Hoje Macau 15 JUN 2016 #3592

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Director carlos morais josé

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quarta-feira 15 de junho de 2016 • ANO Xv • Nº 3592

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pedofilia

Um mundo de sombras Os casos de pedofilia em Macau podem ser mais do que os conhecidos. Tragédias escondidas vividas em silêncio. grande plano

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henrique nunes

opinião

Quantos O silêncio A visão Banido vão a dos do concurso? dirigentes Mister Quinto romance fernando eloy

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entrevista

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julie o’yang


2 grande plano

Pedofilia

Casos escondidos e sem protecção num território de lei curta

Mundos partidos

Vivem nas sombras. Nas mais escuras de todas. São famílias a esconder um problema que deveria ser “uma responsabilidade social”: a pedofilia. Uma psicóloga relata-nos casos. “Muitos, muitos casos”. Vergonha, medo e um mundo que desaba levam a que se viva este drama em silêncio. Macau diz querer rever o Código Penal. Enquanto isso crianças vêem o seu mundo ser estilhaçado. Para sempre...

N

ão quer dizer quantos casos já lhe passaram pelas mãos. Nem estamos ali para isso. Recorda o primeiro e o choque que foi perceber o que tinha à sua frente. Mas agora já não é surpresa por, infelizmente, ser tão comum. Goreti Lima, psicóloga, conta que há “muitos, muitos, mas mesmos muitos casos de pedofilia em Macau”. Este não é um território especial. Aqui, como em qualquer parte do mundo, as crianças sofrem de abusos sexuais. Um drama que se vive em silêncio, que mora em casas com cortinas fechadas, portas trancadas e corações partidos. Perceber o que leva uma família, uma mãe, uma avó, um pai ou alguém que ama uma criança, vítima de pedofilia, a esconder esta tragédia pode ser um desafio difícil de enfrentar. “O que leva

os pais a esconder... bem, para já é super-difícil acreditar que isto [a pedofilia] está a acontecer. Então o que normalmente fazem é achar que a criança está a inventar ou que não é bem aquilo que ela diz ou que até está a fazer confusão. Isto porque aquela pessoa [que pratica pedofilia], por norma, até é uma pessoa amiga da família”, começa por explicar. Um acto que é calculado, ao milímetro. “É maquiavélico, tudo é muito bem preparado. A actuação de um pedófilo é muito calculada. Não são casos rápidos. Vão conhecendo a criança, o seu ambiente, vão fazendo a preparação para o acto. Vão preparando a sua presa e isto leva o seu tempo. O grande alvo deste processo, por norma, é a família para minimizar todas as suspeitas. Quando a criança começa a deixar de querer estar

onde aquela pessoa está, a família nunca pensa que é por isto, mas sim outra razão qualquer”, relata.

Um perfil definido

Os casos que trabalhou, e tantos outros que estudou, trazem uma infeliz certeza à psicóloga. A pessoa pedófila age de forma padronizada e respeita um perfil muito próprio, como por exemplo, vontades, desejos ou concretização dos seus ímpetos durante pelo menos seis meses. Reconhecido como uma patologia no mundo da psicologia e psiquiatria, os doentes, “normalmente são pessoas muito bem vistas na sociedade. Têm posições de estatuto, são sempre muito amáveis, muito prestáveis, muito simpáticas e super metódicos. À partida não existe nenhum indício que leve a crer que aquela pessoa


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possa sequer ter actos pedófilos”, caracteriza, frisando que este perfil despista qualquer desconfiança. Conquistando uma postura de confiança é nesse momento que se desenrola o crime. “Depois de conquistar a criança, de entrar no mundo dela e de lhe fazer entender os laços de carinho e amor que os liga, é aqui o pedófilo actua”, aponta.

Será errado?

No outro lado da moeda, temos a criança, que nem sempre percebe que é errado. “O que acontece é que a criança sente-se muito baralhada”, aponta. Algo perfeitamente natural depois de tanto trabalho de conquista. “As crianças têm imensas dúvidas sobre sexualidade ou sobre as mudanças no corpo e eles normalmente fazem essa aproximação. Portanto, quando um dia tocam, mostram ou querem ver, não é uma coisa totalmente despropositada, porque eles já foram expondo a criança ao estímulo, ou seja, nunca é um acto totalmente descontextualizado”, indica. Ainda assim, para a criança, é uma surpresa, porque lhe suscita dúvidas. “Se esta pessoa é minha amiga, está próxima de mim, diz que gosta de mim, será errado? É o pensamento da criança”, relata. No entanto, há sempre uma altura em que a vítima percebe que não está certo, mas sente vergonha por tudo o que aconteceu. “Ao mesmo tempo o pedófilo faz com que a criança sinta culpa no assunto, porque introduz-lhe ideias de que ela [a criança] o quis fazer, e teve prazer nisso”, continua, assinalando que os dados mundiais indicam que há mais pedófilos homens do que mulheres. “Mas há pedófilos homens e mulheres”, assinala.

Verdade escondida

Depois de, no início do mês passado, terem surgido dois casos de alegada pedofilia, envolvendo um português e um idoso chinês, a sociedade de Macau parece ter ficado chocada. “A verdade é que todos os dias há casos destes que nunca chegam a ser conhecidos”, garante Goreti Lima. Fonte do HM, responsável por uma associação que acolhe crianças, confirma esta realidade. Existem muitos casos e algumas das crianças que o espaço acolhe são vítimas. Os números oficiais em nada compactuam com estes relatos. Indica-nos a Polícia Judiciária (PJ), por email, que desde 2011, as autoridades receberam um total de 11 casos, quatro em 2012 e três

Perceber o que leva uma família, uma mãe, uma avó, um pai ou alguém que ama uma criança, vítima de pedofilia, a esconder esta tragédia pode ser um desafio difícil de enfrentar no ano passado. Números que não batem certo com a realidade, porque a PJ garante que este ano ainda não recebeu qualquer acusação.

Assobiar para o lado

Em Macau, as crianças vítimas de pedofilia estão protegidas pelo Código Penal, mais precisamente pelo capítulo que diz respeito aos crimes contra a liberdade e autodeterminação sexuais, mais especificamente nos artigos 166º ao 170º. Diz a lei que “quem praticar acto sexual de relevo com ou em menor de 14 anos, ou o levar a praticá-lo consigo ou com outra pessoa, é punido com pena de prisão de 1 a 8 anos”. Pena que poderá aumentar até aos 10 anos de prisão se o agente tiver cópula ou coito anal com menor de 14 anos. No artigo seguinte é definido que “quem tiver cópula com menor entre 14 e 16 anos, abusando da sua inexperiência, é punido com pena de prisão até 4 anos, sendo que é alvo da mesma pena quem praticar coito anal. Violação sexual a crianças em momento algum é referido na lei. “É uma falha”, frisa a responsável pela associação de crianças. “Na lei não está definido se é ou não é criança, trata a violação de forma igual. Não pode ser assim, não deve ser assim”, argumenta. As penas são também alvo de crítica. Goreti Lima aponta o dedo a um Direito que não protege as crianças. Já Song Pek Kei, deputada por sufrágio directo, caracteriza as penas de “muito leves” para crimes que mereciam “mãos mais pesadas”. “Em Macau não existe uma punição muito exigente, como por exemplo a pena de morte, mas podemos abordar essa questão”, garantiu a deputada, ao HM. Para a legisladora, as notícias “de casos de abusos de crianças” têm sensibilizado a sociedade para este drama. “É preciso pensar nisto, admitirmos que existe este

A actuação de um pedófilo é muito calculada. Não são casos rápidos. Vão conhecendo a criança, o seu ambiente, vão fazendo a preparação para o acto. Vão preparando a sua presa e isto leva o seu tempo problema na nossa sociedade, ao fazê-lo será mais fácil tratarmos do assunto e evitar que mais casos venham acontecer. O que está a faltar é a consciencialização deste drama”, defende. Para o advogado Miguel de Senna Fernandes, “nos tempos que correm”, apesar de não existir, em Macau, um alto registo de números de casos, há “todo o interesse em rodear o tratamento desta matéria com uma medida penal acentuada”. Para Goreti Lima, este devia ser uma “respon-

sabilidade social”. A sociedade devia sentir que têm a obrigação de tornar estes casos públicos e puni-los. Numa conferência na Florida, Estados Unidos da América, a psicóloga espantou-se com a defesa de introdução do ensino sexual no jardim de infância. “Na altura pensei, que horror, esta gente está doida, estão a acordar quem está a dormir. Porque não estava a ver o outro lado da questão, que é quanto mais informação a criança tiver, mais alerta pode estar e pode dizer ‘isto não está certo’”, explica.

Abrir de olhos

É, por isso, que a solução passa sempre pela educação. “Tocar numa criança de forma a estimular os órgãos sexuais ou a própria criança é pedofilia”, garante Goreti Lim, indicando que muitas vezes as crianças “não sabem porque é que aquilo está a acontecer mas até gosta”. “São festinhas, é carinho, é mimo, portanto a criança gosta, mas não está preparada para saber se aquilo está certo. Mas não está. É errado”, frisa. “Temos de avisar que não é certo tocar nas suas zonas íntimas, nem que a criança toque em alguém”, remata.

Depois de, no início do mês passado, terem surgido dois casos de alegada pedofilia, envolvendo um português e um idoso chinês, a sociedade de Macau parece ter ficado chocada Da sua experiência, a especialista não tem qualquer dúvida “todos nós temos à nossa volta casos de pedofilia, muitas vezes de pessoas já adultas que foram vítimas em crianças”. As consequências, aponta, são nefastas. Crianças que se tornam problemas com auto-estimas destruídas, com problemas relacionais, marcas profundas. Adultos que em crianças acreditaram numa pessoa amiga. Que, finalmente, lhes roubaram a possibilidade de acreditar e de sonhar. Filipa Araújo (com A.K.)

filipa.araujo@hojemacau.com.mo


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hoje macau quarta-feira 15.6.2016

Chan Chak Mo garante que a comissão do hemiciclo não está a arrastar propositadamente o debate sobre o fim das salas de fumo nos casinos. O deputado referiu que a quebra das receitas não é a única razão para um retrocesso na política “tolerância zero”

Tabaco Diploma não está a ser arrastado, dizem deputados

O fumo anda no ar

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vice-presidente da Assembleia Legislativa (AL), Lam Heong Sang, entregou uma interpelação ao Governo onde exige que sejam clarificadas as regras de contratação de trabalhadores no sector da construção civil, por terem sido verificadas irregularidades entre empreiteiros e subempreiteiros. “Segundo uma reportagem recente da imprensa, suspeita-se que mais de 40 trabalhadores não residentes, que alegam trabalhar na área da pintura num estaleiro na Taipa, há quatro meses que não recebem salário.

Dúvidas e clarificações

O memorando que será agora entregue ao Executivo contém pedidos de clarificação dos deputados relativamente a questões como o cigarro electrónico ou a venda de tabaco em máquinas.

“É uma questão que preocupa toda a sociedade e temos de agir cautelosamente” Chan Chak Mo deputado

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stá longe de ficar concluído o debate na especialidade sobre a revisão do regime de controlo e prevenção do tabagismo. O diploma passou meses sem ser discutido e agora os deputados vão reunir uma quarta vez sobre as opiniões a serem entregues ao Executivo, através de um memorando. Contudo, o deputado Chan Chak Mo garantiu ontem, no âmbito de mais uma reunião da 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), que não há qualquer intenção de arrastar o processo. “É uma questão que preocupa toda a sociedade e temos de agir cautelosamente. São apenas sugestões. Não quer dizer que estejamos a arrastar o nosso trabalho”, apontou. Chan Chak Mo destacou ainda o facto da quebra das receitas dos casinos não ser o único factor para que os deputados estejam contra a política da “tolerância zero” face ao fumo dos casinos, conforme

a passar e cada deputado tem o seu eleitorado. Esta é uma decisão política”, explicou o deputado indirecto.

Chan Chak Mo

defendeu Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. “Não é por pressão económica que propomos a alteração, é para fazer lembrar ao Governo algumas situações que têm de ser consideradas”, referiu Chan Chak Mo. “Tenho de dizer que não sou fumador e entendo que não se deve estar sujeito a um ambiente de fumo passivo. Não sei se as salas para fumadores são 100% estanques. Foram feitos largos investimentos e se os casinos entenderem que a criação de salas de fumadores ajuda a recuperar a que-

bra das receitas...Deu-se um grande passo em frente com a criação de salas para fumadores e temos de ver, por exemplo, qual a distância que os jogadores têm de percorrer para fumar. (A economia) é uma das considerações. A minha opinião individual é que dependemos de uma única actividade económica da proibição do fumo nos casinos e da origem dos jogadores.”

E os eleitores?

