Hoje Macau 16 SETEMBRO 2021 #4854

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hoje macau

Nº 4855 QUINTA-FEIRA 16-9-2021 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

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A MÃO VISÍVEL

A HIPÓTESE DE CONTROLO GOVERNAMENTAL SOBRE A DISTRIBUIÇÃO DE DIVIDENDOS AOS ACCIONISTAS DAS OPERADORAS CRIOU APREENSÃO NO SECTOR. ANALISTAS ALERTAM PARA A POSSÍVEL INSTABILIDADE ECONÓMICA, DISRUPÇÃO DAS REGRAS DA ECONOMIA DE MERCADO E GUERRA NAS BOLSAS DE VALORES. AS ACÇÕES DAS OPERADORAS REGISTARAM ONTEM PERDAS CONSIDERÁVEIS. CENTRAIS

ABSTENÇÃO

COMO MORRE A CULPA PÁGINA 2

HENGQIN

PASSAGEM CONDICIONADA PÁGINA 3

VACINAÇÃO

COM OPÇÃO PÁGINA 4

HOSPITAL DA ILHAS

MODELO ACERTADO PÁGINA 5


2 política

16.9.2021 quinta-feira

REUTERS

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CCAC Assessora promovida a Adjunta do Comissário

ABSTENÇÃO SULU SOU QUER QUE GOVERNO ASSUMA RESPONSABILIDADES

O povo que não falou

Sulu Sou considera que a decisão da comissão eleitoral de excluir candidatos foi a principal causa para a fraca adesão às eleições do passado domingo. O ainda deputado quer saber se o Governo vai reconhecer isso e que medidas vai tomar para “recuperar a confiança” da população PUB.

Anúncio Faz-se saber que no concurso público n.o 24/P/21 para o « Fornecimento de Medicamentos Especiais para o Uso Hospitalar aos Serviços de Saúde », publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 34, II Série, de 25 de Agosto de 2021, foram prestados esclarecimentos, nos termos do artigo 4.º do programa do concurso público pela entidade que o realiza e que foram juntos ao respectivo processo. Os referidos esclarecimentos encontram-se disponíveis para consulta durante o horário de expediente na Divisão de Aprovisionamento e Economato dos Serviços de Saúde, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau, e também estão disponíveis na página electrónica dos S.S. (www.ssm.gov.mo). Serviços de Saúde, aos 9 de Setembro de 2021. O Director dos Serviços de Saúde Lo Iek Long

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ainda deputado e candidato ex- nível da confiança social e um trauma para a cluído das últimas eleições, Sulu prossecução da democracia e da realização de Sou, quer saber se o Governo irá eleições justas, facto que teve um impacto mais reconhecer que os casos de des- profundo do que se poderia imaginar. A perda qualificação de listas estiveram na de um número significativo de vozes no sistema base da mais fraca participação em representativo só irá minar ainda mais a credibilieleições desde 1992 e da fundação da RAEM. dade, legitimidade e qualidade de fiscalização da Recorde-se que entre os 323.907 eleitores Assembleia Legislativa, criando, eventualmente, inscritos, apenas 137.281 foram às urnas, o que um factor de instabilidade social”, apontou Sulu representou uma taxa de participação de 42,38 Sou numa interpelação escrita. por cento e de abstenção de 57,62 por cento. Mesmo entre participantes, contaram-se 3.141 Salvaguardar direitos votos em branco e 2.082 nulos, que somados Sulu Sou pergunta ainda ao Governo qual é representaram 3,8 por cento de todos os votos. a quota parte de responsabilidade da CAEAL Para Sulu Sou é incontornável que a des- relativamente ao elevado número de votos qualificação de candidatos pela Comissão de em branco e nulos e se vai reconhecer que Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa a inelegibilidade de candidatos foi um dos (CAEAL) criou um clima de “desconfiança” factores que contribuiu para a taxa de abse excluiu “dezenas de milhares” de apoiantes tenção histórica das últimas eleições. do sector democrático da participação política. Como consequência, o deputado quer Recordando que a CAEAL justificou a ainda saber se o Governo irá tomar medidas elevada abstenção com as concretas para “reparar os intempéries do passado danos sociais” e “recuperar “A perda de um domingo e o facto de a pana confiança” da população, demia ter impedido muitos número significativo causados pela desqualifieleitores de vir a Macau, o de vozes no sistema cação. deputado vinca ainda que Por último, Sulu Sou representativo só irá perguntou que garantias pode a exclusão de candidatos impediu a existência de dar o Governo para que a minar ainda mais uma “competição justa” e decisão da desqualificação, a credibilidade, criou uma “ruptura” com fundamentada em acções legitimidade e várias franjas da sociedade, passadas dos candidatos que vão deixar de ter voz excluídos, não será usaqualidade de naAssembleia Legislativa. da “abusivamente” como fiscalização da AL, “As eleições deste ano “instrumento de exclusão criando instabilidade da fiscalização e da crítica foram uma tentativa insensata de criar uma ruptura ao social.” SULU SOU parlamentar”. Pedro Arede

O Governo revelou ontem a nomeação Lam In Sang para o cargo Adjunta do Comissário contra Corrupção, um cargo por vai ocupar durante dois anos. A decisão foi publicada ontem no Boletim Oficial, em despacho do Chefe do Executivo, com o esclarecimento de que o cargo estava vago e Lam desempenha “funções na área jurídica e judicial há vários anos”, além de ser considerada como uma pessoa que demonstrou “competência profissional”. Lam é formada em tradução e interpretação no Instituto Politécnico de Macau, e tem uma segunda licenciatura em Direito e mestrado em Justiça Criminal pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau. Num percurso que se cruza com o do coordenador do CCAC, Chan Tsz King, Lam foi entre 2015 e 2019 escrivã do Ministério Público nos Tribunais de Segunda e Última Instância. Desde Dezembro de 2019 que era já assessora no CCAC, onde agora sobe ao segundo posto mais alto da hierarquia.

Jurisdição Marítima Governo renova mandatos

O Governo anunciou ontem a renovação dos mandatos de Wai Tong Kuan, Lin Heng Chi, e Von Man Kit na Comissão Coordenadora da Gestão e do Desenvolvimento das Áreas de Jurisdição Marítima. Os três nomeados são representantes do Gabinete do secretário para a Economia e Finanças, Gabinete do secretário para a Segurança e Gabinete do secretário para os Transportes e Obras Públicas, respectivamente. Segundo a informação publicada ontem no Boletim Oficial, foi ainda nomeado Lei Iok Fai, uma estreia no organismo, como representante dos Serviços de Alfândega.

Saúde Grupo laboral quer mais médicos locais

A Frente Unida das Forças Vivas dos Trabalhadores de Macau, liderada por Lee Sio Kuan, entregou ontem uma petição a pedir ao Governo que acelere os procedimentos para contratar mais médicos locais e concluir a construção do Novo Hospital das Ilhas. No mesmo documento, de acordo com o canal chinês da Rádio Macau, foi ainda exigido o aumento de 10 por cento dos impostos do jogo e a criação de melhores condições para a mobilidade social dos jovens.


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HENGQIN ENTRADA DE ESTRANGEIROS SÓ COM VISTO, MAS POLÍTICA PODE MUDAR

Não é assim tão simples Aviso à navegação

Wong Sio Chak, confirmou que os residentes estrangeiros vão continuar a precisar de visto para entrar na zona de cooperação de Hengqin. No entanto, o secretário para a Segurança admite que o cenário pode mudar no futuro, com o aval do Governo Central. A circulação de motociclos continua proibida

GPDP anuncia que Lei de Dados Pessoais do Interior se aplica em Macau

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Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais (GPDP) apelou ontem à população de Macau para que cumpra a Lei da Protecção de Informações Pessoais (LPIP) do Interior. Segundo o GPDP, a lei chinesa aplica-se em Macau, apesar de ser uma jurisdição diferente. “A LPIP tem aplicabilidade também no exterior do País. Por exemplo, quando as instituições ou indivíduos da Região Administrativa Especial de Macau tratam dados pessoais no interior do País ou tratam dados pessoais no exterior do País (incluindo Macau) com finalidades para a prestação de produtos ou serviços a pessoas singulares no interior do País, para além dos assuntos exclusivamente pessoais ou domésticos, devem observar esta lei”, informa o gabinete liderado por Yang Chongwei, em comunicado. Segundo o GPDP, muitas empresas em Macau lidam com informação do Interior, facto que leva ao alerta para que “acompanhem de perto a aplicação da LPIP e cumpram rigorosamente as disposições legais e as exigências das autoridades competentes, para não violarem a lei”.

