Hoje Macau 13 NOV 2017 #3933

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ PUB

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

DROGA

A idade do “ice” PÁGINA 6

SARS | GRANDE PLANO

ERRO MÉDICO

SS pagam factura

MOP$10

hojemacau SALÁRIO MÍNIMO EMPREGADOS DOMÉSTICOS E DEFICIENTES DE FORA

Exclusão de partes

A consulta pública de opiniões sobre a lei geral do salário mínimo começa hoje e estende-se até 27 de Dezembro. Portadores de deficiência e empregados domésticos estão, para já, excluídos do diploma que deverá entrar em vigor em 2019.

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CICLO DE CINEMA BRASILEIRO OLHA QUE COISA MAIS LINDA EVENTOS

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15 ANOS DEPOIS

SEGUNDA-FEIRA 13 DE NOVEMBRO DE 2017 • ANO XVII • Nº 3933


2 grande plano

O PRINCIPIO SARS DO MEDO U ´

DOENTE ZERO DA EPIDEMIA DETECTADO EM HONG KONG HÁ 15 ANOS

serviço público, recorda o grande desconhecimento que existia, não só junto da comunidade médica, mas também junto da população. “Era uma epidemia de difícil controlo. As pessoas não sabiam como se tratava, foram tomadas medidas e o que resultou para o futuro é que passou a haver mais cuidado com as epidemias e com os cuidados primários. Houve mais atenção aos primeiros sinais epidémicos, passou a haver o controlo nas fronteiras. Depois da SARS houve outros casos. Criaram-se guias para se fazer a prevenção.”

CONFERÊNCIA EM CHINÊS

Paulo Azevedo, director-geral da empresa de media De Ficção

Multimédia, era na altura chefe de redacção do diário Ponto Final e protagonizou um momento de revolta quando os SS decidiram, no âmbito da SARS, organizar uma conferência de imprensa sem tradução do chinês para português, deixando parte da população sem acesso a informações vitais sobre a epidemia. “O Jornal Tribuna de Macau chegou a colocar esse caso na primeira página”, recordou Paulo Azevedo ao HM. “Houve uma conferência de imprensa dos SS no hospital Conde de São Januário e foi apenas em chinês. Eu ouvi os senhores, nem sequer havia tradução, levantei-me e disse que assim não valia a pena [estar ali],

HOJE MACAU

M homem de 33 anos dormia no apartamento do seu irmão, localizado no Bloco E do edifício Amoy Gardens em Kowloon Bay, Hong Kong, depois de mais uma sessão de diálise. Nessa noite teve diarreia e voltou depois para Shenzen, sem saber que, já aí, era portador da Síndrome Respiratória Aguda (SARS). Em Março de 2003 a SARS chegou a Hong Kong e depois a Macau, após já estar no mundo inteiro. As fronteiras fecharam e accionaram-se os mecanismos possíveis de prevenção e tratamento para uma epidemia da qual se sabia muito pouco. Rui Furtado, médico, recorda que, à época, as instalações disponíveis no Centro Hospitalar Conde de São Januário não eram suficientes caso a RAEM tivesse tido a má sorte que atingiu Hong Kong, com a morte de 299 pessoas. “Era uma situação nova, mas Macau seguiu os padrões para doenças infecciosas e epidemias. Criaram-se enfermarias próprias para receber esses doentes e felizmente houve poucos casos, mas tivemos sorte, porque se tivéssemos tido muitos doentes as instalações disponíveis não chegavam” contou ao HM. Para Rui Furtado, a SARS deixou alertas para o futuro, a que não é alheio o facto do Governo estar a construir uma nova unidade para doenças infecto-contagiosas, a ser inaugurada em 2019. “Criaram-se planos para evitar novas epidemias que ainda hoje estão em vigor. A construção da nova unidade para doenças infecto-contagiosas vem na sequência dessa situação.” O médico português, que entretanto deixou de exercer funções no

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Foi em Março de 2003 que o primeiro doente com a Síndrome Respiratória Aguda foi descoberto na zona de Kowloon Bay, em Hong Kong. Era o início da presença da epidemia que matou 299 pessoas na região vizinha e 800 em todo o mundo. Em Macau as fronteiras fecharam, houve poucos doentes e nenhuma morte. Rui Furtado, médico, recorda: “tivemos sorte, porque, se tivéssemos tido muitos doentes, as instalações não chegavam”

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“Havia notícias de mortes em todo o lado e não sabíamos mais nada. Tenho pena de o dizer, mas os nossos SS não são propriamente de topo mundial. Estávamos um pouco preocupados porque eram muitos mortos, em muitos países.”

“Criaram-se enfermarias próprias para receber esses doentes e felizmente houve poucos casos, mas tivemos sorte, porque se tivéssemos tido muitos doentes as instalações disponíveis não chegavam.”

PAULO AZEVEDO JORNALISTA

RUI FURTADO MÉDICO

que não respeitavam a Lei Básica e que não estava ali a fazer nada, e fui-me embora.” Na altura, “havia departamentos que utilizavam o português, e outros usavam umas vezes, outras não. Não era algo intencional. Era um pouco baldas, e ainda hoje é assim”, explicou Paulo Azevedo. O residente em Macau recorda um período de medo em que todos se tentavam preparar para aquilo que viesse a acontecer. O desconhecimento era generalizado e os SS também tinham as suas falhas, como lembrou o jornalista. “Estávamos todos preocupados, porque falava-se que podia ser uma peste tão grande como a peste espanhola que, no século XIX, dizimou centenas de milhares de pessoas. Era algo bastante novo. Estávamos a ver no que ia dar, a esperar que ninguém do nosso círculo mais próximo fosse atingido.” “Havia notícias de mortes em todo o lado e não sabíamos mais nada. Tenho pena de o dizer, mas os nossos SS não são propriamente de topo mundial. Estávamos um pouco preocupados porque eram muitos mortos, em muitos países. Mas fazer o quê?”, referiu ainda.

MAIOR PREPARAÇÃO

Mesmo que Macau esteja no caminho da integração regional, dado a existência de planos como da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, que vai representar um maior fluxo de pessoas e de comunicações, Rui Furtado acredita que haverá medidas preventivas suficientes em casos como o da SARS. “A OMS tem guias para estas situações e Macau o que tem de fazer é seguir isso e saber alguma coisa além desses guias”, disse,


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sem esquecer que “nenhum território está preparado para responder a uma epidemia deste género”. “Estas doenças não são todas iguais, tudo depende do número de casos. Se forem 20 casos, Macau está preparado, se forem 50 casos, Macau está mais ou menos preparado, mas se forem 500 ninguém está preparado. Se houver duas

unidades de internamento cheias com este tipo de doentes, para onde vão as pessoas? Nunca se está plenamente preparado.” Contudo, “para uma primeira fase para encarar uma epidemia, Macau está preparado”, frisou Rui Furtado. Também o jornalista Paulo Azevedo acredita que hoje há uma maior resposta a situações como a de há 15 anos atrás. “A OMS agora está mais atenta a estes vírus e epidemias. Primeiro foi a SARS, depois houve a febre das galinhas, por exemplo, e há uma maior atenção. A directora-geral é de Hong Kong (Margaret Chan). Há um outro tipo de alertas mais rápidos para os governos e direcções de saúde”, disse. Num artigo recente sobre os 15 anos do paciente zero da SARS, a revista Time Out de Hong Kong lembrou que o hábito de usar máscaras na rua, tão comum em Pequim por causa da poluição, tem uma outra origem em Hong Kong e Macau. Todos tinham medo da

SARS e essa era a primeira forma de protecção. Depois da saída do paciente zero para Shenzen, 200 pessoas que viviam no edifício Amoy Garden foram hospitalizadas e diagnosticadas com a SARS. Só no final do mês de Março de 2003 é que o Governo decidiu implementar uma ordem de quarentena para todos

aqueles que viviam no mesmo bloco de apartamentos onde tinha estado o infectado. No total, Hong Kong registou 1755 ocorrências, e os casos do bloco Amoy Gardens representaram 20 por cento do total. No mundo houve mais de oito mil infectados. A Time Out lembra ainda que a SARS começou a espalhar-se a partir da província de Guangdong, que demorou a comunicar o registo dos primeiros doentes com as autoridades de Hong Kong. Em Macau, o Governo fez de tudo para evitar o contágio e a propagação. Chegaram a ser instalados detectores térmicos infra-vermelhos “para acelerar os trabalhos de despistagem de pessoas com sintomas suspeitos da doença, à entrada e saída das fronteiras do território”, referiam os comunicados oficiais da altura. Em Abril de 2003, surgiu o primeiro caso de suspeita de contágio da SARS, que veio a revelar-se infundado. “Os SS acreditam, todavia, após averiguação detalhada

e cuidadosa, que a notícia teve a ver com duas situações observadas: um toxicodependente de 26 anos de idade, que mora no Bairro da Areia Preta, com um abcesso pulmonar, e uma criança de 6 anos de idade, com nedio otitis”, refere um outro comunicado oficial. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


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AUTOCARROS PEDIDOS DETALHES SOBRE RENOVAÇÃO DE CONTRATOS

Processo mistério

A cerca de nove meses do fim dos contratos de concessão das três empresas responsáveis pelo serviço de autocarros de Macau, Leong Sun Iok quer detalhes dos preparativos que estão a ser feitos para a renovação dos mesmos. Para o deputado trata-se de uma questão que tem de ter em conta os interesses da população e dos funcionários

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RÂNSITO, saúde e habitação são as três situações que os jovens locais querem ver debatidas nas Linhas de acção Governativa 2018. A ideia é deixada pelo resultado de um inquérito realizado pela União Geral das Associações dos Moradores de Macau (Kaifong) em parceria com a Associação de Juventude para os Quarteirões de Macau, sobre as expectativas dos jovens locais acerca das LAG que têm início esta semana. De acordo com os entrevistados, os assuntos ligados ao

por questões de consenso, viu o serviço renovado por um período excepcional de 13 meses de modo a coincidir mais perto do termo dos acordos com as outras duas concorrentes a operar em Macau. “No entanto, o Governo nunca anunciou os acordos que vai fazer e não está claro se o modelo de

serviço existente será renovado ou não”, aponta o deputado.

