Porto mexeram na equipa, fazendo entrar Alison Brito e Mayckol Sabino para os lugares de Jackson e de Ronald Cabrera e a formação azul e branca perdeu sustentabilidade ao meio-campo. O Taxi Chi Iao rentabilizou a fragilidade do conjunto de matriz

portuguesa e alcançou em dois minutos o que não tinha alcançado durante os vinte e cinco da primeira parte. Uma desatenção defensiva da defesa do Porto deixou a bola à mercê de Chan Kin Seng e o internacional do território dançou

JIA RUI E LI YI LEVARAM CORES DE MACAU AO PÓDIO

Wushu vale prata D OIS dias bastaram para que as cores de Macau subissem ao pódio em Incheon, no âmbito da 17ª edição dos Jogos Asiáticos. Antes do arranque da prova, das vinte e uma medalhas conquistadas por atletas do território no principal evento desportivo do continente, dez haviam sido ganhas nas lides do wushu e na Coreia do Sul a modalidade voltou a elevar o nome da RAEM ao estatuto de potência competitiva. Depois de há quatro anos ter conquistado o ouro na prova combinada de daoshu e gunshu, Jia Rui voltou a brilhar no sábado, ao garantir o segundo lugar e a medalha de prata que lhe é inerente na prova masculina de changquan. O atleta, nascido na província de Henan, partia para o evento como um dos favoritos à vitória e apenas a performance do sul-coreano Lee Hasung impediu que Jia Rui chegasse ao ouro. Lee

levou a melhor sobre a concorrência com uma prova distinguida pelos juízes do evento com uma pontuação de 9.71, relegando Jia Rui para a segunda posição.

DÉJÀ VU

No ginásio Ganghwa Dolmen, o atleta do território encerrou a participação no certame com uma pontuação de 9.69 e repetiu a medalha de prata conquistada há oito anos, em Doha, na prova combinada de changquan. O galardão foi o 18º arrecadado por Jia Rui em grandes competições internacionais. O atleta, de 27 anos, levou a melhor sobre o japonês Daisuke Ichikizaki na corrida pela prata. O nipónico conquistou a medalha de bronze e subiu ao degrau menos elevado do pódio, depois de ter visto a sua prestação ser distinguida com uma prestação de 9.67. O outro representante de Macau na prova masculina de changquan não foi além

da sétima posição. Chu Chi Wai obteve uma pontuação de 9.48, atrás do iraniano Ehsan Peyghambari e à frente de Chen Riguo, o representante da vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong.

FELIZ IMITAÇÃO

Ontem foi a vez de Li Yi levar as cores de Macau ao pódio. A atleta, de 22 anos, imitou Jia Rui e arrecadou a medalha de prata na prova combinada de jianshu e de qiangshu. Com uma perfor-

à frente de um adversário, antes de rematar rasteiro para o fundo das redes à guarda de Bruno Capitulé. Os dragões do território responderam aos 33 minutos, com Alison Brito a protagonizar uma boa iniciativa de ataque. O diantei-

mance rigorosa e confiante, Li só não conseguiu levar a melhor sobre a vietnamita Duong Thuy Vi nos exercícios de jainshu. A atleta do território terminou a prova com uma pontuação de 9.69, a dois décimos da arqui-rival, depois de ambas as atletas terem obtido a mesma pontuação – 9.70 – pelo desempenho no exercício de qiangshu. O total combinada das duas provas acabou por determinar a subida de Duong Thuy Vi ao mais alto lugar do pódio com 19.41; Li Yi garantiu o segundo lugar do pódio e a medalha de prata que lhe é inerente com uma pontuação conjunta de 19.39, empurrando a sul-coreana Seo Heeju para o terceiro lugar da tribuna de honra. Menos feliz em Incheon foi Wu Nok In. O atleta, que representou Macau na prova masculina de wushu daoshu, falhou o assalto ao pódio. Wu, de 21 anos, terminou o certame na quarta posição com 9.60, atrás do vietnamita Nguyen Mahn Queyen. O evento foi ganho por Sun Peiyuan, da República Popular da China, com uma excelsa pontuação de 9.77. - M.C.