Direitos mais “ricos”

De acordo com o GPDP, a lei de protecção do Interior da China teve como referência a legislação que vigora na União Europeia, mas é melhor, porque “os direitos do titular dos dados são mais ricos e diversificados” e “as disposições legais são mais claras, rigorosas, e os meios sancionatórios são mais amplos e rigorosos”. Por outro lado, o Governo de Macau argumenta que as diferenças entre a lei local e a do Interior “não são grandes” e que as empresas apenas têm de “considerar a harmonização com as novas regras do Interior da China”. Por último, é deixado um aviso relativamente ao risco de evitar a lei de Macau ou não actualizar os procedimentos: “se, nos últimos anos, as instituições ou os indivíduos relacionados não conseguirem acompanhar a evolução dos tempos e não prestarem atenção ao cumprimento da LPDP de Macau, ou até tentarem, através de diversas formas, fugir à lei, enfrentarão, sem dúvida, riscos jurídicos bastante grandes”. J. S. F.

Wong Sio Chak, secretário para a Segurança“Os estrangeiros podem pedir um visto de forma imediata e depois entrar em Hengqin.”

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secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, confirmou ontem que os residentes detentores de passaporte estrangeiro vão precisar de visto para entrar na nova zona de cooperação aprofundada entre Macau e Guangdong em Hengqin (Ilha da Montanha). Isto, dado que a política de emissão de vistos tem de estar em linha com as coordenadas do Governo Central. Segundo a TDM - Rádio Macau, o secretário para a Segurança sublinhou, contudo, que para os residentes estrangeiros, a tarefa de entrar em Hengqin será facilitada, dado que o visto pode ser solicitado no local e na hora. “Para estrangeiros, a política não sofreu qualquer alteração porque se trata de uma política nacional. No entanto, quanto ao posto fronteiriço de Hengqin, temos medidas facilitadoras, ou seja, ao pé do canal [de passagem] temos uma sala para requerer o visto. Os estrangeiros podem dirigir-se a esta sala e pedir um visto de forma imediata e depois entrar na ilha de Hengqin através

do canal tradicional”, começou por explicar Wong Sio Chak. No entanto, durante a terceira sessão de apresentação do projecto de cooperação na Ilha da Montanha, que contou também com o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Wong Sio Chak admitiu que a política pode ser alterada, caso o Governo Central assim decida. “Claro que, no futuro, se houver uma alteração nas políticas de emissão de vistos, isso será sempre uma decisão do Governo Central e nós vamos acompanhar e coordenar com o trabalho de ajustamento das políticas quanto à emissão de vistos para estrangeiros”, apontou o secretário para a Segurança.

Linhas da frente

Durante a conferência de imprensa de ontem, Wong explicou ainda que a zona de cooperação aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, aplicará a política de gestão de “liberalização na primeira linha e controlo na segunda” (sendo a primeira linha a fronteira entre Macau e Hengqin e segunda linha a

fronteira entre Hengqin e o Interior da China), com o objectivo de construir assim “um sistema uniformizado e altamente aberto entre Macau e Hengqin”. Detalhando, em traços gerais, na “primeira linha” as mercadorias e produtos importados de Hengqin beneficiam de isenção fiscal (entreposto aduaneiro), à excepção de produtos especificados nas leis nacionais. Sobre a “segunda linha”, Wong Sio Chak partilhou que as mercadorias fabricadas em Hengqin e cujo processamento, feito em Hengqin, corresponda a 30 por cento ou mais do valor das mercadorias, não serão cobrados impostos aduaneiros quando entrem no Interior da China através dessa passagem. O secretário para a Segurança apontou ainda que, ao contrário de outros veículos motorizados autorizados, os motociclos continuam proibidos de circular na ponte de acesso à Ilha da Montanha. “A circulação de motociclos através da ponte de Hengqin para lá entrar não é viável”, sublinhou. Pedro Arede

PUB.

Anúncio Faz-se saber que no concurso público n.o 25/P/21 para o «Fornecimento de Medicamentos do Formulário Hospitalar (Grupo 1) aos Serviços de Saúde», publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 33, II Série, de 18 de Agosto de 2021, foram prestados esclarecimentos, nos termos do artigo 4.º do programa do concurso público pela entidade que o realiza e que foram juntos ao respectivo processo. Os referidos esclarecimentos encontram-se disponíveis para consulta durante o horário de expediente na Divisão de Aprovisionamento e Economato dos Serviços de Saúde, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau, e também estão disponíveis na página electrónica dos S.S. (www.ssm.gov.mo). Serviços de Saúde, aos 9 de Setembro de 2021. O Director dos Serviços de Saúde Lo Iek Long


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COVID-19 GOVERNO DIZ QUE NÃO OBRIGA NINGUÉM A SER VACINADO

Salmonela Casos mais que duplicaram este ano

Desde o início do ano o número de infecções por salmonela disparou, com o registo de 355 casos. O valor é superior ao dobro da média anual dos últimos cinco anos, que é de 168 por ano. Os números foram avançados ontem pelos Serviços de Saúde e citados pelo canal

chinês da Rádio Macau. As autoridades pediram à população vigilância quanto às condições da comida consumida e referiram que só no mês de Agosto foram registados 93 casos, o que representa um aumento de 90 por cento face ao período homólogo. Em relação ao segmento da população mais afectado, as autoridades destacam as crianças com menos de cinco anos, que totalizaram aproximadamente 60 por cento dos casos ao longo deste ano, com 213 crianças infectadas.

A escolha é mesmo sua Alvis Lo entende que ninguém é obrigado a ser vacinado e recorda a possibilidade de realizar semanalmente testes de ácido nucleico. O director dos Serviços de Saúde argumenta que raramente há políticas que satisfaçam as expectativas de todos aceitável. Tenho de esclarecer que isso viola o princípio da escolha”, frisou Alvis Lo.

Castigo dos inocentes?

Durante a conferência de ontem, o director dos Serviços de Saúde foi questionado se a medida não castiga quem ficou em Macau durante toda a pandemia, para beneficiar quem atravessa a fronteira constantemente. Alvis Lo recusou aceitar essa visão e considerou que é errado “dividir a população”. Por outro lado, defendeu que o risco não está apenas ligado com as pessoas, mas com as mercadorias que chegam do exterior.

East Asia Alerta para roubo de dados pessoais com links falsos A Polícia Judiciária (PJ) foi informada pela sucursal de Macau do Banco East Asia para a existência de links fraudulentos afectos à aplicação bancária que servem para roubar dados pessoais dos clientes. De acordo com uma nota da PJ divulgada ontem, nos últimos tempos, os bur-

lões têm actuado através de telefone ou utilizando a internet. Por isso, os cidadãos devem estar “muito atentos”. Desta forma, os utilizadores não devem descarregar aplicações suspeitas para os seus dispositivos móveis, nem inserir dados pessoais ou fazer transacções em websites suspeitos.

FAOM EXIGE CLAREZA

O JOSÉ JOÃO PÃOSINHO Falecimento É com enorme pesar que o Banco Comercial Português comunica o falecimento, ocorrido no dia 5 de Setembro, do Sr. Dr. José João Pãosinho, que exerceu as funções de Diretor Geral na Sucursal de Macau desde 2006 até Junho de 2020. As cerimónias fúnebres terão lugar nos dias 16 e 17 de Setembro. No dia 16 de Setembro, pelas 18:30, a família encontrar-se-á na Casa Mortuária Diocesana de Macau e às 20:00 será celebrada uma missa. O funeral realizar-se-á no dia 17 de Setembro, pelas 11:00, no Cemitério S. Miguel Arcanjo. À família apresentamos as nossas sentidas condolências.

Governo não está a obrigar ninguém a vacinar-se. A opinião foi expressa por Alvis Lo, director dos Serviços de Saúde (SSM), face às críticas geradas pela medida que exige a apresentação de comprovativo de vacinação, ou realização de testes de ácido nucleico todas as semanas, à entrada dos locais de trabalho. Recorde-se que os serviços públicos emitiram uma circular a implementar e medida e que o custo dos testes de ácido nucleico é pago pelo trabalhador. “Não podemos classificar esta medida como uma forma de obrigar à toma da vacina. A escolha cabe ao trabalhador”, afirmou Alvis Lo. “Muitas pessoas dizem que o princípio da escolha e da vacinação voluntária está a ser violado. Isso não é verdade”, sublinhou. A medida foi adoptada depois de as autoridades do Interior terem criticado a baixa taxa de vacinação na RAEM.

