Hoje Macau 11 MAI 2017 #3809

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QUINTA-FEIRA 11 DE MAIO DE 2017 • ANO XVI • Nº 3809

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

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O jogo da minha vida VIVEM COM BAIXOS SALÁRIOS. ALGUNS SEM DIREITO A CASA E APENAS COM VISTO DE TURISTA. PARA OS FUTEBOLISTAS DE MACAU A VIDA É UM DESAFIO CONSTANTE.

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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GRANDE PLANO

CAEAL | CASINOS

ZHANG DEJIANG

Sem cartas Últimos na manga recados PÁGINA 4

PÁGINA 5

PRAÇA IAO HON

TEATRO SAI À RUA EVENTOS

Tracy Choi no Indie

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RUI FILIPE TORRES

Intervalos

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ANTÓNIO CABRITA


2 GRANDE PLANO

Ser jogador de futebol em Macau significa chutar todos os dias contra as adversidades. Os salários são baixos e os melhores não vão além das 20 mil patacas. Há até quem ganhe metade disso, sem ter direito a casa. Ainda é comum jogar-se com visto de turista, com a permissão da Associação de Futebol de Macau. Mas, no meio do amadorismo, há quem não desista de estar sempre no campo, com a bola nos pés

DESPORTO AS DIFÍCEIS VIDAS DOS FUTEBOLISTAS DE MACAU

SEM BOLAS DE

R

ONALDO vive em Macau desde 2014 e joga futebol no Chao Pak Kei. Tem o mesmo nome da estrela do futebol brasileiro e do português Cristiano Ronaldo. Mas, se estes atletas fizeram fortunas, Ronaldo está longe de ser um jogador de futebol milionário. O paraguaio diz ter uma vida confortável, se bem que tudo era diferente em 2014, quando chegou. Ronaldo assinou pelo Chao Pak Kei, mas recebia apenas quatro mil patacas por mês. Fazer uma refeição normal era considerado um luxo difícil de suportar. “Para comer gastávamos, por dia, quase 200 patacas. Tentávamos fazer economias. E se comêssemos comida de luxo, gastávamos muito mais. Pensei em desistir, mas depois pensei: ‘Já que estou aqui, vou tentar aguentar até que apareça algo melhor’. Agora estou muito melhor”, conta ao HM. O campeonato de futebol de Macau está cheio de histórias como as de Ronaldo. Muitas das equipas que contratam jogadores estrangeiros – na sua maioria vindos de Portugal, Brasil ou de países africanos – não podem pagar salários acima das 20 mil patacas. Os ordenados variam, assim, entre as oito mil e as 20 mil patacas, e há até quem ganhe apenas por jogo. “Conheço vários jogadores com condições difíceis e estou a morar com jogadores cuja equipa não paga quase nada. Em relação aos documentos está tudo bem, mas o salário quase não existe, nem sequer pagam por jogo”, acrescenta Ronaldo. Jorge Tavares foi a grande contratação do Sporting de Macau em 2015. Conta que sempre foi bem tratado pelo clube, pois recebia um bom salário e alojamento. Contudo, não é assim com todos. “Ouvi falar de casos em que chegam a pagar entre oito mil até às 18 mil patacas por mês. Para um profissional de futebol que vive apenas disto, e que tem uma carreira de 12 ou 13 anos, não são valores elevados”, diz.

Tavares, que acabou por deixar o futebol, garante que, sem patrocínios, não é possível fornecer boas condições profissionais aos jogadores. “Os clubes não podem fazer muito mais, não há grandes apoios aos clubes em termos de patrocínios. A própria associação não dá muita visibilidade ao campeonato. Normalmente, os clubes apostam quando há alguém por detrás a investir o seu próprio dinheiro, por gostar muito de futebol. Sem patrocínios, os salários não vão subir muito mais, mas não culpo os clubes por isto.”

“Ouvi falar de casos que chegam a pagar entre oito mil até às 18 mil patacas por mês. Para um profissional de futebol que vive apenas disto, e que tem uma carreira de 12 ou 13 anos, não são valores elevados.” JORGE TAVARES JOGADOR DE FUTEBOL João Maria Pegado treinou o Sporting de Macau e garante que o clube sempre teve jogadores legalizados e com boas condições de treino. Ainda assim, Pegado conta que “há jogadores que passam por bastantes dificuldades”. “O futebol em Macau é completamente amador. Relativamente aos anos passados, só havia duas ou três equipas que podiam pagar salários que permitissem aos jogadores viver só do futebol. Soube de situações

de jogadores que passaram por muitas dificuldades, até na procura de uma casa para viverem”, refere.

BENFICA DÁ MELHORES CONDIÇÕES

Longe de pagar os salários milionários que se pagam em muitas outras ligas, alguns clubes de Macau conseguem firmar contratos, tratar dos papéis do blue card e até pagar o alojamento dos jogadores que contratam. Várias figuras do futebol local asseguraram ao HM que o Benfica de Macau é das equipas mais profissionais nesse aspecto. Em declarações a este jornal, Duarte Alves, presidente do Benfica de Macau, não quis avançar valores salariais, mas garantiu que tudo é feito consoante a lei. “Cada clube decide o valor que paga e não vou tornar público o acordo que temos com os jogadores. Além da parte financeira, somos responsáveis pela viagem de ida e volta, como manda a lei, e também pelo alojamento. Os jogadores que contratamos ao estrangeiro são assalariados, e como diz a lei laboral, são obrigados a ter o blue card ou o Bilhete de Identidade de Residente (BIR), e nós tratamos desses processos”, explicou o presidente. Firmino Mendonça, presidente do Monte Carlo, gostava de um dia poder atingir o estatuto da equipa encarnada, mas assegura que, ali, todos os jogadores têm uma vida estável. “Os jogadores têm todos blue card e contratos anuais com o clube. Têm o salário e o alojamento, com água e luz pagas, incluindo outras despesas da casa. Oferecemos entre sete mil a 20 mil patacas, consoante a experiência do jogador”, explicou Firmino Mendonça. O dirigente afirma ter conhecimento de profissionais do futebol que têm de fazer contas à vida, mas não quer contar pormenores. “Tenho conhecimento de jogadores que passam dificuldades, mas não quero falar aqui de casos”, aponta.

Se os jogadores estrangeiros recebem salários medianos ou baixos, os locais nem sequer recebem ordenado. “Em Macau não há profissionais, são quase todos amadores, inclusivamente no Benfica. Mas pagam como se fossem profissionais. Não é fácil gerir uma equipa aqui em Macau, porque depende sempre dos patrocinadores. Há alguns locais que também recebem, no Benfica e no Ka I”, diz Firmino Mendonça, que espera que a situação mude para o seu clube. “O Monte Carlo não tem possibilidade de pagar a toda a gente.


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OURO Espero que, nos próximos anos, possa ter a disponibilidade que essas equipas têm”, acrescenta. Dani Pinto, ex-treinador do Benfica de Macau, refere que os patrocínios podem acabar de um dia para o outro. “Há uma pessoa que dá o dinheiro, e depois dá o dinheiro a alguém da equipa. Já houve casos em que esse dinheiro nunca foi entregue aos jogadores. Com a agravante que, de um dia para o outro, esse patrocinador pode chatear-se e dizer que já não dá dinheiro à equipa. Isso é uma prá-

tica corrente em Macau e, de um dia para o outro, as equipas deixam de existir.”