LIÇÕES DO PASSADO

O estreante no hemiciclo recorda o passado e os problemas que existiram dada a falta de preparação das renovações contratuais que “trouxeram inconvenientes, não

Sofia Margarida Mota

sofia.mota@hojemacau.com.mo

TIAGO ALCÂNTARA

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deputado Leong Sun Iok quer saber os pormenores acerca dos preparativos do Governo sobre a renovação dos contratos, agendada para o ano que vem, das três empresas concessionárias dos autocarros do território. Para o deputado trata-se de um assunto que interfere directamente com a vida quotidiana da população local. Leong Sun Iok recorda, em interpelação escrita, que cerca de 40 por cento dos residentes usa o autocarro como principal meio de deslocação e em Setembro, de acordo com os dados estatísticos, o número médio diário de passageiros chegou aos 600 mil. Com estes dados, o tribuno com ligações à FAOM, considera que “a melhoria do mecanismo de circulação e funcionamento dos autocarros, envolve problemas complexos e tem um impacto profundo no público, pelo que deve ser implementado com cautela”, lê-se na missiva. A menos de nove meses do final dos contratos das concessionárias, Leong Sun Iok aponta que ainda não existe qualquer informação por parte do Executivo quanto aos moldes da renovação. O deputado faz ainda referência à concessionária Nova Era, cujo contrato findou em Junho deste ano, e que,

só aos utilizadores deste meio de transporte, como aos próprios funcionários no que respeita à garantia dos seus direitos e interesses”, aponta. Esta deveria ser, no entender do deputado, uma forma de aprender e por isso, agora, o Executivo deve proceder ao tratamento desta questão de uma forma séria, e ter em conta que, em caso de concurso público, deve ainda garantir que não existirão atrasos administrativos ou outras situações que possam pôr em risco tanto o funcionamento dos autocarros como os direitos dos trabalhadores. Leong Sun Iok quer que o Governo faça o que prometeu no ano passado, e que em vez de andar com a frase “de tornar público a seu tempo”, revele o plano que tem para a renovação de contratos dos autocarros bem como as melhorias que irá exigir às empresas concessionárias para que possam fornecer um serviço de maior qualidade.

GCS

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A menos de nove meses do final dos contratos das concessionárias, Leong Sun Iok aponta que ainda não existe qualquer informação por parte do Executivo quanto aos moldes da renovação

Prioridades em dose tripla Jovens apresentam ao Governo as suas preocupações para as LAG

trânsito são a prioridade para 63,9 por cento dos jovens de Macau, seguidos pelos problemas associados aos serviços de saúde com 63 por cento dos inquiridos a revelaram a sua preocupação, e pelas dificuldades na habitação, apontadas por 58,4 por cento. Wong Wai Pan, membro dos Kaifong e responsável pelo inquérito, referiu na apresentação dos resultados

online, que, na questão do trânsito, 48,6 por cento dos entrevistados querem que o planeamento dos itinerários das carreiras de autocarros no território seja melhorado e cerca de 40 por cento querem que os veículos abandonados sejam removidos dos estacionamentos. No âmbito de serviços de saúde, mais de 52 por cento dos entrevistados estão preocupados com a falta de

camas nos hospitais e com a escassez de médicos. Já 46,6 por cento dos jovens entrevistados querem o aumento na qualidade dos serviços de saúde locais através de formação do pessoal médico. Por outro lado, quase 50 por cento das preocupações registadas com a habitação têm que ver com o destino das casas do território. Para os jovens, a solução passa pela implementação da

política “terra de Macau destinada à população de Macau”.

SUGESTÕES ESPECÍFICAS

Os resultados e opiniões da pesquisa vão ser entregues ao Executivo e, de acordo com Wong Wai Pan, apontam em sentidos claros. “Em primeiro lugar, as autoridades precisam de rever a eficiência das políticas do tráfego e responder à dificuldade da população em termos da deslocação”, disse o responsável. De não esquecer ainda “o ajustamento no número de camas e de médicos, de

LAG SÓNIA CHAN RECEBE SUGESTÕES

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desenvolvimento do chamado “Governo electrónico”, a definição de funções do órgão municipal sem poder político, a revisão do regime jurídico da função pública e a reorganização dos mercados foram algumas das preocupações demonstradas pela Aliança de Povo de Instituição de Macau e a Associação dos Conterrâneos de Kong Mun à secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan. De acordo com um comunicado oficial, os encontros com a secretária têm por objectivo a recolha de “opiniões sobre a reforma da administração pública, a construção do sistema jurídico e os serviços relativos à vida da população”. Depois de ouvir as sugestões das associações, do lado do Governo ficaram as promessas de simplificação dos procedimentos da autorização de licenciamento para os estabelecimentos de restauração e o reforço da coordenação entre os serviços com a criação de uma cidade inteligente. Por outro lado, Sónia Chan garantiu ainda que as LAG 2018 vão ter em conta a implementação da aplicação de metadados para o desenvolvimento do Governo Electrónico. S.M.M.

modo a promover uma melhor relação entre médicos e doentes, e o avanço de políticas eficazes e benéficas para os residentes no que respeita à habitação tendo em conta as necessidades dos jovens e dos casais recém-casados”. De acordo com a pesquisa, os jovens locais querem ainda ver concretizado o aumento do imposto para quem adquirir uma segunda casa no território. O inquérito abarcou uma população de 1086 residentes entre os 18 e os 45 anos. Vitor Ng

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segunda-feira 13.11.2017

TRABALHO EMPREGADOS DOMÉSTICOS E DEFICIENTES SEM SALÁRIO MÍNIMO

A lei do mais forte A consulta pública sobre salário mínimo começa hoje e o Executivo está a estudar deixar de fora empregados domésticos e pessoas com deficiência. O valor do ordenado só vai ser definido após a recolha de opiniões

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Governo está a ponderar deixar de fora da lei geral do salário mínimo empregados domésticos e pessoas com deficiência. Esta é uma proposta em cima da mesa quando o Executivo começa a ouvir opiniões, numa consulta que começa hoje e vai estar em vigor até 27 de Dezembro. Numa conferência de imprensa realizada, ontem, pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), o director Wong Chi Hong, explicou que o facto dos trabalhadores domésticos não puderem ser avaliados em termos de produção, justifica que não sejam abrangidos pelo diploma que deve entrar em vigor em 2019. “De uma forma geral, os trabalhadores são contratados de acordo com a capacidade de produção, mas isso não acontece quando se contrata um trabalhador doméstico”, disse Wong Chi Hong, director da DSAL.

“É por isso que queremos ouvir a população sobre se quer incluir os trabalhadores domésticos no salário mínimo”, frisou. Por outro lado, o Executivo teme que um aumento no ordenado deste tipo de trabalhadores force as pessoas a deixarem de trabalhar para tratarem dos assuntos domésticos. Uma preocupação que se explica com o medo de ver a mão-de-obra encolher. Segundo os dados do Governo, no Interior da China, Hong Kong e Taiwan, a lei do salário mínimo também não inclui os trabalhadores domésticos. Em relação às pessoas com deficiência, os responsáveis do Governo mostraram-se preocupados com o facto da imposição de um salário mínimo poder resultar em menos empregabilidade. “Estamos a ponderar se a partir do momento em que houver um salário mínimo para pessoas com deficiência, se isso não vai afectar a empregabilidade. Se eles também

SÓ PARA RESIDENTES

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deputada ligada à Associação Geral das Mulheres, Wong Kit Cheng, defende que apenas os trabalhadores domésticos residentes devem ser protegidos pelo salário mínimo. Questionada sobre o tema, a subdirectora da DSAL, Ng Wai Han, admitiu esse cenário, se for essa a conclusão da consulta pública. “Se o resultado da consulta pública indicar que a medida se deve aplicar a trabalhadores residentes mas não a trabalhadores não residentes, será isso que vamos propor”, admitiu a responsável.

receberem o salário mínimo, não será que os empregadores vão optar por contratar antes outros trabalhadores? Queremos ouvir os empregadores sobre essa questão”, explicou Wong Chi Hong.

SEM DEFINIÇÃO

A consulta pública não apresenta nenhum montante para o salário mínimo como referência. Segundo o director da DSAL, a questão só vai ser proposta depois da consulta pública. “Queremos ouvir as opiniões do público antes de propor um montante. Estamos a ponderar a situação geral, porque o salário mínimo irá afectar a inflação, vai ter impacto para os empregadores e pode levar o aumento dos salários a reflectir-se nos preços finais que serão sentidos pelos consumidores”, afirmou o responsável da DSAL sobre este ponto. Actualmente os sectores laborais das empregadas de limpeza e seguranças de condomínio já estão abrangidos pelo salário mínimo. O valor nestes casos é de 30 patacas por hora. Porém, Ng Wai Han, subdirectora, admitiu que o ordenado mínimo até pode ser inferior a esse valor, dependendo da consulta pública. No final do ano passado havia 44.200 trabalhadores a receberem um ordenado inferior ao do montante mínimo para as empregadas de limpeza e seguranças de condomínio. Com a consulta pública a terminar quase no final do próximo mês, a proposta de lei só deverá entrar na Assembleia Legislativa no próximo ano. Mesmo assim, o director da DSAL mostrou-se confiante que a lei entre em vigor ao longo de 2019, como foi prometido pelo Governo. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo

Wong Chi Hong, director da DSAL “Se eles [trabalhadores com deficiência] também receberem o salário mínimo, não será que os empregadores vão optar por contratar antes outros trabalhadores?”