No entanto, surgiram casos de entidades patronais que terão tentado obrigar os trabalhadores a serem vacinados, sem considerarem a possibilidade do recurso à testagem a cada sete dias. Sobre este aspecto, o director do SSM lembrou que as duas alternativas têm de ser aceites. “Tomámos conhecimento de que algumas entidades tiveram diferentes entendimentos sobre as directrizes [de vacinação ou testagem]. Houve quem afirmasse que só a vacinação era

“Tomámos conhecimento de entidades com diferentes entendimentos sobre as directrizes. Houve quem afirmasse que só a vacinação era aceitável. Isso viola o princípio da escolha.” ALVIS LO DIRECTOR DOS SSM

Os deputados Ella Lei e Leong Sun Iok, da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), reuniram ontem com os Serviços de Saúde para defender orientações de vacinação claras. Após as instruções do Governo, os deputados terão recebido queixas de trabalhadores obrigados a tomar a vacina. Os legisladores acham que o Executivo deveria optar por uma política de incentivos para aumentar a taxa de vacinação.

Segundo o director dos SSM, quem chega do estrangeiro, mesmo a cumprir quarentena de 21 dias, é um risco para o território, porque nunca há risco zero. Ainda em relação às políticas de vacinação, Alvis Lo negou existirem outras intenções além da segurança da população. “Uma política não satisfaz todas as expectativas dos cidadãos. Nós só queremos garantir a segurança dos cidadãos. E não acho que seja uma política muito criticável”, opinou. De acordo com os números apresentados ontem, entre as pessoas com 20 e 60 anos a taxa de vacinação é de 67,7 por cento. Os SSM dizem ter capacidade para fazer testes regulares de ácido nucleico às cerca de 100 mil pessoas que ainda não se vacinaram.

João Santos Filipe

JOGO GESTORA DE SALA VIP DETIDA POR BURLA DE MAIS DE 80 MILHÕES

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Polícia Judiciária (PJ) deteve na terça-feira uma residente de Macau de 42 anos, que geria uma sala VIP no Cotai, por ter alegadamente desfalcado mais de 70 clientes em 83 milhões de dólares de Hong Kong (HKD). De acordo a PJ, o caso veio a lume na passada sexta-feira, após outra residente ter apresentado queixa sobre o facto de,

na sequência da assinatura um acordo de cedência de um espaço de exploração de uma sala VIP em troca de cinco milhões de HKD, a sua parceira de negócio ter deixado, repentinamente, de estar contactável e os fundos investidos terem desaparecido. Durante a investigação, a PJ deparou-se com um caso semelhante ocorrido no sábado, que envolveu um depósito

de 3,6 milhões de HKD para a conta da mesma sala VIP em troca de dividendos de 1,0 por cento do total da receita diária do negócio. Segundo a polícia, ficou provado que a sala VIP em questão não operava de acordo com os estatutos legais e que, a suspeita tirou partido da sua posição para dar instruções à tesouraria para proceder ao

levantamento, por diversas ocasiões, de montantes investidos por mais de 70 clientes, totalizando um desfalque de 83 milhões de HKD. O caso seguiu ontem para o Ministério Público, onde a suspeita irá responder pelo crime de burla de valor elevado, pelo qual poderá ser punida com pena de prisão até 5 anos ou multa até 600 dias. P.A.


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MA decisão que tem por base a necessidade de controlar os gastos públicos com saúde e aumentar a eficácia. Foi desta forma que Alvis Lo, director dos Serviços de Saúde (SSM), justificou a escolha de uma parceria público-privada (PPP) para a nova exploração, gestão e manutenção do futuro Hospital das Ilhas, que deve começar a operar em 2023. “Todos os sistemas de todos os países estão a enfrentar o mesmo problema de envelhecimento populacional. É um problema global e estamos a procurar um modelo que permita o desenvolvimento sustentável do sistema de saúde”, afirmou o director. “O estudo realizado teve como objectivo ajudar a escolher o modelo”, acrescentou.

HOSPITAL DAS ILHAS CONFIRMADO MODELO DE PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA

A forma e a matéria

O Governo apresentou ontem informações sobre um estudo que terá sido determinante para a escolha do modelo de Parceria Público-Privada para explorar o novo Hospital das Ilhas. As instalações devem entrar em funcionamento em 2023

“[O envelhecimento populacional] é um problema global. Estamos a procurar um modelo que permita o desenvolvimento sustentável do sistema de saúde.” ALVIS LO DIRECTOR DOS SSM

Segundo o estudo para o modelo de gestão do novo hospital público, elaborado pelo Departamento de Medicina da Universidade de Hong Kong, foram abordadas quatro opções. A primeira passava por uma gestão totalmente pública, como no Centro Hospitalar Conde de São Januário; a segunda por criar uma empresa pública para a gestão; a terceira pelo modelo de

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ARLOSDuqueSimões, presidente da Câmara de Comércio Europeia de Macau destacou ontem, num seminário online sobre investimento, o novo plano de cooperação com a ilha de Hengqin, apresentado esta semana pelo Executivo. No evento intitulado “Roadshow Macau - Portugal”, o também advogado referiu que Hengqin tem “uma área enorme comparada com Macau”, que é “cinco o seis vezes maior”, e que está ainda “em estado de desenvolvimento”.

PPP; e um último modelo totalmente privado. O Governo revelou que a escolha caiu no terceiro sistema: “Tentamos sempre adoptar o modelo mais eficaz”, prometeu Alvis Lo. Ao mesmo tempo, admitiu que o estudo não apresenta o custo que

cada modelo significaria em termos de pacientes, o que impossibilita uma comparação financeira. “É muito difícil calcular o preço por paciente. Mas, vamos procurar o melhor modelo para a saúde”. Apesar da lógica financeira, o director dos SSM afirmou que as

pessoas que actualmente têm serviços gratuitos no Centro Hospitalar Conde de São Januário vão usufruir do mesmo regime no Hospital das Ilhas.

Negociações em segredo

Câmara de Comércio elogia plano de cooperação com Hengqin que constitui o Acordo CEPA assinado com a China, que “promove a participação de uma grande variedade de empresas no mercado chinês, garantindo a igualdade face às empresas chinesas”.

Facilidades locais

Para o presidente da Câmara de Comércio Europeia

João Santos Filipe

Alvis Lo admitiu que já decorrem negociações com a instituição

Janela de oportunidades Para Carlos Duque Simões, a ilha de Hengqin traz “um grande número de oportunidades para as Pequenas e Médias Empresas e grandes empresas, que podem ter espaço e recursos que muitas vezes não têm em Macau”. Desta forma, os negócios locais “podem crescer”, frisou ainda. O responsável falou também das oportunidades

que vai assumir o hospital, no entanto, recusou divulgar o nome por “não ser ainda conveniente”. Anteriormente, foi adiantado que decorriam negociações com o Hospital Peking Union Medical College, uma instituição privada do Interior da China. O director dos SSM foi questionado se durante as negociações foram tidas em conta propostas de instituições de Hong Kong, ou oriundas de outros países além da China, mas não respondeu. Ao invés focou os critérios da escolha: “uma instituição que tenha boa credibilidade, que mereça confiança do público, capacidade de gestão elevada e técnicas clínicas de ponta”. As obras do Hospital das Ilhas devem ficar concluídas em 2022 e quando entrar em funcionamento o número de camas para internamentos aumenta em 1.100 unidades. Para os representantes do Governo, a abertura do complexo hospitalar vai criar “uma nova fase” na saúde no território.

em Macau, Hengqin terá um ambiente regulador “que não é complicado” e que permite que a maior parte dos negócios não necessitem de licença especial para operar. Além disso, as empresas “podem ser geridas por residentes ou não residentes, independentemente da sua nacionalidade”.

Macau é, portanto, “uma economia aberta onde se pode operar”, não apenas um mercado por si só, mas também uma plataforma de acesso ao mercado chinês, disse. “Como advogado recebo muitos pedidos de investidores portugueses com interesses em Macau, incluindo do Ribatejo, sobre a disponibilidade de profissionais aqui. Podemos encontrar auditores, contabilistas, arquitectos, gestores, engenheiros, pessoas muito

qualificadas e muitas vezes bilingues. Fazem as decisões e lidam de forma fácil com investimentos locais”, adiantou ainda o orador. O evento contou com a presença de outros empresários de Macau, como António Trindade, CEO da CESL-Ásia, entre outros, e foi organizado pela NERSANT - Associação Empresarial e pela Ribatejo Business Intelligence. Paulo Cunha Alves, cônsul-geral de Portugal em Macau, encerrou a palestra. A. S. S.