ro cabo-verdeano levou a melhor sobre um adversário e marchou para a baliza de William Chu, mas acabou por adiantar a bola em demasia, permitindo a recuperação da defensiva do Taxi Chi Iao. Mais expeditos em termos ofensivos, os líderes da Série A da Bolinha viram Bruno Capitulé negar-lhes o segundo tento por duas ocasiões, mas aos quarenta minutos o guarda-redes do FC Porto nada pode fazer para travar o segundo golo do Taxi Chi Iao, segundo também de Chan Kin Seng. O dianteiro falhou um primeiro remate, mas a bola acabou por lhe ir parar aos pés uma segunda vez e à segunda Chan Kin Seng não comprometeu, elevando a vantagem da formação chinesa para as duas bolas a zero. Um erro de William Chu aos 44 minutos quase ofereceu ao Futebol Clube do Porto a oportunidade de reduzir, mas o guarda-redes acabou por emendar sobre a linha. Já com os três pontos garantidos, o Taxi Chi Iao acabou por dar contornos mais dilatados ao triunfo, com Lin Lei Yi a apontar o terceiro e último da noite já em período de descontos. No outro desafio disputado na sexta-feira Lam Ieng derrotou o Ngan Ieng por cinco bolas a zero, com golos de Loi Wai Hong, Ho Veng Fai, Kou Ut Cheong, Kuok Iao Chio e Leong Tak Wai.

Hóquei em linha Selecção perde com a China

U

MAvitória, uma derrota, sete golos marcados, dezasseis golos sofridos. A selecção de hóquei em linha de Macau regressou no sábado aos ringues e às grandes provas internacionais e para já o balanço da participação do colectivo do território na edição de 2014 do Campeonato Asiático da modalidade salda-se por um pesado desaire frente à selecção anfitriã e por um triunfo convincente no frente-a-frente com a Índia. A exemplo do que sucedeu há dois anos, a República Popular da China voltou a ser a única nação a mostrar disponibilidade para organizar a prova e a jogar perante o seu próprio público, o conjunto chinês não defraudou. No pavilhão multidesportivo da cidade de Haining, na província de Zhejiang, os representantes do continente não mostraram complacência para com a ainda frágil selecção do território, goleando no sábado o cinco de Macau por catorze bolas a uma. Hermínio Cheng apontou o tento de honra da formação orientada

por Hélder Ricardo, num prolegómeno ao que viria a ser a surpreendente eficácia ofensiva demonstrada pelo cinco do Lótus no desafio contra a Índia. Ontem, a selecção do território vingou o desaire frente ao cinco anfitrião com uma vitória esclarecedora sobre a formação indiana, num desafio em que Ieung Ho Yin esteve em evidência, ao assinar quatro assistências para golo. Lou Kuan Ieong apontou três dos tentos convertidos pelo cinco do território, Sou Weng Hong fez o gosto ao stick por duas ocasiões e Hoi Ken Long também inscreveu o nome nos anais da partida, contribuindo para um dos mais significativos triunfos alcançados em competições internacionais pela selecção de hóquei em linha de Macau. O cinco do território goleou a Índia por seis bolas a duas e volta amanhã aos ringues, antes de se despedir da prova na quarta-feira frente à selecção da vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong. - M.C.


( F ) UTILIDADES

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TEMPO

POUCO

NUBLADO

Cineteatro

CINEMA

MIN

25

MAX

31

HUM

50-80%

EURO

10.2

BAHT

0.2

SALA 3

Um filme de: Wes Ball Com: Dylan O’Brien, Kaya Scodelario 14.30, 16.30, 19.30, 21.30

FALADO EM MANDARIM E LEGENDADO EM CHINÊS Um filme de: Chiang Chin Lin Com: Vivian Chow, Megan Lai, Pauline Lan, Lee Luo 14.30, 19.15

THE MAZE RUNNER [B]

Pu Yi

CAFE • WAITING • LOVE [B]

SALA 2

A WALK AMONG THE TOMBSTONES [C]

Vida musical

BEGIN AGAIN [C]