Questionado sobre o facto de ter sido aprovada na generalidade

uma lei que deverá ser completamente diferente no seu conteúdo, Chan Chak Mo considerou essa situação normal. “É normal na generalidade ser-se a favor e na especialidade ser contra, cada um tem a sua justificação. Trata-se de uma decisão política e cada um tem que se justificar perante o seu eleitorado. Há várias propostas de lei que foram totalmente alteradas na especialidade. São as regras do jogo, há deputados que concordam e discordam, é normal. Todos sabem o que se está

Qual a lei que me pertence? Vice-presidente da AL quer clarificar contratação de trabalhadores

O responsável do estaleiro em causa já respondeu que exigiu ao subempreiteiro que pagasse, o quanto antes, os salários em atraso. O construtor é que pediu a autorização para estes trabalhadores, mas o empregador é o subempreiteiro. Com este caso ficámos todos a saber que o problema é bastante grave e parece que, em todo o processo, não há leis para cumprir e que a sociedade vai ficar sem saber como

é que o problema vai ser resolvido”, defendeu.

Lacunas à vista

Lam Heong Sang disse que este caso “demonstra bem as falhas que existem na importação da mão-de-obra e na sua fiscalização, e ainda a falta de regulação do regime de subempreitada no sector da construção civil. Se a situação se mantiver, vão continuar os problemas da exploração de trabalhado-

res e da violação dos seus direitos”. “Existe um regime de subempreitada na construção civil, mas segundo as exigências da lei da contratação de trabalhadores não residentes, ao caso acima referido não é possível adoptar o modelo da subempreitada”, disse Lam Heong Sang, ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). O vice-presidente deseja saber quais as mudan-

“Os produtos não podem ser expostos ou vistos de fora. Queríamos saber junto do Governo qual será o grau de aplicação. As tabaqueiras têm uma opinião contrária e isso vai afectar o negócio. Outra questão é a proibição de comercialização do cigarro electrónico. Agora é só proibida a sua comercialização, mas não quer dizer que seja proibido o seu consumo.” Chan Chak Mo alertou ainda para a necessidade de clarificar a proibição de fumar junto aos autocarros. “Agora a proibição de fumar estende-se a menos de dez metros de distância das paragens. Entendemos que não é exequível essa medida e temos de pedir ao Governo para nos explicar como vai ser executado, porque as vias são muito estreitas e também é proibido fumar do outro lado. É difícil de pôr em prática”, concluiu.

ças que devem ser feitas na lei das relações do trabalho e nas “regras de gestão do pessoal dos estaleiros da construção civil em obras de empreitada e dos locais onde se realizam obras”, as quais ainda não foram implementadas. Tudo isto para “clarificar a constituição das redes de empreitadas nas obras de construção e nos locais onde se realizam as obras, e identificar de forma eficaz os responsáveis pelos conflitos laborais e os acidentes de trabalho, garantindo a ordem e o funcionamento das referidas redes e os locais onde se realizam as construções”, apontou. A.S.S.

Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


5 política

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rrancou ontem a análise da proposta de lei relativa ao estatuto dos notários privados em Macau pela 1ª comissão permanente daAssembleia Legislativa (AL). Em discussão esteve a falta de profissionais na área e as directrizes para a reintegração de habilitados, para além da possibilidade de abertura de concurso que abranja a inspecção dos notários. A Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, disse aos jornalistas que ainda não sabe quantas vagas vão abrir para que novos notários possam concorrer. Presidida pela deputada Kwan Tsui Hang, a comissão serviu para abordar as questões relativas à falta dos profissionais no território da RAEM bem como a possível reintegração de profissionais, para além da ausência de inspectores suficientes. Actualmente existe apenas um profissional para monitorizar a qualidade profissional do serviço dos notários privados, número evidentemente escasso para os 57 notários. Neste sentido Kwan Tsui Hang adianta a possibilidade da presente proposta de lei poder vir a abranger um concurso para admissão ao curso de formação nesta área. No que respeita à possível reintegração de profissionais já considerados habilitados pelo Regime Transitório que data da fase anterior a 1999, a presidente da 1ª Comissão Permanente adianta que neste momento há 15 pessoas nesta situação que não estão em Macau. Para estes casos, e assim que a proposta de lei for aprovada, será enviada uma notificação informativa em que é dado um prazo de três meses para os interessados informarem a sua intenção de exercer a profissão no território.

Mais formação

O diploma abrange ainda a abertura de um concurso para admissão ao curso de forma-

Notários Governo não sabe quantas vagas vai abrir

Eternas questões

A Assembleia Legislativa começou ontem a analisar o estatuto dos notários privados. A Secretária para a Administração e Justiça não sabe quantos concursos vão ser abertos. Deputados pedem mais inspectores

ção organizado pelo Centro de Formação Jurídica e Judiciária tendo em conta a escassez de notários privados na RAEM. Desde 2002 que não é aberto um curso de admissão para as funções, sendo que dos cinco cursos ministrados até essa data foram qualificados 99 notários privados. Hoje exercem na RAEM 57 profissionais que não garantem a necessidade de estabelecer o equilíbrio entre a procura de serviços notariais e a capacidade de resposta do sector com vista à eficaz satisfação das necessidades da população. Sofia Mota (com F.A.)

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Mudanças à vista

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57

Primeiro Cartório Notarial Público situado nas instalações da Santa Casa da Misericórdia no Largo do Senado vai mudar de casa. Kwan Tsui Hang revelou a decisão do Governo de mudar o serviço para a zona norte da cidade, não adiantando quaisquer informações acerca do destino do edifício que ocupa actualmente. Ao ser confrontado com a decisão, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Macau, António José de Freitas, em declarações à Rádio Macau, afirma que ainda não recebeu qualquer denúncia do contrato de arrendamento por escrito, salientando a preocupação com a situação: “Entendemos que o Governo deveria ter uma maior responsabilidade em zelar pela imagem daquele edifício.” Afirma ainda que lamenta que a Santa Casa seja a primeira vítima da política de austeridade do governo ao mesmo tempo que refere que a renda de um milhão e duzentas mil patacas que a Santa casa recebe anualmente do aluguer do espaço representa cerca de 1% dos cerca de 100 milhões de patacas que o Governo gasta em arrendamentos de vários espaços públicos de Macau É intenção da Santa Casa continuar a arrendar este espaço sendo que considera que o inquilino “deveria ser um departamento do Governo, ou então um banco ou qualquer coisa que não seja de comes e bebes” de modo a zelar pela imagem e dignidade do edifício em si, remata.

número de notários a exercer em Macau

Deputado exige mudanças na eleição do Chefe do Executivo

O

deputado Ng Kuok Cheong entregou uma interpelação ao Governo onde volta a pedir mudanças na lei eleitoral para eleger o Chefe do Executivo de modo a corresponder ao que consta na Lei Básica, por forma a que seja implementado de forma gradual um sistema democrático em Macau. Ng Kuok Cheong referiu-se ao processo de revisão da lei eleitoral para a Assembleia Legislativa (AL), actualmente

em curso, lamentando que esta não preveja um aumento dos deputados eleitos pela via directa. Para o deputado pró-democrata, que já pertenceu à Associação Novo Macau (ANM), a revisão da lei eleitoral para o Chefe do Executivo é fundamental para o estabelecimento da democracia no território. O deputado voltou a lembrar que a Lei Básica prevê a possibilidade de rever as leis

de eleição do Chefe do Executivo, defendendo que o Governo deve responder a essa responsabilidade. Ng Kuok Cheong referiu ainda na sua interpelação que o Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional, em Pequim, apresentou quatro exigências para as eleições de Macau. Estas devem incluir a estabilidade do sistema político, a protecção dos interesses dos vários sectores, a operacionalidade administrativa e o

desenvolvimento sustentável do território. Ng Kuok Cheong citou ainda um inquérito já realizado que revela que 60% dos inquiridos apoia o sufrágio universal directo para a eleição do Chefe do Executivo. O deputado pretende saber se o desenvolvimento democrático em Macau irá corresponder a estas exigências ou se existe um impedimento para o desenvolvimento democrático. T.C. (revisto por A.S.S.)


6 Política

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“A

Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) irá prestar estreita atenção à respectiva situação junto dos serviços competentes, e executar os devidos trabalhos para articular com o respectivo plano de contingência.” Foi assim que a DSPA respondeu às questões que o HM colocou relativamente ao nível de preocupação que a população da RAEM deve ter relativamente às cinco centrais nucleares que a rodeiam, com especial ênfase para a central de Taishan ainda em construção, e que tantos protestos tem levantado junto de alguns sectores da população, ou não estivesse a apenas 67 km do território. Do leque de perguntas formuladas pelo HM constava ainda o teor do plano de contingência. Para Agnes Lam, docente universitária e dirigente da Energia Cívica de Macau, é compreensível que “exista matéria militar sensível que não possa ser divulgada”. Todavia, para a académica “deveria existir um plano de evacuação e, pelo menos parte dele, deveria ser divulgado para que a população se sinta segura”. Na mesma linha, segue a Associação Novo Macau (ANM). “O Governo responde em meia dúzia de linhas não, é?, pergunta ao HM Jason Chao da ANM, “não é aceitável”.

Mudar Macau de sítio

Jason Chao vai ainda mais longe dizendo que o plano não só de-

Nuclear Governo não divulga plano de contingência

Silêncio radioactivo Após a polémica gerada pela central de Taishan, o Governo disse ter um plano de contingência em caso de acidente mas não explicou qual. O HM quis saber mais mas nada conseguiu. Jason Chao diz que o plano deveria até contemplar “uma nova localização para Macau”. Agnes Lam apela à “necessidade da população se sentir segura” e Wang Zhishi, especialista da UM, diz não acreditar em acidentes veria ser público como “em face da construção de tantas centrais à volta de Macau, a população deveria conhecer um plano para a relocalização de Macau”. Chao justifica a sua posição com uma entrevista dada por Gorbachev. “Vinte anos após Chernobyl, Gorbachev disse que uns dois dias depois do acidente foi-lhe dito que as centrais nucleares eram tão seguras como ferver água na Praça Vermelha”, diz Jason, afirmando ainda que “para além do risco que as centrais nucleares representam, não temos confiança nas práticas do Governo comunista”. “Eles dizem-nos para estarmos tranquilos porque as centrais são geridas pelo Governo mas o

Governo chinês é conhecido por esconder uma série de incidentes”, diz Jason. No caso de Taishan, grande parte da crítica de diversos especialistas relaciona-se com o facto de elementos principais da central terem sido fabricados na China. Para Chao, “existe falta de confiança nas fábricas chinesas.” Por isso mesmo, reforça que “devemos estar preparados para desastres nucleares e, particularmente no caso de Taishan, porque vai utilizar tecnologias novas e não provadas.”

A única possibilidade

É precisamente o facto de a central de Taishan utilizar tecnologias novas que descansa o professor Wang Zishi, da Universidade de

Macau (UM), que nos foi indicado como, provavelmente, a voz mais autorizada neste tipo de assuntos em Macau. “Desastres como Fukushima e Chernobyl não são possíveis nesta zona”, diz o professor alegando que “não existe historial de tremores de terra nesta região”. Quanto a Chernobyl, diz Wang Zhishi, “a fábrica era muito antiga. Não acredito que isso possa acontecer em fábricas modernas como a de Taishan”. O professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UM diz mesmo que “a energia nuclear é mais limpa do que combustíveis fosseis”, alegando ser a única solução possível para “responder às necessidades de desenvolvimento económico na região”.

“Em face da construção de tantas centrais à “Deveria existir um plano de evacuação e, volta de Macau, a população deveria conhecer pelo menos parte dele, deveria ser divulgado para que a população se sinta segura” um plano para a relocalização de Macau” Jason Chao ANM

Agnes Lam académica

Confrontado com a possibilidade de acidentes, Wang Zhishi, recusa-se a pensar nisso garantindo que “as fábricas foram construídas após estudos de impacto dos riscos”. Relativamente à necessidade do Governo divulgar um plano de emergência junto da população, praticamente a única pergunta que o HM lhe endereçou, o académico acabou por dizer que “não sei que plano Macau deve ter mas deve existir alguma forma de contingência”, dizendo ainda que “devemos fazer uma avaliação rigorosa para perceber os riscos”.

Articular com Hong Kong

Para Agnes Lam o plano, a existir, deveria mesmo incluir Hong Kong. “Os Governos de Macau e Hong Kong deveriam coordenar-se num plano de gestão de crises e prepararem exercícios de evacuação”, diz a académica. Para Scott Chiang, da ANM, o Governo devia ser claro para convencer população que tem, em primeiro lugar, capacidade para desenvolver trabalhos de descontaminação e, em segundo, competência para assegurar o abastecimento de comida, água e outros bens vitais que podem vir a ser afectados em caso de um acidente em Taishan”. No fundo, diz Chiang, “apenas queremos saber se existem planos que nos permitam continuar a viver as nossas vidas”. A DSPA voltou a ser inquirida pelo HM sobre o plano de contingência e continuamos à espera de uma resposta.