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JOGO ANALISTAS ALERTAM PARA CONTROLO DO GOVERNO SOBRE DISTRIBUIÇÃO DE DI

No documento que está em consulta pública sobre a revisão da lei do jogo, o Governo propõe a definição de critérios que regulem a distribuição de dividendos das operadoras aos accionistas. Analistas alertam para instabilidade económica que pode resultar da intervenção do Executivo e do impacto no funcionamento na economia de mercado. Entretanto, as operadoras registaram ontem acentuadas quebras na bolsa

“C

ONTROLO exagerado”, “bomba” que introduz mais “fiscalização, que peca por excesso”. É desta forma que analistas ouvidos pelo HM falam do documento de consulta pública sobre a revisão do regime jurídico da exploração de jogos de fortuna ou azar em casino. Um dos pontos considerado como potencial causador de grande perturbação é a vontade do Governo de fiscalizar a distribuição de dividendos das operadoras pelos accionistas. O Executivo sugere que a distribuição, “independentemente da sua forma de realização em numerário ou em acções, não possa ser feita se não preencher antecipadamente os requisitos

Jogar com ou específicos definidos para esse efeito e obtiver previamente a devida autorização junto do Governo da RAEM”. Uma fonte ligada ao jogo, que não quis ser identificada, considera que esta mudança vai contra as regras das economias de mercado e pode trazer grande instabilidade ao sector. “Isso pode provocar uma guerra enorme nas bolsas de valores, porque a partir do momento em que o Governo diz ‘vocês só distribuem o que nós quisermos, quando quisermos’, deixa de haver um regime completamente livre e parece-se mais com um regime socialista. Falamos da Lei Básica, de restrições a empresas, cotações em bolsa. Qualquer investidor estrangeiro, nomeadamente americano, vai ter graves problemas com isso. É a medida mais brutal, e por isso acho que a fiscalização peca por excesso.” Para esta fonte, a alteração pode levar à “queda do jogo por falta de investimento”, uma vez que o sector “já não vai ser tão atractivo, pois as operações e a distribuição de lucros dependem do Governo”. “O Governo entrou por uma área que é extremamente sensível”, acrescentou. Para o economista Albano Martins, a proposta é “absurda face às regras das economias de mercado”. “A capacidade de distribuir dividendos é dos accionistas e os Governos não podem interferir nisso, viola as regras do mercado. Mesmo na China isso não acontece. Se o objectivo da empresa é distribuir lucros, e se só o podem fazer com o aval do Governo, isso vai criar insegurança aos próprios operadores.” Para o advogado Óscar Madureira, o controlo da distribuição de dividendos vai obrigar à alteração da legislação local, nomeadamente ao Código Comercial. “As

concessionárias são detidas por entidades que estão cotadas em bolsa. Qual será o impacto no capital distribuído e cotado em bolsa e quais as consequências para os actuais accionistas? É difícil de prever.” O causídico considera que “o Governo não está impedido” de adoptar a reso-

lução, “mas é estranho numa economia de mercado, onde essas regras estão definidas há muito tempo, em linha com padrões internacionais”. “Não sabemos ainda como vão funcionar estas novas regras e é preciso ter algum cuidado para não prejudicar a confiança dos investidores”, apontou.

Na óptica do advogado Carlos Coelho, a necessidade de autorização para distribuir lucros é “algo controverso”. “O documento não apresenta os detalhes sobre os requisitos que o Governo tem em mente para permitir a distribuição de lucros. É uma questão importante do ponto de vista internacional e

é bom que fique bem definido, pois levará ao afastamento de investidores importantes”, adiantou.

Onde ficam os casinos satélite?

Em 2016 a Universidade de Macau apresentou o relatório intercalar sobre o sector do jogo. Desde então, o Exe-


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IVIDENDOS A ACCIONISTAS

utro baralho cutivo teve tempo suficiente para preparar esta consulta pública, dada a proximidade do fim das concessões de jogo, mas Albano Martins lamenta estarmos perante um “documento tecnicamente muito fraco”, que é “uma bomba” e que vai criar “muita tensão e instabilidade”. “Tem orientações claras, que é a redução do número de operadoras. Qual delas vai sair?”, questionou o economista. No documento em consulta pública é proposto “o estudo e revisão do número

“Isso pode provocar uma guerra enorme nas bolsas de valores, porque a partir do momento em que o Governo diz ‘vocês só distribuem o que nós quisermos, quando quisermos’, deixa de haver um regime completamente livre.” FONTE LIGADA AO JOGO

HECATOMBE NA BOLSA As acções das operadoras de jogo sofreram ontem perdas significativas na bolsa de valores de Hong Kong. No fecho da sessão, as acções registaram quebras entre 20 e 32 por cento, sendo que as maiores verificaram-se nas empresas com capital norte-americano. A Sands China caiu 32,51 por cento, a Wynn Macau 28,97 por cento e a MGM China teve uma quebra de 26,81 por cento. As restantes operadoras registaram quebras menores, como é o caso da SJM Holdings, com 24,01 por cento, a Melco Entertainment, com 20,12 por cento, e a Galaxy Entertainment, com 20,02 por cento.

de concessões” além de se expressar “a proibição da sua subconcessão”. Este é um ponto que não surpreende os analistas, uma vez que as subconcessões sempre funcionaram como concessões, embora com “fragilidades” do ponto de vista jurídico. No entanto, “o texto parece indiciar que talvez tenham sido demasiadas concessões, e que vão diminuir, então quem salta fora”, questionou a mesma fonte ligada ao jogo. O especialista em jogo, que não se quis identificar, destaca a questão dos casinos satélite. “Até que ponto são considerados subconcessões ou não? O Governo não é tido nem achado nesta história, e pelo que se vê no documento esta é a linha mestra: o Governo vai tomar mão da indústria do jogo.” Óscar Madureira alerta para a total ausência dos casinos satélite na legislação local. “Não existem formalmente e não sei como é que o legislador vai prever isso”, comenta o jurista. “Tudo dependerá da capacidade de controlo e

de fiscalização da realidade operacional. Não há nenhum ponto da lei que legitime a operação dos casinos satélite.” Albano Martins defende que a operadora mais afectada com a possível eliminação dos casinos satélite será a Sociedade de Jogos de Macau (SJM). “Esse modelo de exploração vai ser posto em causa. Se o que foi escrito é mesmo o que o Governo quer, é claro que não podem haver tantos casinos. E quem a operadora que mais casinos tem? A SJM.” Jorge Godinho, académico da Universidade de Macau, defende que as subconcessões “foram um expediente para resolver um problema e há todas as razões para que acabem”. “Faz todo o sentido fechar este ciclo que começou em 2002. Voltamos às concessões e a questão passa pelo seu número. Há uma avaliação política e económica que tem de ser feita, e se se entender que tudo está bem assim, então será melhor prolongar as actuais e não fazer concurso público.” O académico, especialista em jogo, considera que ao conceito de concurso público acarreta um grau variável de imprevisibilidade, sujeito a circunstâncias “que podem correr mal”. Assim sendo, se é para manter o número de seis concessões, “não faz sentido fazer o concurso”. “Se é para fazer

“A capacidade de distribuir dividendos é dos accionistas e os Governos não podem interferir nisso, viola as regras do mercado.” ALBANO MARTINS ECONOMISTA

Óscar Madureira considera que “o Governo não está impedido” de adoptar a resolução, “mas é estranho numa economia de mercado, onde essas regras estão definidas há muito tempo, em linha com padrões internacionais” PUB.

um concurso tem de haver algo novo”, frisou.

Mercado laboral altera-se

Óscar Madureira não tem dúvidas de que esta não é a melhor altura para realizar um concurso público internacional para atribuir novas concessões, tendo em conta o encerramento de fronteiras e a crise no turismo devido à pandemia. “Se o Governo acrescenta ainda um número de requisitos e reivindicações que torna as concessões ainda menos apetecíveis, claro que provocará instabilidade ou pouca vontade

dos competidores de concorrerem às novas concessões.” Albano Martins destaca também o impacto da redução do número de operadoras no mercado de trabalho. “Este documento vai criar muitos problemas, nomeadamente uma grande instabilidade às próprias operadoras e trabalhadores. Os recursos humanos serão reduzidos, necessariamente. Com este tipo de projecto, o Governo vai reduzir a mão-de-obra da indústria. Se calhar, o objectivo é irmos todos para Hengqin ou para as cidades da Grande Baía.” Carlos Coelho não tem dúvidas de que o documento em consulta pública vem espelhar a vontade política de reduzir o peso dos casinos na economia. “É uma mudança que já se vinha adivinhando, fala-se sempre na necessidade de diminuir a dependência de Macau do sector do jogo e este é mais um passo nesse sentido. O documento concretiza isso”, rematou. Andreia Sofia Silva


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16.9.2021 quinta-feira

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O

Ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, insistiu ontem, durante uma visita a Seul, sobre a importância de todos os países envolvidos na península coreana reduzirem as suas actividades militares, visando reduzir a tensão. Depois de reunir com o homólogo sul-coreano Chung Eui-yong, WangYi falou sobre o teste de mísseis de cruzeiro, realizado por Pyongyang na semana passada. O ministro chinês afirmou que todos os países envolvidos devem “contribuir para a paz e estabilidade na península coreana”. Wang Yi acrescentou que “não apenas a Coreia do Norte, mas também outros países estão a realizar actividades militares”, numa referência a exercícios conjuntos de Verão entre Seul e Washington, que Pyongyang considera uma provocação. As palavras de Wang Yi também se referem ao primeiro teste, bem-sucedido, recentemente realizado pela Coreia do Sul, para lançar o seu primeiro míssil balístico a partir de um submarino. Chung considerou a China um parceiro importante na iniciativa de Seul para alcançar a paz na península por meio dos canais diplomáticos.