SEGURANÇA RODOVIÁRIA PREOCUPAÇÃO COM O USO DE TELEMÓVEIS

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Governo deve, o mais rapidamente possível, implementar medidas de promoção da segurança rodoviária que tenham como alvo o uso de telemóveis. A ideia é deixada em comunicado pela deputada Angela Leong que está preocupada com o aumento de acidentes resultantes do uso destes dispositivos por condutores.

A deputada faz referência aos dados facultados pela Polícia de Segurança Pública que revelam um aumento em 13 por cento das multas passadas por uso de telemóvel a condutores relativamente ao total de casos registados no ano passado. No total, de Janeiro a Outubro, registaram-se 3387 multas por uso de telefone ao volante, en-

quanto em 2016 foram registados 2991 casos. Para a deputada não há ainda uma consciencialização suficiente dos condutores acerca dos perigos do uso de aplicações como o facebook, we chat ou whatspap enquanto se conduz. Por outro lado, a multa em vigor, de 600 patacas, aplicada aos condutores que infringem a lei é, também, reduzida.

Mas o alarme não é só dado aos condutores. Ângela Leong está ainda preocupada com os peões que “andam sempre de cabeça curvada”. Além das distracções com as aplicações móveis, a deputada alerta para os perigos de usar auscultadores e ouvir música. Para Angela Leong, são tudo factores que promovem a falta de atenção ao ambiente circundante e

que interferem no bom funcionamento do mesmo. Para combater esta tendência, Leong considera fundamental o investimento por parte do Governo em programas pedagógicos que consciencializem os residentes para os perigos de se estar alheado do meio em que circulam e os obstáculos que são criados para uma circulação segura e de qualidade. S.M.M.

Reabilitação urbana Ella Lei quer aplicação de isenção fiscal

Uma data para a implementação da isenção fiscal na reabilitação de edifícios antigos é o pedido de Ella Lei ao Governo. Em interpelação escrita, a deputada com ligações à FAOM, questiona o Governo acerca das medidas que está a promover no âmbito da reabilitação urbana. Ella Lei aplaude a isenção fiscal anunciada pelo Executivo sobre os trabalhos de reconstrução urbana, no entanto, lamenta que a medida ainda não esteja a ser implementada. Para a deputada, esta demora, “não só aumenta a carga económica para os pequenos proprietários, mas também dificulta a vontade dos residentes em proceder a remodelações nos edifícios que possuem”. Por outro lado, trata-se ainda de segurança pública visto que o mau estado de determinadas construções antigas no território pode vir a provocar acidentes.


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13.11.2017 segunda-feira

HATO PROPRIETÁRIOS DE CARROS INUNDADOS QUEREM COMPENSAÇÕES

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DROGA CONSUMO DE METANFETAMINAS AUMENTOU ENTRE OS MAIS JOVENS

Ice, ice, baby

Os jovens de Macau consumiram mais cristal de metanfetamina, conhecido localmente por “ice”, em relação ao ano passado. Também os custos mensais para sustentar o vício aumentaram 36,4 por cento no primeiro semestre deste ano

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S consumidores de estupefacientes inscritos no Sistema de Registo Central dos Toxicodependentes do Instituto de Acção Social (IAS), gastam mensalmente cerca de 10 mil patacas em droga. Os dados foram revelados pelos serviços de acção social que acompanham os casos dos consumidores de drogas. A despesa mensal com drogas aumentou 36,4 por cento no primeiro semestre deste ano, para uma média de 10.218 patacas, com-

parativamente ao período entre Janeiro e Junho do ano passado, em que a média despendida era de 7.489 patacas. Este valor corresponde aos consumos reportados por 311 pessoas inscritas no registo central, menos 63 do que em igual período de 2016, segundo dados apresentados após uma reunião plenária da Comissão de Luta Contra a Droga. O número resulta do registo voluntário de pessoas, e de informações fornecidas por 18 entidades, incluindo polícia judiciária, polícia de

segurança pública e organizações não-governamentais, “mas não reflecte a população toxicodependente de Macau”, disse em conferência de imprensa a chefe do departamento de Prevenção e Tratamento da Dependência do Jogo e da Droga do IAS, Hoi Va Pou.

CRISTAL BOÉMIO

Apesar de se manter como a droga mais consumida, o “ice” representou 30,4 por cento do consumo total de estupefacientes, uma valor menor 4,6 pontos percentuais comparativamente aos PUB

Notificação edital (44/FGCL/2017) Nos dos pedidos: 1/2015, 2/2015, 3/2015, 4/2015, 32/2016, 33/2016, 147/2017, 150/2017

Nos termos da alínea 1) do n.º 1 do artigo 9.º da Lei n.º 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), conjugado com o n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, vem o Conselho Administrativo deste Fundo notificar o devedor dos números dos pedidos acima referidos, “Empresa Hoteleira de Macau Limitada (Titular do Hotel Palacio Imperial Beijing)”, com sede na Avenida Padre Tomás Pereira nº 889 na Taipa, Macau, o seguinte: Relativamente aos oito ex-trabalhadores (Chan Sio Wa, Hong Hin Man, Tang Wai In, Kun Va Iong, Lai Sai Hong, Lei Kuok Chio, Ng Tat Kuong e Chan Seng Lon), no que diz respeito ao requerimento junto deste Fundo para pagamento dos créditos emergentes das relações de trabalho, o Conselho Administrativo deste Fundo, em 31 e Outubro de 2017, deliberou, nos termos do artigo 6.o da Lei n.º 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), efectuar o pagamento dos créditos e dos juros de mora em causa aos ex-trabalhadores acima referidos, no valor total de $556 393,00 (quinhentas e cinquenta e seis mil, trezentas e noventa e três patacas). Mais se informa o devedor que este Fundo irá efectuar o pagamento dos créditos àqueles ex-trabalhadores, oito dias após a data da publicação da presente notificação. De acordo com o artigo 8.o da referida Lei, após efectuado o pagamento dos créditos, este Fundo fica sub-rogado naqueles créditos. O devedor pode, durante as horas de expediente, deslocar-se à sede da DSAL, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado nos 221 a 279, Edifício Advance Plaza, Macau, para consultar os referidos processos. 9 de Novembro de 2017 O Presidente do Conselho Administrativo do Fundo de Garantia de Créditos Laborais, Wong Chi Hong

35 por cento no primeiro semestre de 2016. O “ice”, ou cristal de metanfetamina, manteve-se como a droga mais consumida pelos jovens em Macau, aumentando para 55,6 por cento no primeiro semestre deste ano, mais oito pontos percentuais em relação aos 47,4 por cento entre Janeiro e Junho de 2016.

O “ice”, ou cristal de metanfetamina, manteve-se como a droga mais consumida pelos jovens em Macau, aumentando para 55,6 por cento no primeiro semestre deste ano O consumo de droga entre os jovens (16 a 20 anos) representou 5,5 por cento do total (17 pessoas entre 311), quando nos primeiros seis meses de 2016 representava 4,8 por cento (18 pessoas entre 374). Macau tem em vigor uma nova lei da droga desde o final de Janeiro, que aumentou as penas para o consumo, de um máximo de três meses para um ano.

S proprietários dos carros inundados com a passagem do tufão Hato pelo território querem medidas de reembolso e de ajuda nas despesas de cancelamento de matrícula. A ideia foi deixada ontem em conferência de imprensa dada pela recente aliança de vários grupos que, em comum, têm o facto de serem constituídas por pessoas que perderam os seus veículos devido às inundações. A conferência contou com a presença do deputado Sulu Sou, que criticou o Governo por ainda não ter apresentado medidas satisfatórias sobre a prevenção de catástrofes, e, pior ainda, não ter resolvido alguns dos problemas deixados pela passagem do Hato, nomeadamente o seguimento dado aos casos que envolvem os carros danificados e a falta de medidas para compensar os proprietários afectados. Stanley Ip, membro da união recém-formada, queixa-se da medida do Governo em que só os proprietários que adquirirem novos automóveis podem obter apoios. “Será que os lesados que não querem

comprar novo veículo não são lesados ou não foram afectados?”, interroga. O mesmo representante criticou ainda os procedimentos relativos ao cancelamento de matrículas dos veículos inundados. Leong Kin Keong, outro representante da união, pede que sejam devolvidos aos lesados os impostos já pagos, e, tendo em conta que o Governo começou a vender em hasta pública os veículos com matrículas canceladas, o dinheiro obtido deveria ser deduzido nas despesas administrativas e voltar para os próprios lesados. De acordo com Sulu Sou, os lesados vão reunir-se na terça-feira com o director da Direcção dos Serviços de Economia (DSE) e com a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) para apresentar as suas queixas. V.N.

Violência Vídeo mostra luta nas Ruínas de São Paulo

Cinco pessoas, alegadamente de nacionalidade filipina, envolveram-se em cenas violentas de pancadaria, à frente das Ruínas de São Paulo. O vídeo foi captado no sábado à noite, por um cidadão filipino, que identifica os envolvidos como tal, e mostra uma luta de quatro indivíduos contra outros dois. Nas imagens consegue ver-se um dos indivíduos do par a ser violentamente espancado, já no chão, com murros e com um objecto que se assemelha a uma cadeira dobrável. Os ataques só chegaram ao fim, quando algumas das pessoas presentes na zona decidiram intervir. Nessa altura, os quatro indivíduos foram-se embora, podendo ouvir-se pessoas a dizerem que iam chamar as autoridades.