“Não sei que plano Macau deve ter mas deve existir alguma forma de contingência” Wang Zishi docente da UM

Manuel Nunes

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Zona Norte Gestora de prédio e moradores em pé de guerra

Sociedade

Alertas do céu

Daqui ninguém nos tira A

Queda de telhado de igreja foi “lição” para IC

A

empresa de gestão do edifício Pou Fai, junto à fronteira com a China, veio defender-se das acusações de moradores ao jornal Ou Mun. Ieong Ki, gerente da empresa I On Kui, referiu que os conflitos se devem à falta de comunicação com os proprietários dos apartamentos. Em resposta à Associação dos Condóminos do edifício Pou Fai Seaview Garden, Ieong Ki garante que os lugares de estacionamento do prédio, uma das matérias em discussão, nunca foram arrendados a outras pessoas. Outra das queixas dos moradores dizia respeito a um alegado uso ilegal de uma sala de armazenamento de lixo para alojamento, a troco de renda. Quanto a esta segunda queixa, a gerente confirma o aluguer e explica as razões. “A nossa empresa disponibilizou na sala de armazenamento de lixo um alojamento para os trabalhadores da limpeza, porque as suas casas estão afastadas do edifício Pou Fai. Os empregados têm de trabalhar três vezes por dia e precisam de um período de descanso, pelo que este alojamento é conveniente para eles”, explicou Ieong Ki ao jornal de língua chinesa. “Quando percebemos que os moradores estavam insatisfeitos sobre esta situação, a empresa pediu de imediato para os trabalhadores retirarem as

Hoje Macau

Moradores e a empresa de gestão de um edifício habitacional na zona norte de Macau, bem perto das Portas do Cerco, continuam a não se entender. Desta vez a empresa vem falar de falta de comunicação

suas coisas da sala para podermos albergar os equipamentos de limpeza”, referiu ainda Ieong Ki. A gerente da empresa explicou que o proprietário com maior número de casas é também o que detém o maior número de lugares de estacionamento, pelo que a empresa I On Kui não tem qualquer direito de vender ou arrendar estes lugares para outras pessoas. Quanto à presença de veículos abandonados na zona de estacionamento, a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) já foi chamada a intervir, mas referiu que,

como se trata de um espaço privado, o Governo nada pode fazer.

Estranho arrendamento

O terraço do edifício Pou Fai está ainda a ser arrendado a uma empresa de telecomunicações para esta instalar equipamentos. Ieong Ki explicou ao Ou Mun que a comissão de condóminos começou a exigir o pagamento da renda no ano passado. “A nossa empresa começou a receber as rendas entre 2013 e 2015, e o dinheiro sempre foi entregue aos moradores. Usámo-lo também para comprar alguns presentes para os idosos durante as

férias. A nossa empresa nunca teve nenhum interesse nestas rendas”, disse a gerente da empresa. Os proprietários do edifício Pou Fai têm vindo a pedir a saída da empresa I On Kui acusando-a de má gestão e de abuso das infra-estruturas do prédio. O pedido, feito com a ajuda de um advogado, gerou num conflito que obrigou mesmo à chamada da polícia. Ieong Ki garante que a empresa ainda não saiu porque isso iria significar vários despedimentos, com consequências negativas para as famílias. Tomás Chio (revisto por A.S.S.) info@hojemacau.com.mo

queda de parte do telhado da igreja de Santo Agostinho de Macau, classificado pela UNESCO, “serviu de lição” ao Instituto Cultural (IC) da cidade, que admite a necessidade de aumentar e melhorar as inspecções ao património. “Este acidente é uma lição para o Instituto Cultural. Após a avaliação das causas, [concluímos que] podemos aumentar as inspecções”, disse ontem Leong Wai Man, chefe do departamento do património cultural, sublinhando a necessidade de aumentar a equipa técnica, modernizar o equipamento e investir em quadros qualificados para a salvaguarda do património. Além da Igreja de Santo Agostinho – onde parte da estrutura do telhado ruiu no dia 29 de Maio devido às chuvas intensas –, o IC diz-se preocupado com outros quatro imóveis, “em risco de severos danos”: Igreja de Santo António, Seminário de São José, capela de Nossa Senhora da Penha e Armazém do Boi. “Estamos preocupados que haja mais riscos no futuro. Depois do acidente em Santo Agostinho, receamos que estes cinco espaços possam sofrer mais danos. Já fizemos alguma manutenção”, indicou. Actualmente, o departamento de protecção do património conta com 40 funcionários, cerca de dez responsáveis pelas duas fiscalizações anuais aos

128 imóveis classificados como património de Macau.

Mau tempo

Após uma avaliação, o IC concluiu que a queda das vigas que suportavam o telhado de Santo Agostinho, uma igreja que data de 1591, se deveu à chuva intensa que se fez sentir naquele período. “Entre Maio e Junho foram activados seis sinais de chuva intensa. No dia do acidente houve um grande volume de chuva, essa é a causa principal. Foi descoberto um buraco na parede, de suporte da viga, que estava alagado”, explicou a responsável. Segundo Leong Wai Man, a igreja foi submetida a inspecções em 2015, não tendo sido detectado qualquer “fenómeno anormal” ou praga de formiga-branca, um problema comum em Macau. As obras de reparação devem durar três meses, sendo também inspeccionada a restante área do telhado para evitar problemas semelhantes. Caso não sejam necessárias mais intervenções, a igreja voltará a abrir ao público. Um milhão de patacas é o valor estimado para a reparação da Igreja, referiu Leong Wai Man, ao Canal Chinês da Rádio Macau. Apesar do imóvel pertencer à Diocese de Macau, o IC avançou com a reparação, já que “o caso é muito urgente”, negociando depois os custos com o proprietário, que é quem “tem o dever de fazer a manutenção”. Segundo o Governo de Macau, o dano será reportado primeiro ao Ministério da Cultura da China e só depois à UNESCO.

Renovação urbana longe de ser realizada

O deputado Chan Meng Kam, em interpelação escrita, lançou dúvidas sobre o trabalho feito pelo Conselho para a Renovação Urbana e revelou que ainda existem habitações que não podem beneficiar dos fundos e de medidas actuais. Chan Meng Kam constata que depois do estabelecimento do Conselho para a Renovação Urbana, ainda não se propôs nenhum plano concreto. Com a retirada da política de Reordenamento dos Bairros em 2013, o Governo anunciou que iria lançar novas medidas separadamente. No entanto, em Março e em resposta à interpelação, referiu apenas que iria iniciar um estudo legal relativamente ao assunto. Assim sendo, Chan deseja que o Executivo explique o progresso legislativo bem como solicita medidas de reconstrução para as habitações degradadas e que não contam com qualquer tipo de gestão de propriedade.


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Anúncio 【N.º 42 /2016】

ANÚNCIO 【N.º41/2016】 Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar os representantes dos agregados familiares da lista de candidatos a habitação social abaixo indicados, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro: Nome

N.º do boletim de candidatura

Nome

N.º do boletim

HONG POU IOK

31201304077

SIO KIN NAM

de candidatura 31201303849

CHIO PONG NANG

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31201303380

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31201305111

*IP CHI CHEONG

31201304900

SIO KENG CHUN

31201301079

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Nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, serve o presente para notificar os sucessores desconhecidos da seguinte promitente-compradora de habitação económica: Nome Número de agregado familiar CHOI CHAI HOU 2120122233 Atendendo ao falecimento da supracitada promitente-compradora da fracção autónoma do 5.º andar J, do Bloco 3, do Edifício do Lago, único elemento do respectivo agregado familiar, este Instituto publicou um anúncio, no dia XX de Fevereiro de 2016, na imprensa de língua chinesa e portuguesa, notificando os possíveis sucessores desconhecidos da promitente-compradora supracitada para, nos termos do n.º 4 do artigo 34.º da Lei n.º 10/2011 (Lei da habitação económica), alterada pela Lei n.º 11/2015, se dirigirem ao Instituto de Habitação, no prazo de 30 dias a contar da data de publicação do anúncio, para requererem a transmissão da posição contratual, devendo, ainda, durante o prazo estipulado efectuar um pagamento no total de 769 000 patacas. Terminado o prazo, e não tendo nenhum sucessor desconhecido ou interessado apresentado o necessário requerimento, em conformidade com o artigo 6.º do contrato-promessa de compra e venda celebrado com a supracitada promitente-compradora e com o despacho do signatário, exarado na Prop. n.º 1621/DHP/DHEA/2016, de 6 de Junho de 2016, este Instituto decidiu proceder à resolução do respectivo contrato-promessa de compra e venda. Nos termos dos artigos 148.º, 149.º e n.º 2 do artigo 150.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, pode ser apresentada reclamação da referida decisão administrativa, ao signatário, no prazo de 15 dias a contar da data de publicação do presente anúncio, não tendo a reclamação efeito suspensivo, ou apresentar recurso contencioso ao Tribunal Administrativo, no prazo de 30 dias a contar da data de publicação do presente anúncio, nos termos do artigo 25.º do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 110/99/M, de 13 de Dezembro. Instituto de Habitação, aos 12 de Junho de 2016. O Presidente, Arnaldo Santos

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De acordo com o n.º 2 do artigo 9.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe Executivo n.º 296/2009, alterado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 141/2012, para nova verificação, se os candidatos preenchem os requisitos de candidatura ao arrendamento de habitação social, o Instituto de Habitação (IH) informou-os por meio de ofício, para que sejam entregues os documentos indicados no prazo fixado, mas os interessados acima referidos não entregaram os documentos dentro do prazo fixado, pelo que não reúnem nos termos do n.º 3 do artigo 9.º do mesmo regulamento. De acordo com os artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, devem apresentar, por escrito, as suas contestações e todas as provas testemunhais, materiais, documentais ou as demais provas, no prazo de 10 (dez) dias, a contar da data de publicação do presente anúncio. Caso não apresentarem as contestações no prazo fixado ou os mesmos não forem aceite pelo IH, as respectivas candidaturas serão excluídas da lista geral de espera por IH, nos termos dos artigo 5.º, n.º 3 do artigo 9.º e alínea 1) do artigo 11.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe Executivo n.º 296/2009. * Simultaneamente, serão cessados a concessão de abono de residência por os agregados familiares beneficiários terem sidos excluidos da lista geral de espera, de acordo com os termos da alínea 1) do n.º 1 do artigo 8.º do Regulamento Administrativo n.º 23/2008(Plano Provisório de Atribuição de Abono de Residência a Agregados Familiares da Lista de Candidatos a Habitação Social). No caso de dúvidas, poderão dirigir-se ao IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau, durante as horas de expediente, ou contactar Sr. Sou, através o tel. n.º 2859 4875 (ext. 277), para consulta do processo. Instituto de Habitação, aos 10 de Junho de 2016. O Chefe do Departamento de Habitação Pública, Chan Wa Keong

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 308/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor WU HONGYI, portador do passaporte da RPC n.° E0643xxxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 116/ DI-AI/2014, levantado pela DST a 16.09.2014, e por despacho da signatária de 03.06.2016, exarado no Relatório n.° 361/DI/2016, de 17.05.2016, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Avenida da Amizade n.° 779-D, Edf. Chung Yu, 6.° andar H, Macau onde se prestava alojamento ilegal.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010. ------------------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 03 de Junho de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 320/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor FAN QIFU, portador do passaporte da RPC n.° G29464xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 101/ DI-AI/2014, levantado pela DST a 19.08.2014, e por despacho da signatária de 14.04.2016, exarado no Relatório n.° 261/DI/2016, de 29.03.2016, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Travessa da Amizade n.° 82, Edf. Centro Internacional de Macau, Bloco 7, 3.° andar B, Macau.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010.-------------------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.-----O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 03 de Junho de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes


9 hoje macau quarta-feira 15.6.2016

Formar criativos

“Este modelo priva os alunos do seu tempo de descanso e da vida extracurricular, e resulta na sua falta de capacidade para pensar e analisar de forma independente, enfraquecendo a sua competitividade social”

A

Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) garantiu, em resposta à interpelação escrita do deputado Zheng Anting, que um dos objectivos principais da execução das exigências das competências básicas é cultivar a criatividade dos alunos, por forma a incentivar o seu potencial de aprendizagem. A DSEJ garante que a intenção é acabar com o modelo pedagógico designado de “duck stuffing” – um método de ensino em que os alunos apenas precisam de aprender de cor os conteúdos que os professores indicam que vão estar nos exames. Na resposta ao deputado, a DSEJ garantiu ainda que já promoveu várias acções de formação dirigida a professores, para que estes tenham a capacidade de orientar os alunos e estes possam desenvolver o pensamento crítico, a criatividade e colocar questões na sala de aula.