Jogos de guerra Países envolvidos na península coreana devem reduzir tensão militar – MNE chinês

anunciado que a Coreia do Norte lançou dois mísseis balísticos no Mar do Japão (ou Mar Oriental, segundo a designação coreana).

"A Coreia do Norte disparou dois mísseis balísticos não identificados para o Mar Oriental a partir da região central do país, depois do

O lançamento de ontem também foi detectado pela Guarda Costeira japonesa, que indicou que os mísseis aterraram fora da zona económica exclusiva do Japão (ZEE). A Guarda Costeira japonesa notificou o lançamento por volta das 13h38 (12h38 em Macau), informou o Ministério da Defesa, de acordo com a emissora pública japonesa NHK. Segundo a mesma fonte, nenhum navio ou avião comunicou danos devido aos lançamentos norte-coreanos.

Pouco depois das declarações dos responsáveis à imprensa, foi PUB.

AVISO N.° 132/AI/2021

Faz-se público que, por despacho de Sua Excelência, o Chefe do Executivo de 12 de Abril de 2021, se encontra aberto o Concurso Público para o «Fornecimento de Medicamentos do Formulário Hospitalar (Grupo 3) aos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 15 de Setembro de 2021, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP86,00 (oitenta e seis patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde, que se situa no r/c do Edifício do Centro Hospitalar Conde de São Januário) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet na página electrónica dos S.S. (www.ssm.gov.mo). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 18 de Outubro de 2021. O acto público deste concurso terá lugar no dia 19 de Outubro de 2021 pelas 10,00 horas, na “Sala de Reunião”, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP100.000,00 (cem mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 9 de Setembro de 2021 O Director dos Serviços de Saúde Lo Iek Long

“A Coreia do Norte disparou dois mísseis balísticos não identificados para o Mar Oriental a partir da região central do país, depois do meio-dia de 15 de Setembro.” CHEFE DO ESTADO-MAIOR CONJUNTO DA COREIA DO SUL

Sobremesa pesada

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 29/P/21

meio-dia de 15 de Setembro", disse o Chefe do Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul em comunicado, citado pela agência Efe. A última vez que o regime de Pyongyang disparou um míssil balístico foi no final de Março, quando testou o que parecia ser uma versão do seu projéctil KN-23, capaz de realizar trajectórias muito difíceis de interceptar.

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se os infractores abaixo discriminados:----------------------------------------------------1. Mandado de Notificação n.° 777/AI/2021: HU YINGYING, portadora do passaporte da RPC n.° E29187xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 219/DI-AI/2019 levantado pela DST a 10.08.2019, e por despacho da signatária de 09.08.2021, exarado no Relatório n.° 843/ DI/2021, de 05.08.2021, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Rua Cidade de Santarém n.° 423, Praça Wong Chio, 7.° andar AB, Macau onde se prestava alojamento ilegal.----------------------- 2. Mandado de Notificação n.° 821/AI/2021: ZHAN ZIHONG, portador do Passaporte da RPC n.° E13651xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 253/DI-AI/2019 levantado pela DST a 19.09.2019, e por despacho da signatária de 31.08.2021, exarado no Relatório n.° 892/ DI/2021, de 20.08.2021, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Avenida da Amizade n.os 361-B: 361-K, Edf. I On Kok, 20.° andar A onde se prestava alojamento ilegal.----------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.-----------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.------------------------------Desta decisão pode os infractores, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.----------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.-------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Hot Line” (Centro “Hot Line”), 18.° andar, Macau.-------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 10 de Setembro de 2021. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes


quinta-feira 16.9.2021

retrovisor

LUÍS CARMELO

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A memória de Yokohama – III LILY CROSSLEY BAXTER

A mulher abriu a porta envidraçada da varanda e deu ordens para que parassem com tudo. Fê-lo com um gesto brusco. Os braços cruzaram-se por três vezes no ar, como se estivessem na pista em frente de um avião. No terraço, um dos agentes cumpriu a ordem e disse com o megafone: “Podem parar. Digam aos figurantes que parem a operação. Acabou a experiência”. Os cientistas entraram de rompante no quarto. Envolveram silenciosamente a mulher e ouviram-na, enquanto passava as mãos pelo corpo inerte de Laurentino: “Meus senhores, a mais longa fase do projecto acabou neste momento. Como sabem, estamos face a uma experiência sem precedentes.”. A mulher abriu depois o peito de Laurentino, premindo na ondulação junto ao externo e continuou: “há três anos apenas, era difícil imaginar que esta mistura de circuitos, cabos, fibras conectoras, chips e sobretudo os quinhentos biliões de conexões interneuronais pudessem ser programados desta maneira”. A mulher, afinal a directora do projecto há quase dois anos, falava com entusiasmo para os cientistas que enchiam o quarto do hotel da Fortaleza do Guincho e, num aceno rápido, acabou por abrir uma das válvulas do dorso e retirou o mais esperado dos artefactos, parecia uma caixa de fósforos com um cilindro em miniatura na parte inferior. E disse, com gravidade, a voz metálica e cheia de eco: “É a caixa azul do nosso robô!”. “Podemos finalmente ver as imagens que foram produzidas na mente do Laurentino?”, perguntou um dos assistentes. “Claro”, concordou a mulher. A pouco e pouco, os cientistas foram-se sentando como podiam e onde havia lugar. Sobre

o tapete, na cama ou no rebordo da lareira. Não havia tempo a perder. Até que as primeiras imagens apareceram no terminal que estava ligado à minúscula caixa azul. Eram imagens às vezes sobrepostas e quase sempre alagadas por uma espécie de esquadria de cores fortes que distorcia os contornos precisos das figuras. Mas, a certa altura, as imagens tornaram-se mais nítidas: eram os chapéus quase brancos dos músicos da banda, era a imensa calote de betão a crescer entre penhascos, era um javali na sua última investida, eram as águas escurecidas da barragem, era o nariz arredondado de um judeu que não tinha nome judaico e da sua bela Clara, eram as três estrelas cadentes vistas da Tower Two, eram imagens de desejo pela mulher que contava histórias a Laurentino no avião, era o portão a deslizar sobre os carris negros da fundição, era um TIR gigante a atropelar um de dois namorados que iam de mão dada, eram fotogramas do filme L´Age d´Or de Buñuel, era o descampado aragonês, eram as chamas do World

“NUM DERRADEIRO ÁPICE, COMO SE OLHASSE PARA CIMA NA DIRECÇÃO DA ESTRELA DA MANHÃ, LAURENTINO VIU AINDA UM IMENSO TRONO DE BARRO. E SENTADO NESSE TRONO ESTAVA DEUS DE BARBA POR FAZER E A RIR ÀS GARGALHADAS COM AR MATREIRO.”

Trade Center observadas dos telhados do Soho, eram as árvores do terreiro da antiga fundição e era ainda o quarto de hotel a que um dia haviam chegado: ela deitada na chaise longue e ele na cama com os pés sobre a colcha onde está estampado um brasão e um pássaro com as asas em fogo. No tecto, viam-se diagonais esculpidas a tijolo cru encimadas por uma folha de parreira aberta de par em par. E os últimos registos eram parapentes, nuvens esparsas, beduínos e tuaregues irados, móveis cobertos por lençóis brancos, um velho com ar de profeta, uma recta sem fim, aves gigantes sobre pranchas de surf, uma cidade cheia de zigurates, risos indistintos, rochas escuras sob águas verdes vagas muito claras e fogo, apenas fogo e mais fogo a sobrevoar o mar. No final, segundos antes de acabar a gravação, revia-se a mulher a cair para o chão após a invasão da polícia. E, logo a seguir, já morta e inanimada, percebia-se que ela não passava de um robô, enquanto Laurentino ria a sonhar-lhe as entranhas, as mil simulações e a secreta fortaleza dos circuitos. Num derradeiro ápice, como se olhasse para cima na direcção da estrela da manhã, Laurentino viu ainda um imenso trono de barro. E sentado nesse trono estava deus de barba por fazer e a rir às gargalhadas com ar matreiro. Juntava as mãos uma na outra, ajudado por milhares de cabos ligados a circuitos high tech, à imagem da escultura viva do artista Stelios Arcadiou, mais conhecido por Stelarc, The Third Hand, a tal que tanto o impressionara, precisamente há um ano, em Yokohama.