Um filme de: Scott Frank Com: Liam Neeson 14.30, 16.30, 19.30, 21.30

Um filme de: John Carney Com: K. Nightley, M. Ruffalo, H. Steinfeld 16.45, 21.30

ACONTECEU HOJE

22 DE SETEMBRO

Nasce Andrea Bocelli e morre Marcel Marceau • Hoje é dia de recordar dois grandes nomes das Artes, que despertam sentidos diferentes, com a voz poderosa de uma expressão inerte, ou com o silêncio profundo da maior das expressividades. Um encanta pela voz. O outro pela dispensa as palavras para provocar sentimentos. Andrea Bocelli nasceu a 22 de Setembro, dia em que morre Marcel Marceau. No dia em que, em 1958, nasce Andrea Bocelli, tenor, escritor e compositor italiano, morre, em 2007, Marcel Marceau, mimo francês. A 22 de Setembro – Dia Mundial Sem Carros – ‘Catarina, a Grande’ sobe ao trono do Império russo, em 1762. Já em 1862, Abraham Lincoln proclama a liberdade aos escravos dos Estados Confederados da América. E neste dia, em 1980, inicia-se a guerra Irão-Iraque. Paolo Ruffini, médico e matemático italiano (1765), Michael Faraday, químico britânico (1791), Charles Leickert, pintor belga (1816), David Coverdale, vocalista dos Whitesnake (1951), Ségolène Royal, política francesa (1951), e Ronaldo, ex-futebolista brasileiro (1976), nascem neste dia. Morreram neste dia Luísa de Sabóia (1531), Frederick Soddy, químico inglês (1956), Dorothy Lamour, atriz norte-americana (1996).

João Corvo

1.2

LÍNGUA DE gATO

THE MAZE RUNNER SALA 1

YUAN

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U M D I S C O H O J E “SYMPATHIQUE” (PINK MARTINI, 1997) Foi em 1994 que o grupo Pink Martini enriqueceu o mundo da música com o seu nascimento. Oriunda de Portland, do estado norte-americano de Oregon, a voz de China Forbes conduz a “pequena orquestra” – como gostam de ser tratados – que faz magia com os sons. Desde o Jazz à música clássica, sem esquecer o pop, o grupo tem brindado os seus seguidores com grandes êxitos. O seu primeiro álbum, datado de 1997, “Sympathique”, é um desses exemplos. Quem não recorda de sorriso na cara as músicas: ‘Qué sera sera’, ‘Je Ne Veux Pas Travailler’, ‘La Soledad’, ‘Brazil’ ou até ‘Lullaby’? - Filipa Araújo

fonte da inveja

O medo de existir só existe perante uma existência qualquer. Logo, não existe.

O gosto musical da redacção do Hoje Macau é muito variado. Há gostos para tudo e momentos para todas as emoções. Por vezes ouvem-se gargalhadas de chacota, outras suspiros de um unânime consenso, como quem diz: essa música é boa. E ainda há outras vezes - sim, isto é verdade – que começa tudo a cantar um refrão como se de um momento de glória se tratasse. Estes humanos conseguem surpreender-me todos os dias. Géneros e origens, tudo se ouve nestas quatro paredes. Uns dias é música portuguesa, noutros francesa e até italiana. Já voámos para os quatro cantos do mundo e muito tenho aprendido eu com esta equipa. Todas as manhãs há sempre alguém que pergunta: o que querem ouvir hoje? E os palpites começam a surgir, como fazem as crianças do ensino básico quando se lhes pergunta algo. “Põe esta, mete aquela, ah! Espera, acordei a pensar nesta, põe lá”. E lá estão elas – sim, são elas porque são só meninas – a cantarolar. Depois, há um momento mais para o final do dia em que cada uma está muito compenetrada nos seus trabalhos e, para além das notícias, só se ouvem entrevistas a passar para os computadores. O som do final do dia em fecho de edição é o som frenético dos dedos a bater nas teclas, que não deixa de ser uma sonoridade interessante para mim, gato, sempre atento, até porque também eu escrevo a minha coluna diária. Às sextas-feiras, apesar de menos pessoas, não deixam de haver música a passar pelos corredores, não. Há sempre música. E aos sábados? O descanso das orelhinhas do felino cá da casa, eu. Mas sabem o que vos digo? A minha maior alegria é vê-las chegar ao domingo. É ouvir “O que querem ouvir hoje?” e saber que mais uma semana começa e que a música nunca nos irá faltar.