Má pedagogia

Na sua interpelação escrita, o deputado Zheng Anting falou das consequências negativas da adop-

tiago alcântara

DSEJ quer fim de modelo de repetição de matérias

Zheng Anting deputado

ção do método “duck stuffing”. “Actualmente muitas escolas adoptam o modelo pedagógico designado por duck-stuffing, um método em que os alunos precisam apenas de aprender de cor os conteúdos que os professores indicam que vão constar nos exames. Mas com este modelo de aprendizagem os alunos ficam a saber muito mas não compreendem nada. De facto este modelo priva os alunos do seu tempo de descanso e da vida

extracurricular, e resulta na sua falta de capacidade para pensar e analisar de forma independente, enfraquecendo a sua competitividade social. O Governo deve analisar e avaliar esta situação e dar instruções às diversas escolas para que introduzam melhorias o quanto antes. O Governo já fez isso?”, questionou. A DSEJ confirmou ainda que as novas exigências sobre as competências académicas básicas no

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Governo da Região Administrativa Especial de Macau DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE TURISMO ANÚNCIO A Região Administrativa Especial de Macau faz público que, de acordo com o Despacho de 3 de Maio de 2016 do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, foi autorizado o procedimento administrativo para adjudicação dos “Serviços de Consultadoria de Gestão do Projecto para as Novas Instalações da Direcção dos Serviços de Turismo ”. 1. Entidade que põe a prestação de serviços a concurso: Direcção dos Serviços de Turismo. 2. Modalidade do concurso: Concurso público. 3. Local de execução dos serviços: Largo do Terminal do Porto Exterior em Macau. 4. Objecto dos serviços: O âmbito dos serviços compreende a consultadoria ao Dono da Obra, o estudo e a elaboração dos dados de base e recolha das condicionantes urbanísticas e preparação do processo de concurso público para a realização do projecto das Novas Instalações da Direcção dos Serviços de Turismo, bem como o seu seguimento até à fase de licenciamento pela DSSOPT. 5. Prazo máximo de execução: 540 dias a contar do dia seguinte ao da recepção de notificação da adjudicação (Serviço I: 180 dias, Serviço II: 360 dias) 6. Prazo de validade das propostas: 90 dias, a contar do acto público do concurso. 7. Caução provisória: Todos os concorrentes deverão prestar uma caução provisória, no valor de MOP100.000,00 (cem mil patacas), caso o depósito for entregue, nesta Direcção dos Serviços de Turismo, em numerário, em ordem de caixa ou cheque visado, deverão ser emitidos à ordem da “Direcção dos Serviços de Turismo”, sendo necessário apresentar o recibo emitido pela Direcção dos Serviços de Turismo (original); ou apresentar mediante garantia bancária. 8. Caução definitiva: 5% do preço total de adjudicação. 9. Valor dos serviços: Sem preço base. 10. Condições de admissão: Podem concorrer as entidades inscritas na Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) na modalidade de prestação de serviços de elaboração de projectos, devendo o coordenador da equipa (arquitecto licenciado) deter, pelo menos, 10 anos de inscrição na DSSOPT, com experiência em urbanismo e os engenheiros de todas as especialidades e/ou arquitectos deter, pelo menos, 4 anos de inscrição na DSSOPT, para a elaboração de projectos e direcção de obras. 11. Local, dia e hora limite para entrega das propostas: 11.1 Os concorrentes devem entregar as suas propostas no Balcão de Atendimento da DST, no Edifício “Hot Line”, Alameda Dr. Carlos d’ Assumpção, n.os 335-341, 12.° andar, Macau dentro do horário normal de expediente, sendo o prazo de entrega até às 17:00 horas do dia 19 de Julho de 2016, sob pena de não serem admitidas. Caso os serviços públicos da Região Administrativa Especial de Macau, encerrem devido a tempestade ou motivo de força maior, o termo do 11.2 prazo de entrega das propostas será adiado para o primeiro dia útil, imediatamente seguinte, à mesma hora. 12. Sessão de esclarecimento: Os interessados podem assistir à sessão de esclarecimento deste concurso público que terá lugar 10:00 horas do dia 23 de Junho de 2016, no Auditório da Direcção dos Serviços de Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d´Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 14.º Andar, Macau. 13. Local, dia e hora do acto público do concurso: 13.1 Local: Auditório da Direcção dos Serviços de Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d´Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 14.º Andar; Dia e hora: 20 de Julho de 2016 pelas 10:00 horas. 13.2 Em caso de encerramento dos serviços públicos por motivo de força maior, a data do acto de abertura das propostas dos concorrentes será adiada para o primeiro dia útil, imediatamente seguinte, à mesma hora. 14. Reclamações Qualquer reclamação sobre preterição ou irregularidade nas formalidades do concurso, deverá ser enviada para: Direcção dos Serviços de Turismo Alameda Dr. Carlos D’ Assumpção, n.os 335-341, Edifício Hot Line, 12.° andar, Macau 15. Critérios de apreciação das propostas e respectivos factores de ponderação: a) Preço: 40% b) Meios humanos a afectar à prestação de serviços: 25% c) Plano de realização da prestação dos serviços, com proposta de calendarização e afectação de meios para os serviços, com base nas cláusulas técnicas do caderno de encargos: 5% d) Experiência em prestações de serviços semelhantes: 30% 16. Local, data, horário para a obtenção da cópia e exame do processo do concurso: Local: Balcão de Atendimento da Direcção dos Serviços de Turismo, sito em Macau, na Alameda Dr. Carlos d´Assumpção, n.os 335-341, Edifício “Hotline”, 12.º Andar. Data e horário: Desde a data da publicação do respectivo anúncio até ao dia e hora limite para entrega das proposta e durante o horário normal de expediente. Preço: MOP500,00 (quinhentas patacas). A Direcção dos Serviços de Turismo, aos 06 de Junho de 2016 A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

ensino infantil serão plenamente concretizadas até ao ano lectivo de 2019/2020. A partir de Setembro deste ano, os três primeiros anos do ensino primário vão executar as novas regras, as quais serão implementadas até ao ensino secundário a partir do próximo ano lectivo. Até 2020 as regras serão implementadas nos 15 anos de escolaridade gratuita. Zheng Anting questionou também o Governo sobre os currículos e os materiais pedagógicos adoptados. Angela Ka (revisto por A.S.S.) info@hojemacau.com.mo

sociedade

Transgressões de peões descem 67%

Segundo o Departamento de Trânsito do Corpo de Polícia de Segurança Pública (PSP), entre Janeiro e Maio deste ano, o número de acusações relativas ao atravessar a rua ilegalmente diminuiu consideravelmente em comparação ao período homólogo no ano passado. As autoridades registaram uma baixa de 67% neste delito, enquanto que o número de condutores que não respeitaram as regras aumentou em 23%. Actualmente, encontramse instrutores de trânsito vestidos devidamente equipados a avisar os transeuntes quanto ao cuidado a ter a atravessar as ruas bem como a usarem as passadeiras. De acordo com a lei corrente quem atravessar a rua ilegalmente incorre numa multa de 300 patacas.


10 entrevista

Henrique Nunes

“Joga-se muito bom futebol para as condições de treino que temos”

Aos 61 anos, e depois de uma vida dedicada ao futebol com títulos pelo meio, Henrique Nunes estava decidido a encerrar a carreira quando chegou o convite do Benfica de Macau. Uma experiência gratificante mas frustrante, pois a “falta de condições de treino não deixam nem atletas nem treinadores evoluírem”. Caso contrário, há jogadores locais que até poderiam ambicionar ligas mais competitivas “A associação está muito mais preocupada com o Desporto para Todos do que com a evolução do futebol local”

Várias vezes tem sido referido que a sua adaptação a Macau não foi fácil. Quer consubstanciar? Não foi e continua a não ser. Vamo-nos adaptando, mas continua a ser muito difícil. A grande dificuldade é a falta de espaços para treino, que é diária, e o facto de mesmo os que temos serem extremamente duros. Reconheço que é igual para todos mas é difícil conviver com esta realidade. Além disso, o facto de os atletas locais não terem o culto do treino também não ajuda. Para eles, o futebol é algo lúdico. Não estava habituado a isso uma vez que sempre treinei equipas profissionais. A falta de espaços é então o principal problema... Sim, naturalmente. Veja o nosso caso esta semana: temos um jogo na quinta-feira e terça e quarta não pudemos treinar. Se quisermos fazer alguma coisa temos de ir para a pista correr quando a nossa finalidade é jogar futebol. Estas dificuldades fazem com que o futebol em Macau não tenha uma evolução maior. Mas, já disse e volto a dizer: em Macau joga-se muito bom futebol para as condições de treino que as equipas têm. Que solução vê para isso? Macau tem pouco espaço mas poderia ser feito algo diferente? Sabemos que Macau tem problemas de espaço. Mas existem formas de contornar isso. A ideia do Desporto para Todos é muito boa mas, se realmente existe uma selecção de Macau e se se pretende evoluir a modalidade, deveria existir preferência de treino pelo menos para os dois principais escalões. Às vezes chegamos ao terreno do hóquei e estão lá seis ou sete amigos a tentarem acertar na barra... Se a ideia for fazer evoluir a modalidade em Macau deviam existir espaços garantidos para as equipas da primeira e da segunda divisões. Têm de marcar campos todos os dias, não é?

Todos os dias e às 6 da manhã. Ainda assim, frequentemente chegamos a essa hora e os campos já estão marcados. Planear o microciclo semanal assim é muito difícil porque nem sabemos que tipo de campo vamos ter na semana seguinte. É uma anarquia. Comparando com equipas dos distritais em Portugal, lá quase todas têm mais de um campo para treinarem. Com relvados sintéticos, naturalmente.

“Não pode haver evolução do futebol em Macau enquanto não existirem espaços para treinos diários” ‘A relva sintética seria a solução para Macau? Acho que é a única solução. Especialmente se continuarmos a privilegiar o Desporto para Todos. Com a intensidade de utilização que existe actualmente, os relvados sintéticos de ultima geração iriam resolver muitos problemas e até darem mais horas às equipas para treinarem. Que tipo de reacções têm da associação de futebol? Reportamos isto à nossa direcção e eles comunicam à associação. Mas, pelo que me apercebo, a associação está muito mais preocupada com o Desporto para Todos do que com a evolução do futebol local. Pelo que vê dos jogadores que treina e observa nas outras equipas, acha que alguns, reunidas as condições de treino, poderiam ambicionar ligas mais competitivas? Acho que sim. Comparando com Portugal, onde treinei sempre, temos aqui jogadores com condições. Não para chegarem já à Primeira Liga mas

tiago alcântara

treinador do Benfica de Macau

claramente para a Segunda. E, com algum trabalho, penso que chegariam à Primeira com alguma facilidade. Mas também não há dúvida que os jogadores ao chegarem a Macau estagnam. Não pode haver evolução do futebol em Macau enquanto não existirem espaços para treinos diários. É frustrante, ou não? É muito. Os primeiros meses foram muito difíceis e pensámos várias vezes em irmo-nos embora. Tivemos foi a felicidade de apanhar um grupo de trabalho que está junto há muito e que nos ajudou a suprir as dificuldades. Hoje posso dizer não estar arrependido de ter ficado mas, mesmo do ponto de vista da evolução como treinadores, é muito frustrante. O exemplo do Tiago. Veio como treinador de guarda-redes. Mas como pode ele treiná-los num piso quase tão rijo como o mármore e com balizas de sete? É frustrante. Macau oferece muito poucas condições aos seus atletas. Existem equipas a mais em Macau? De forma global, não há dúvida nenhuma. Poderiam existir menos divisões com menos equipas mas muito mais estruturadas para podermos ter um campeonato mais forte. Mesmo no caso da Liga Elite, um campeonato de 10 equipas, deveria privilegiar um play-off com as quatro primeiras. Que lhe passou pela cabeça quando recebeu o convite de Macau? Estou com 61 anos e já tinha assumido o final de carreira. Todavia, fiquei a pensar no assunto, falei com muitos amigos, alguns com negócios na região e todos me diziam para vir porque Macau era interessante e até seria uma forma de acabar bem a carreira. Pensei e achei que se as condições fossem agradáveis, porque não, e acabei por vir. Está mesmo decidido a encerrar a carreira, então? Sim, mais um ou dois anos e acabo.

Não quer ser um Trapattoni, então? Não, até porque tenho quatro netinhas e elas ocupam-me muito tempo. Também comecei como jogador aos 14 anos, depois dei aulas de educação física, fui bancário mas quando subi o Feirense à I Divisão acabei por me dedicar como profissional. Mas já são muitos anos e esta profissão é muito desgastante. Mas já existe contrato para a próxima época, ou não? Tudo aponta que ficarei pelo menos mais um ano mas provavelmente será a minha ultima época. Não está tudo definido, já conversámos mas tudo indica que vou ficar mais um ano em Macau. Que é preciso para ser um bom treinador? Ora bem.... Gostava de ser melhor do que sou... Porque diz isso? Nestas coisas os momentos contam. Reconheço que quando apareci no


11 hoje macau quarta-feira 15.6.2016 Que se terá passado? O processo dele mudou? Os jogadores.. Não faço ideia mas, por exemplo, não gostava nada do futebol que praticava o Inter. Era uma equipa muito defensiva que, dizem, devia-se à idade elevada dos jogadores. Mesmo no Real Madrid, existiam muitos bons jogadores mas nunca vi a equipa com um fio de jogo para chegar ao golo. Acho que era mais fruto da qualidade individual dos jogadores do que propriamente outra coisa. Para terminar o assunto Mourinho, foi uma boa aposta para o Manchester? Sim, ele é sempre uma boa aposta. Além disso, vai numa boa altura. O Manchester não tem ganho nada e o Mourinho tem a capacidade para colocar a equipa a ganhar.