IFT Formação em comida local

O Instituto de Formação Turística (IFT) pode vir a abrir mais cursos na área da gastronomia e culinária. A ideia foi deixada pela presidente do Instituto, Fanny Vong, num evento oficial em que admite que “no futuro vai investir mais recursos no curso já existente da licenciatura da administração de artes culinárias, e disponibilizar mais cursos de curto prazo nesta área”, refere o jornal Ou Mun. No que respeita aos cursos de curta duração, Fanny Vong aponta que o foco será na gastronomia típica do território, para “auxiliar a inovação a formação de talentos”. A iniciativa, afirmou, tem que ver com a integração do território na rede de cidades criativas da UNESCO, precisamente, no sector da gastronomia.


sociedade 7

segunda-feira 13.11.2017

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UDO começou em Março de 2010 quando um jovem português, menor de idade, caiu na escola e magoou o braço. As dores intensas e o inchaço fizeram com que os pais o levassem às urgências do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ) para um diagnóstico que se revelou errado: havia uma fractura e o médico da urgência não soube detectar o problema através do raio-X realizado. Além disso, não encaminhou o jovem para uma consulta de ortopedia. Os pais decidiram levar o caso à justiça e a decisão do Tribunal Administrativo (TA) foi conhecida no passado dia 6 de Outubro: os Serviços de Saúde (SS) vão ter de pagar mais de 120 mil patacas aos pais do jovem por danos patrimoniais e não patrimoniais, segundo o acórdão a que o HM teve acesso. O TA decidiu-se por este valor uma vez que os pais do menor acabaram por se deslocar a Hong Kong para a realização de uma operação cirúrgica, que custou cerca de 90 mil patacas, além de despesas adicionais. O TA considerou que o médico dos serviços de urgência do CHCSJ “não tomou as medidas necessárias para assegurar a precisão e certeza do diagnóstico do paciente, violando as regras de ordem técnica e prudência comum exigível ao exercício de função médica”. “Atendendo a que o diagnóstico feito pelo médico de Hong Kong envolve pouca complexidade, sendo acessível a qualquer médico médio, significa que o exame da ferida do braço necessita de algum conhecimento técnico de ortopedia, pelo que o [médico da urgência do CHCSJ] deveria socorrer-se de um especialista no serviço para consulta de imediato, ou pelo menos encaminhar o menor para uma consulta posterior da especialidade.” Além disso, o médico em questão “chegou a praticar um acto ilícito”, ao tirar “uma conclusão precipitada e incorrecta com dados facultados na altura, o que, conducente

ERRO MÉDICO SERVIÇOS DE SAÚDE CONDENADOS POR FALHA EM DIAGNÓSTICO

A fractura invisível

O Tribunal Administrativo condenou os Serviços de Saúde ao pagamento de uma quantia superior a 120 mil patacas aos pais de um menor. Em causa está um mau diagnóstico efectuado nas urgências do hospital Conde de São Januário após uma queda que resultou numa fractura. Sem uma solução, o menor teria ficado com uma deficiência permanente no braço sentados, foi decidido por unanimidade que o jovem tinha fracturado o braço.

PRIVADO COM DIAGNÓSTICO

Acórdão do Tribunal Administrativo “Foi no dia seguinte a fractura observada na consulta do médico especialista exercida no sector privado na RAEM, através do exame do novo raio-X tirado nesse dia.”

à qualificação de ‘simples’ da situação do menor e à adopção do tratamento ‘errado’, ainda que o tratamento prescrito não se tenha revelado lesivo para a saúde ou vida do menor”. “Foi de modo inadequado e não imediato”, revela o acórdão. Ainda assim, o TA entendeu que a negligência não foi “grave ou grosseira”, porque o médico “seguiu o procedimento normal para o exame do paciente e foi por falta de conhecimento técnico e experiência na especialidade de ortopedia que fez um diagnóstico errado da lesão do menor”. “Não é de considerar que essa falha foi resultado directo da sua dili-

gência e zelo manifestamente inferiores àqueles a que se achava obrigado em razão do cargo”, acrescenta o TA. O HM sabe que decisão do TA foi tomada após a constituição de uma junta médica

composta por três médicos, dois deles do hospital Kiang Wu e pedidos das três entidades envolvidas no processo: os pais do menor, o CHCSJ e o tribunal. Com base nos documentos e exames apre-

A primeira ida do menor às urgências revelou-se infrutífera: nos dias seguintes as dores não paravam, apesar da prescrição do médico do CHCSJ, que lhe receitou meia ampola de Diclofenac, “bem como de pomadas e medicamentos”. Na urgência colocaram-lhe ainda uma “ligadura no braço direito”, “sem marcação de encaminhamento ou consulta posterior na especialidade de ortopedia”. Apesar do médico ter pedido o raio-X, “não reconheceu que o cotovelo do braço direito do menor foi dobrado no ângulo de noventa graus, com inchaço e dores”. Os pais decidiram então recorrer a um médico no sector privado, que verificou de imediato que a existência de fractura no braço magoado. “Foi no dia seguinte a fractura observada na consulta do médico especialista exercida no sector privado na RAEM, através do exame

do novo raio-X tirado nesse dia”, lê-se no acórdão do TA. Em Hong Kong, os médicos iriam decidir-se pela operação, pois, caso contrário, o jovem menor poderia ficar com uma pequena deficiência permanente: não poderia voltar a estender o braço na totalidade. “Foi diagnosticada a fractura do côndilo medial do braço direito na consulta junto da ortopedista em Hong Kong alguns dias posteriores à queda, o que levou [o pai do menor] a aceitar a recomendação de se realizar a cirurgia imediata em Hong Kong, para reduzir os riscos da não reunião ou deformação do osso.” Os juízes afirmaram ainda compreender o facto dos pais do menor se terem deslocado a Hong Kong para resolver este caso quando o seu filho tem direito a cuidados de saúde gratuitos no serviço público de saúde em Macau. “É compreensível e não fora de expectativa que os pais, face às queixas continuadas de dores do filho menor, tenham recorrido a outro pessoal médico para opiniões técnicas. É também compreensível que se tenham preocupado com a situação do menor diagnosticada pelo médico de Hong Kong e que tenham aceite a sugestão de se realizar a cirurgia imediata em Hong Kong, para reduzir os riscos da não união ou deformação do osso.” É referido, neste contexto, que os pais do menor “perderam a sua confiança na adequação e eficácia do tratamento oferecido ao seu filho junto do serviço de saúde pública”. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Crime Director dos Serviços de Saúde lamenta ataques a polícias De acordo com um comunicado do GCS, o director dos Serviços de Saúde (SS), Lei Chin Ion, lamenta a ocorrência de casos em que agentes fiscais de tabaco foram alvo de agressões que os deixaram com ferimentos ligeiros. As ofensas físicas em questão terão ocorrido durante operações de fiscalização, actos que Lei Chin Ion condena veementemente. Segundo o GCS, desde 2016 até 9 de Novembro deste ano, foram registados três casos

de ataques a agentes fiscais durante operações, que envolveram um total de seis agentes e, num dos casos, o tribunal condenou o arguido a um ano e seis meses de prisão por fumar ilegalmente e por desobediência à autoridade. Ainda assim, o director considera que os ataques aos agentes policiais são casos isolados, tendo defendido tolerância zero para actos de desobediência à autoridade por parte de fumadores.


8 eventos

13.11.2017 segunda-feira

A Fundação Rui CINEMA SEGUNDA EDIÇÃO DO CICLO DE CINEMA BRASILEIRO ARRANCA QUARTA-FEIRA Cunha recebe a partir de quartafeira um festival dedicado à sétima serão exibidos na Fundação arte produzida Rui Cunha até dia 21. “Elis” (2016) é a película no Brasil. O II que marca a estreia na realizaCiclo de Cinema ção de Hugo Prata e aborda a carreira e vida pessoal da canBrasileiro em tora brasileira Elis Regina, que morreu em 1982, aos 36 anos. Macau, que “É um filme que conta como ela cresceu como candecorre até dia tora. Ela introduziu a Música 21 de Novembro, Popular Brasileira (MPB), e depois teve o problema da arranca com droga que acabou com a sua vida”, disse à agência Lusa o filme “Elis”, Jane Martins, presidente da Casa do Brasil em Macau. sobre a vida “O filme saiu do cinema há pouco tempo no Brasil e quem e carreira já gosta de MPB vai gostar de Elis Regina muito”, acrescentou.

Do Brasil, com amor

O

filme “Elis”, sobre a curta e intensa vida da cantora Elis Regina, vai abrir, na quarta-feira, o II Ciclo de Cinema Brasileiro em Macau, um evento promovido pela Associação Casa do Brasil. O ciclo é composto por cinco filmes que

O

Festival Experimental de Animação Cross-Straits, ou EXiM 2017, decorre no próximo fim-de-semana, de 17 a 19 de Novembro, no Auditório do Museu de Arte de Macau. O evento inclui três sessões de visionamento, sendo que a sessão inaugural acontece no próximo dia 17 de Novembro, sexta-feira, pelas 19h e é organizado peloArmazém do Boi. As manifestações de experimentalismo na área da animação normalmente transcendem a tradicional narrativa do

A obra chegou às salas portuguesas de cinema no dia 28 de Setembro. “Elis” venceu em oito categorias no Grande Prémio do Cinema Brasileiro de 2017: melhor actriz (Andréia Horta), montagem, fotografia, banda sonora original, maquilhagem, som, direcção de arte e figurino. O ciclo de cinema vai também apresentar “O Outro

Avant-Garde animada

MAM recebe Festival de Animação Experimental Cross-Straits

vídeo e do filme para conceitos que extravasam os habitais cânones da criação cinematográfica.