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OPINIÃO

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DAVID CHAN* legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog

macau visto de hong kong

FRANCO ZEFFIRELLI, ROMEO AND JULIET

A lei do amor

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O dia 18 de Setembro, o site “chinanews.com” avançou uma notícia acerca de uma aplicação para telemóveis desenvolvida pelos estudantes da universidade Zhōng Guó Diàn Zĭ Kē Jì Dà Xué ( 中國電子科技中學) que facilita a troca de mensagens amorosas entre pessoas. Esta aplicação original permite aos utilizadores projectar imagens sobre as jantes de uma bicicleta, que giram de acordo com o movimento da roda. As bicicletas são muito usadas nas universidades chinesas, por isso a ideia pode vir a ter muitos apoiantes. Ao mesmo tempo, esta ferramenta permite aos utilizadores demonstrar afecto a terceiros sem ter contacto directo com essa pessoa. Assim, não há que recear ser rejeitado olhos nos olhos, e isto torna o indivíduo mais aventureiro e disposto a expressar os seus sentimentos. De momento, os estudantes estão a contactar fabricantes de bicicletas e a realizar estudos de viabilidade com o intuito de conseguir a produção em massa de unidades preparadas para este tipo de tecnologia. Na verdade, a principal atracção desta ideia parece ser a possibilidade de seduzir alguém de uma maneira indirecta. Será que há um mercado para este produto? Acho que ninguém sabe ao certo.

Entretanto, em Taiwan, foram criados dois cursos para ajudar estudantes universitários nas suas lides amorosas, um chamado “Educação Amorosa”(Love Education) e o outro “Amor, Sexo e Lei” (Love, Sex and Law). A 30 de Agosto, o site “mag.udn” publicou um artigo onde criticava estes mesmos estudantes universitários, que apesar de fisicamente já parecerem maduros, ainda se comportavam de uma maneira infantil e irresponsável quando envolvidos numa relação amorosa. Além disso, o website “chinanews. com” publicou no dia 18 de Setembro uma peça sobre o Manual de Regulamentos Amorosos (Regulations of Love) da universidade Chóng Qìng Shī Fàn Dà Xué Shè Wài Shāng Mào Xué Yuàn (重慶師 範大學涉外商貿學院). Este documento continha um total de 15 artigos diferentes, mas a notícia mencionava apenas alguns deles, tais como: - caso um casal se separe, os envolvidos não podem se vingar um do outro. - é proibido o uso de fogo-de-artifício para impressionar o seu namorado/namorada. Estes regulamentos geraram uma grande variedade de opiniões, com alguns estudantes a mostrarem-se totalmente de acordo e outros completamente contra as regras. Independentemente da opinião pessoal de

cada aluno, todos os estudantes tentaram obedecer às instruções. Um jornalista deslocou-se mesmo ao estabelecimento de ensino superior para entrevistar o autor do manual. Após averiguações, veio-se a descobrir que os regulamentos tinham sido criados por Li, um professor e conselheiro de apenas 24 anos de idade. Durante a entrevista, este explicou que o manual havia sido preparado no ano anterior. “Como desempenho funções de conselheiro quando estes jovens enfrentam qualquer tipo de problemas, achei que este manual podia ajudar a estabelecer um código de conduta correcto dentro de uma relação amorosa”.