“Poderiam existir menos divisões com menos equipas mas muito mais estruturadas para podermos ter um campeonato mais forte” Quais devem ser as primeiras coisas que um treinador deve fazer quando chega a um clube com as condições essenciais para trabalhar? O princípio é sempre formar o plantel de acordo com os objectivos da direcção mas, claro, tendo em conta os orçamentos e a sua respectiva adequação.

futebol e subo o Feirense à I Liga se fosse hoje se calhar teria chegado a uma equipa maior. Hoje com grande facilidade um treinador que ainda não fez nada aparece na I liga com uma facilidade tremenda porque os empresários dominam muito o desporto mas eu nunca tive um. Caso contrário talvez tivesse tudo uma ascensão maior. Mas não é fundamental ter-se sido jogador para se ser um bom treinador mas é um dos princípios. Há espaço para todos claro, até porque hoje um em dia um treinador sozinho não consegue dar conta do recado. Mas acho importante ter-se vivido o desporto como atleta, a vivência do balneário, do jogo, dos treinadores que tivemos. E depois é o gosto, o trabalho e as ideias de cada um.

“Macau oferece muito poucas condições aos seus atletas”

E se depois lhe aparecer uma proposta de Portugal? Termina? Ainda pode vir a arranjar um empresário? (risos) Já não. Isto cansa um pouco... A sério?... (risos) De facto, apesar da idade que tenho ainda me sinto com força para treinar. E sinto essa necessidade. Uma das grandes razões que me levou a vir para Macau foi estar parado há quase um ano. Estava farto do sedentarismo e tinha saudades. Há uma relação muito especial com o Feirense... Há. Mais de metade da minha carreira foi passada lá e como sou natural de Santa Maria da Feira, é o clube do meu coração e o clube que mais gosto de representar. Como atleta representei sempre o Feirense. Deixei de jogar com 28 anos porque tive de colocar uma prótese na anca. Depois comecei a treinar a formação, felizmente com algum sucesso, e fui convidado a assumir

a primeira equipa, tinha eu 32 anos. Logo no primeiro ano subimos à Primeira Liga. Foi campeão quantas vezes? Pelo Gondomar, Arouca e Feirense, onde subi duas vezes, uma à Primeira e a outra à Segunda Liga. Qual o treinador com melhores ideias? O Guardiola. Para mim é o melhor. Foi um homem que trouxe uma ideia de jogo completamente diferente do que estávamos habituados e com grande sucesso. O Mourinho é mesmo um treinador defensivo? Fez grandes épocas e é um grande treinador, isso nem está em discussão, mas gostei essencialmente dele no Porto e nos primeiros anos no Chelsea quando as equipas dele jogavam muito à bola. Claro que foi campeão europeu no Inter mas estas suas equipas mais recentes não praticavam um bom futebol.

Como se gere o processo quando um treinador diz que precisa de reforços para atingir objectivos? Como se gere isso com os jogadores que já lá estão? Não se sentem menorizados? Por isso é que se deve montar o plantel no princípio. A meio da época deve ter-se algum cuidado. Europeu. Como o está a ver? Mal. Não tenho visto muitos jogos por causa do adiantado da hora. Mas dos que vi ainda não vi grandes jogos. O melhor terá sido o do País de Gales. De início achava a Espanha e a Alemanha como favoritos mas depois de ter visto a Espanha fiquei um bocado na dúvida em relação a eles. Já da Alemanha gostei. E Portugal? Não estou tão optimista como o Fernando Santos mas acho que podemos fazer um bom campeonato. A equipa tem uma boa mescla de jogadores novos e outros mais experientes, todos com muita qualidade. Não está optimista então, porquê? Porque ao longo dos anos as nossas selecções chegam a esta fase e vão-se

entrevista

abaixo. Mas pode ser que a mudança de mentalidades que chegou aos clubes tenha agora também chegado à selecção. Mas não tenho grandes expectativas. Temos capacidade, mas... Porque há falta de pontas de lança no futebol português? Defeitos de formação, mentalidade dos treinadores, o quê? É pena termos tantos jogadores de qualidade no meio campo e não surgirem pontas de lança. Mas passa pela formação, pela necessidade de vocacionar atletas para jogarem naquela zona porque, por norma, toda a gente quer jogar no meio campo. Tem-se mais bola, os defesas não andam tão em cima... Por norma, quem gosta de jogar futebol e tem qualidade, quer ir para o meio campo. Têm de andar mais mas sentem-se mais à vontade. O Éder foi uma boa escolha para a selecção? Acho que sim. Estou com o Fernando Santos. Pode não ser o ponta de lança de sonho que todos desejamos mas é o melhor que temos disponível. O treinador que lhe causou mais problemas em jogo? Considerando equipas de nível equiparado, o Victor Oliveira. Só ele, por acaso, tem mais jogos na II Liga que eu. Ele parece não querer outra coisa... Ele é que está correcto. Assim, acaba por arranjar bons projectos para subir, exige o plantel que quer e ganha muito mais do que se estivesse na Primeira. Ele é pago na Segunda ao nível da Primeira. Então é o mais difícil, porquê? Porque monta equipas muito homogéneas. Não praticam um futebol exuberante mas são muito coesas. Não marcam muitos golos mas também não sofrem muitos. São equipas compactas, difíceis. E o Jesus? É assim tão bom como ele diz? (risos) Ele é um bom treinador. Gosto muito da forma como as equipas dele jogam mas no restante acho-o extremamente convencido. Por isso, acaba por não ser uma pessoa simpática no nosso meio. Há muitos de nós que não o vêem com bons olhos porque ele, para atingir os seus fins, se tiver que atropelar, atropela. E depois fala demais e acaba por dizer coisas que não deve. A sua melhor recordação do futebol? Tive duas subidas à I Divisão com o Feirense. Uma como jogador, outra como treinador e esta foi, claramente, a que me deu mais gozo além de termos sido campeões nacionais da II Divisão. Manuel Nunes

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12 Eventos

hoje macau quarta-feira 15.6.2016

Cinema Candidaturas abertas para filmes de Macau

Promoção fora de portas

Voz de acção

O

Agosto é o mês marcado para a realização de mais uma Feira de Investimento na Produção Cinematográfica GuangdongHong Kong-Macau num abrir portas à produção que se faz na RAEM.

A

edição de 2016 da Feira de Investimento dedicada à sétima arte já abriu as inscrições de candidatura aos projectos cinematográficos que precisem de “uma mãozinha” para a sua concretização, num convite à participação dos realizadores locais. O evento de cariz anual e que desde 2014 apoia a produção do cinema de Macau conta na organização com o Instituto Cultural do Governo da RAEM (IC), a Administração da Imprensa, Publicações, Rádio, Cinema e Televisão da Província de Guangdong e o Hong Kong Film Development Council que num objectivo comum proporcionam uma plataforma de alta qualidade

e conveniente para o intercâmbio e a cooperação entre produtores e investidores das três regiões. A organização adianta ainda que a Feira de Investimento representa uma plataforma para a criação de oportunidades e pontes para investimento e cooperação na área do cinema, ao mesmo tempo que estimula talentos e promove o desenvolvimento da indústria nas três regiões.

Para criadores locais

Os candidatos de projectos cinematográficos de Macau à iniciativa deste ano devem ter idade igual ou superior a 18 anos e ser residentes da RAEM. Cada candidato deverá ser o realizador do projecto e ter no CV a realização prévia de filmes de

ficção já exibidos publicamente e com a duração de pelo menos 20 minutos, sendo que a produção a apresentar pode ainda estar em fase de produção. A selecção dos 10 finalistas é realizada por um júri da indústria cinematográfica que irá ter como critérios de avaliação a criatividade do argumento, a experiência e capacidade executiva do candidato, a experiência e capacidade de execução do produtor e da empresa produtora, bem como razoabilidade do orçamento. Os candidatos dos 10 projectos cinematográficos de Macau recomendados irão reunir-se

Massagem para a pequenada Formação para cuidadores na RAEM

P

orque as crianças “são o melhor do mundo” e o seu bem estar também, a Associação Internacional de Massagem Infantil (AIMI) e a MOMs – Macau Maternity Support, promovem entre 1 e 4 de Dezembro uma formação certificada em Massagem para Bebés. O evento promovido pela AIMI já conta com acções um pouco por todo o mundo e é realizado pontualmente na vizinha Hong Kong. Maria Sá da Bandeira, membro da Moms, após frequentar uma destas ac-

ções junta-se a Rita Amorim e resolvem trazer a “mais valia de bem estar” a Macau. Maria Sá da Bandeira diz ao HM que “ é um curso de interesse para qualquer pessoa que trabalha ou tem qualquer tipo de contacto com crianças ou bebés.” O convite para dar a formação foi dirigido à responsável de Hong Kong , a sueca Mia Elmsater que conta com uma vasta experiência na área sendo ainda especialista nas massagens dirigidas a crianças com necessidades especiais e prematuros.

Na génese desta formação dirigida a uma população tão especial estão os “benefícios evidentes”. As organizadoras salientam o bem estar físico que proporciona às crianças: “ por exemplo nas cólicas dos bebés, se o cuidador souber aplicar a massagem correcta irá acalmar a dor”, ilustra Rita Amorim.

Cuidados especiais

Por outro lado está associada a esta actividade a promoção de laços emocionais bem como o desenvolvimento sensorial. No que res-

À venda na Livraria Portuguesa Corrupção • C. J. Sansom

O ataque a França levado a cabo por Henrique VIII não correu conforme esperado e agora uma enorme frota de navios de guerra franceses está estacionada no Canal da Mancha preparada para a revanche. Enquanto a armada inglesa se organiza em Portsmouth, o reino procura recrutar homens para formar o maior exército de sempre. É neste ambiente conflituoso que o serjeant Shardlake receberá um pedido de ajuda da rainha Catherine Parr, para investigar o estranho suicídio do filho de uma antiga criada e a petição que este havia requerido contra a família Hobbey, para quem trabalhara como precetor.

na Feira de Investimento para conhecerem e negociarem com investidores das regiões envolvidas. Todos os anos a Feira de Investimento convida 30 produtores e mais de 60 investidores. Em 2015, através de uma combinação com sucesso, foi assinada uma Carta de Intenções entre o produtor de “San Chong Mei Ying” de Guangdong e o Grupo de Cinema Zhujiang de Guangdong, Cia. Lda. A recolha de inscrições teve início a 14 de Junho e termina a 28, estando abertas a todos os membros da indústria cinematográfica de Macau.

peita a crianças com necessidades especiais, Maria Sá da Bandeira comenta que a proximidade entre cuidador e bebé promovem o olhar, o toque , o cheiro, etc., sendo que esta formação “abre os olhos para tudo isso”. Entre as componentes teórica e prática, estes quatro dias são dedicados ainda à compreensão mais aprofundada do desenvolvimento da criança Apesar da iniciativa ter como cerne bebés até ao ano de idade , inclui também “pequenas introduções no que respeita aos cuidados especiais” que depois poderão ou não ser desenvolvidas conforme o interesse de cada um, adianta Maria Sá da Bandeira.

Festival Internacional de Cinema de Macau que tem a sua primeira edição em Dezembro organizou uma recepção-cocktail na passada segunda-feira no Hotel The Ritz-Carlton Xanghai. Para participar no evento foram convidados vários representantes de companhias cinematográficas nacionais e estrangeiras e órgãos de comunicação social, num total de cerca de 200 pessoas. Na ocasião, o director do Festival de Cinema, Marco Müller, referiu que Macau tem potencial para se tornar num grande encontro do cinema internacional. Segundo a organização os trabalhos de divulgação tiveram início há alguns meses. Em Março foi instalado, em conjunto com operadores da indústria de filme e televisão de Macau, um Pavilhão de Macau e organizada uma recepção para a imprensa no “20th Hong Kong International Film & TV Market (FILMART)”. Em Maio contou com representação no Mercado do Filme do 69.° Festival de Cannes e estabeleceu convites dentro da indústria. A organização adianta ainda que participará também no Festival Internacional de Cinema de Busan para aprendizagem e divulgação, impulsionando o desenvolvimento da indústria turística de Macau e promovendo o turismo cultural, beneficiando o desenvolvimento sustentável da indústria turística de Macau no longo prazo.

Dança do Leão no MGM

Depois do sucesso do ano passado o MGM volta à carga com mais um Campeonato de Dança do Leão – Programa de Treino Júnior, a partir de 4 de Julho. A iniciativa tem como objectivo maior a transmissão aos mais jovens da cultura e tradição chinesas, adianta a organização. O Campeonato promove ainda o desenvolvimento de conhecimentos históricos e culturais aliados a esta actividade bem como o uso de adereços e instrumentos. Simultaneamente intensifica qualidades como a disciplina, o espírito de equipa e a saúde. É ainda destacada a oportunidade dos mais pequenos usufruírem de um Verão cheio de animação através das instruções de Mak Chi Leong, presidente da Associação de Desporto e Recreio de Macau e Hong Kong que conta com uma vasta experiência nas artes marciais e no ensino. O programa de treino é dirigido a crianças entre os cinco e os dez anos sendo que as aulas ocorrem duas vezes por semana entre o período de 4 de Julho a 19 de Agosto.