JOGAR COMO TURISTA

Quando Timba Éder chegou a Macau, em 2010, não eram assinados contratos com os jogadores, nem eram pedidos os vistos de trabalho com a categoria de jogador de futebol. “Em 2010 recebíamos por jogo. Na altura essa era prática, e recebia entre 1500 a 2500 patacas por

jogo, tudo dependia do acordo feito. Acredito que o Porto foi a primeira equipa que começou a pagar ao mês e que atribuiu blue card aos futebolistas. Antes, não havia isso”, lembra o jogador brasileiro. Sete anos depois, essa continua a ser a prática em muitos clubes: jogar numa equipa enquanto o carimbo no passaporte o permitir, sair de Macau, voltar, tentar jogar de novo. Jorge Tavares, que vestiu as cores do Sporting e do Benfica de Macau, defende que, se a Associação de Futebol de Macau (AFM) aceita essas condições, então não constitui uma ilegalidade. “Acaba por não ser ilegal, porque se a associação permite que os jogadores possam jogar com visto de turista no campeonato, então os clubes aproveitam-se. Enquanto não houver uma ordem superior acho que não é ilegal.” Há alguns anos, o Sporting de Macau chegou a apresentar uma petição para que apenas jogadores com BIR ou blue card pudessem jogar no campeonato local, mas

“Há jogadores que vêm para Macau tentar a sua sorte e são esses que passam maiores dificuldades. Já me reportaram casos de jogadores que têm uma certa dificuldade para comer.” DANI PINTO EX-TREINADOR DE FUTEBOL nunca houve uma mudança. O HM enviou questões à AFM sobre esse assunto, mas não obtivemos resposta. “Os clubes têm a obrigação de legalizar os jogadores, não é só com um visto de turista que podem jogar. Eles recebem ordenado, é como estar a pagar a um empregado não legalizado. Isso é mau para o futebol. Se a associação quer mudar, tem de fazer muita coisa. É preciso legalizar as coisas como deve ser”, aponta Firmino Mendonça. Duarte Alves defende que, com o rumo assumido pela própria AFM, é difícil ir mais além. “Tudo depende do molde que a AFM escolhe para actuar e para gerir, pelo menos, a Liga de Elite. Acho que optam pelo total amadorismo.” O dirigente dá exemplos. “Os contratos entre jogadores e o clube não precisam de ser entregues por escrito à associação, sendo apenas necessário o jogador preencher o boletim de inscrição do clube. Não há necessidade de os jogadores estrangeiros terem o certificado internacional. Não há garantias de que os jogadores não estejam também inscritos noutra liga fora de Macau.” Nesta perspectiva, a AFM “poderia considerar o registo diferente entre clubes e jogadores, com mais burocracia, para que tudo fosse mais transparente e para que possam ser atingidos outros patamares”.

O JOGADOR QUE ADORA CAFÉ

Timba Éder continua a jogar futebol, depois de ter passado pelo Porto e pelo Sporting de Macau. Chegou há sete anos, vindo de Xangai, depois de uma experiência que não correu bem. Assume que aprendeu muito e errou também, de clube em clube. Ainda na China,

teve a possibilidade de regressar ao Brasil, mas não quis. Quando chegou a Macau e ouviu chineses a falar português, Timba Éder ficou rendido. “No Porto fiz três anos de contrato, tinha blue card. O Adelino Correia cumpriu mais do que devia, para mim e para todos os jogadores estrangeiros. Naquele tempo a equipa não tinha muitos apoios e os dirigentes chegaram a tirar do próprio bolso para nos ajudarem”, recorda. Além de jogar, Timba Éder dava também aulas de futebol aos mais novos, o que sempre lhe permitiu ter uma folga financeira. “Acredito que a vida dos homens e das mulheres é movida pelo desafio, o importante é encará-lo.” Depois de umas passagens pelo Lam Pak e pelo Sporting de Macau, Timba Éder casou com uma mulher chinesa, obteve o BIR e até abriu um café com o seu nome. É no Timba Café, localizado na Taipa, que dá asas a uma outra paixão: o café. Tudo começou ainda em Xangai quando, chegado da zona do Recife, ficou fascinado com o espaço de uma conhecida cadeia de cafés. Surgia ali o sonho de ter o seu próprio negócio. O caso de Timba Éder pode ser considerado raro. Na visão de Dani Pinto, ex-treinador do Benfica de Macau, a falta de profissionalismo do campeonato e os baixos salários acabam por levar a que muitos jogadores se percam no seu percurso. “Em 90 por cento das vezes, os contratos são verbais. Alguns até falam em alimentação, mas a maior parte não. E pagam um salário simbólico. Há jogadores que vêm para Macau tentar a sua sorte e são esses que passam maiores dificuldades. Já me reportaram casos de jogadores que têm uma certa dificuldade para comer”, conta ao HM. Dani Pinto considera mesmo que 20 mil patacas “é uma fortuna”. “Na maioria das vezes nem chega perto disso, baixam para metade disso ou mais”, refere. O antigo treinador do Benfica assegura que há muitos jogadores que acabam por perder o norte. “Muitas vezes há uma falta de humildade. Têm de ser super profissionais, com os pés bem assentes no chão. Alguns jogadores perdem-se na noite, no álcool, e isso é prática comum. Há jogadores que parece que nem estão aí. Acho que a maior parte nem pensa no futuro, pensam no agora. Têm de ser muito poupadinhos e profissionais”, conclui. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


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Eleições CAEAL PROMETE FISCALIZAÇÃO APERTADA A CASINOS

Jogos de propaganda A Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa esteve reunida com a entidade que fiscaliza os casinos, de forma a tentar garantir a neutralidade das operadoras. A intenção mantém-se, apesar de haver deputados que têm ligações óbvias à indústria

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EUTRALIDADE e imparcialidade. É o que o presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) pede às concessionárias de casinos do território. Tong Hio Fong disse, à saída de uma reunião com a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos, que serão feitos os máximos esforços para “evitar actos irregulares durante o período eleitoral”. Está vedado às operadoras tomarem medidas que favoreçam ou prejudiquem os candidatos. “Segundo a lei eleitoral, além das empresas

e dos empresários individuais, também os seus trabalhadores não podem fixar qualquer elemento de propaganda eleitoral”, especificou Tong Hio Fong. Quem violar estes preceitos legais incorre num crime com uma moldura penal que pode atingir três anos de prisão ou pena de multa. De forma a evitar estas situações, a CAEAL, em coordenação com a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), promete uma fiscalização apertada. Dessa forma, Tong Hio Fong deixou claro que está vedada às PUB

Edital n.º Processo n.º Assunto Local

EDITAL

:50/E-BC/2017 :144/BC/2017/F :Início de audiência pela infracção às disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI) :Avenida da República n.º 36, EDF. Tai Heng, parte do terraço sobrejacente à fracção 7.º andar D, Macau.

Cheong Ion Man, subdirector da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pelo Despacho n.º 12/SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 38, II Série, de 23 de Setembro de 2015, faz saber que ficam notificados o dono da obra e o proprietário da fracção do local acima indicado, cujas identidades se desconhecem, do seguinte: 1. Na sequência da fiscalização realizada pela DSSOPT, apurou-se que no local acima indicado realizou-se a seguinte obra não autorizada: Obra

Infracção ao RSCI e motivo da demolição

1.1 Construção de um compartimento com portão metálico, paredes em alvenaria de Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do tijolo, cobertura metálica, janelas de vidro caminho de evacuação. e gradeamento de vidro.

2. Sendo o terraço do edifício considerado caminho de evacuação, deve o mesmo conservar-se permanentemente desobstruído e desimpedido, de acordo com o disposto no n.º 4 do artigo 10.º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 24/95/M, de 9 de Junho. As alterações introduzidas pelo infractor no referido espaço, descritas no ponto 1 do presente edital, contrariam a função desses espaços enquanto caminhos de evacuação e comprometem a segurança de pessoas e bens em caso de incêndio. Assim, a obra executada não é susceptível de legalização pelo que a DSSOPT terá necessariamente de determinar a sua demolição a fim de ser reintegrada a legalidade urbanística violada. 3. Nos termos do n.º 3 do artigo 87.º do RSCI, a infracção ao disposto no n.º 4 do artigo 10.º é sancionável com multa de $4 000,00 a $40 000,00 patacas. Além disso, de acordo com o n.º 4 do mesmo artigo, em caso de pejamento dos caminhos de evacuação, será solidariamente responsável a entidade que presta os serviços de administração ou de segurança do edifício. 4. Considerando a matéria referida nos pontos 2 e 3 do presente edital, podem os interessados, querendo, pronunciar-se por escrito sobre a mesma e demais questões objecto do procedimento, no prazo de 5 (cinco) dias contados a partir da data da publicação do presente edital, podendo requerer diligências complementares e oferecer os respectivos meios de prova, em conformidade com o disposto no n.º 1 do artigo 95.º do RSCI. 5. O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, n.º 33, 15.º andar, em Macau (telefones n.os 85977154 e 85977227). RAEM, 05 de Maio de 2017

operadoras de jogo qualquer promoção a candidaturas durante o período de campanha. Neste capítulo é de salientar que alguns deputados, que já foram candidatos, são apoiados pelo sector do jogo. Aliás, o deputado Pereira Coutinho, em entrevista ao HM, referiu que os próprios “trabalhadores

Pelo Director dos Serviços O Subdirector Cheong Ion Man

dos casinos vão ser coagidos a entrar nos autocarros dos casinos para irem votar”. O tribuno recordou que esta situação já ocorreu no passado. Pereira Coutinho acrescentou ainda que a CAEAL devia emitir instruções aos casinos para que estes impeçam o favorecimento de certas candidaturas, nomeadamente impedindo que seja colocada publicidade nos cacifos e refeitórios.