Ao longo do tempo, este tipo de criações tornaram-se uma forma de criação artística com presença em exposições de arte contemporânea. Os organizadores do evento convidaram três curadores com bastante traquejo no que toca à arte contemporânea e ao cinema experimental. A

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA A COR DAS CEREJEIRAS • António Graça de Abreu

saber: Cao Kai do Interior da China, Phoebe Man de Hong Kong e Chang Jay de Taiwan. Os três curadores escolheram uma selecção de 34 trabalhos, aos quais se juntam mais quatro de artistas locais e que forma o cartaz do EXiM 2017. Tendo em conta o surgimento nos últimos anos

de uma grande profusão de meios electrónicos e digitais, inclusive no campo do software, os artistas viram as possibilidades em animação multiplicarem-se a um ritmo acelerado. Desta forma, não é de estranhar que o cinema de animação tenha sido escolhido como conceito condutor do EXiM 2017.

Lado do Paraíso” (2014), de André Ristum, uma história que tem como pano de fundo os sonhos de um pré-adolescente “Nando” (Davi Galdeano) e a chegada dos militares ao poder em 1964.

PELÍCULAS PREMIADAS

“Nise, O Coração da Loucura”, de Roberto Berliner, é outro dos filmes do cartaz, que ganhou “melhor filme” e “melhor actriz” (Glória Pires), no 28.º Festival de Tóquio, em 2015, além de outros prémios internacionais na América Latina, destacou Jane Martins. O filme conta a história da médica psiquiatra Nise da Silveira que questiona a violência no tratamento de pacientes diagnosticados com esquizofrenia, num hospital psiquiátrico no subúrbio carioca de Engenho de Dentro. O cartaz do II Ciclo de Cinema Brasileiro em Macau inclui também “Que Horas Ela Volta?” (2015), de Anna Muylaert, que Jane Martins define como “um filme para a família”, sobre “a relação entre mãe e filha”, que “tem uma mensagem bonita, de que quanto mais perto você puder ficar dos filhos, melhor”. “Que Horas Ela Volta?”, que estreou em Portugal no final de 2015, foi o candidato brasileiro a uma nomeação para o Óscar de Melhor Filme

de forma a manter Macau a par da cena internacional, rompendo com as amarras conceptuais que normalmente constrangem a expressão cinematográfica. Por outro lado, a escolha destes três curadores visa imprimir no cartaz do festival uma multiplicidade de influências e visões artísticas diversas. Macau,

DA DIVERSIDADE

A organização deste evento, de acordo com o comunicado do Armazém do Boi, é estimular a criação local de arte experimental neste ramo,

Hong Kong, Interior da China e Taiwan têm fundos históricos distintos, com níveis de desenvolvimento e ideologias sociais diferentes. Todas estas envolvências inspiram a criação artística de formas variadas em cada região. Ou seja, o público não só pode assistir às criações cinematográficas, mas também ter um vislumbre das influências sociais das produções. As sessões começam sempre às 19h e têm entrada livre. J.L.

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

António Graça de Abreu, tendo por base os haiku, poemas curtos nascidos no Japão, convida-nos a viajar pela melodia das palavras, a divertirmo-nos e a deixarmo-nos seduzir pela graciosidade da sua poesia que nos mostra a diferença entre o vulgar e o raro, entre o trivial e o transcendente. Segundo palavras do autor, os poemas reunidos neste livro foram “compostos no silêncio, no fluir das estações do ano, após a suave ou agitada exaltação do corpo, no deslumbramento de caminhadas por muitos e sinuosos atalhos do mundo, como pequenos poemas de circunstância, quase sempre fruto da espontaneidade no abrir das palavras.

CIDADE PROIBIDA • Eduardo Pitta

«Em “Cidade Proibida” deparamos com um fresco ao mesmo tempo minucioso, cruel e desencantado da sociedade portuguesa contemporânea. [...] Não tenho dúvidas aliás de que Cidade Proibida, se Pitta fosse inglês, seria facilmente candidato ao Booker. Mas será que teria (ou terá) hipóteses, em Portugal, de ganhar um merecido prémio da APE?» – José Mário Silva, Diário de Notícias.


eventos 9

segunda-feira 13.11.2017

“Queremos ver se conseguimos fazer todos os anos. É um evento bem-vindo e as pessoas gostam, principalmente por ser em português.” JANE MARTINS PRESIDENTE DA CASA DO BRASIL EM MACAU

Estrangeiro, no ano seguinte, ganhou o Prémio do Público no Festival de Berlim, e o Prémio Especial do Júri no Festival de Sundance. Deu ainda à protagonista, a actriz Regina Casé, vários prémios de interpretação, e contribuiu para a revisão das condições de trabalho dos trabalhadores domésticos, no Brasil, na altura da estreia. A obra trata as relações, algumas vezes perversas, entre patrões e empregados, expondo o tratamento discriminatório de que são alvo, em termos de direitos. “Que horas ela volta?” conta a história de uma mulher, Val, que deixou a sua família para ir trabalhar PUB

como empregada doméstica para uma casa rica de São Paulo, perdendo o contacto diário com a sua família e a sua filha. A obra põe em evidência as diferenças de tratamento das classes sociais, o comportamento servil a que a empregada se sujeita e o vazio relacional dos patrões com o filho, que Val acaba por ocupar, com o seu trabalho diário (o título inglês do filme é “The second mother”, ou seja a segunda mãe). Em 2015, a estreia do filme de Anna Muylaert contribuiu para o debate da revisão da Constituição brasileira, que só então reconheceu a igualdade de direitos dos

empregados domésticos com os dos restantes trabalhadores.

CINE-PALMO E MEIO

O ciclo de Cinema Brasileiro em Macau tem ainda uma sessão infantil, com “Uma Professora Muito Maluquinha” (2011), de André Alves Pinto e César Rodrigues. “É um filme divertido, sobre educação, baseado numa história dos anos 1940, em que uma professora inova na forma de ensino”, explicou a presidente da Casa do Brasil. “É uma boa selecção. Quisemos trazer histórias diferentes para que as pessoas não sentissem que era tudo igual. Foram filmes que estiveram em cartaz muito tempo e foram muito elogiados”, disse. O objectivo da associação Casa do Brasil em Macau é tornar o ciclo de cinema brasileiro um evento anual. “Queremos ver se conseguimos fazer todos os anos. É um evento bem-vindo e as pessoas gostam, principalmente por ser em português. E todos os filmes estão legendados em inglês, para quem não fala português”, afirmou. Agência Lusa

Palestra Fórum Luso-Asiático reata ciclo “Do Sagrado ao Profano”

No próximo dia 24 de Novembro, sexta-feira, às 18h30 na Livraria Portuguesa assinala-se o regresso do ciclo de palestras “Do Sagrado ao Profano”. O evento, organizado pelo Fórum Luso-Asiático, retoma com o tema “Liberdade, Igualdade e Solidariedade – 300 anos da Grande Loja de Londres”, que versará sobre a influência do anglicanismo no mundo contemporâneo. A palestra será conduzida pelo presidente do fórum, Arnaldo Gonçalves, e incidirá sobre a organização e funcionamento da maçonaria inglesa enquanto rede de contactos e promoção dos valores identitários da Britânia.


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13.11.2017 segunda-feira

‘DIA DOS SOLTEIROS’ O MAIOR EVENTO DE COMÉRCIO ‘ONLINE’ DO MUNDO

Negócios há muitos... sábado. Por comparação, os norte-americanos gastaram o ano passado cinco mil milhões de dólares em compras ‘online’ no Dia da Acção de Graças e na ‘Black Friday’ (a sexta-feira seguinte à Acção de Graças, que os comerciantes transformaram num evento comercial). A época da Acção de Graças assinala-se no final de Novembro e marca, nos Estados Unidos da América, o início das compras de Natal. Já na ‘Cyber Monday’ (a segunda-feira a seguir ao Dia de Acção de Graças, em que empresas promovem compras ‘online’), os americanos gastaram 3,39 mil milhões de dólares o ano passado, ainda de acordo com a Adobe, que faz esta monitorização.

IMAGINECHINA/CORBIS

O

Dia dos Solteiros na China, uma data nascida na década de 1990 entre estudantes universitários, é hoje o maior evento de comércio electrónico do mundo, com os chineses a gastarem milhares de milhões de yuan em compras ‘online’. O gigante de comércio electrónico Alibaba disse este sábado que as vendas dos milhares de retalhistas que constam da sua plataforma excederam os 130 mil milhões de yuan entre a meia-noite de sexta-feira e o início da noite de sábado. Já o maior rival doAlibaba, o revendedor ‘online’JD.com, divulgou que as vendas atingiram os 16,7 mil milhões de dólares. Contudo, os números não são comparáveis, uma vez que as transacções da JD vão desde 1 de Novembro até

O gigante de comércio electrónico Alibaba disse que as vendas dos milhares de retalhistas que constam da sua plataforma excederam os 130 mil milhões de yuan entre a meia-noite de sexta-feira e o início da noite de sábado

SEMPRE A CRESCER

A China é, actualmente, o maior mercado de comércio

electrónico do mundo e a as compras ‘on-line’ representam uma proporção cada vez maior das despesas de consumo dos chineses. A consultora Boston Consulting Group prevê que os gastos ‘online’ aumentarão 20% ao ano, atingindo 1,6 biliões de dólares em 2020, em comparação com o crescimento de 6% previsto para as compras presenciais. O Dia dos Solteiros foi iniciado por estudantes universitários chineses na década de 1990 como uma versão do Dia dos Namorados para pessoas sem parceiros românticos, tendo sido transformado num evento de comércio ‘on-line’, com os retalhistas a anunciaram promoções, com o objectivo de atrair jovens consumidores. A despesa deste dia na China dá um impulso aos esforços do Partido Comunista chinês para estimular o crescimento económico baseado no consumo interno. A China tem 731 milhões de utilizadores de Internet, um aumento de 6% face a 2016, segundo as estatísticas do Governo.