Rua de S. Domingos 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • mail@livrariaportuguesa.net

Alemanha Ensanguentada • Aquilino Ribeiro

Dois anos depois de terminar a Primeira Grande Guerra, Aquilino revisitou a Alemanha (país em que vivera por uns meses em 1912, em Berlim e em Parchin, e em que casara, em 1913, com Grete Tiedemann, de Meclemburgo, que conhecera na Sorbonne). Dessa viagem deixou um diário, mais tarde publicado sob o título de “Alemanha Ensanguentada” (1935). Neste texto, são visíveis as contradições e as hesitações num país saído de uma guerra havia dois anos, com difícil aceitação do acordado em Versalhes, assim como se evidencia a capacidade de perscrutar o ser humano, que Aquilino detinha, num exercício de leitura de rostos, de gestos, de tempos.


13 China

hoje macau quarta-feira 15.6.2016

Disney vai inaugurar parque em Xangai

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império Disney entra esta semana no Império do Meio, inaugurando em Xangai o seu primeiro parque de diversões da China continental. A aposta é a emergente classe média, apesar da crise económica. O complexo, um investimento de 5,5 mil milhões de dólares, alberga o maior castelo Disney do mundo, com as suas torres azuis a dominarem um espaço antes ocupado por empresas e fábricas da periferia da capital económica do país. A Disney vai tentar seduzir milhões de pessoas com um passeio no barco “Piratas das Caraíbas”, um espectáculo em torno do filme “A Rainha da Neve” e uma atracção “Star Wars”, com personagens da saga de culto de ficção científica. O projecto nasceu em Abril de 2011, assegurou o patrão da Disney, Bob Iger, durante uma conferência de imprensa, garantindo que este seria “um marco significativo” na história do grupo. Porém, a inauguração acontece num contexto moroso, com a China a viver o mais fraco crescimento económico em 25 anos, após décadas de progressão a dois dígitos devido aos investimentos do governo. Os indicadores, no entanto, não desencorajam a

Nações unidas A chanceler alemã Angela Merkel terminou ontem aquela que foi a sua nona visita à China. O reforço da cooperação económica esteve no centro da agenda com acordos assinados entre empresas das duas nações no valor de mais de 13.000 milhões de euros

O Disney, que conta que a classe média chinesa, em pleno “boom”, se precipite para as atracções, hotéis, restaurantes e lojas de recordações com a imagem do Mickey. A ambição é apoiada pelo Governo chinês, ansioso por relançar o consumo interno. A Disney não é o único gigante da diversão desejosa de aproveitar a disposição dos novos consumidores.

Os parques de diversão têm crescido rapidamente na China, com mais de 300 projectos financiados nos últimos anos, segundo o National Business Daily. Só em 2015, abriram 20 recintos e outros 20 estavam em construção, de acordo com o jornal. A Univseral Pictures (em Pequim) e a DreamWorks (em Xangai) têm igualmente projectos de parques na China.

Homossexual processa hospital por “tratamento” à orientação sexual

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m chinês homossexual processou um hospital após ter sido submetido a um tratamento de 19 dias por uma “desordem na orientação sexual”, em que foi atado à cama, sujeito a medicação e ameaçado com violência. Segundo a agência oficial Xinhua, o homem, identificado com o pseudónimo Yu Hu, foi forçado pela família a receber tratamento na cidade de Zhumadian, província central de Henan, no passado mês de Outubro, após se ter divorciado da sua esposa. O homem, de 32 anos, saiu do hospital depois de o seu companheiro ter contactado vários grupos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e

Xi Jinping destaca relação “muito madura” com Alemanha

Transexuais) e de estes terem advertido a polícia. Yu considera que a sua liberdade pessoal foi desrespeitada por ter sido obrigado a permanecer atado e ao receber ameaças de violência caso não cooperasse, pelo que apresentou queixa a um tribunal local no mês passado, que entretanto aceitou o caso. “Fizeram-no simplesmente porque sou homossexual. Não se fala de quantas pessoas mais terão sido sujeitas a isto. Têm de assumir responsabilidade”, apontou Yu. “A liberdade pessoal dos cidadãos chineses está protegida por lei e não pode ser infringida pelos hospitais ou por familiares. É

contra a lei internar alguém contra vontade do próprio”, afirmou o advogado, Huang Rui. Este não é o primeiro caso de denúncia de tratamentos para “corrigir” a orientação sexual em unidades de saúde chinesas. Em 2014, um tribunal de Pequim obrigou um grupo de psicólogos da cidade de Chongqing, centro do país, a desculpar-se por tentar alterar a orientação sexual de um ‘gay’. Na China, a homossexualidade deixou de ser considerada uma doença mental em 2001, ainda que casos de discriminação sejam recorrentes, segundo grupos que defendem os direitos dos LGBT.

Presidente da China, Xi Jinping, afirmou que as relações do país com a Alemanha estão numa fase “muito madura”, durante um encontro com a chanceler Angela Merkel, noticiou ontem a imprensa oficial chinesa. A reunião, na segunda-feira, à porta fechada, em Pequim, fez parte da visita oficial de Merkel ao país asiático iniciada no domingo e que se concluiu ontem com uma passagem por um parque industrial com investimento alemão na cidade de Shenyang, nordeste da China. A responsável alemã reuniu-se também com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, com quem assistiu à assinatura de 24 acordos de cooperação, e participou num fórum empresarial, durante o qual empresas dos dois países subscreveram 96 contratos com um valor total de 13.200 milhões de euros.

Mercado e modernidade

Durante o encontro, Xi e Merkel frisaram as possi-

bilidades de cooperação que oferecem as estratégias de modernização industrial de ambos os países, “Indústria 4.0” e “Made in China 2025”, destacou a imprensa local. Xi referiu ainda a preocupação de Pequim em que a União Europeia cumpra com o protocolo de adesão do seu país à Organização Mundial do Comércio (OMC), que prevê o reconhecimento do estatuto de economia de mercado à China antes de Dezembro de 2016. Segundo os jornais locais, Merkel reconheceu a

importância da implementação daquele acordo. Ambos abordaram ainda outras áreas de cooperação, nomeadamente no ensino, facilitação na concessão de vistos e na medicina tradicional chinesa. Além disso, comprometeram-se a trabalhar conjuntamente para coordenar as cimeiras do G20, que este ano se realiza na cidade chinesa de Hangzhou e que a Alemanha acolherá em 2017. Esta visita de Merkel à China é a nona desde que foi eleita chanceler.

pub

DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE FINANÇAS AVISO Nos termos da alínea c) do n.º 1 do artigo 100.º do Código de Processo Penal, por remissão do artigo 277.º do Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 87/89/M, de 21 de Dezembro, e em cumprimento do n.º 3 do artigo 328.º do mesmo Estatuto, é notificado o funcionário aposentado da Direcção dos Serviços de Finanças ANTÓNIO JOSÉ MARQUES VIEGAS VAZ de que, em 8 de Março de 2016, foi dado início à instrução do processo disciplinar contra si instaurado, por Despacho do Director dos Serviços de 22 de Fevereiro de 2016. Para os efeitos previstos no n.º 3 do artigo 329.º do mesmo Estatuto, mais é notificado o arguido para comparecer perante a instrutora do referido processo, no dia 27 de Junho do corrente ano, pelas 10:30 horas, a fim de ser ouvido em declarações no 9.º andar do Edifício da Direcção dos Serviços de Finanças, sito na Avenida da Praia Grande, n.ºs 575, 579 e 585, na RAEM. Direcção dos Serviços de Finanças, 10 de Junho de 2016. A Instrutora, Ana Trindade


14 china

Dívidas metódicas FMI reitera alertas sobre riscos do aumento de crédito

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O

fundador do gigante de comércio electrónico chinês Alibaba disse ontem que a sua estratégia para o futuro não passará por vender mais nos seus portais, mas sim arrecadar dados. Dos três pilares da sua estratégia, os dados são o mais importante, explicou Jack Ma durante um discurso perante centenas de investidores e executivos da empresa, reunidos na sede, em Xixi, nos arredores de Hangzhou, na província de Zhejiang.

Fundador do Alibaba aposta na recolha de dados

No arrecadar está o ganho “Hoje em dia é possível ter um negócio com o maior rendimento [económico] do mundo”, no entanto a empresa já não é “um negócio pub

baseado no rendimento, mas sim baseado em dados”, afirmou na sua intervenção transmitida em directo via internet o fundador de Alibaba, que em 2014 teve um entrada fulgurante na Bolsa de Nova Iorque.

Três vectores

Jack Ma sublinhou os três pilares que o grupo AVISO

Faz-se público que, de harmonia com o despacho do Presidente do Tribunal de Última Instância, de 9 de Maio de 2016, se acha aberto concurso comum, de ingresso externo, de prestação de provas, nos termos definidos na Lei n.º 14/2009, de 3 de Agosto e no Regulamento Administrativo n.º 23/2011, de 8 de Agosto, com vista ao preenchimento de dois lugares existentes de intérprete-tradutor de 2.ª classe, 1.º escalão, e dos que vierem a ocorrer dentro do prazo de validade do presente concurso, da carreira de intérprete-tradutor da área de interpretação e tradução nas línguas chinesa e inglesa, do quadro de pessoal do Gabinete do Presidente do Tribunal de Última Instância. Vai ser publicado o aviso no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau, n.º 24, II série, de 15 de Junho de 2016. Os interessados podem apresentar as suas candidaturas no prazo de vinte dias, contados a partir do primeiro dia útil imediato ao da publicação do aviso no Boletim Oficial da RAEM. Os requisitos de admissão ao concurso, bem como a documentação necessária ao mesmo e mais informações sobre o concurso, encontram-se especificados no referido Boletim Oficial da RAEM. Para mais informações, podem os interessados dirigir-se ao balcão de atendimento do Gabinete do Presidente do Tribunal de Última Instância, sita na Praceta 25 de Abril, no rés-do-chão do “Edifício dos Tribunais de Segunda e Última Instâncias”, dentro das horas normais de expediente, ou disponibilizadas no sítio dos tribunais (http:// www.court.gov.mo). Gabinete do Presidente do Tribunal de Última Instância, aos 14 de Junho de 2016. A Chefe do Gabinete, Substª Chan Iok Lin

“Hoje em dia é possível ter um negócio com o maior rendimento [económico] do mundo, (...) um negócio não baseado no rendimento, mas sim em dados” Jack Ma patrão do Alibaba

contempla para o seu desenvolvimento: a sua globalização (além da China, onde tem o seu negócio principal), a sua extensão às zonas rurais do país, com 700 milhões de potenciais usuários e, sobretudo, a adição de duas tecnologias que, em sua opinião, mudarão o sector. Trata-se da computação em nuvem (com enormes servidores virtuais) e de processamento, armazenamento e análises massivas de dados das transacções e actividades operadas em linha em tempo real (“Big Data”). Isto explica a sua estratégia de inversões desde 2014 em sectores tão díspares como as finanças, a logística, os media, o desporto e o cinema, para optar pela obtenção de dados, já que, para Ma são estes que determinam o futuro do sector. Relativamente à extensão das zonas rurais da China, disse que Alibaba deveria concentrar-se primeiro em estender-se pelo seu próprio país, graças à telefonia móvel com acesso à Internet, antes de abordar outros mercados rurais em países prometedores, como a Índia ou a Indonésia, onde o mercado e a cultura são diferentes do da China.

Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou ontem para os riscos na economia chinesa, a segunda maior do mundo, devido ao rápido aumento do crédito e endividamento, que tornam o seu “futuro incerto” a médio prazo. Num relatório apresentado ontem em Pequim, o FMI reconhece que as perspectivas imediatas do gigante asiático melhoraram, fruto de medidas de estímulo, mas que existe a necessidade de abordar os excessos de crédito e capacidade produtiva. O número dois da instituição, David Lipton, apontou em comunicado para os “progressos desiguais” nas reformas levadas a cabo pelo Governo chinês, que resultaram em que as ameaças se mantenham. O FMI assinalou que as perspectivas a médio prazo para a economia chinesa são afectadas pelo rápido aumento do crédito, os excessos de capacidade industrial e um sector financeiro “cada vez maior, opaco e interconectado”. Neste sentido, o organismo destacou o forte aumento do crédito, que em 2016 está a crescer a um ritmo recorde, e aconselhou a que este seja “substancialmente diminuído”, para que se ajuste

ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

Soluções obrigatórias

O FMI advertiu que “é imperativo” para o país solucionar o problema de uma dívida corporativa que, “apesar de gerenciável, é alta e está a crescer rapidamente”. A instituição com sede em Washington também instou Pequim a fortalecer a capacidade de resistência dos bancos, e das instituições financeiras no geral, aos riscos, e a incentivar ao reconhecimento de potenciais perdas. No âmbito fiscal, o Fundo aconselhou ao aumento da responsabilidade dos governos locais nos gastos e receitas e à expansão do sistema de segurança social. “A China encontra-se numa fase crucial no seu caminho para o desenvolvimento”, afirmou Lipton, que elogiou os avanços realizados pelo país na transição de um modelo assente nas exportações para um voltado para os serviços e com um mercado de capitais aberto. Lipton assegurou que a taxa de câmbio da moeda chinesa, o yuan, tornou-se “mais flexível” desde as alterações introduzidas pelo banco central chinês no passado Verão e que as autoridades estão a melhorar a qualidade das suas estatísticas e a sua política de comunicação com os mercados.


na ordem do dia 热风

h artes, letras e ideias

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Julie O’yang

O quinto romance: feminismo, sátira ou pornografia? 金瓶梅, Jin Ping Mei, ou Ameixa em Vaso Dourado (também traduzida por Lótus Dourado) é um romance chinês naturalista, composto em chinês vernáculo (dialecto Wu) durante a Dinastia Ming (1368 – 1644). Foi escrito por 蘭陵 笑笑生, “O Sátiro de Lanling”, pseudónimo do autor cuja identidade permanece desconhecida. Existem algumas versões anteriores deste romance, mas apenas em forma de manuscrito; a primeira colectânea impressa data de 1610. A versão integral é composta por 100 capítulos, compreendendo um total de mais de 1000 páginas. Jin Ping Mei é considerado o Quinto Romance Clássico, no seguimento dos Quatro Grandes Romances Clássicos compostos por As Viagens do Rei Macaco ao Ocidente, Três Reinos, Shui Hu (À Beira d’Água) e Sonho na Câmara Vermelha. A sexualidade explícita que transparece das suas páginas granjeou-lhe uma notoriedade na China, equivalente a Fanny Hill no Ocidente. Desde a sua criação, há quatro séculos atrás, que tem sido interdito na China, embora seja replicado e continue a circular clandestinamente. Ao contrário dos quatro romances clássicos, Jin Ping Mei tem permanecido um enigma devido aos seus subterfúgios literários, que abrem as portas a interpretações menos ortodoxas. Por exemplo, as cenas de sexo detalhadas podem ser interpretadas como uma descrição da condição da mulher na China antiga. A história de Jin Ping Mei desenvolve-se em torno de Ximen Qing, um mercador rico e libidinoso que subiu a pulso na vida e que possui várias esposas e concubinas. As suas actividades sexuais trazem a cena três tipos de mulheres: 1. Li Ping’er e Han Aijie, que fazem sexo por amor. 2. Madame Lin, que faz sexo pelo sexo. 3. Muitas outras que fazem sexo por dinheiro. Pan Jinlian, a heroína da novela, combina os três tipos. Pan desfruta do sexo, acredita no amor e não se importa de fazer uns jeitos para melhorar o seu estilo de vida.

O artista Zhu Xinjian criou os painéis que ilustram Jin Ping Mei, um romance ultra-moderno do séc. XVII

Pan Jinlian é na verdade uma personagem complexa e, talvez por isso, o autor a tenha tratado de forma negativa. Dum ponto de vista actual, Pan Jinlian poderia ser considerada uma feminista avant-la-lettre. Enquanto cronista do período Ming, o autor revela algumas intenções moralistas, comparáveis às do pintor holandês, seu contemporâneo, Jan Steen, cujas pinturas foram em grande número fábulas sobre os perigos da falta de contenção. A ideia da libertação da mulher não ocorria a ninguém na China do séc. XVII e, como tal, o autor decidiu abrir fogo sobre

outro tipo de problemas sociais como a hipocrisia e a corrupção que grassavam na China daquele tempo. Faz ainda mais sentido se considerarmos o pseudónimo que escolheu, 蘭陵笑笑生, “O Sátiro de Lanling”. Enquanto romance de cariz social, Jin Ping Mei é uma sátira reveladora e eloquentemente hilariante, mas nunca perdemos de vista que a ironia é inspirada pela realidade nas suas diferentes facetas. O Beijing Dance Theatre levou recentemente a cena um bailado inspirado nesta obra. A adaptação elevou decididamente a fasquia, tratando o erotismo

da antiga China de forma surpreendente. Apresentar este trabalho, onde se exibem bailarinos nus, a audiências oriundas de uma cultura sexualmente repressora, não é pêra doce. O bailado Jin Ping Mei foi interditado pelas autoridades logo a seguir à estreia. No entanto, o encenador Wang Yuanyuan parece ter seduzido os leitores de qualidade, amantes da sensualidade, procurados e encontrados num antigo livro proibido. Video: Jin Ping Mei adaptado para bailado apresentou-se na China há alguns anos atrás. bit. ly/1XisEvA


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WANG CHONG

王充

OS Discursos Ponderados DE WANG CHONG

Na época dos Qin, houve três montanhas que desapareceram, dizendo-se ter sido obra do Céu.

Da ressonância entre os géneros – 6

L

evantaria também a seguinte objecção: Pelo facto do rei Cheng não querer sepultar o duque de Zhou segundo os ritos devidos a um Filho do Céu, o Céu teria provocado uma tempestade que destruíra as colheitas e arrancara as árvores. Tendo compreendido o seu erro, o rei vertera lágrimas empunhando o escrito do duque de Zhou e o Céu teria então mudado a direcção do vento e as colheitas recuperado. Mas, nesse caso, porque não fez soprar um vento tão violento que levantasse as árvores abatidas? Porque teve o povo de se encarregar de reerguer as árvores abatidas, consolidando-as no solo? Resposta: Porque o Céu é disso incapaz. Ou seja, há então coisas de que o Céu é incapaz? Sim. Quem fosse atingido por Meng Ben [NT: personagem de vigor lendário] caía; quando este lhe dava uma mão, erguia-se de novo. Mas o Céu foi capaz de abater as árvores, sendo, todavia, incapaz de as fazer reerguer. Seria a sua força menor do que a de Meng Ben? Na época dos Qin, houve três montanhas que desapareceram, dizendo-se ter sido obra do Céu. Mas o que pesa mais: árvores ou montanhas? O Céu deveria ter sido igualmente capaz de reerguer árvores e de deslocar montanhas. Mas os acontecimentos não concordam com o que deve ser a potência celeste. E, se defendermos que as três montanhas não foram deslocadas pelo Céu, deveremos então acreditar que o Céu só intervém para causar tempestades? Tradução de Rui Cascais Ilustração de Rui Rasquinho

Wang Chong (王充), nasceu em Shangyu (actual Shaoxing, província de Zhejiang) no ano 27 da Era Comum e terá falecido por volta do ano 100, tendo vivido no período correspondente à Dinastia Han do Leste. A sua obra principal, Lùnhéng (論衡), ou Discursos Ponderados, oferece uma visão racional, secular e naturalista do mundo e do homem, constituindo uma reacção crítica àquilo que Wang entendia ser uma época dominada pela superstição e ritualismo. Segundo a sinóloga Anne Cheng, Wang terá sido “um espírito crítico particularmente audacioso”, um pensador independente situado nas margens do poder central. A versão portuguesa aqui apresentada baseia-se na tradução francesa em Wang Chong, Discussions Critiques, Gallimard: Paris, 1997.


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opinião

chá (muito) verde

Fernando Eloy | 义來

Caiu mal

Todavia, não deveria conter matéria suficiente para processo, caso contrário já teria sido notificado pelo tribunal. No texto, recordo, inquiria-me, de uma forma geral, sobre os propósitos da TDM, demonstrando a minha incompreensão pela total ausência da estação de Macau em apoiar de forma decisiva a produção local e por não ser sequer capaz de cumprir o desígnio de Macau de plataforma de contacto com os países de língua portuguesa exportando conteúdos para estes nem sequer de abrir portas à colaboração com estações do continente dada a exiguidade do mercado local para investidores. A crítica era mais dirigida à tutela do que propriamente à direcção executiva da estação.

Josef von Sternberg, Crime and Punishment (1935)

M

acau tem várias particularidades na sua forma de estar, ser e até de parecer. Já todos sabemos isso. Todavia, algumas delas, quando se nos esbarram nas ventas, não deixam de nos mostrar quão álacres são e, nesse seu garrido, o sinal que representam do que vai mal na terra. Um desses pormenores é, claramente, a incapacidade quase geral de acolher críticas. Em Macau, a regra para criticar é não o fazer, ou não o fazer em público, ou não o fazer de todo. As personalidades são frágeis, as capacidades, vulgarmente, ainda mais quebradiças e, portanto, alertar sobre a nudez do monarca é crime de lesa majestade. Foi o que me aconteceu. Desde há mais de uma dezena de anos que, regularmente, à excepção de um hiato ou outro, colaboro com a TDM nos relatos de futebol, especialmente em ocasiões como Euro ou o Mundial, ou mesmo noutras modalidades. Recentemente, até me foi proposto informalmente tornar essas colaborações um pouco mais assíduas. Todavia, este ano não vou fazer qualquer relato do Euro e, pelo andar da carroça, e se a tracção não mudar, nunca mais irei fazer nada na TDM. Questões pessoais não são chamadas para as páginas de um jornal. Nem numa coluna de opinião, dirá alguém e eu concordo. Mas isto não é pessoal. Para mim, é de interesse público. O banimento, posso dizê-lo, pois que o poderia ter negado não o fez apesar de a isso instado, ficou a dever-se a um texto publicado nesta mesma página no passado dia 17 de Fevereiro deste ano, intitulado “Para que serve a TDM?”.

Banido!

“Não é irrelevante nem para mim, nem, julgo, para ninguém que se preocupe com uma sociedade livre, que se penitenciem pessoas por exercerem o seu direito à liberdade de expressão. Hoje sou eu, amanhã será outro” Não foram feitas críticas pessoais mas sim institucionais. Todavia, foi o suficiente para ser considerado persona non grata na estação pública do território.

É absolutamente irrelevante para qualquer pessoa, comigo incluído, se colaboro ou não com a TDM, se faço ou não comentários, se produzo, ou não conteúdos para aquela estação. Mas não é irrelevante nem para mim, nem, julgo, para ninguém que se preocupe com uma sociedade livre, que se penitenciem pessoas por exercerem o seu direito à liberdade de expressão. Hoje sou eu, amanhã será outro. A questão torna-se ainda mais caricata quando o responsável pela sanção assume cargos na Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau que, diz nos seus estatutos, tem por fim, entre outros, “defender e promover o livre exercício da profissão, a liberdade de imprensa e o acesso às fontes”. Se calhar é excesso de zelo, se calhar ninguém lhe encomendou o serviço. Seja o

que for, é tenebroso e não deixa de preocupar numa época em que cada vez mais se vêem atropelos à liberdade de expressão, aqui e noutras paragens, quando a sanção vem sub-reptícia e sem explicação formal, como quando se empurra o lixo para debaixo do tapete à espera que ninguém o levante.

MÚSICA DA SEMANA

“Big Brother” (David Bowie - 1974) I know you think you’re awful square But you made everyone, and you’ve been anywhere Lord, I’d take an overdose, if I knew what’s going down (...) Someone to lead us, someone to follow Someone to fool us - some brave Apollo! Someone to save us, someone like you We want you Big Brother


18 (F)utilidades tempo

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aguaceiros

O que fazer esta semana Hoje Exposição – “Drawing is giving one´s heart” - Alexandre Baptista Albergue Scm, 18h30

min

28

max

31

hum

75-95%

euro

8.96

baht

Música “ Serenata Romântica” - Orquestra de Macau Teatro D. Pedro V, 20h00

Sábado Música ““Rapsódia Chinesa - Obras de Peng Xiuwen” – Orquestra Chinesa de Macau Teatro D. Pedro V, 20h00

o cartoon steph

Exposição “Arts Fly” Broadway Macau (até 28/06) Exposição “Artes Visuais de Macau” Instituto Cultural (até 07/08) Exposição “Aguadas da Cidade Proibida”, de Charles Chauderlot Museu de Arte de Macau (até 19/06)

Solução do problema 106

Exposição dos alunos de Arquitectura da USJ Creative Macau (até 18/06) Exposição dos alunos de Design da USJ Creative Macau (até 18/06) Exposição “Dinossauros em carne e osso” Centro de Ciência de Macau (até 11/09) Exposição “Reminescent – Portugal Macau” Galeria Dare to Dream (até 22/07)

Cineteatro

C i n e m a

problema 107

Um Filme hoje

Sudoku

de

Exposição “Edgar Degas – Figures in Motion” MGM Macau

Exposição “Tibet Revealed” Galeria Iao Hin (até 20/06)

1.21

O Estado policial

Música “Noite de Piano” Fundação Rui Cunha, 20h00

Exposição “Unamed” e concerto de Sylvie Xing Chen Fundação Rui Cunha (até 25/06)

yuan

aqui há gato

Sexta-feira

Diariamente

0.22

Na passada sexta escapuli-me para a zona das Docas. Já lá não ia há algum tempo e apeteceu-me desanuviar. É um óptimo local para observar as vossas idiossincrasias e o Macau multicultural em acção. Acocorei-me num poiso elevado e ali fiquei a ouvir conversas. Estava então nos meus devaneios e a tentar apurar o ouvido para o tagalo que um grupo animado de raparigas debitava enquanto deitava o olho a uma mesa de homens engravatados, que há muito as miravam, quando o meu sangue gelou. De repente, um grupo de alguns 10 elementos da Policia Judiciária, em grande aparato de coletes e crachás entram bares adentro seguidos por câmaras de televisão e luzes. Pensei logo que havia gato e só podia ser eu. Ou procurariam algum bandido perigoso? Encolhi-me, apurei os ouvidos e tentei perceber os motivos. Afinal era apenas uma acção de sensibilização, explicaram os polícias a um turista mais curioso porque, alegaram, aqueles bares são conhecidos por gerirem apostas ilegais durante os campeonatos internacionais de futebol. Ouvi vozes de indignação e até alguém a perguntar se essa seria a melhor forma de resolverem o problema ou se, por acaso, pensavam na imagem que estavam a projectar de Macau. Não foi bonito ver o espanto dos que por ali se divertiam e as faces de incredulidades dos menos habituados a esta presença cada vez mais massiva da polícia na vida pública da terra. Um espectáculo como o apresentado pela Polícia Judiciária nas Docas não confere a sensação de segurança que as autoridades devem proporcionar às populações e visitantes mas sim temor, a sensação de invasão de privacidade (as câmaras e as luzes) e, claramente, a noção que Macau é cada vez mais um Estado policial e menos um Estado Pu Yi de direito.