PROPAGANDA PREDIAL

Paulo Martins Chan, responsável máximo pela DICJ, assumiu a responsabilidade pela fiscalização à afixação de propaganda eleitoral nos locais de descanso dos casinos, adiantando que “é um trabalho prioritário”

Paulo Martins Chan, responsável máximo pela DICJ, assumiu a responsabilidade pela fiscalização à afixação de propaganda eleitoral nos locais de descanso dos casinos, adiantando que “é um trabalho prioritário”. Outro dos assuntos focados por Tong Hio Fong prendeu-se com a distribuição dos programas eleitorais e acesso da população aos mesmos. O presidente da CAEAL reiterou que os programas não seriam enviados por correio, algo que seria um pesadelo logístico, no entender da comissão. No entanto, além da afixação dos mesmos em locais públicos, Tong Hio Fong deixou em aberto a possibilidade de serem expostos à entradas dos prédios, pelo menos nos condomínios de habitação pública. De resto, foi vincado que cada eleitor só pode assinar um pedido de constituição de candidatura, para uma única lista. Se o cidadão arriscar e assinar diferentes pedidos estará a violar a lei eleitoral. João Luz

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CHUI SAI ON MACAU NO FÓRUM “UMA FAIXA, UMA ROTA” O Chefe do Executivo lidera a delegação de Macau que vai participar no Fórum “Uma Faixa, Uma Rota” para Cooperação Internacional, que decorre em Pequim entre os próximos dias 13 e 15 (ver página 12). Segundo um comunicado oficial, “a delegação participará na sessão plenária de alto nível, assim como em reuniões paralelas sobre temas diversos”. A delegação inclui os secretários Lionel Leong (Economia e Finanças) e Alexis Tam (Assuntos Sociais e Cultura), bem como os deputados Leonel Alves e Cheang Chi Keong, e o empresário Liu Chak Wan, entre outras individualidades. Macau criou, em Março, uma comissão para coordenar a participação na iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”. O fórum de Pequim conta com a participação de 28 chefes de Estado, de acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

Lixo sem destino José Pereira Coutinho pede limpeza da Praça Ferreira do Amaral

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população queixa-se do desprezo em relação ao estado em que se encontra a Praça Ferreira do Amaral. Em causa está, diz o deputado Pereira Coutinho, “a acumulação de lixo, a água suja, as pontas de cigarros nas grades das redes de esgotos e os fragmentos da estrutura de vidro situada naquele local”. A situação tende a piorar com o trânsito crescente na Ferreira do Amaral, devido à circulação de autocarros de grande dimensão que têm vindo a substituir os transportes públicos mais pequenos. “Muitos veículos particulares e públicos circulam na referida praça, emitindo grandes quantidades de gases e contribuindo para o aumento da temperatura”, refere o deputado em interpelação escrita. Por outro lado, sublinha, “as faixas de rodagem na Praça Ferreira doAmaral não aguentam a circulação, em simultâneo, de muitos autocarros de grande dimensão”. Junta-se ainda o facto de o material em vidro que compõe a edificação da praça absorver o calor o que, considera, “resulta num ambiente abafado, especialmente no parque de estacionamento e nas respectivas saídas e entradas”. O resultado, quando o tempo aquece, é um aumento do mau cheiro naquele lugar central da cidade e que, diz Pereira Coutinho, afecta gravemente a imagem turística do território. O deputado pede ao Governo uma maior fiscalização nas acções de limpeza da Ferreira doAmaral de modo a que seja mantida limpa. A par da limpeza, Pereira Coutinho solicita um plano de trânsito para aquela zona,

bem como a reparação das infra-estruturas que ali estão.

RECICLAGEM ENGANOSA

As preocupações com a poluição e o tratamento de lixos não se ficam pela situação da Ferreira do Amaral. Leong Veng Chai, o número dois de Coutinho, questiona o Executivo acerca do tratamento que é dado às pilhas usadas. O deputado recorda que, no final do ano passado, a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental implementou um sistema faseado de recolha destes resíduos, para afirmar que o tratamento dado não é o melhor, uma vez que, em vez de serem reaproveitadas, as pilhas usadas acabam enterradas. De acordo com Leong Veng Chai, a justificação dada pela Administração é de que “a quantidade de pilhas inúteis ou usadas produzidas em Macau não é suficiente para constituir uma outra indústria de reciclagem”. Desta forma, as pilhas recolhidas “são transportadas para a Estação de Tratamento de Resíduos Especiais e Perigosos de Macau para depois serem misturadas com cimento, água, agentes quelantes, entre outros, na proporção adequada para efeitos de solidificação”. Esta acção, considera o deputado, não leva ao devido aproveitamento das pilhas, pelo que solicita ao Governo que divulgue o que acha ser um número suficiente de recolha para se que possa ter uma estrutura de reciclagem, e de que forma pretende aproveitar as pilhas no futuro. O deputado pede ainda esclarecimentos concretos ao Executivo acerca do que está a ser feito com o restante lixo que é separado para reciclagem e reaproveitamento. Sofia Margarida Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com


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ARTIU ontem depois de uma visita com agenda cheia: Zhang Dejiang encaixou em menos de três dias encontros com os protagonistas da vida política e judicial do território, passou por instituições académicas e de matriz social, esteve nalguns pontos icónicos da cidade. Pelo meio – e à boa maneira da retórica política chinesa – fez elogios ao facto de, na RAEM, se amar a pátria, para deixar também alguns reparos. A questão da governação, do modo como a Administração funciona, parece ter sido a ideia que fica, agora que o responsável de Pequim por Hong Kong e Macau regressou à capital. Na análise ao discurso de Zhang Dejiang, o deputado Leonal Alves começa por recordar que estamos em ano de eleições legislativas, marcadas para 17 de Setembro próximo. “Esta vinda também contribui para fortalecer a compreensão do sentido ‘Um país, dois sistemas’, a compreensão da necessidade de haver uma maior unidade das forças de Macau que têm mais ligações à China, para que Macau se desenvolva num quadro de estabilidade maior”, anota. Zhang Dejiang não tem um dossiê fácil aqui ao lado. Pequim pretende que Macau “não importe o mau exemplo das regiões vizinhas, nomeadamente de Hong Kong”. Quanto à questão da governação, diz Leonel Alves que “já se sabe que a máquina administrativa, salvo muito limitadas excepções de um ou outro serviço, de uma

Visita DEPUTADOS E ANALISTA COMENTAM AFIRMAÇÕES DE ZHANG DEJIANG

O aviso à governação GCS

Elogiou Macau, o filho bemcomportado das regiões administrativas especiais, mas deixou uma ideia que, para Leonel Alves, Pereira Coutinho e Larry So, é clara: é preciso dar um salto em termos de Administração. Foi este o recado principal do presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional

• Larry So, analista “Espero que a visita surta algum efeito e haja mudanças.”

maneira geral continua um bocado perra, continua a não funcionar com a eficiência e a celeridade necessárias”. O presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN) veio cá falar de algo que, para quem cá vive, é notório. “Macau desenvolveu-se muito económica e socialmente, logo as exigências são outras. [Zhang Dejiang] dá um enfoque grande à questão da habitação e à necessidade de haver um melhor desenvolvimento económico”, prossegue o deputado, recordando que “são os dois desideratos que estão consagrados na Lei Básica – estabilidade social e desenvolvimento económico”. “Fundamentalmente, analiso as mensagens neste quadro: Macau precisa de se continuar a desenvolver dentro de um ritmo mais

acelerado e mais eficiente, e tem de haver um esforço grande de todos nós para atingirmos essas metas”, sintetiza o membro da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês.