Quer o leitor concorde ou não com as tentativas de estabelecer regulamentos de conduta, acho que ninguém pode discordar se eu afirmar que o acto de amar alguém é completamente subjectivo e impossível de ser categorizado ou medido

Mas o professor alertou que este manual era usado apenas por si próprio, não representando assim a posição oficial da universidade. Instada a pronunciar-se sobre a publicação, Yáo Jīn Qiū (姚金秋), uma estudante deste estabelecimento, explicou ter “grande apreensão sempre que um colega do sexo masculino tenta se aproximar de mim, pois estes são sempre muito impacientes. Agora, estes regulamentos ajudam a controlar o seu comportamento”. Zhang Zhòng Míng (張仲明), um professor assistente da Xī Nán Dà Xué ( 西南大學), alertou ainda para os custos adicionais que um namorado ou namorada podem acarretar. Segundo o mesmo, “o professor Li é muito criativo. Este manual ajuda-nos a compreender facilmente o tipo de comportamento que devemos adoptar”. Os encargos financeiros de uma relação amorosa parecem mesmo ser uma grande preocupação para estes jovens. Uma lista detalhada chegou mesmo a ser publicada online, através do link “http://travel.eastday. com/eastday/lady/main/u1a4669440.html”, de forma a proporcionar aos estudantes uma ideia dos custos adicionais que provavelmente iriam ter de enfrentar. Aqui, os leitores eram alertados que uma vida a dois lhes custaria 2000 yuan adicionais por mês (450 yuan - comida; 150 yuan - despesas diárias; 200 yuan - snacks; 300 yuan - refeições na rua; 50 yuan - vida social; 300 yuan - transportes; 300 yuan - prendas; 50 yuan - acompanhamento médico; 100 yuan entretenimento e 100 yuan - despesas extras). Com tudo isto, haverá então alguma lei que defina o que é se apaixonar por alguém? Claro que não. Mas também não podemos dizer que não há um entendimento privado entre as partes envolvidas, que acabam por concordar num código de conduta entre ambos. A canção Kāi Xué Lĭ (開學禮) do músico Hacken Lee (李克勤) de Hong Kong descreve esta situação muito bem ao afirmar que “não podemos seguir um manual de instruções quando nos apaixonamos por alguém, a única opção é experimentar e ver se funciona”. Quer o leitor concorde ou não com as tentativas de estabelecer regulamentos de conduta, acho que ninguém pode discordar se eu afirmar que o acto de amar alguém é completamente subjectivo e impossível de ser categorizado ou medido. Também vai além da noção de bem ou mal, visto ser acima de tudo uma emoção que não pode nunca ser gerida por leis. Estas sensações só podem ser compreendidas por aqueles que as sentem, e só estes sabem o que estão dispostos a aceitar através de um entendimento mútuo. Mas se os intervenientes estiverem contentes e entrarem nestas relações de livre vontade, porque devemos nos intrometer tentando definir o que está correcto ou errado? *Professor Associado no Instituto Politécnico de Macau


opinião 19

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Immanuel Wallerstein* in Esquerda.net

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OS infindáveis realinhamentos geopolíticos do Médio Oriente, o Califado do Estado Islâmico (antes ISIS ou ISIL) parece ter assustado quase todos os envolvidos na política da região, o que os levou a uma aliança geopolítica de facto. De repente, encontramos o Irão e os Estados Unidos, os curdos (tanto na Síria quanto no Iraque) e Israel, a Turquia e o governo sírio de Bashar al-Assad, a Europa ocidental (Grã-Bretanha, França e Alemanha) e a Rússia, todos eles a procurar atingir de formas diferentes o mesmo objectivo: impedir a expansão e a própria consolidação do Califado. Isto ainda não alterou significativamente outros pontos de conflito geopolítico, tais como Israel/Palestina e Ucrânia, mas certamente terá impacto neles. Todos estes actores perseguem, evidentemente, objectivos de médio prazo muito diferentes. No entanto, olhem o que aconteceu apenas na primeira metade de Agosto. Nuri al-Maliki foi afastado do cargo de primeiro-ministro do Iraque pelas pressões combinadas dos Estados Unidos, do Irão, do Grande Ayatollah Ali al-Sistani e dos curdos, principalmente por ter resistido a dar aos sunitas um papel significativo no governo iraquiano. E por que era isso tão importante? Porque, para todos estes actores, parecia ser a única forma de minar o Califado por dentro. Os Estados Unidos comprometeram-se a envolver os seus drones e uma nova força de cerca de 1000 marines e forças especiais para impedir o massacre dos yazidis e dos cristãos iraquianos (uma operação que requer a assistência de facto de Bashar al-Assad), impedindo o avanço do Califado de Ebril – a capital curda iraquiana, onde há um consulado dos EUA e um número significativo de cidadãos norte-americanos – e outras coisas, provavelmente, que se descobrirão depois de um levantamento em curso no terreno. O presidente Barack Obama recusa-se a indicar uma data para o fim desta operação e por isso quase certamente deixará sem cumprimento a sua assinada promessa de uma retirada total do Iraque durante a sua Presidência. O governo turco encerrou a fronteira aberta às forças anti-Assad na Turquia, que fora um elemento-chave da sua política para a Síria. O ex-senador Joseph Lieberman, conhecido falcão e defensor ardoroso das políticas israelitas, elogiou publicamente Obama pelo que acabou de fazer, ao mesmo tempo que os iranianos se abstinham de criticá-lo. Os sauditas, que parecem não conseguir decidir-se acerca da sua estraté-