Dois mortos em derrocada num supermercado

Pelo menos duas pessoas morreram sábado e seis ficaram feridas na derrocada do segundo piso de um supermercado na cidade chinesa de Xangai, provavelmente por excesso de peso de mercadoria, segundo os meios de comunicação social locais. O desastre aconteceu sábado de manhã num supermercado em Zhuqiao, no distrito de Pudong, que pertence à cidade de Xangai. Inicialmente, uma pessoa morreu e sete foram resgatadas vivas entre a pilha de mercadorias e escombros, mas um dos feridos acabou por morrer pouco depois no hospital. Segundo as autoridades locais, o supermercado em causa é pequeno e parte do segundo piso era usada para armazenar produtos. Terá sido o excesso do peso de mercadorias que fez derrubar o piso. As autoridades chinesas estão agora a avaliar supermercados e centros comerciais da mesma região para avaliar os riscos para a segurança.

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SISMOS PEQUIM E TAIPÉ COLABORAM EM SATÉLITE

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China e Taiwan fecharam um acordo para cooperarem num satélite de detecção de ondas electromagnéticas que possa prever sismos. O satélite será lançado no próximo ano, no âmbito de um projecto conjunto ontem revelado pelo jornal South China Morning Post. Alguns sismos geram anomalias electromagnéticas antes de ocorrerem, e este projecto pretende detectar esses fenómenos para tentar prever os sismos, que afectam com regularidade tanto a China como Taiwan. Esta cooperação entre Pequim e Taipé representa um marco, principalmente tendo

em conta a actual relação política entre as duas partes, desde a subida ao poder, no ano passado, da actual Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, de um partido independentista. “Esta é a primeira vez. Nunca ouvi falar de cooperação com Taiwan de qualquer tipo neste campo. Este tipo de dados é normalmente secreto”, disse ao jornal de Hong Kong Li Zaoshe, investigador da Academia de Ciências da China, em Pequim. O secretismo prende-se com o facto de estes satélites poderem também ter um importante uso militar, como a localização de estações de radar ou de centros de lançamento de mísseis.


desporto 11

segunda-feira 13.11.2017

Rodolfo Ávila com pódio em Wuhan

Rodolfo Ávila (VW Lamando GTS) somou um terceiro lugar e uma desistência nas duas corridas do Campeonato da China de Carros de Turismo, disputadas este fim-de-semana na pista citadina de Wuhan, na província de Hubei. Na altura em que desistiu, na prova de domingo, o piloto mostrava um ritmo forte, tendo recuperado do 10.º ao terceiro lugar. Contudo problemas de motor impediram-no de pontuar. “Foi pena [a desistência], porque para além de ter perdido um pódio garantido, em termos de campeonato este abandono também foi bastante prejudicial”, disse o piloto no final. As provas do fim-de-semana foram vencidas pelos colegas de equipa de Ávila, o britânico Robert Huff e o chinês Zheng Zheng Dong. O piloto de Macau é agora 6.º no campeonato com 97 pontos, a 19 do líder Robert Huff, que soma 116. PUB

Kento Momota derrotou Ihsan Mustofa por 2-0 na final do Open de Macau em Badminton. O dia ficou marcado por várias vitórias para as cores chinesas e Huang Yaqiong levou mesmo duas medalhas de ouro para casa

K

ENTO Momota derrotou Ihsan Mustofa por 2-0, com os parciais de 21-16, 21-10, e conquistou o Macau Open de badminton, que decorreu no Pavilhão Desportivo do Tap Seac. Momota, de 23 anos,

O momento de Momota Atleta de 23 anos é o primeiro japonês a vencer Open de Badminton de Macau

tornou-se no primeiro japonês a vencer a competição do território e sucede ao chinês Zhao Jupeng. O indonésio Mustofa era considerado o favorito porque ocupava a 70.ª posição do ranking, enquanto o japonês era 79.º. Contudo, no Pavilhão Tap Seac, não deu qualquer hipóteses. O início do encontro foi muito equilibrado, mas a partir do 5-5, Momota disparou no marcador e acabaria por fechar o primeiro set com 21-16. Em desvantagem, Mustofa precisava de vencer o set seguinte para ainda disputar o encontro. Porém, Momota entrou muito forte e colocou-se a ganhar por 9-0. Com uma vantagem tão grande, o japonês só precisou de gerir o resultado. Na final singular feminina, a vitória foi para a jovem promessa chinesa, Cai Yanyan, que tem apenas 17 anos. Na final a atleta do Império do Meio teve uma

tarefa complicada, mas levou de vencida a taiwanesa Pai Yu Po por 2-1, com parciais de 21-15, 17-21 e 21-16. Os dois primeiros sets foram particularmente bem disputados com as duas atletas a terem trocas constantes na liderança do marcador. Mas no último set, Cai conseguiu mesmo impor-se, tendo estado sempre à frente da adversária. O resultado do encontro também acabou por ser uma

surpresa, visto que a atleta de Taiwan é mais experiente e ocupa a 42.ª posição no ranking mundial, enquanto a chinesa está no 91.º lugar.

DUPLA VITÓRIA DE HUANG YAQIONG

O dia de ontem foi particularmente feliz para as cores chinesas, com todas os atletas envolvidos em finais a levarem o ouro para casa. Para este sucesso muito

contribuiu a jogadora Huang Yaqiong, ao vencer nada menos do que duas finais. A primeira foi em pares mistos. Huang Yaqiong teve como parceiro o atleta Zheng Siwei e impôs-se à dupla sul-coreana constituída por Seung Jae Seo e Kim Ha Na, por 2-0, com os parciais 21-14 e 21-11. A segunda vitória foi na final de pares femininos. Huang fez dupla com Yu Xiaohan e derrotaram as também sul-coreanas Ha Na Baek e Yu Rim Lee, por 2-0, com os parciais 21-10 e 21-17. Já na final masculinas de pares, Seung Jae Seo, que já tinha perdido a final mista, e Kim Won Ho foram derrotados pelos indonésios Arya Pangkaryanira e Ade Santoso em dois sets, por 21-13 e 21-14. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo


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13.11.2017 segunda-feira

Vem beber um copo e descansar, Os homens mudam sempre, como as ondas do mar.

SHEN HAO

Paulo Maia e Carmo tradução e ilustração

«Hua Zhu»

Discurso sobre a Pintura

As pinturas dos velhos mestres contêm partes que são vivas e partes que são aborrecidas, partes que estão incompletas e partes que são repletas, partes que são delicadas e partes que são fortes. Guo Xi (1020?-1090?) disse: «As montanhas à distância não têm rugas, as águas ao longe não têm ondulação, as figuras que estão ao longe não possuem olhos.» Eu digo: «Ao longe as montanhas ainda não têm curvas, as águas ao longe vão desaparecendo, não se aproximam, as figuras ao longe devem estar sozinhas, não agrupadas.» Numa pintura devem existir partes de pouca importância ao

lado de outras que devem ser particularmente fortes e eficazes.1 Quando concebo um plano na minha mente e o pincel não responde, as ideias até podem não estar certas mas assim que eu toco no papel, nada está errado. A separação e o encontro de forças criativas, o ir e vir do espírito não está nem em mim nem na pintura. Quando se vai iniciar uma pintura, deve-se fazer como Cao2 fazia quando ia para um combate, ou seja deve-se dar a ideia de quem não quer combater, e no entanto concentrar toda a sua mente nisso de modo a conquistar.

1 - A disposição no espaço de elementos em simetria ou em antítese que retomam ou interrompem um ritmo releva das teorias da caligrafia, das relações entre os elementos que compõem um caracter ou das relações entre vários caracteres. Essa é a concepção que habitualmente é reflectida no conceito de xiangbei, à letra, «face a face, costas com costas», que de certo modo pode ser aproximado ao conceito de «contrapposto» da pintura do Renascimento no Ocidente. Shitao descreve o processo no seu tratado: «O contraste das dobras e dos ressaltos constitui a alternância da acção e da retirada.» (Capítulo VIII, A paisagem) O que de modo característico ecoa a frase de Confúcio: «Se o Príncipe te empregar, segue em frente; se ele te negligenciar, retira-te.» (Conversações, VII,11) 2 - Referência a Cao Cao (155-220), o célebre general que com um pequeno exército, no ano 200, alcançou uma vitória decisiva contra o exército muito maior de Yuan Shao em Guandu, na actual Província de Henan. Cao Cao era um estudioso e comentador da Arte da Guerra de Sunzi. No capítulo I, Avaliações, quando Sun escreve: «Uma operação militar envolve simulação. Embora sejas competente, finge ser incompetente. Sendo eficaz, dá aparência de ineficaz.», Cao Cao aponta: «Uma operação militar não tem uma forma fixa, habitual – ela desenvolve-se através da simulação.» (Sun Tzu, The art of war, Shambhala Publications Boston & London, 1988, p.49) O fio que liga estas duas artes tão diferentes parte do novelo de onde se desenrola a compreensão do espaço vazio, do que não é manifesto. Como se diz no Zhuangzi: «Todos sabem da utilidade do que é útil, mas poucos sabem a utilidade do inútil.» (Capítulo IV)