AS LEIS E OS OUTROS

Nos dias que passou por Macau, Zhang Dejiang esteve com os principais responsáveis pelo sistema judiciário. Na conversa com o presidente do Tribunal de Última Instância e com o procurador da RAEM, afirmou que as leis e as decisões têm de ser de acordo com a Lei Básica e a Constituição da República Popular da China. “Isto parece óbvio, mas tem um profundo significado: quer dizer que as leis têm de ser interpretadas e aplicadas em consonância com o que está na Lei Básica e no espírito

PEQUIM ATENTO À EDUCAÇÃO

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ouco antes da despedida, Zhang Dejiang esteve reunido com representantes do sector da educação e estudantes do ensino superior. Aos participantes no encontro, realizado na Universidade de Macau, disse que “o Governo Central acompanha de perto o desenvolvimento do sector da educação e do crescimento de jovens de Macau, cujos profissionais e estudantes têm missões importantes e responsabilidades”. O presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional visitou várias áreas do campus na Ilha da Montanha e deixou alguns desejos. Além de um ensino virado para “o desejo de amar Macau e a Pátria, e servir a RAEM”, o dignitário de Pequim espera que os estudantes “desempenhem bem o papel de ‘herdeiros’ do princípio ‘Um país, dois sistemas’”. A passagem de Zhang Dejiang ficou marcada por fortes medidas de segurança (ver texto na página 7).

da Lei Básica. E qual o espírito fundamental da Lei Básica?”, lança Leonel Alves. “É o desenvolvimento social e económico de Macau.” Também o analista Larry So encontra um grande significado nas palavras acerca do sistema judiciário, até porque, considera, o Governo local refugia-se excessivamente nas leis, quando nem tudo se resume a questões de ordem jurídica e judiciária. Mas, para o académico, a visita do presidente do Comité Permanente da APN é sobretudo importante na questão da governação. “Zhang Dejiang falou sobre o modo como Macau é governado, como se trabalha para a sociedade. Fez referência à necessidade de justiça e equilíbrio, sobretudo no sistema judiciário”, sublinha Larry So. “O que pretendeu dizer é que [Pequim] entende que, em Macau, existem questões relacionadas com a governação, com as terras, com a habitação”, prossegue. “As eleições estão a chegar. Em todos esses aspectos, a governação deve ser justa e equilibrada.”

OUVIR O NORTE

O analista recorda que, nos últimos anos, não têm faltado críticas ao modo como o Governo lida com a sociedade. “Não me parece que ouçam as pessoas e que mostrem grande preocupação com os dile-

mas da população. Governa-se ‘de acordo com a lei’. Temos muitos assuntos que não estão relacionados com a lei e depois também há leis que já estão desadequadas para o que é hoje Macau”, diz. “Quando o Governo diz que actua de acordo com a lei, significa que não está a fazer nada.” Por isso, da visita de Zhang Dejiang fica uma esperança: “Espero que surta algum efeito e haja mudanças”. Pereira Coutinho também é do entendimento de que o político de Pequim veio a Macau “para dizer que os governantes têm de melhorar as suas qualidades de governação”. “É uma questão que temos vindo a apontar nos últimos anos”, destaca o deputado à Assembleia Legislativa. “Temos vindo a dizer que há pessoas que não estão habilitadas e não têm competências para estarem à altura dos cargos. Falo dos secretários, sendo que isto se repercute nos serviços públicos das suas tutelas.” Para Coutinho, só há uma solução: “Enquanto não se nomear pessoas com qualidade, competência e experiência para governar, os problemas vão repetir-se e as dificuldades não vão ser ultrapassadas. A boa governação está ainda por alcançar em Macau”. Isabel Castro

isabelcorreiadecastro@gmail.com


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NOTIFICAÇÃO EDITAL N.°47/2017 (Solicitação de Comparência do Empregador) Nos termos das alíneas b) e c), n.° 1 do artigo 6.° do Regulamento da Inspecção do Trabalho, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 60/89/M, de 18 de Setembro, conjugados com o artigo 58.° e n.° 2 do artigo 72.° do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, notifica-se a sociedade “Tin Ieng Promotor de Jogo Sociedade Unipessoal Limitada (registo do empresário comercial n.º 41804 (SO)”, sita na Avenida Sir Anders Ljungstedt, n.º 165, Edifício “Kam Yuen)”, r/c “C”, Macau, para no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do dia seguinte ao da publicação do presente notificação edital, comparecer no Departamento de Inspecção do Trabalho, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.ºs 221-279, Edifício “Advance Plaza”, 1.° andar, Macau, a fim de prestar declarações no processo n.° 715/2017, proveniente da queixa apresentada nestes Serviços em 30/3/2017, pelo ex-trabalhador LEI KEI CHON, relativamente às matérias de salário, feriado obrigatório e indemnização de despedimento. Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais - Departamento de Inspecção do Trabalho, aos 5 de Maio de 2017. O Chefe do Departamento Substituto, LAI KIN LON

NOTIFICAÇÃO EDITAL N.°48/2017 (Solicitação de Comparência do Empregador) Nos termos do artigo 6.°, do n.° 1 alíneas b) e c) do Regulamento da Inspecção do Trabalho, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 60/89/M, de 18 de Setembro, conjugado com o artigo 58.° e do artigo 72.°, n.º 2, do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, notifica-se o empregador THIHA AUNG, para no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do dia seguinte ao da publicação do presente edital, comparecer no Departamento de Inspecção do Trabalho, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.ºs 221-279, edifício “Advance Plaza”, 1.° andar, Macau, a fim de prestar declarações no processo n.° 852/2017, proveniente da queixa apresentada nestes Serviços, pelo trabalhador não residente UNDRALLA KRISHNA KANTH, relativamente às matérias de salário e indemnização do despedimento. Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais - Departamento de Inspecção do Trabalho, aos 5 de Maio de 2017. O Chefe do Departamento Subst.º Lai Kin Lon


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Segurança ZHANG DEJIANG NA UNIVERSIDADE DE MACAU COM CONTROLO MÁXIMO

A nova fronteira da cidade para garantir que ninguém se aproximaria de Zhang Dejiang. Outra fonte do HM, que não conseguiu chegar a horas ao local de trabalho por ter recebido indicações diferentes acerca das medidas de segurança a adoptar, viu vários autocarros a serem desviados à entrada do túnel, onde estavam concentradas algumas pessoas à espera de receberem autorização para passarem para o campus da Ilha da Montanha.

GCS

O túnel de acesso à Universidade de Macau esteve ontem fechado ao trânsito durante mais de três horas. Só podiam passar autocarros públicos e alguns chegaram a ser desviados. A visita do presidente do Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular teve uma segurança mais rígida do que quando cá veio Xi Jinping

HORAS PARA CUMPRIR

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EM quando o Presidente chinês veio a Macau os critérios de segurança na Universidade de Macau (UM) foram tão apertados como ontem, último dia da visita de Zhang Dejiang ao território. O presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (APN) esteve durante a manhã no campus da Ilha da Montanha. A passagem pelo estabelecimento de ensino fez com que o túnel destinado a veículos tivesse sido encerrado entre as 7h e as 10h35. Também o acesso pedonal foi interditado. Várias pessoas que falaram com o HM não esconderam o transtorno de medidas que consideram ser excessivas, por entenderem que não existe uma ameaça à segurança que justifique semelhantes precauções. A UM tinha avisado professores e estudantes de que,

no seguimento de indicações das autoridades policiais, iria ser feito um controlo temporário do trânsito no túnel de acesso ao estabelecimento de ensino. A proibição para veículos particulares tinha início às 7h, sem se prever uma hora para a circulação voltar à normalidade. Só reitores, vice-reitores e alguns directores de departamentos tinham autorização para andarem normalmente nas suas viaturas. No mesmo aviso, dizia-se que os transportes públicos continuariam a funcionar normalmente, mas que seria feito um controlo de

segurança à entrada do túnel. “Entraram dois polícias fardados, dois à paisana e mais dois funcionários da UM para dentro do autocarro, à entrada do túnel”, descreve um docente que pede para não ser identificado. “Tivemos de mostrar os cartões que foram passados numa máquina de reconhecimento.”