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SOLUÇÃO DO PROBLEMA 54

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PROBLEMA 55

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5 9 1 1 3 5 2 8 7 3 1 0 3 1 AVISO 5 N.º 126/AI/2021 9 -----Atendendo à gravidade para o interesse 4vel proceder à respectiva notificação 3 1 pessoal,público 9 e não sendo 5 possípelo presente notifique-se infractoras5 abaixo discriminados:---------------------------------------6as-----1. 0 7 3 Mandado de Notificação n.° 754/AI/2021:RONG XIUYING, portadora do Salvo-Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau 4 que na sequência 5 do Auto 8 de0Notícia6n.° 245/ da RPC n.° C47671xxx, DI-AI/2019 levantado pela DST a 09.09.2019, e por despacho do Di7rector dos Serviços 4 1de Turismo, Substituto, 2 de5 06.08.2021, exarado no Relatório n.° 817/DI/2021, de 26.07.2021, nos termos do n.° 1 do artigo 5 3 9lhe foi determi10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, nada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção 8 autónoma 7 5situada na Taipa, 0 Rua de Évora n.°

410, Palácio do Sucesso, Harvest Palace, 5.° andar A onde se prestava alojamento ilegal.---------------------------------------------------------------------- 2. Mandado de Notificação n.° 765/AI/2021:PENG YURONG, portadora do Salvo-conduto para Deslocação a Taiwan da RPC n.° L17345xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 256.1/DI-AI/2019 levantado pela DST a 23.09.2019, e por despacho da signatária de 21.06.2021, exarado no Relatório n.° 606/DI/2021, de 01.06.2021, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Rua de Nagasaki n.° 80, Kam Fung Tai Ha, Bloco 1, 6.° andar G.--------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.-----------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.--------------------Desta decisão pode as infractoras, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-----------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.-------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Hot Line” (Centro “Hot Line”), 18.° andar, Macau.--------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 06 de Setembro de 2021. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

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GHOSTEEN58 | NICK CAVE AND THE BAD SEEDS

6 8 7 4 9 1 3 0 2No0despertar 9 6 no7 pesadelo 8 5 da 3 morte do filho de 15 anos, 1 3 4 5 2 0 7 6 5em 2“Ghosteen” 6o som 0 como 1 Nick 9se fossem 4Cave 8 explora 0remanescências 5 1 2 3 que 6 pairam 8 7 em círculos, praticamente 4 7 8 9 5 3 2 sem 1 batidas ou qualquer tipo de 7percussão. 9 3 Aéreo, 1 8 contrariando 4 6 5 o estilo narrativo que 3 4 2 7 6 5é caracte0 9 rístico das suas composições, 8o artista 1 0 australiano 3 4 7 partilha 9 2 9acordes 6 5de existencialismo, 8 0 2 1 4fé

e morte, acabando por pairar também, por vezes, numa 60 redoma de depuração repleta optimismo, 8de 3 4 9 amor 2 0e empatia. 7 5 Luz e sombra cruzam-se num 7loop2sonoro 1 8peculiar 3 5e profun6 0 do que aposta no timbre 6 5 0 2 4 1 9 dos 7 sintetizadores e do ambiente 9que0nos3rodeia. 5 8Pedro 7 1 6 Arede

3 4 2 16.9.2021 quinta-feira 1 8 9 6 5 BAHT 0.24 YUAN 1.23 7 0 CINETEATRO

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SALA 1

C I N E M A

AND THE LEGEND 2SHANG-CHI OF THE TEN RINGS [B] Um filme de: Destin Daniel Creton Simu Liu, 4Com: Tony Leung, Awkwafina, 8 Fala Chen, Meng’er Zhang 714.15, 16.45, 19.15, 21.45 9DUNE [B] Um filme de: Denis Villeneuve Timotheé Chalamet, 6Com: Rebecca Ferguson, Oscar Isaac 014.30, 18.30, 21.15 FROM MOGADISHU [C] 1ESCAPE Um filme de: Ryoo Seung-wan Com: Kim Yoon-scok, 5 Zo In-Sung, 3 SALA 2

Huh Joon-Ho, Koo Kyo-Hwan 14.30, 21.30 SALA 3

ZERO TO HERO [B] FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS Um filme de: Jimmy Wan Com: Sandra Ng, Louis Cheung, Leung Chung Hang, Fung Ho Yeung 19.30

THE CURSED: DEAD MAN’S PREY [C] FALADO EM COREANO LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Kim Yong-wan Com: Uhm Ji-won, Jung Ji-so, Jung Moon-sung, Oh Yoon-ah 16.45

4 6 7 5 9 1 2 8 0 1 6 86 1 77 2 6 01 33 4 5 92 9 4 5 9 29 06 87 4 7 3 6 1 8 3 0 3 14 55 4 80 9 66 29 78 4 2 DUNE 45 8 0 6 3 19 2 98 73 5 1 9 2 6 0 4 3 8 7 5 60 2 51 92 0 7 8 1 44 3 4 6 8 3 7 2 5 9 0 1 Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José João 1 77 9 4 Nunu 2 Wu 3 Colaboradores 52 81 0 Anabela 66 Canas; António0Cabrita; 7 António 5 Editores 1de 6 9 Luz;4José2C. Mendes 3 8Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Pedro Arede, Castro Caeiro; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Emanuel Cameira; 0 Inês Oliveira; José 8 Simões 7www. 09 43 1 Gonçalo 98 2M.Tavares; 6 5 Gonçalo 3 8Waddington; 2 1João6Paulo 0 Cotrim; 9 3 4 Morais; 5 7Luis Carmelo; Nuno Miguel Guedes; Paulo José Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Teresa Sobral; Valério Romão Colunistas André Namora; David Chan; João Romão; Olavo 3 4 2 6 0 9 2 5 8 3 Rasquinho; 1 6 Paul 0 Chan 7 Wai 9 Chi; 4 Paula Bicho; Tânia3dos8Santos7 Grafismo 4 5Paulo6 Borges, 0 1 2 Santos 9 Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Rómulo hojemacau. Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia 7 9 2 com.mo 9 6 3 8 Welfare 7 5Morada 4 Pátio 0 da1Sé, 2n.º22, Edf. Tak Fok, R/C-B, 5 4Macau; 9 Telefone 7 128752401 8 2Fax 28752405; 3 6 0e-mail info@hojemacau.com.mo; Sítio www.hojemacau.com.mo 9 8 0 4 3 60

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1 0 4 5 0 2 4 1 9 7 8 3 N.º8127/AI/2021 7 6 AVISO 2 6para o interesse público 3 e não 8 sendo possí-----Atendendo à gravidade vel proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se os infractores abaixo8 discriminados:---------------------------------------3 5 9 -----1. Mandado de Notificação n.° 756/AI/2021:LI CHUNHUA, portadora do Passaporte da RPC n.° E80359xxx, na sequência do 5 6 9 que 2 Auto de Notícia n.° 317/DI-AI/2019 levantado pela DST a 13.11.2019, e por despacho1da signatária no Relatório 6 0de 17.08.2021, 9 3 exarado 8 4 5 n.° 821/DI/2021, de 27.07.2021, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 3 15.°, ambos7da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada 1 a aplica9 ção de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma 4 situada na Praceta de Um de Outubro n. 119-131-B, 6 I Keng Kok, 5.° andar E onde se prestava alojamento ilegal.-------------os

----- 2. Mandado de Notificação n.° 764/AI/2021:GAO YANGYANG, portador do Passaporte da RPC n.° E85783xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 305/DI-AI/2019 levantado pela DST a 09.11.2019, e por despacho da signatária de 17.08.2021, exarado no Relatório n.° 828/DI/2021, de 29.07.2021, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Taipa, Avenida Dr. Sun Yat Sen (Taipa) n.° 155, Edf. Treasure Garden, 6.° andar J onde se prestava alojamento ilegal.----------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.----------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.--------------------Desta decisão pode os infractores, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-----------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.-------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Hot Line” (Centro “Hot Line”), 18.° andar, Macau.--------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 06 de Setembro de 2021. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

AVISO N.º 133/AI/2021

AVISO N.° 134/AI/2021

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se os infractores abaixo discriminados:---------------------------------------------1. Mandado de Notificação n.° 811/AI/2021:TONG KUN NAM, portador do Bilhete de Identidade de Residente Permanente da RAEM n.º 50919xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 248/ DI-AI/2019 levantado pela DST a 10.09.2019, e por despacho da signatária de 31.08.2021, exarado no Relatório n.° 880/DI/2021, de 16.08.2021, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Rua de Xangai n.º 75-D, I Keng Fa Un, I Pou Kok, 13.º andar E onde se prestava alojamento ilegal.-------------------------------------- 2. Mandado de Notificação n.° 824/AI/2021:LEONG CHU FU, portador do Bilhete de Identidade de Residente Permanente da RAEM n.º 15287xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 235/DI-AI/2019 levantado pela DST a 29.08.2019, e por despacho da signatária de 30.08.2021, exarado no Relatório n.° 894/DI/2021, de 20.08.2021, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Avenida do Almirante Lacerda n.° 25, 8.° Andar D onde se prestava alojamento ilegal.----------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.-----------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 30 dias, conforme disposto na alínea a) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.---------------------------Desta decisão pode os infractores, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.--------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.-------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção destaTELEFONE Direcção de Serviços, sito na |Alameda Dr. Carlos d’Assumpção 28752401 FAX 28752405 n.os 335-341, Edifício ‘‘Hot Line” (Centro “Hot Line”), 18.° andar, E-MAIL info@hojemacau.com.mo Macau.----------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 13 de Setembro de 2021.