Ricki and the Flash, Jonathan Demme 2015

Fez de Margaret Tatcher, fez de editora da revista Runway como se fosse a implacável Anna Wintor, directora da Vogue, e mais alguns. Não há papel que a actriz Meryl Streep não tenha feito e ainda assim consegue-nos surpreender sempre. Em Ricki and The Flash, Meryl é Ricki Rendazzo, uma mulher que luta pelo sonho de ser uma rock star e que tenta reaproximar-se dos filhos que teve de deixar para trás. Um filme comovente e divertido.

Andreia Sofia Silva

Warcraft: The Beggining Sala 1

now you see me 2 [b] Filme de: Jon M. Chu Com: Mark Ruffalo, Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Lizzy Caplan 14.30, 16.45,19.15,21.30 Sala 2

Warcraft: The Beginning [B] Filme de: Duncan Jones Com: Travis Fimmel, Paula Patton, Ben Foster 14.15, 17.50, 21.30

Warcraft: The Beginning [B] Filme de: Duncan Jones Com: Travis Fimmel, Paula Patton, Ben Foster 19:15 Sala 3

Sing Street [C] Filme de: John Carney Com: Jack Reynor, Aiden Gillen, Maria Doyle Kennedy 14.15, 17.50, 21.30

Angry Birds [a] Falado em cantonês Filme de: Fergal Reilly, Clay Kaytis 16.05, 19.45

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Angela Ka; Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Manuel Nunes; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


19 hoje macau quarta-feira 15.6.2016

óciosnegócios

Bournemouth, café e padaria Chan, proprietário

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“Apostei num serviço barato”

Está aberto há duas semanas e já tem o rótulo de sucesso garantido. Chan é a cara do negócio que pretende facilitar a vida dos residentes. Comidas leves, acompanhadas por sumos frescos, para levar ou comer num simpático balcão

A

ssim que entramos somos recebidos com um sorriso. O cheiro a pão inunda-nos e o calor pede um sumo, bem fresco. Chan, o proprietário do mais recente café junto à igreja de São Lourenço, convida-nos a provar o “fresquíssimo sumo de manga”. “Querem um pão? É português e temos vários tipos de pães”, completa. Esta era, de facto, a ideia que fez nascer o café e padaria Bournemouth. “Sou formado na área de hotelaria, e sempre trabalhei em grandes restaurantes. Um dia decidi que queria o meu próprio negócio e como tinha muito contacto com comida mais ‘ocidentalizada’ decidi criar este espaço”, começa por partilhar o proprietário.

Jogar no fácil

A ideia era simples: os clientes tinham ao seu dispor uma quantidade variada de sumos frescos e tipos de café, sejam duplos, americanos, Moka ou um café com leite. Para acompanhar tinham pão português. “Esta combinação resulta sempre: sumo com pão”, brinca Chan. O fabrico não é próprio, alerta. “O pão encomendo da Metro Pizza. Eram os fornecedores do

meu antigo trabalho e sempre gostei do serviço”, explica. Pão com chouriço, vegetais e salsichas, leitão, mortadela e até bacon são algumas das variedades que se podem encontrar na montra. Ao lado está uma arca que se destaca, por estar vazia. Chan olha e prontamente justifica. “Não tenho mãos a medir, numa semana e meia as mais de 500 garrafas desapareceram e percebi que as pessoas queriam mais do que um sumo e um pão”, conta. É desta necessidade que nasceu um menu mais completo composto por sandes, saladas e pratos rápidos.

Bom e barato

“Parece que as pessoas queriam sempre mais, e a verdade é que venho para aqui às 7 da manhã mas rapidamente vendo tudo. Estou a tentar encontrar uma forma de ter mais oferta agora, para a procura que tenho”, continua. Quando questionado sobre a aceitação do serviço, Chan explica que a ideia era ser um serviço barato. “Apostei num serviço barato, porque comecei a perceber que com esta história das baixas na economia

as pessoas querem gastar menos. Eu sentia isso no restaurante em que trabalhava, e posso dizer que era uma coisa de luxo”, continua. “Eu sei que há sítios em que este serviço é mais caro. Mas não acho que haja necessidade para isso. A ideia é que seja mesmo barato. Que uma sandes um sumo sejam baratos, não precisam de ser caros”, explicou ainda.

Para todos

Sandes de frango, queijo e fiambre, bife com ovo, tomate, acompanhadas por uma salada César ou de fruta, por menos de 50 patacas? Sim é possível. Agora é possível. Um balcão com poucas cadeiras, porque “a ideia não é que as pessoas fiquem por aqui, mas sim usufruam do serviço take away”, recebe que por ali que ficar.

“Esta combinação resulta sempre: sumo com pão”

A decoração não podia ser mais simples e bonita. Paredes de ardósia para se poder diversificar, o uso da madeira e brincadeira com a luz dão um ar saudável, divertido e bastante familiar. Uma pequena cozinha mostra todo o processo de confecção das sandes. E até as garrafas são originais. “Apostei no simples”, explica Chan. Abrir um negócio não “é trabalho fácil” em Macau, mas com esforço as coisas vão-se conseguindo. Chan não esconde que não contava com tanta gente nos primeiros dias porque sempre teve em mente trabalhar para um grupo pequeno de pessoas. “Não sabia que isto iria ser assim, talvez tenha que fechar mais cedo para conseguir confeccionar mais para o dia seguinte, mas é importante que as pessoas também comprem o nosso pão”, argumenta. Entusiasmado com o projecto, mas com medo de falhar, Chan nasceu para vencer e isso nota-se na sua dedicação ao trabalho. “Vamos ver, um dia de cada vez”, diz. E não será este o lema mais simples de viver? Filipa Araújo

filipa.araujo@hojemacau.com.mo


Vês, / corre a costa que Champá se chama, / Cuja mata é pau cheiroso ornada; / Vês, / Cauchichina está, / de escura fama, / E de Ainão vê a incógnita enseada; / Aqui o soberbo Império, / que se afama / Com terras e riqueza não cuidada, / Da China corre, / e ocupa o senhorio / Desde o Trópico ardente ao Cinto frio.”

Filipinas Refém canadiano executado por grupo extremista

A

s autoridades filipinas confirmaram ontem a decapitação de um segundo refém canadiano pelos islamitas radicais do grupo Abu Sayyaf. “Condenamos veementemente o homicídio brutal e absurdo do Sr. Robert Hall, um cidadão canadiano, detido nos últimos nove meses pelo grupo Abu Sayyaff na província de Sulu”, no sul do arquipélago, disse o porta-voz da presidência Herminio Coloma. Em comunicado, o exército declarou que foi encontrada uma cabeça perto da catedral da ilha de Jolo na noite de segunda-feira. “Esta descoberta confirmou a decapitação brutal de uma vítima sequestrada pelo grupo criminoso Abu Sayyaf”, informou. O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, tinha dito algumas horas antes que tudo levava a crer que Robert Hall tinha sido executado.

No início de Maio, o grupo islamita divulgou um vídeo em que ameaçava matar três reféns, depois de ter decapitado o canadiano John Risdel a 25 de Abril. Nas imagens, em que também se podiam ver os sequestrados, um dos rebeldes do Abu Sayyaf dirigia-se às autoridades filipinas e canadianas. “A lição é clara: John Ridsdel foi decapitado e continuamos a ter três reféns aqui. Se voltarem a adiar as negociações, decapitamo-los a todos a qualquer momento”, afirmava, em inglês, um dos membros do Abu Sayyaf. Os sequestrados – o canadiano Robert Hall, o norueguês Kjartan Sekkingstad e a filipina Marites Flor – também surgiam no vídeo, pedindo ajuda ao Canadá e às Filipinas. O Abu Sayyaf, que sequestrou Hall, Sekkingstad, Flor e Ridsdel a 21 de Setembro num complexo hoteleiro no sudeste das Filipinas, exigiu o pagamento de 300 milhões de pesos (6,3 milhões de dólares) por cada um dos reféns até 25 de Abril. Ao não receberem o resgate, os extremistas executaram, nesse mesmo dia, Ridsdel e deixaram a sua cabeça num saco de plástico na ilha de Jolo, na província de Sulu.

Luiz Vaz de Camões

Livreiro desaparecido volta a Hong Kong

Regresso a casa

U

m dos cinco livreiros de Hong Kong que desapareceu misteriosamente no ano passado, Lam Wing-kee, regressou ontem à antiga colónia britânica e pediu à polícia para deixar cair a investigação relativa ao seu caso. Lam Wing-kee é um dos cinco livreiros que publicaram obras críticas de Pequim e desapareceram no final do ano passado. Mais tarde, ficou a saber-se que todos eles, ligados à livraria Causeway Bay, estavam detidos na China e que quatro dos cinco – incluindo Lam – eram alvo de uma investigação oficial sobre a importação de livros proibidos a partir de Hong Kong. Lam Wing-kee é o quarto livreiro que volta a Hong Kong. Os outros três voltaram pouco tempo depois a cruzar a fronteira rumo à China. O livreiro Lam Wing-kee encontrou-se com a polícia na manhã de ontem e, à semelhança dos colegas, pediu o arquivamento do seu caso de desaparecimento e afirmou não precisar de qualquer tipo de assistência por parte da polícia ou do Governo de Hong Kong. As autoridades da antiga colónia britânica indicaram que vão continuar a investigar o caso dos livreiros.

Histórias de desaparecidos

Polícia turca impede venda de jóia de Kadhafi por dez milhões de dólares

A polícia turca apreendeu um punhal em marfim com várias pedras preciosas incrustadas que terá pertencido ao antigo líder líbio, Muammar Kadhafi, e que estava para ser vendido por dez milhões de dólares no mercado negro. Na sequência de uma denúncia, a polícia investigou a casa de um empresário no bairro de Esenyurt, no lado europeu de Istambul, e confiscou a jóia, noticiou a agência oficial turca, Anadolu, citada pela agência France Presse. O punhal, com safiras, esmeraldas e diamantes incrustados, foi pilhado no palácio de Kadhafi durante a revolução líbia, que resultou na morte do ditador, em 2011.

quarta-feira 15.6.2016

Entre Outubro e Dezembro do ano passado, cinco funcionários ligados à editora Mighty Current e à livraria Causeway Bay Books – que publicava e vendia livros críticos de Pequim, – desapareceram em circunstâncias misteriosas. Gui Minhai, naturalizado sueco, desapareceu em Pattaya (Tailândia) em Outubro. Lam Wing-kee, Cheung Chi-ping e Lui Por desapareceram no mesmo mês quando se encontravam no interior da China. Lee Bo, com passaporte britânico, desapareceu, em Dezembro, em Hong Kong. Todos reaparecerem semanas mais tarde na China, sob tutela das autoridades

O livreiro Lam Wing-kee encontrou-se com a polícia na manhã de ontem e, à semelhança dos colegas, pediu o arquivamento do seu caso de desaparecimento chinesas, e surgiram na televisão estatal a assumir crimes, em confissões que familiares, amigos e associações de defesa dos direitos humanos suspeitam terem

pub

sido feitas sob coação, ou a afirmar estar voluntariamente a colaborar com investigações policiais na China. As autoridades chinesas acusam os livreiros de

estarem envolvidos num caso de comércio de livros proibidos na China, uma actividade que alegadamente realizaram sob ordens de Gui Minhai, considerado o cérebro da operação. Há dias, a filha de Gui Minhai pediu ajuda às autoridades norte-americanas para pôr termo à detenção “não oficial e ilegal” do seu pai, num apelo feito perante a Comissão Executiva do Congresso sobre a China. Angela Gui disse à comissão que lhe foi negado acesso consular ou representação legal e que oito meses depois ainda não sabe onde o pai está, como está a ser tratado ou qual é a sua situação legal. Os misteriosos desaparecimentos despertaram em Hong Kong o receio de que as autoridades chinesas tenham recorrido a agentes clandestinos para deter os livreiros, o que constituiria uma violação do princípio “um país, dois sistemas”, ao abrigo do qual Macau e Hong Kong, que são regiões da China com administração especial, gozam de ampla autonomia.


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