À chegada ao campus na Ilha da Montanha, os autocarros eram obrigados a permanecer logo na primeira paragem. Quem trabalha ou estuda longe teve de fazer o percurso a pé e houve quem fosse obrigado a um trajecto maior, uma vez que a polícia interditou uma zona considerável

Os professores e funcionários que foram obrigados a deixar o carro em casa e a fazerem longos desvios a pé não terão justificação para eventuais atrasos

Os professores e funcionários que foram obrigados a deixar o carro em casa e a fazerem longos desvios a pé no vasto campus não terão justificação para eventuais atrasos. Na nota em que dava conta do acesso temporariamente condicionado, a UM informava que o pessoal tinha de garantir que as operações eram mantidas de forma normal e que as horas de trabalho desta semana são para cumprir. Foram ainda dadas instruções no sentido de se cancelarem todas as reuniões e visitas de pessoas que não trabalham na universidade, sugerindo-se que fosse feito um novo agendamento dos compromissos já marcados. Um dos poucos restaurantes dentro do campus da Ilha da Montanha estava ontem de portas fechadas. “Devem almoçar lá pelo menos 200 pessoas por dia”, comentava uma fonte ao HM. “Quando Xi Jinping veio à UM, não houve nada disto. Trouxemos os carros, tivemos um dia normal”, comentava um funcionário, que pediu igualmente para não ser identificado.

“Macau precisa de mais quadros bilingues” Presidente do Politécnico aponta falhas na hotelaria e direito

O

presidente do Instituto Politécnico de Macau (IPM), Lei Heong Iok, defendeu ontem que o território precisa de mais quadros qualificados e bilingues nas áreas da hotelaria e direito para aumentar a competitividade. “Temos de reforçar o nosso desenvolvimento e o nosso investimento na educação”, disse Lei Heong Iok, numa palestra na Universidade de

SOCIEDADE

Macau para cerca de uma centena de representantes da área da Educação, organizada no âmbito da visita à região de Zhang Dejiang, presidente do comité permanente da Assembleia Popular Nacional (APN). O presidente do IPM recordou que a região “tem como objectivo a transformação num centro de turismo e de lazer, e também a transformação num centro e numa

plataforma de cooperação entre os países lusófonos e a China”. É preciso “aproveitar estas vantagens para aumentar a competitividade de Macau”, defendeu. “Para atingir este objectivo temos de ter mão-de-obra e talentos ou quadros qualificados na área da hotelaria e na área do direito, bilingues”, afirmou. O IPM lançou há uma década a licenciatura em Tradução e Interpretação Português-

-Chinês/Chinês-Português e vai criar uma licenciatura em Português que irá arrancar no ano lectivo 2017/18.

TRABALHO FEITO

Lei Heong Iok destacou o contributo do IPM nos últimos anos para a formação de quadros bilingues e disse que “o número de estudantes está também a aumentar”, sublinhando que o instituto vai aproveitar as

respectivas vantagens de modo a continuar a atingir bons resultados. “Estes resultados podem contribuir para o desenvolvimento económico de Macau e para o desenvolvimento do sector do jogo”, disse. Lei Heong Iok observou ainda que num mundo globalizado, “só os quadros qualificados competitivos é que podem ganhar um lugar”. “Por isso, temos de

empenharmo-nos mais na formação de quadros qualificados, porque Macau é uma cidade pequena”, afirmou. Na mesma palestra falaram também directores de escolas, professores e dirigentes de associações de estudantes, com alguns a invocarem a necessidade de reforçar a educação da história da China e incutir valores patrióticos nos alunos. “Todas as escolas primárias e secundárias têm um papel na educação e patriotismo dos alunos”, disse Lai Sai Kei, director da Escola Keang Peng.


8 PUBLICIDADE

hoje macau quinta-feira 11.5.2017

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.º 16/P/17 FORNECIMENTO E INSTALAÇÃO DE UM SISTEMA DE TOMOGRAFIA AXIAL COMPUTARIZADA, INCLUINDO O PROJECTO DE CONCEPÇÃO E A RESPECTIVA EMPREITADA DE REMODELAÇÃO 1. 2. 3. 4.

Entidade que põe a obra a concurso: Serviços de Saúde. Modalidade de concurso: Concurso Público. Local de execução da obra: Centro Hospitalar Conde de São Januário. Objecto da Empreitada: Fornecimento e instalação de um sistema de tomografia axial computarizada, incluindo o projecto de concepção e a respectiva empreitada de remodelação. 5. Prazo máximo de execução: 120 (cento e vinte ) dias. 6. Prazo de validade das propostas: O prazo de validade das propostas é de 90 (noventa) dias, a contar da data do Acto Público do Concurso, prorrogável, nos termos previstos no Programa de Concurso. 7. Tipo de empreitada: Por preço global. 8. Caução provisória: MOP 536 000,00 (quinhentas e trinta e seis mil patacas), a prestar mediante depósito em numerário, garantia bancária ou seguro-caução nos termos legais. 9. Caução definitiva: 5% do preço total da adjudicação (das importâncias que o empreiteiro tiver a receber, em cada um dos pagamentos parciais são deduzidos 5% para garantia do contrato, para reforço da caução definitiva a prestar). 10. Preço Base: Não há. 11. Condições de admissão: Serão admitidos como concorrentes as entidades inscritas na Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes para execução de obras, bem como as que à data do concurso, tenham requerido a sua inscrição ou renovação, neste último caso a admissão é condicionada ao deferimento do pedido de inscrição ou renovação.. 12. Local, dia e hora limite para entrega das propostas: Local: Secção de Expediente Geral dos Serviços de Saúde, que se situa no r/c do Edifício do Centro Hospitalar Conde de São Januário; Dia e hora limite: Dia 15 de Junho de 2017 (Quinta-feira), até às 17:45 horas. Em caso de encerramento dos Serviços Públicos da Região Administrativa Especial de Macau, em virtude de tempestade ou motivo de força maior, a data e a hora estabelecidas para a entrega de propostas, serão adiadas para o primeiro dia útil seguinte, à mesma hora. 13. Local, dia e hora do acto público: Local: Estrada de S. Francisco, n.º 5, r/c - «Sala Multifuncional», Macau. Dia e hora: Dia 16 de Junho de 2017 (Sexta-feira), pelas 10:00 horas. Em caso de encerramento dos Serviços Públicos da Região Administrativa Especial de Macau, em virtude de tempestade ou motivo de força maior, a data e a hora estabelecidas para o acto público de abertura das propostas do concurso público, serão adiadas para a mesma hora do dia útil seguinte. Os concorrentes ou seus representantes deverão estar presentes ao acto público de abertura de propostas para os efeitos previstos no artigo 27. º do Decreto-Lei n. º 63/85/M, de 6 de Julho e no artigo 80.º do Decreto-Lei n.º 74/99/M, de 8 de Novembro, e para esclarecer as eventuais dúvidas relativas aos documentos apresentados no concurso. 14. Visita às instalações: Os concorrentes deverão comparecer no Departamento de Instalações e Equipamentos do Centro Hospitalar Conde de São Januário, no dia 15 de Maio de 2017 (Segunda-feira), às 15:00 horas, para visita ao local da obra a que se destina o objecto deste concurso. 15. Local, hora e preço para consulta do processo e obtenção da cópia: Local: Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita no 1. º andar, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau. Hora: Horário de expediente (das 9:00 às 13:00 horas e das 14:30 às 17:30 horas). Preço: MOP 122,00 (cento e vinte e duas patacas), local de pagamento: Secção de Tesouraria destes Serviços de Saúde. 16 Critérios de apreciação de propostas e respectivos factores de ponderação: A Equipamento A1 Preço total do ciclo de vida do equipamento A1-1 Equipamento Preço【Preço de equipamentos e custos de instalação (se tiver)】 A1-2 Despesas de serviços sobre a reparação e manutenção do ciclo de vida dos equipamentos A1-2-1 Os custos de manutenção, tipo A (7.5%) A1-2-2 Os custos de manutenção, tipo B (7.5%) A2 Qualidade do equipamento e Funções A2-1 Funções do equipamento A2-2 Avaliação completa do equipamento A2-3 Compatibilidade com as instalações, equipamentos e sistemas que existem nestes Serviços A3 Manual de operação e manutenção de equipamentos e formação do pessoal dos Serviços de Saúde A3-1 Manuais de operação A3-2 Formação técnica de operação A3-3 Manuais de manutenção A3-4 Formação técnica de manutenção A4 Serviço pós-venda do concorrente A5 Prazo de entrega B Obras + Projecto B1 Valor total da empreitada B2 Qualidade de materiais utilizados B3 Experiência de trabalhos de construção B4 Programa de concepção B5 Cronograma de construção e prazo de execução da obra 17.