ARTES, LETRAS E IDEIAS 13

segunda-feira 13.11.2017

o ofício dos ossos Valério Romão

La grande bouffe

U

MA a uma, as estrelas de Hollywood têm vindo a cair dos pedestais olímpicos para onde foram catapultadas pela legião de fãs que o cinema de entretenimento granjeia. Correcção: os homens de Hollywood. O escândalo em redor da figura tentacular de Harvey Weinstein, um dos produtores mais bem-sucedidos da indústria, abriu as portas do sótão para onde a elite de Hollywood estava acostumada a atirar os escândalos que pudessem colocar em risco as fundações e a sobrevivência da indústria. As denúncias têm vindo a crescer de forma exponencial, e até os tipos mais consensualmente simpáticos como, por exemplo, o comediante Louis CK, não lograram escapar à enxurrada de denúncias que dia após dia fazem as primeiras páginas dos jornais. As perguntas que toda a gente faz, mesmo que não as verbalize, são: Quando é que isto vai parar? Quem é o próximo. Na verdade, a exposição deste comportamento aparentemente transversal às diversas áreas da indústria de entretenimento peca apenas por tardio. Inúmeras denúncias morreram na praia das redacções dos jornais, muito graças à

proximidade cúmplice entre media e actores, realizadores e restantes elementos da engrenagem de Hollywood e também devido à acção concertada de uma espécie de mordaça colectiva, composta pelos mais diversos elementos que, por meio de chantagem ou de ameaça pura e simples, reduziam às denúncias a rumores maledicentes e infundados e deturpavam a lógica da acusação, transformando a vítima numa espécie de predador movido pela inveja e pela sede de fama. A direita americana não perde pitada da novela. Críticos das instituições culturais em geral e do mundo das celebridades em particular, os media

mais próximos da actual administração americana saltaram entusiasticamente para a caravana do linchamento mediático. É claro que nada disto tem que ver com justiça. Nem a acusação sobre a qual recai este esquema de ponzi dos múltiplos abusos sexuais cometidos ao longo do ano, a de Harvey Weinstein, acontece motivada por um sentimento de justiça. Harvey Weinstein teve o seu tempo, um tempo em que o seu toque de midas fazia a carreira de um filme da bilheteira aos óscares. À medida que a sua influência foi diminuindo, ficou mais vulnerável, numa lógica análoga ao funcionamento de um gangue: um

Os media mais próximos da actual administração americana saltaram entusiasticamente para a caravana do linchamento mediático. É claro que nada disto tem que ver com justiça. Nem a acusação sobre a qual recai este esquema de ponzi dos múltiplos abusos sexuais cometidos ao longo do ano, a de Harvey Weinstein, acontece motivada por um sentimento de justiça

líder enfraquecido ou que mostra fraqueza não sobrevive muito tempo. Os votantes de Trump, sobretudo, desprezam profundamente esta elite que, para eles, nunca trabalhou um dia de trabalho honesto, esta gente que tem uma opinião acerca de tudo: o aquecimento global, os direitos das minorias, a imigração, o racismo, o controlo de armas. E, na grande maioria dos casos, uma opinião radicalmente contrária à dos blue-collar workers que se sentem, por um lado, portadores dos ideias que presidiram à génese dos EUA, desde a segunda emenda ao american dream, e por outra parte, ameaçados pelas minorias que, pouco a pouco, estão destinadas a tornar-se a maioria, fechando dessa forma o ciclo histórico do povo europeu, branco e cristão que colonizou o norte da américa e fez dos Estados Unidos o país de todas as possibilidades. Não é por acaso que o slogan de Trump é Make America Great Again e que quase todos os comentários nos media online mais próximos da actual presidência terminam com o hashtag #MAGA. Veremos como Hollywood consegue reagir a esta epidemia de acusações. Para já, vai tentando uns tímidos e muito cautelosos passos de marketing positivo, escolhendo cuidadosamente figuras que sejam impolutas e que possam reavivar a imagem de Hollywood enquanto território de sonhos. Mas não se prevê que num futuro próximo as mulheres abusadas durante tantos anos por estas criaturas inebriadas de poder decidam calar-se. Que sobrará deste fogo?


14 (f)utilidades

13.11.2017 segunda-feira

?

TEMPO PERÍODOS DE CHUVA MIN 20 MAX 24 HUM 80-95% • EURO 9.37 BAHT 0.24 YUAN 1.20

O QUE FAZER ESTA SEMANA Quarta-feira CINEMA “ELIS” Fundação Rui Cunha | 18h30

PÊLO DO CÃO

MUNDO DIFUSO

CONCERTO COM OS “SPARROW” Live Music Association | 21h30

Diariamente EXPOSIÇÃO “PHOTOSYNTESIS” DE TANG KUOK HOU IFT Café | Até 01/12 EXPOSIÇÃO “YOYO WONG” MMM Wokshop e Juju Studio | Até 19/11

O CARTOON STEPH DE

EXPOSIÇÃO “FLUXO” DE SUNNY WANG Galeria do IACM | Até 19/11 SALÃO DE OUTONO Casa Garden REPRESENTAÇÕES DA MULHER - COLECÇÃO DO MUSEU DE ARTE DE MACAU NOS SÉCULOS XIX E XX MAM | Até 10/12 EXPOSIÇÃO “O TEMPO MEMORÁVEL” MAM | Até 25/02/2018 PROBLEMA 159

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 158

A LINGUAGEM E A ARTE DE XU BING MAM | Até 4/3/2018

Cineteatro

UM FILME HOJE

C I N E M A

LOGAN LUCKY SALA 1

LOGAN LUCKY [B] Fime de: Steven Soderbergh Com: Daniel Craig, Channing Tatum, Adam Driver, Ridley Keough 14.15, 16.30, 21.30

Com: Yui Aragaki, Eita, Ryoko Hirosue, Koji Seto, Mei Nagano, Yu Aoi 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 SALA 3

FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Fime de: Sho Tsukikawa Com: Minami Hamabe, Takumi Kitamura, Shun Oguri 14.30, 16.45, 21.30

SALA 2

FLATLINERS [C]

FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Fime de: Junichi Ishikawa

Fime de: Niels Arden Oplev Com: Ellen Page, Diego Luna, Nina Dobrev, James Norton 19.30

MIX! [A]

MONGA | DOZE NIU | 2010

Lançado em 2010, Monga leva o espectador para a zona de cidade de Taipé com o mesmo nome (actual Wanhua), durante a década de 80. Ao longo da história o espectador vai acompanhar o percurso de um grupo de cinco amigos adolescentes que se conhecem na escola e aos poucos se vão integrando nas tríades locais. Uma história sobre amizade, poder, ambição e traição com a participação dos actores bem conhecidos do público chinês Ethan Ruan, Mark Chao e Rhydian Vaughan. João Santos Filipe

LET ME EAT YOUR PANCREAS [B]

Fime de: Taika Waititi Com: Chris Hemsworth, Cate Blanchett, Tom Hiddleston 19.00

THOR: RAGNAROK [B]

SUDOKU

EXPOSIÇÃO “PURGE ONE´S MIND” DE LEUNG KIT MAN, IM HOK LON E MOK HEI SAN Galeria do lago Nam Van | Até 25/11

Acordar num dia submerso de nariz entupido, garganta obstruída com uma miríade de detritos voadores de todas as obras que se vão acumulando nas minhas vias respiratórias. Sinto-me como se fosse o filtro de Macau. Troquei vivacidade por um fogo mole que arde em lume brando dentro de mim. Sinto-me encerrado numa contradição, a flutuar acima da vida saudável mas carregando o peso de um planeta engripado. Os meus olhos estão nublados, as pálpebras pesadas carregadas com um nevoeiro que impossibilita focar o mundo. Ando pela cidade narcotizado pela influenza. Não uso máscara, sou um difusor de vírus, creio que o primeiro a ser conjurado em Macau depois de uma unanimidade histórica de vírus importados. Movo-me a paracetamol, vitamina C e cafeína. Busco a desobstrução, a clarividência de uma respiração harmoniosa feita a duas narinas. Mas, por enquanto, navego neste mar tépido carregado de neblina, como um barco fantasma com pingo na proa. Sinto-me incorpóreo, indiferente à turba dos passeios e aos autocarros a abarrotar. Do meu nariz escorre uma maré salina, um fio de oceano em catarata. A minha cabeça é ocupada por uma colecção de pensamentos desconjurados, surrealistas, não produzidos para consumo social. Teço reflexões doentias que deposito numa vala-comum de lenços de papel que tombam à beira da cama, como valentes soldados tombados num ranhoso campo de batalha. Atchim! João Luz

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opinião 15

segunda-feira 13.11.2017

reencarnações JOÃO LUZ

DAVE PLATFORD, SPEECHLESS (PORMENOR)

Cliché

P

ERMITAM que me apresente: A iniciativa insere-se na construção da Grande Baía, tendo em conta a interligação entre as municipalidades do Pan-Delta do Rio das Pérolas e partindo da plataforma institucional nascida da política “Uma Faixa, uma Rota”, apenas possível graças à soberana e quimérica filosofia “Um País, Dois Sistemas”. Para tal, é necessário prosseguir a edificação da Cidade Inteligente, recorrendo ao precioso auxílio da eterna busca de talentos locais no contexto da consagração do grande Centro Galáctico do Turismo e Lazer. Afinal de contas, esta é a Cidade Criativa onde impera Amor, Paz e Integração Cultural, a consagração da harmonia pela via da máxima “Macau, o Lar Feliz e Sadio”, um conceito inspirado na “família” Manson. Esqueçam a diabolização dos TNRs, a Internet que faz lembrar tempos jurássicos do Imperador Napster, o taxista que se transforma no Hulk ao ouvir uma palavra em inglês, as fronteiras que encerram cada um dos três pontos da Extraordinária Baía e a faixa que apenas serve para privatizações longe da plataforma giratória. Não liguem aos dois sistemas que emulam a história de Caim e Abel, o centro internacional que vive exclusivamente à sombra periférica do vizinho próximo, ou a diversificação

económica que tenta esconder a essencial homogeneidade da mesa de jogo. No Reino do Cliché a realidade é uma questão de perspectiva. Aqui o significado encontrou o maior e mais irresistível sono no fundo do Rio das Pérolas, jaz nas profundezas, vazio de conteúdo, intencionalmente desenhado para ser impossível de interpretar. Sou o lugar-comum, a materialização da linguagem vaga, oca, que enche as bocas dos políticos que nada de valor têm para dizer. Sou o grande Kalahari de definições, a triste aridez onde a vida não tem como prosperar, sou o diabólico marketing linguístico que reduz tudo a pó. Quando me entoam empresto vã solenidade aos que se socorrem de mim, atribuo ares de cerimónia protocolar à aniquilação do esclarecimento. Todos os dias assassino a comunicação, nada germina em meu redor, nada resta depois de salgar o solo onde se deviam cultivar viçosos argumentos. Sou a vitória do niilismo, sou a inexistência que atormenta filósofos, poetas, bêbedos sem mais um centavo no bolso para transformar liquidez em líquido. Sou o nada mais palavroso de que há memória, o tormento conceptual, a