DAVID MAMET, HOUSE OF GAMES

O Califado contra o resto do mundo

gia síria, resolveram aparentemente que o silêncio e o mistério são a melhor táctica. O que virá em seguida? E quem está a aproveitar-se deste realinhamento? A curto prazo, parece haver três óbvios vencedores. O primeiro é o próprio Califado. A reentrada dos Estados Unidos no conflito militar do Iraque permite que o Califado se apresente como uma força fundamental para desafiar o demónio incarnado, os Estados Unidos. Servirá para atrair muitos novos recrutas, especialmente do mundo ocidental. E pode-se esperar que tentará envolver-se em actividades hostis no interior dos Estados Unidos e na Europa ocidental. Esta vantagem de curto prazo irá evidentemente entrar em colapso se o Califado sofrer revezes militares pesados. Mas vai demorar algum tempo antes que isto ocorra, se é que vai acontecer. O exército do Califado parece ainda ser a força militar mais moralizada e treinada na região. Um segundo grande vencedor é Bashar

al-Assad. O apoio externo às forças anti-Assad foi sempre inferior a decisivo, e é provável que diminua mais ainda a curto prazo, à medida em que mais e mais opositores sírios se alinhem com o Califado. O terceiro grande vencedor são os curdos, que consolidaram a sua posição no Iraque e melhoraram as suas relações com os curdos da Síria. Irão agora receber mais armas dos países ocidentais e possivelmente de outros, fortalecendo ainda mais as suas forças militares, os peshmerga. Há derrotados evidentes? Um, suspeito, são os Estados Unidos. A menos que o Califado desmorone no futuro próximo (o que parece muito improvável), este esforço militar irá em breve expor uma vez mais os limites das capacidades militares dos EUA, bem como a inconsistência das suas posições públicas sobre o Iraque, a Palestina e a Ucrânia. E Obama terá perdido a oportunidade de proclamar a sua maior realização geopolítica.

De repente, encontramos o Irão e os Estados Unidos, os curdos (tanto na Síria quanto no Iraque) e Israel, a Turquia e o governo sírio de Bashar al-Assad, a Europa ocidental (Grã-Bretanha, França e Alemanha) e a Rússia, todos eles a procurar atingir de formas diferentes o mesmo objectivo: impedir a expansão e a própria consolidação do Califado

O povo dos Estados Unidos apoia o sucesso, não o pântano. E há pelo menos três grupos cujo futuro imediato como vencedores ou derrotados ainda não é claro. Um é o Irão. Se os Estados Unidos e o Irão estão do mesmo lado no Iraque e no Afeganistão, podem os EUA rejeitar que haja algum compromisso com o Irão sobre a questão da energia nuclear? A posição iraniana nesta negociação saiu pelo menos reforçada. Um segundo é o Hamas. Os israelitas já estão sob forte pressão internacional para reformular as suas posições em relação à Palestina. Esta ênfase sobre os perigos do Califado irão aumentar a pressão? Muito provavelmente, mas os israelitas vão procrastinar o máximo que puderem. O terceiro é a Rússia. Enquanto escrevo este texto, o governo de Kiev resiste à entrada da camiões russos que Moscovo garante serem uma missão humanitária para ajudar os sitiados habitantes de Lugansk, cercada por tropas ucranianas que procuram obter a sua rendição pela fome. Será que isto é muito diferente dos esforços do Califado de forçar à rendição pela fome os yazidis que estão refugiados nas montanhas? Se os Estados Unidos e a Europa ocidental são a favor da ajuda humanitária num lugar, como podem ser contra no outro? Vivemos tempos interessantes. *Sociólogo e professor universitário norte-americano