20%

35%

80%

15%

15% 20%

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20%

Junção de esclarecimentos: Os concorrentes poderão comparecer na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita no 1. º andar, da Estrada de S. Francisco, n.º 5, Macau, a partir de 10 de Maio de 2017 (Quarta-feira) até à data limite para a entrega das propostas, para tomar conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais. Serviços de Saúde, aos 4 de Maio de 2017 O Director Lei Chin Ion


9 hoje macau quinta-feira 11.5.2017

Lazer IACM ESTUDA LIGAÇÃO ENTRE CICLOVIAS NA TAIPA E COTAI

Consenso sem rodas

Ainda não há consenso entre o IACM e as Obras Públicas quanto à possibilidade de ligar a ciclovia da zona de lazer da marginal da Taipa com a ciclovia da zona da Flor de Lótus, no Cotai. O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais promete iniciar estudos sobre o projecto este ano

A

deputada Kwan Tsui Hang questionou o Executivo sobre a possibilidade de construir uma ligação entre duas ciclovias na Taipa e no Cotai mas, segundo o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), ainda não há consenso sobre o projecto com a entidade que será responsável por construir essa ligação, ou seja, a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). “A respeito da viabilidade de realizar uma interligação entre a ciclovia da zona de lazer da marginal da Taipa e a ciclovia da Flor de Lótus, o IACM estabeleceu uma comunicação com a DSSOPT sobre uma proposta de projecto mas, por implicar a utilização e o tratamento dos solos, na presente fase, ainda não foi possível chegar a um consenso”, lê-se na resposta à interpelação escrita da deputada. Não obstante, o IACM promete começar a estudar o projecto ainda este ano. “Com vista a satisfazer as necessidades da população relativas a diferentes instalações para actividades de lazer e de recreio, o IACM projecta, no corrente ano, acrescentar instalações recreativas e desportivas

O IACM estabeleceu uma comunicação com a DSSOPT sobre uma proposta de projecto mas, por implicar a utilização e o tratamento dos solos, na presente fase, ainda não foi possível chegar a um consenso

na zona de lazer da marginal da Taipa, bem como iniciar o estudo do projecto de ligação com a ciclovia da Flor de Lótus, que se estende na direcção de Coloane”, lê-se na resposta. Apesar de ainda não haver sequer um calendário para o arranque do projecto, o IACM “espera poder manter um contacto contínuo com aquela direcção, através de uma cooperação mútua, para criar mais um espaço de qualidade para actividades de lazer”.

ANALISAR O TERRENO

Uma das razões para ainda não haver uma decisão quanto a este projecto prende-se com a necessidade de analisar melhor os terrenos em questão. “A DSSOPT considera, de acordo com a situação real do desenvolvimento urbanístico e as necessidades de instalações para actividades de lazer e de recreio dos cidadãos, emitir pareceres sobre planeamento urbanístico e administração de solos, em concertação activa com os trabalhos de planeamento da ciclovia”, explica o IACM. O IACM explica ainda que a entidade levou a cabo trabalhos recentes de melhoria dos espaços públicos. “No mês transacto, concluiu a remodelação da praça da Avenida do Oceano, na Taipa, e construiu novos sanitários públicos, locais para o depósito de bicicletas, um terraço-jardim e área de estacionamento de veículos, melhorando ainda mais o conjunto das instalações das ciclovias”, aponta a resposta a Kwan Tsui Hang. Além disso, “o IACM vai também aproveitar, da melhor forma, os recursos existentes, promovendo de forma contínua a construção de instalações de lazer e de ciclovias”. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

POPULAÇÃO NASCIMENTOS EM QUEDA

O

primeiro trimestre de 2017 regista uma diminuição do número de nascimentos no território. De acordo com os dados fornecidos pelos Serviços de Estatísticas e Censos, registaram-se no primeiro trimestre deste ano menos 20,3 por cento de nascimentos em Macau, com um total de 1560 nados vivos,

menos 397 em termos trimestrais. No entanto, a população regista um acréscimo de 3400 pessoas. No final de Março, Macau tinha 648.300 pessoas, sendo que a população feminina representava a maioria, com 52,7 por cento. De acordo com o comunicado enviado à comunicação social, registaram-se

499 óbitos no trimestre em análise, o que corresponde a menos 39 em termos trimestrais, sendo que as três principais causas de morte foram tumores, com 159 casos, doenças do aparelho circulatório, com 146, e doenças do aparelho respiratório, com 103 óbitos. Ainda no mesmo período de tempo, houve um

aumento de 423 migrantes do Continente, num total de 1211, e foram autorizados 411 pedidos de residência, o que corresponde a um

acréscimo de 15 pessoas. Até ao final do primeiro trimestre deste ano, existiam 179.879 trabalhadores não residentes em Macau, mais 2241 indivíduos face ao trimestre anterior. O número de casamentos registados foi de 1094 no trimestre de referência, mais 115 em termos trimestrais.

SOCIEDADE

BNU LUCROS EM MACAU SEMPRE A SUBIR

O Banco Nacional Ultramarino (BNU) em Macau, do grupo Caixa Geral de Depósitos, fechou o primeiro trimestre do ano com lucros de 168,4 milhões de patacas, indicam dados publicados ontem em Boletim Oficial. Os lucros dos primeiros três meses deste ano representam um aumento de 9,6 por cento em relação ao mesmo período de 2016. Segundo o balancete, a 31 de Março, o BNU registou proveitos de 449,1 milhões de patacas e custos de 280,7 milhões de patacas. O banco encerrou 2016 com lucros de 560,5 milhões de patacas, mais 9,8 por cento do que em 2015, segundo dados fornecidos pelo presidente executivo do banco à Agência Lusa.

NOVO BANCO ÁSIA PROVEITOS PASSADOS, PREJUÍZOS PRESENTES

O Novo Banco Ásia fechou o primeiro trimestre do ano com um prejuízo de 2,42 milhões de patacas. De acordo com o balancete publicado ontem em Boletim Oficial, a 31 de Março, o Novo Banco Ásia registou proveitos de 7,26 milhões de patacas e custos de 9,68 milhões de patacas. No mesmo período de 2016, o banco com sede em Macau registou lucros de 80.859 patacas. O Novo Banco Ásia sucedeu em Macau ao Banco Espírito Santo do Oriente, após a resolução do BES em Portugal em 2014. Presente em Macau desde 1996, tem como principais áreas de actividade a banca de empresas, ‘trade finance’ e ‘private banking’. Em Agosto do ano passado, o Novo Banco anunciou a venda da unidade que tem em Macau.

SAÚDE GASTROENTERITE COLECTIVA EM RESTAURANTE

As autoridades estão a investigar uma situação suspeita de gastroenterite colectiva de origem alimentar. O caso foi identificado num grupo de 150 pessoas que, no passado dia 6, jantou no Restaurante Federal, situado na Rua da Encosta. Em comunicado, os Serviços de Saúde explicam que apenas foi possível contactar 52 pessoas. Deste grupo, 41 manifestaram sintomas. Algumas pessoas recorreram a apoio em instituições médicas, mas ninguém precisou de internamento. Os Serviços de Saúde deram conhecimento das informações de investigação epidemiológica ao Centro de Segurança Alimentar do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, que se encontra a acompanhar o caso.