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se as infractoras abaixo discriminados:-----------------------------------------------1. Mandado de Notificação n.° 784/AI/2021:WAN GENXIANG, portadora do Salvo-conduto de Residente da China Continental para Deslocação a Taiwan n.° L05943xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 265.1/DI-AI/2019 levantado pela DST a 02.10.2019, e por despacho da signatária de 31.08.2021, exarado no Relatório n.° 849/DI/2021, de 09.08.2021, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Rua Francisco H. Fernandes n.° 24, Edf. Pak Tak(China Civil Plaza), 7.° andar AA.------------------------------------------------------------------------------ 2. Mandado de Notificação n.° 823/AI/2021:HUANG ZHIJUAN, portadora do Passaporte da RPC n.° EF7676xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 384.1/DI-AI/2019 levantado pela DST a 28.12.2019, e por despacho da signatária de 12.07.2021, exarado no Relatório n.° 713/DI/2021, de 02.07.2021, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Rua de Cantao, n.° 72-R, I San Kok, 14.° andar E.-----------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.----------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.--------------Desta decisão pode as infractoras, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.----------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Hot Line” (Centro “Hot Line”), 18.° andar, Macau.-------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 13 de Setembro de 2021.

www.hojemacau.com.mo A Directora dos Serviços,

Maria Helena de Senna Fernandes

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes


quinta-feira 16.9.2021

opinião 11

www.hojemacau.com.mo

a propósito de

Olavo Rasquinho*

6º RELATÓRIO DO IPCC ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS 2021 2ª PARTE

COMO É PRÁTICA habitual, foi também publicado o “Resumo para os Decisores Políticos” (Climate Change 2021 – The Physical Science Basis - Summary for Policymakers - SPM), que consiste num documento de 41 páginas, com linguagem mais acessível, não só sobre o estado atual do sistema climático e as suas possíveis alterações devido à ação antropogénica, mas também sobre como limitar as implicações dessas alterações nas diferentes regiões do globo. O SPM consta de quatro partes:A– O Estado Atual do Clima; B – Climas Futuros Possíveis; C – Informação Climática para Avaliação de Riscos e Adaptação Regional; D – Limitando Futuras Alterações Climáticas. A parte B do Resumo para os Decisores Políticos (Climas Futuros Possíveis) consta essencialmente dos resultados de modelos de previsão climática em resposta a cinco cenários diferentes, estabelecidos em função das quantidades de gases de efeito de estufa (GEE) injetadas na atmosfera, obtendo-se, assim, projeções dos aumentos de temperatura relativos a períodos a curto (2021-2040), médio (2041-2060) e longo prazo (2081-2100), tomando sempre como referência a temperatura média global referente ao período 1850-1900. Nos relatórios do IPCC são usados, entre outros, os seguintes termos para indicar a probabilidade de ocorrência dos resultados dos modelos: praticamente certo (99-100%),

“A temperatura média do ar em zonas terrestres próximas do círculo polar ártico atingiu recentemente valores nunca registados, o que tem facilitado a ocorrência de incêndios na tundra e nas florestas da Sibéria onde, na cidade Verkhoyansk, a temperatura atingiu 37 °C em junho de 2020”

muito provável (90-100%), provável (66100%), tão provável como improvável (33-66%), improvável (0-33%), muito improvável (0-10%), excecionalmente improvável (0-1%). Assim, quando se afirma que é muito provável que o aumento da temperatura no fim do corrente século, considerando o cenário de emissões muito altas, possa atingir valores entre 3,3 e 5,7 °C, é o

mesmo que afirmar que a probabilidade de que tal aconteça é de 90% a 100%. O quadro resume o aumento muito provável da temperatura média global correspondente aos cinco cenários estabelecidos: Emissões muito baixas, Emissões baixas, Emissões intermédias, Emissões altas e Emissões muito altas. De acordo com este quadro, é muito provável que o aumento da temperatura a longo prazo (2081-2100) esteja compreendido entre 1,0 e 1,8 °C no cenário de baixas emissões de GEE. Analogamente, também no fim do século, no cenário emissões intermédias o aumento de temperatura seria muito provavelmente de 2,1 a 3,5 °C e no cenário de emissões muito altas, de 3,3 a 5,7 °C. Se não houver um esforço concertado a nível global para reduzir as emissões de GEE, a situação atual poderá evoluir de modo a ser enquadrada no cenário mais pessimista (usualmente referido como “business as usual”), é muito provável que o aumento da temperatura no fim do corrente século possa atingir valores entre 3,3 e 5,7 °C, o que seria catastrófico para a vida no nosso planeta. Ainda segundo o AR6, de acordo com estudos paleoclimáticos, foi há mais de 3 milhões de anos a última vez que a temperatura média do ar (em relação ao período 1850-1900) se manteve igual ou acima de 2,5 °C. A parte C do SPM (Informação Climática para Avaliação de Riscos e Adaptação Regional), trata de informações sobre como o sistema climático responde à influência da interação da atividade humana com fatores naturais e a própria variabilidade interna, tendo em vista o planeamento de medidas de adaptação e de redução de riscos à escala regional. A parte D (Limitando as Futuras Alterações Climáticas) debruça-se sobre a necessidade de limitar as futuras alterações climáticas, enfatizando que o controlo de possíveis climas futuros está intimamente relacionado com redução drástica das emissões de CO2. Realça também a constatação de que existe uma relação quase linear entre as emissões de dióxido de carbono produzido pelas atividades humanas e o aumento global da temperatura. Estabelece que para cada mil gigatoneladas de CO2 acumulado na atmosfera corresponde um aumento global de temperatura de cerca de 0,45 °C.

AUMENTO DA TEMPERATURA EM FUNÇÃO DE 5 CENÁRIOS (°C) CENÁRIOS

Emissões muito baixas

(Capistrano Beach – Califórnia) A subida do nível do mar põe em perigo as regiões costeiras

Curto prazo (2021-2040)

Médio prazo (2041-2060)

Longo prazo (2081-2100)

Muito provável

Muito provável

Muito provável

1,2 a 1,7

1,2 a 1,7

1,0 a 1,8

Emissões baixas

1,2 a 1,8

1,2 a 1,8

1,3 a 2,4

Emissões intermédias

1,2 a 1,8

1,2 a 1,8

2,1 a 3,5

Emissões altas

1,2 a 1,8

1,2 a 1,8

2,8 a 4,6

Emissões muito altas

1,3 a 1,9

1,3 a 1,9

3,3 a 5,7

Aspeto de uma área de pergelissolo, na região ártica.

O passar do tempo tem revelado que as projeções do IPCC são por vezes ultrapassadas pela realidade. Em certas regiões do globo o aquecimento tem sido superior ao previsto. Assim, por exemplo, a temperatura média do ar em zonas terrestres próximas do círculo polar ártico atingiu recentemente valores nunca registados, o que tem facilitado a ocorrência de incêndios na tundra e nas florestas da Sibéria onde, na cidade Verkhoyansk, a temperatura atingiu 37 °C em junho de 2020. O aumento de temperatura em regiões de latitudes tão elevadas tem vindo também a causar o degelo em vastas áreas em que o solo húmido permanece quase permanentemente gelado, formando o que se designa por pergelissolo (permafrost, em inglês) e que, ao fundir, provoca a libertação de grandes quantidades de metano, o que contribui para reforçar o aquecimento global. Aspeto de uma área de pergelissolo, na região ártica. O aumento da temperatura nestas regiões tem sido duas vezes superior à média global. Comparado com o CO2, o metano, como gás de efeito de estufa, é cerca de 20 vezes mais potente, embora permaneça muito menos tempo na atmosfera. Outra implicação das alterações climáticas é o aumento do nível médio do mar, devido não só ao degelo de grande parte das calotas polares e de glaciares, mas também à dilatação provocada pelo aquecimento. Segundo medições obtidas via satélite, o nível do mar tem aumentado cerca de 3 cm por década. Através do AR6 pode-se ter acesso a um simulador que nos disponibiliza um mapa com as projeções de subida do nível do mar. Um sinal de que as alterações climáticas são uma realidade é o facto de ter chovido significativamente, em 14 e 15 de agosto do corrente ano, no ponto mais alto da Gronelândia, algo que nunca tinha acontecido desde que há registos das ocorrências de fenómenos meteorológicos. O tipo de precipitação normal nessa região é a queda de neve. A chuva contribui para acelerar o ritmo do degelo nas calotas polares. Este acontecimento ilustra bem uma das constatações do AR6 no que se refere ao agravamento das condições favoráveis ao degelo na Gronelândia, que tem vindo a acentuar-se nas últimas duas décadas devido às emissões de GEE. *Meteorologista. O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico


“Na noite profunda e escura da alma, são sempre três da manhã.” PALAVRA DO DIA

F. Scott Fitzgerald

quinta-feira

16.9.2021 episódio 74

O Jogo das Escondidas

China Produção industrial cresceu 5,3% em Agosto

um folhetim por Fernando

A produção industrial da China cresceu 5,3 por cento, em termos homólogos, em Agosto, abaixo das previsões dos analistas e da subida de 6,4 por cento registada no mês anterior, informou o Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) chinês. Apesar de ser o sexto mês consecutivo de desaceleração e a menor marca dos últimos 12 meses, os dados apontam para a recuperação da produção industrial do país asiático, ainda que em ritmo mais lento. Entre as três principais categorias em que o GNE divide o indicador, destaca-se o crescimento da indústria de electricidade, aquecimento, gás e água, que avançou 6,3 por cento, em Agosto, depois de ter crescido 13,2 por cento, em Julho. O sector manufatureiro cresceu 5,5 por cento, em termos homólogos, enquanto a indústria de mineração cresceu 2,5 por cento. Em termos homólogos, entre os 41 subsectores da indústria em que o GNE subdivide as estatísticas, 34 registaram um aumento de actividade no oitavo mês do ano.

Portugal “Nós já ganhámos a este vírus”, diz Gouveia e Melo

O responsável pela ‘task-force’ que coordena o programa de vacinas contra a covid-19, vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, assumiu ontem que Portugal “já ganhou a este vírus”. “Nós já ganhámos a este vírus, pelo menos, a primeira batalha está ganha e isso é um grande alívio”, assumiu ontem o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo em Viseu, na cerimónia de abertura da Escola secundária Alves Martins, onde estudou com 15 anos. À margem da cerimónia, justificou aos jornalistas que a batalha está ganha, “porque a incidência está a cair apesar do estado de desconfinamento” em que o país se encontra, já depois do período de férias e da presença de estrangeiros. “O processo de vacinação venceu o vírus e agora temos de começar a aprender a reganhar a nossa liberdade e a nossa vida. É isso que temos de fazer, claro que com alguns cuidados. Temos de ser inteligentes, também não podemos ser descuidados”, alertou.

Prémios PEN Luís Carmelo, José Gil e José Eduardo Agualusa entre os nomeados

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Luís Carmelo, colaborador do HM, Hélia Correia, José Luís Peixoto, José Gil, Cristina Robalo-Cordeiro, José Eduardo Agualusa estão entre os 15 finalistas dos prémios PEN 2021, nas áreas da poesia, ensaio e narrativa, que foram ontem anunciados. Para o prémio de narrativa estão selecionados os escritores Luís Carmelo, com o livro “Cálice” (Abysmo), José Eduardo Agualusa, pela obra “Os vivos e os outros” (Quetzal), H.G. Cancela, com “A Noite das Barricadas” (Relógio d’Água), Isabel Rio Novo e o romance “Rua de Paris em dia de Chuva” (Dom Quixote), bem como João de Melo, com “Livro de Vozes e Sombras” (D. Quixote). Em comunicado, o PEN Clube Português anunciou que a selecção de finalistas à edição deste ano do prémio de poesia inclui os escritores Hélia Correia, pela obra “Acidentes” (Relógio D’Água), Inês Fonseca Santos, por “Os grandes animais” (Abysmo), José Alberto Oliveira, com “Rectificação da linha geral” (Assírio & Alvim), José Luís Peixoto, com “Regresso a casa” (Quetzal), e Pedro Eiras, com “Inferno” (Assírio & Alvim).

A China tinha 2.158 militares envolvidos em operações de manutenção de paz em todo o mundo a 31 de Julho, de acordo com os últimos dados da ONU

A prática faz o mestre China terminou o primeiro exercício multinacional da ONU no país

T

ERMINOU ontem o primeiro exercício de manutenção da paz internacional com capacetes azuis realizado na China. O exercício, que teve início a 6 de Setembro na base militar Queshan, em Zhumadian, na província de Henan, e foi designado como “Destino Comum 2021”, contou com a participação dos exércitos da China, Paquistão, Tailândia e Mongólia. Cerca de mil soldados vestidos com as fardas azuis da ONU foram mobilizados para o exercício, que decorreu num enorme campo de treino rodeado de montanhas. Afim de recriar condições semelhantes à realidade no terreno, os militares revezaram-se no papel de refugiados, aldeões envolvidos em lutas e militantes armados que atacavam as forças da ONU.

Dezenas de veículos blindados, buldózeres, helicópteros e tanques, todos brancos e com o logótipo da ONU, foram mobilizados para o evento. Esta é a primeira vez que a China organiza um exercício internacional de manutenção de paz no seu território. O nome da operação, “Destino Comum 2021”, é uma expressão do Presidente chinês, Xi Jinping, que visa “demonstrar o apoio da China ao sistema multilateral centrado na ONU”, sublinhou o alto responsável militar Lu Jianxin.

Depois de meio século

O exercício ocorre no 50.º aniversário do reconhecimento da República Popular como representante da China nas Nações Unidas. O evento ocorre também num momento de tensões

prolongadas entre a China e a Índia sobre disputas na fronteira e de incerteza sobre a segurança no Afeganistão depois da retirada das forças norte-americanas e aliadas em Agosto. A China tinha 2.158 militares envolvidos em operações de manutenção de paz em todo o mundo a 31 de Julho, de acordo com os últimos dados da ONU. Isto torna o país asiático no oitavo maior contribuinte mundial em termos de tropas destacadas para missões de paz das Nações Unidas. Os militares chineses estão envolvidos sobretudo no Sudão do Sul, Mali, Líbano e República Democrática do Congo. O país participa em operações de manutenção de paz da ONU desde 1990, com o fim da Guerra Fria, e já integrou 25 missões desse tipo.

Sobral

- Porque é que decidiste regressar, Benedito? - Senti que algo se passara. Às vezes antecipo os acontecimentos. - Ou tens informações que te permitem tirar essas ilacções... Benedito fez um esgar. Agarrou no copo de cerveja e levou-o à boca. Desviou a questão. - Estava cheio de sede. A cerveja aqui é melhor. Amoroso não se conteve: - Qual é o teu jogo, Benedito? Este mostrou-se espantado: - O meu jogo? Conhece-me, meu caro tenente. Procuro sobreviver. E tenho sido leal consigo. Às vezes fico quieto para não espantar os demais. - Espanta-me que saibas tanto sobre a vida de Sofia Palha e do João Carlos Silva. E tão pouco de outras coisas. - Que outras coisas? Sei agora que a tua amiga Ding Ling montou uma cilada ao alemão e a Fu Xian. Sobre este fez-me um favor. Desapareceu um problema. Deixei de ter uma dívida para pagar. - Sim, ele fazia chantagem sobre ti. Sobre as tuas aventuras amorosas. E talvez sobre outras coisas que eu não sei. Mas saberei em breve. Mas como soube Ding Ling da táctica de Max Wolf para assaltar o vapor? Benedito encolheu os ombros e bebeu mais um pouco de cerveja. O tenente tamboriou os dedos da mão esquerda na pequena mesa de madeira suja que estava entre ambos. - Saíste mesmo de Macau? - Duvida disso? - Duvido. Acho que foste tu que contaste os planos de Fu Xian e de Wolf a Ding Ling. Esta resolvia-te um problema. Benedito deu uma gargalhada. Amoroso não esboçou sequer um sorriso. - Meu caro tenente, estive em Xangai. E nem sequer conheço Ding Ling. - Isso não sei. E também não precisas de conhecer Ding Ling para lhe fazeres chegar qualquer informação. Benedito olhou fixamente para Amoroso. A sua voz endureceu: - Meu caro tenente, ninguém é inocente aqui. Todos fugimos de algo. Sobretudo do nosso passado. É o que fazemos em Macau, não é verdade? Eu fugi do meu passado, mais escuro do que o que conto, é verdade. E o tenente, faz o quê? Fugiu do seu passado na guerra, no cemitério de França. E foge do seu passado recente, aqui mesmo, não é? Quer esquecer isso? (continua)


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