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau. com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


hoje macau segunda-feira 22.9.2014

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VITÓRIA DO NÃO

por Stephff

JOSÉ GIL OS PORTUGUESES DEIXARAM DE SONHAR

A devoradora de sonhos O filósofo português esteve em Macau onde traçou um retrato de um Portugal contemporâneo sem ideias, amputado da capacidade de sonhar, vitima de uma realidade chamada “troika”

O

filósofo José Gil traçou ontem, em Macau, previsões pessimistas para o futuro de Portugal e defendeu que a presença da “troika” aniquilou a capacidade de sonhar dos portugueses. “A ‘troika’ trouxe o real. O português deixou de sonhar. Hoje, sobrevive-se num dia-a-dia precário e cheio de incerteza. Não há ninguém no Governo que tenha uma ideia para Portugal, do que vai ser o país em 2020 ou em 2030”, afirmou perante uma audiência de portugueses, macaenses e chineses que assistiram à palestra “Desejo e Medo de Existir”. “As expectativas para o futuro desapareceram. Vive-se e aceita-se uma democracia sem substância. Não se pode viver sem crença e sem esperança”, concluiu. Durante cerca de hora e meia, José Gil explicou o que considera ser uma “diminuição ontológica do ser português”, que ganhou força nos anos da ditadura. “Encoberto pelos nossos heróis e o nosso império, fabricou-se um medo especial: o medo de existir, o medo de afirmar publicamente”, disse. Esse medo, que gerou uma “servidão voluntária”, prolongou-

-se depois do 25 de Abril, com “as mentalidades a tomarem uma tal dimensão que substituem a lei”. Esta característica consubstancia-se no “temor por arriscar”, na “resistência a reformas”, em “leviandade e irresponsabilidade”, “medo do confronto político aberto” e numa inveja que “ultrapassa os indivíduos e forma o sistema”.

ECOS DE MACAU

Questões que tiveram eco entre alguns dos presentes, que acreditam que Macau herdou o “medo de existir” de Portugal. “São questões filosóficas muito importantes para Macau e que se aplicam à vida, a cultura e às pessoas desta cidade. E também ao Governo e aos serviços públicos. É uma questão histórica”, disse à agência Lusa Ben Wong, investi-

A ‘troika’ trouxe o real. O português deixou de sonhar. Hoje, sobrevive-se num dia-a-dia precário e cheio de incerteza

gador do Centro de Pesquisa Estratégica para o Desenvolvimento de Macau. Anteriormente, ao colocar uma questão, Ben Wong comentou que a palestra “ajudou a compreender melhor Macau” e citou uma afirmação do filósofo de que “uma parte dos portugueses não assume as responsabilidades do que acontece em Portugal”, defendendo que “isso também aconteceu em Macau”. Miguel Senna Fernandes, advogado e presidente da Associação dos Macaenses, estabeleceu um “paralelismo” entre a situação descrita por José Gil e a realidade dos portugueses em Macau, tanto no passado como no presente. “Tocou-me um bocado, talvez por ser português do Oriente. Há pontos de contacto. A história de Macau passou por essas fases de não inscrição de determinados fenómenos, talvez ditadas pelas circunstâncias históricas da presença de uma comunidade não-chinesa”, comentou. Senna Fernandes salientou que “Macau nasceu por acaso e existiu à mercê de uma certa tolerância dos que não eram portugueses”. Por esse motivo, houve sempre um especial cuidado em “não dizer as coisas para não perigar a nossa presença em Macau”.