10 Performance TEATRO AREIA PRETA APRESENTA “MOON LIGHT” NO IAO HON

EVENTOS

Uma história assim-assim Realizador Zhang Yimou justifica fraca bilheteira do “The Great Wall”

O

realizador chinês Zhang Yimou disse que o fracasso da maior produção cinematográfica conjunta entre a China e os Estados Unidos, o “The Great Wall”, terá ficado a dever-se ao pouco interesse da história retratada. “Os actores são todos muito bons. [O protagonista] Matt Damon e todos os outros foram esplêndidos”, afirmou o cineasta à agência Associated Press. “Provavelmente, a história é um pouco fraca, ou o momento não foi o melhor, ou então fomos nós que não fizemos um bom trabalho. Pode ser por muitas razões”, acrescentou. O “The Great Wall” remete para uma China imaginária, onde a Grande Muralha, o monumento mais conhecido do país, foi edificada para deter a invasão por monstros que comem carne humana. O guião demorou sete anos a ser concluído por Hollywood. ZhangYimou acrescentou elementos da cultura chinesa e o seu estilo visual, patente no drama de Kung fu, “House of Flying Daggers”, ou na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos Pequim 2008. Os produtores esperavam que o filme, com um orçamento de 150 milhões de dólares, pudesse inverter a tendência das produções conjuntas entre a China e os EUAfalharem em ambos os mercados.

O “The Great Wall” arrecadou apenas 45 milhões de dólares em receitas de bilheteira, desde que estreou em Fevereiro passado, mas ganhou 332 milhões globalmente. Na China, onde foi exibido em Dezembro, alcançou 171 milhões de dólares, tornando-se no oitavo filme com maiores receitas no país, em 2016. O filme foi produzido pela Legendary East, subsidiária chinesa da produtora de Hollywood Legendary Entertainment, adquirida no ano passado por Wang Jianlin, o homem mais rico da China e presidente do grupo Wanda Group, que tem a maior rede de distribuição cinematográfica do mundo. Zhang Yimou considerou que o “The Great Wall” é um marco na colaboração entre produtores chineses e de Hollywood. “Como os chineses dizem, ‘tudo é difícil no início’. Penso que foi importante começar. Espero que haja mais cooperações do género, que as pessoas não parem só porque o resultado não foi bom”, afirmou. Questionado se participaria de outra produção conjunta entre a China e Hollywood, Zhang Yimou não demonstrou, para já, interesse na repetição da experiência: “Não tenho de ser eu a fazer. Espero que mais pessoas colaborem nisto”.

CLUBE MILITAR LUK TIN CHEE, AS FLORES DE LÓTUS E OUTRAS OBRAS

A exposição “Pinturas a Óleo” de Luk Tin Chee é inaugurada amanhã, pelas 18h30, no Clube Militar de Macau. A mostra reúne mais de 40 pinturas a óleo do artista local e a cerimónia de inauguração conta com o lançamento do livro homónimo. Luk Tin Chee aprendeu a pintar com Zhao Weifu e acabou por se especializar na representação da flor de lótus. O seu trabalho é, porém, diverso e podem ser encontradas telas dedicadas a aspectos da vida quotidiana, paisagens e arquitectura do território. A exposição está patente até ao dia 16.

UM PALCO S EXTA-FEIRA, sábado e domingo, pelas 18h30, a Praça Iao Hon será palco de uma performance intitulada “Moon’s Light”, que traz para a rua o movimento e a acrobacia do Teatro Areia Preta. A companhia tem como público habitual as crianças, mas este fim-de-semana apresenta uma performance inspirada nas migrações. “É uma peça de teatro físico com muito conteúdo de acrobacia aérea”, desvenda António Martinez, director artístico da companhia e um dos performers que vai pisar o palco. Sendo mais específico, acrescenta que é “um espectáculo com muito impacto em termos visual, colorido, com muitos elementos de acrobacia, música e sem texto”. Não é de estranhar, uma vez que esta é a linha de trabalho normalmente trilhada pela companhia. A estética que lhes é mais familiar. Com a música e o movimento como panorama, a peça conta histórias de viagens constantes das nossas vidas, assim como as consequências e sentimentos que essas deambulações trazem às pessoas. “Moon’s Light” pretende reflectir o drama provocado pelo conflito sírio, as condições desumanas que os refugiados enfrentam. Através dos meios que caracterizam as actuações do Teatro Areia Preta – andas, acrobacias e multimédia – a peça apresenta ao público a fatalidade e as consequências

O movimento e a música vão inundar, este fim-de-semana, o espaço público na Praça Iao Hon com um espectáculo de autoria do Teatro Areia Preta. A peça tem como pano de fundo o drama vivido pelos refugiados sírios e as guerras que empurram as pessoas para a estrada

da guerra, oferece catarse para os horrores dos conflitos e perspectiva um cenário de esperança. Este é um contexto importante para António Martinez. “O teatro não pode deixar de ser uma plataforma para empurrar o público a pensar na situação que estamos a viver”, explica. Para o director

“O teatro não pode deixar de ser uma plataforma para empurrar o público a pensar na situação que estamos a viver.” ANTÓNIO MARTINEZ DIRECTOR DO TEATRO AREIA PRETA

do Teatro Areia Preta, o activismo e a lucidez perante a actualidade é algo que naturalmente impregna a inspiração artística e a impele a transmitir uma mensagem ao público. “Mesmo que não estejamos directamente envolvidos, a crise dos refugiados é um problema global que afecta todos, e temos de nos posicionar. É por isso que é importante o teatro agitar a consciência crítica das pessoas”, revela António.

AO LUAR

A performance “Moon’s Light” não se baseia unicamente na situação da Síria. O director da companhia explica que também os fluxos migratórios “dos países da América do Sul para o Norte, de África para a Europa. No fundo, as viagens de quem foge do conflito e da miséria em busca de um recomeço, de uma vida nova, “é o

nexo de união da peça toda”, revela António Martinez. Outro dos elementos em destaque na apresentação será o próprio meio, a rua, assim como o público, bem diferente do convencional espectador de teatro. “Não é a mesma coisa apresentar uma peça no Centro Cultural, ou na praça Iao Hon”, explica o director da companhia. Esta não é a primeira vez que o Teatro Areia Preta toma as ruas como palco, aliás, há quatro anos apresentaram um espectáculo no mesmo local deste fim-de-semana. “Conhecemos os nossos públicos, temos alguns anos de experiência. O público da Praça Iao Hon é muito especial, são as pessoas que moram naquele bairro e que não frequentam salas de teatro”, conta António Martinez. O director e performer salienta que os espectadores da zona norte de Macau são, em regra, generosos, com grande entrega. Este tipo de espectáculo cria um tipo de feedback diferente entre quem o vê e quem o executa. “No palco de rua há um diálogo muito especial, porque o público tem uma frescura quase infantil, está a ver algo que não esperava, que agradece muito qualquer gesto”, explica. Normalmente, as peças do Teatro Areia Preta têm como as crianças como principais espectadores. Desta feita, o espectáculo, que decorre no âmbito do Festival de Artes de Macau, promete entreter e despertar consciências. João Luz

info@hojemacau.com.mo

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGU POESIA REUNIDA • Maria do Rosário Pedreira

“(…) Estamos perante uma visão do mundo de feição romântica, que concent amor a justificação da existência. É certo que o romantismo nunca deixou de influe a poesia portuguesa, e que os neo-confessionalismos recuperaram o tema do sofrim passional, mas as poetas têm-se mostrado reticentes a esse discurso que o femin estigmatizou, acusando-o de idealizar a mulher ou mitificar o homem, tornand criaturas falsas, alienadas. Em autoras mais novas, o lirismo amoroso, mesmo qua sugerido, vê-se logo ironizado ou sabotado. Nesse sentido, a poética de Maria do Ro Pedreira parece deslocada no tempo, e assume todos os riscos «intempestivos» d aparente confessionalismo sentimental.” Do Prefácio, de Pedro Mexia


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NA PRACA

UESA

tra no enciar mento nismo ndo-os ando é osário de um

EVENTOS

hoje macau quinta-feira 11.5.2017

HOJE NA CHÁVENA

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RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

A MINHA PRIMEIRA AMÁLIA RODRIGUES • Maria do Rosário Pedreira Ilustrações de João Fazenda

Amália Rodrigues nasceu em Lisboa em 1920, oriunda de uma família modesta, e morreu em 1999, também em Lisboa, depois de ter conquistado fama internacional. Esta cantora invulgarmente brilhante reunia em si tudo aquilo que é necessário para se ser um bom artista: talento, sensibilidade, inteligência e capacidade de trabalho.Muitos consideram que foi a sua voz que levou a cultura e a alma nacionais pelo mundo fora e que o fado não seria hoje Património da Humanidade sem a sua decisiva contribuição. Com este livro, Maria do Rosário Pedreira quis contar aos mais novos quem foi esta portuguesa notável e João Fazenda ilustrou com arte e originalidade todo o texto.