Em termos económicos devemos prosseguir a máxima “Um Cidadão, Um Maserati”, enquanto que na área da saúde deve ser dada prioridade ao objectivo “Alegre Caminho para a Imortalidade”

morte trazida por bombas de palavras nucleares, vectores de trajectória descendente em direcção ao alvo entendimento. Sou a anti-resposta, a inconsequência, trago o crepúsculo da resolução, tenho orgulho em ser o maior inimigo da acção, o mais eloquente fardo de palha. Por mim nada passa porque sou indefinível, uma abstracção de bloqueio para que nada mude, sou inércia e letargia oratória. Sustento o conservadorismo de quem se senta nas cadeiras do poder com jargões vazios, actuo como uma muralha de pomposa protecção verbal erguida entre governantes e governados. Enunciem-me como uma oração e proteger-vos-ei do claro e esclarecedor debate com uma mordaça de fogo. Do alto da minha torre de marfim proclamo o início do “Grande Bastião das Maravilhas”, uma política só alcançável uma vez concretizado o “Rumo para a Perfeição”. Em termos económicos devemos prosseguir a máxima “Um Cidadão, Um Maserati”, enquanto que na área da saúde deve ser dada prioridade ao objectivo “Alegre Caminho para a Imortalidade”. Tudo prometo e pouco concretizo. Sou o chavão que faz correr vermelho sangue das sílabas, enquanto o excedente de significado se derrama em direcção ao esquecimento. A minha pena serviu para a linguística e a verdade assinarem um pacto suicida por se terem tornado obsoletas, um vestígio arqueológico de uma Era passada. Sou a mão firme da linguagem que irrompe entre as nuvens e desce até nós ostentando um vigoroso dedo do meio erigido para quem procura resposta, resolução. Sou todo este rol de clichés, o orgulhoso assassino da razão.


Bandido roubar a ladrão, um é tolo, o outro não MAR DO SUL DA CHINA TRUMP OFERECE-SE PARA ARBITRAR DISPUTAS

Grande mediador

O

das costas do Vietname, Filipinas, Malásia, Brunei, Tailândia, Camboja, Birmânia, Laos, Indonésia e Singapura. Nos últimos anos, Pequim reforçou a presença neste mar estratégico através da construção de ilhas artificiais que podem ser usadas como bases militares, apesar de o tribunal internacional de Haia ter considerado as reivindicações marítimas chinesas ilegítimas. Trump e Quang falaram brevemente aos jornalistas após a chegada do chefe de Estado norte-americano ao palácio presidencial em Hanoi, com Trump a prometer “uma tremenda quantidade de comércio” com o Vietname, envolvendo “milhares de milhões” de dólares. O Presidente norte-americano está no Vietname no âmbito de uma viagem asiática. No final do dia de

ontem deslocou-se às Filipinas, o último destino do périplo.

QUESTÃO COREANA

Donald Trump, afirmou também que o seu homólogo chinês, Xi Jinping, aceitou endurecer as sanções contra a Coreia do Norte em resposta ao programa nuclear de Pyongyang. “O Presidente chinês Xi declarou que reforçou as sanções contra [a Coreia do Norte], escreveu Trump na rede social Twitter, a partir de Hanoi. Durante a sua passagem, na quinta-feira, por Pequim, o Presidente norte-americano instou Xi Jinping a aumentar a pressão sobre o regime norte-coreano que realizou em Setembro um novo teste nuclear. “A China pode resolver este problema facilmente e rapidamente”, afirmou. Noutra publicação no Twitter, o Presidente norte-

REUTERS

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ofereceu-se para ser mediador nas disputas territoriais no Mar do Sul da China, num encontro com o Presidente do Vietname. Trump disse a Tran Dai Quang que tinha conhecimento da disputa do Vietname com a China sobre as águas estratégicas, e sublinhou ser “um muito bom mediador e muito bom árbitro”, disposto a ajudar. O Presidente norte-americano falava com o homólogo vietnamita no início dos seus encontros em Hanoi. Trump disse que a Coreia do Norte “continua a ser um problema” e espera que o Presidente chinês Xi Jinping seja “uma tremenda ajuda”, bem como a Rússia. O Governo chinês reivindica a quase totalidade do Mar do Sul da China, incluindo zonas perto

-americano evocou directamente o dirigente norte-coreano: “Porque é que Kim Jong-un me insulta chamando-me ‘velho’, quando eu NUNCA o chamei de ‘pequeno e gordo?’ Bom, eu tento tento ser amigo dele – e talvez um dia isso vá acontecer!”. Trump abordou também na rede social a questão da Rússia, criticando os “‘haters’ e os imbecis”, após uma troca de palavras com Putin. “Quando é todos os ‘haters’ e imbecis vão perceber que ter uma boa relação com a Rússia é uma coisa boa, não é uma coisa má? Estão sempre a fazer jogo político – mau para o nosso país. Quero resolver a Coreia do Norte, Síria, Ucrânia, terrorismo, e a Rússia pode ajudar muito!”, escreveu. No sábado, Donald Trump garantiu que Vladimir Putin negou as acusações de interferência russa na campanha eleitoral norte-americana, depois de os dois se terem encontrado no Vietname. Horas depois destas declarações, a CIA reafirmou as acusações contra a Rússia, explicando que a conclusão a que tinham chegado sobre essa interferência não tinha mudado.

Trump disse ter conhecimento da disputa do Vietname com a China sobre águas estratégicas, e sublinhou ser “um muito bom mediador e muito bom árbitro”, disposto a ajudar

Tesoura das ilhas

segunda-feira 13.11.2017

Landmark Edíficio vendido por 4,6 mil milhões

O empresário David Chow finalizou o acordo para vender o edifício Landmark, por 4,6 mil milhões de dólares de Hong Kong. Os termos do negócio foram comunicados, na sexta-feira, à bolsa de Hong Kong, pela empresa Macau Legend, detida por Chow, e envolve a transferência do espaço e da gestão do casino. As empresas compradoras são todas de Macau, sendo que a Dong Lap Hong Property Investment vai tornar-se a maior accionista, com uma participação de 58 por cento. Esta é a única empresa das envolvidas que não foi criada no dia anterior ao comunicado à bolsa. As restantes são a Tong Lap Tak Real Estate Limited, Tong Hong Wan Real Estate Limited e Tong Tak Cheng Real Estate Limited e foram todas constituídas a 9 de Novembro, em Macau. Os proprietários não são identificados. Como o negócio envolve a gestão do casino, está ainda pendente da aprovação da Sociedade de Jogos de Macau, detentora da licença com que o casino é operador, e da Direcção de Inspecção e Coordenação dos Jogos.

Tap Seac Exposição deu início ao Grande Prémio

Uma exposição de dois dias, na Praça do Tap Seac, deu início ao 64.º Grande Prémio de Macau, numa cerimónia que contou com a participação de motociclistas, como o português André Pires, vencedor das últimas duas edições, Peter Hickman e Michael Rutter, recordista de vitórias na prova. Durante dois dias os moradores puderam ver de perto alguns dos carros e das motos que vão participar nas provas, assim como o Mercedes Dallara de Fórmula 3 com que António Félix da Costa venceu o Grande Prémio, pela segunda vez, no ano passado. A cerimónia de início do Grande Prémio contou ainda com a presença do secretário para a os Assuntos Socais e Cultura, Alexis Tam.

DOCA DOS PESCADORES DEZOITO TURISTAS FERIDOS EM ACIDENTE DE VIAÇÃO

U

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M total de 18 turistas ficou ferido no sábado, após um acidente de viação que envolveu dois autocarros turísticos e um ligeiro de sete lugares. A colisão aconteceu na Avenida da Amizade, à frente da Doca dos Pescadores, e os envolvidos que necessitaram de ser transportados para o hospital já tiveram alta.

O choque terá acontecido quando o condutor da viatura privada tentava evitar atingir as pessoas que atravessavam a passadeira e acabou atingido por trás por um dos autocarros. Por sua vez, o condutor do segundo autocarro não conseguiu evitar a colisão, acabando por acertar, também por trás, no outro veículo pesado.

Segundo a informação das autoridades, os 18 feridos são todos do Interior da China e têm idades entre os 25 e 68 anos. Entre as pessoas transportadas para o Serviço de Urgência do Hospital Conde de São Januário, apenas uma era do sexo masculino. O caso mais grave aconteceu com uma turista do

sexo feminino, a quem ainda foi feita uma radiografia ao crânio. No entanto, os resultados não mostraram qualquer anormalidade pelo que a pessoa encontrando-se em “estado clínico considerado bom” não necessitou de ser internada e teve alta clínica no sábado. Além das queixas ao nível da cabeça, a

pessoa em causa sofreu um corte no braço direito. Os restantes turistas tiveram lesões mais leves, com hematomas e cortes superficiais. Segundo as autoridades todos tiveram “alta após tratamento e exames”. O acidente aconteceu mais de um ano depois do acidente na Rua de Entena.

Na altura o condutor do autocarro turístico esqueceu-se de travar a viatura, e o veículo embateu num edifício. Na altura, 32 pessoas ficaram feridas, das quais uma turista ficou em estado muito grave com lesões na cabeça.


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