UNIVERSIDADE PELOS RECURSOS NATURAIS

Plataforma do saber M

AIS de uma dezena de instituições já aderiram à ideia de criar uma Parceria de Inovação para a Valorização dos Recursos Naturais dos Países de Língua Portuguesa, cujo memorando, apresentado na sexta-feira em Macau, vai ser firmado em breve. Apresentado numa mesa redonda no último dia do XXIV Encontro da Associação de Universidades de Língua Portuguesa (AULP), o projecto visa “promover a identificação das necessidades e valências e, à semelhança das Parcerias de Inovação Europeias, dinamizar a cooperação interdisciplinar e a criação de consórcios para candidaturas a projectos internacionais em áreas de interesse”, considerando “o manancial de plantas endémicas e medicinais existentes nos países de língua portuguesa ainda inexploradas”. A Saúde e a Nutrição figuram como as principais áreas no arranque da parceria a formalizar em breve. “Não queremos atrasar este processo. Vamos incentivar uma rápida adesão para ser assinado o memorando de entendimento e, depois, o protocolo, para começarmos a trabalhar”, disse Amélia Pilar Rauter, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), à agência Lusa.

PARCERIAS INTERACTIVAS

O primeiro passo é a criação de um portal interactivo que

constitui o instrumento base da Parceria de Inovação, dado que irá promover a troca de informação e identificação das necessidades com vista a melhorar a valorização económica e social dos recursos naturais. “O ‘website’ será sedeado na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que foi quem gerou a iniciativa baseada no nosso consórcio. Vamos gerir a plataforma, mas em colaboração com todos os membros da parceria”, pois serão, afinal, a ‘fonte’ das informações a disponibilizar, explicou a docente Amélia Pilar Rauter, líder do consórcio da FCUL na Parceria de Inovação Europeia sobre o Envelhecimento Activo e Saudável. O portal vai ser criado em português e em inglês porque “a sua finalidade é chamar a atenção do mundo para as nossas necessidades e interesses e valorizar as nossas matérias-primas para criarmos oportunidades de negócio e novas tecnologias mas pelos membros destes países, em colaboração com o estrangeiro (…), mas somos nós que lideramos aquilo que é nosso”. Uma vez que “não envolve dinheiros”, a parceria vai antes “responsabilizar todas as instituições a trabalharem para arranjar o financiamento dos projectos através dos meios europeus, internacionais, nacionais, ou regionais”, destacou Amélia Pilar Rauter.

Tóquio quer desenvolver aviões de vigilância

O Japão quer desenvolver os seus próprios aviões de vigilância para substituir as aeronaves produzidas nos Estados Unidos e seguir o principio definido pela China e pela Rússia, refere ontem a imprensa. De acordo com o diário Yomiuri Shimbun, o Ministério da Defesa solicitou uma verba de 80 milhões de ienes a inscrever no próximo orçamento que terá início em Abril de 2015 de forma a produzir um protótipo de avião. Os projectistas militares japonesas querem concluir um programa de desenvolvimento de aviões de vigilância em meados da década de 2020 de forma a substituírem os E-2C Hawkeye norte-americanos, cujo desenho data dos anos de 1960.

Filipinas 10 mortos e 840.000 pessoas afectadas na passagem de tufão

Pelo menos 10 pessoas morreram e mais de 840.000 foram afectadas pela passagem do tufão Fung-wong no norte das Filipinas que provocou grandes inundações no país, foi anunciado. De acordo com o último relatório publicado pelo Conselho de Gestão e Redução do Risco de Desastres do país, a maioria das vítimas morreu em Manila e nas províncias adjacentes, onde ficaram também feridas outras sete pessoas. Os 379 centros de abrigo temporário receberam cerca de 200.000 pessoas devido às inundações e danos causados pelo Fung-Wong, que se encaminha agora para Taiwan. A tempestade assolou a ilha de Luzon, no norte do arquipélago, com chuvas intensas e ventos acima dos 90 quilómetros por hora, com as rajadas a atingirem os 120 quilómetros por hora.


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