Rotundas de movimento

Distância Zero com três workshops a cargo de Larry Ng

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ÃO 12 horas de trabalho em cada um dos três dias em que decorre o workshop “A exploração dos segredos da vida através de uma rotunda poética”. A proposta é da Cooperativa Distância Zero, que traz ao território Larry Ng, de Hong Kong, para dar um conjunto de três workshops ligados à arte da representação entre os dias 15 e 17. Apromessa é uma viagem formativa que passa pela combinação de técnicas de ópera, de máscara e do teatro físico de Jacques Lecoq e Etienne Decroux. A ideia é a exploração da manipulação básica de bonecos e máscaras, e dos seus princípios estéticos. Em simultâneo, “queremos explorar a expressão física do actor e as suas possibilidades dentro do teatro físico”, explica Larry Ng ao HM. O conceito da oficina desdobra-se assim na interacção entre três aspectos: a representação, o rosto e o corpo. O tema, “A exploração dos segredos da vida através de uma rotunda poética”, pretende metaforizar todo o processo de aprendizagem. Durante os três dias, a iniciativa vai dar o palco a “um espaço nublado e mágico em que há lugar para o humano e para o não-humano, e em que um expressa o outro”. Avacilação entre a mentira da representação e a realidade da vida representa também um aspecto a ser explorado. “O uso da máscara está directamente associado à mentira ou à farsa, em suma, à própria encenação teatral enquanto representação da vida através de algo que não o é”, diz Larry Ng. O objectivo é possibilitar a criação de um espaço poético em que as pessoas possam andar entre o visível e o invisível, entre o interno e o externo. “É uma rotunda poética”, afirma, em que os participantes vão abordar as expressões da complexidade da natureza humana.

MÁSCARAS VIVAS

Por outro lado, a técnica da máscara aborda uma estru-

tura viva. “As máscaras são vivas, ganham vida com a manipulação dos actores”, refere o formador. São objectos que pedem o domínio do movimento para que possam assumir expressões que levem o público a dar-lhes uma personalidade, um estado de espírito. “O movimento dá-lhes vida”, sublinha. Desta forma, o workshop terá como base o desenvolvimento de técnicas de movimento, através de exercícios ligados ao teatro físico trazidos das escolas que fazem parte da formação de Larry Ng: a de Jacques Lecoq e a de Etienne Decroux, em que máscara e mímica se aliam. Pela formação que vai abordar as leis básicas do movimento e a relação entre estrutura e movimento, é intenção do formador colocar os participantes num processo exploratório não só das possibilidades do próprio corpo, como da sua associação estética e representativa aquando do uso da máscara e mesmo da sua aplicação à ópera, por exemplo. Os conteúdos principais da oficina estão divididos em vários módulos entre eles: os princípios básicos do exercício, do corpo e do espaço; o movimento com textura e forma; o movimento do corpo com diferentes materiais e estruturas; os princípios e técnicas da utilização de marionetas; os princípios e técnicas da utilização de máscaras básicas e técnicas estéticas como a imagem, a imaginação e a poesia. Larry Ng tem a carreira marcada por formação e participações entre a Europa e Hong Kong, sendo doutorando do Departamento de Sociologia da Universidade Chinesa de Hong Kong. A iniciativa é dirigida a todos os interessados por representação e pelas suas técnicas. Sofia Margarida Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com


12 CHINA

hoje macau quinta-feira 11.5.2017

TURISMO PORTUGAL PROMOVE VOO DIRECTO E TRÊS REGIÕES

O

Turismo de Portugal promove esta semana o novo voo directo entre Portugal e a China, e três regiões portuguesas, na primeira edição do ITB China, feira de turismo que decorre até sexta-feira em Xangai. “Acima de tudo, queremos promover o novo voo, que é este ano a grande marca na ligação entre o mercado chinês e Portugal”, disse à agência Lusa Filipe Silva, vogal do conselho directivo do Turismo de Portugal. A ligação aérea directa entre a China e Portugal arranca em 26 de Julho, com partida da cidade de Hangzhou, na costa leste da China, e com destino a Lisboa, parando em Pequim. Filipe Silva apontou que a abertura do voo é acompanhada por uma estratégia de comunicação, que visa reforçar a notoriedade de Portugal no país asiático. Com duzentos metros quadrados, o pavilhão português promove ainda a Madeira, a região centro e o

LIBERTADOS DOIS ADVOGADOS DOS DIREITOS HUMANOS

Alentejo, para além de oito empresas, entre as quais a companhia aérea responsável pelo voo, Beijing Capital Airlines (BCA). O voo terá três frequências semanais e ficará a cargo do modelo 330-200 da Airbus, aeronave com capacidade para 242 passageiros em classe económica e 18 lugares em classe executiva. Nos últimos três anos, o número de turistas chineses que visitaram Portugal triplicou, para 183.000. A China é já o maior emissor mundial de turistas e, segundo estatísticas oficiais, 135,1 milhões de chineses viajaram para fora da China continental, em 2016, num aumento de 12,5% em relação ao ano anterior. A ITB (International Tourism Berlin) é a entidade que organiza a maior feira de turismo do mundo, que decorre todos os anos em Berlim, e que este ano realiza pela primeira vez uma feira na China, em Xangai, a “capital” económica do país. PUB

HM • 2ª VEZ • 11-5-17

ANÚNCIO Acção Ordinária

n.º CV1-16-0051-CAO

1.º Juízo Cível

Autora: HE SHUXIAN, divorciada, de nacionalidade chinesa, titular do passaporte da República Popular da China e residente em Macau, na Avenida do Nordeste, Lote V, Villa de Mer, Bloco II, 4ºandar D------------------------------------Réus : Chan Wong Ben, divorciado, com última residência conhecida, na Rua de Aveiro,132, Edifício Mei Keng Garden, 13º andar AA, Taipa e outro.-----------*** -----FAZ-SE SABER que pelo 1.º Juízo do Tribunal Judicial de Base de Macau, correm éditos de TRINTA DIAS contados a partir da 2ª e última publicação deste anúncio, citando o Réu, para o prazo de TRINTA DIAS, findo o dos éditos, querendo contestar a acção acima indicada, apresentada pela autora na qual pede em suma que a presente acção seja julgada procedente, por provada e, em consequência se declarar a autora como legitima e única proprietária da fracção autónoma designada por “IID4” para habitação , do prédio denominado “Villa de Mer” sito em Macau, na Avenida Nordeste com entrada S/N, Zona da Areia Preta, descrito na Conservatória do Registo Predial sob o n. 23195 e inscrito a favor da autora sob o n. 253573G, por a ter adquirido no estado de divorciada ou como legítima e única proprietária da referida fracção por a ter adquirido no estado de casada mas como bem próprio, tudo como melhor consta da petição inicial, cujos duplicados se encontram nesta Secretaria à sua disposição.-------------------------------- O(s) citando(s) fica(m) advertido(s) de que a falta de contestação não importa a confissão dos factos articulado pelos autores, caso os mesmos permaneçam na situação de revelia absoluta, sendo obrigatória a constituição de advogado, nos termos do artigo 74.ºdo C. P. C., caso contestem. .---------------------------------------R.A.E.M., aos 20 de Abril de 2017 ***

Pequim TUDO A POSTOS PARA RECEBER FÓRUM “UMA FAIXA, UMA ROTA”

As novas andanças do capital

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EQUIM está a postos para a realização do Fórum “Uma faixa, Uma rota” para a Cooperação Internacional, agendado entre os dias 13 e 15 de deste mês, com os trabalhos de preparação em andamento, disse um porta-voz do governo municipal. O evento será realizado no Centro Nacional de Convenções da China e no Centro de Convenções Internacionais do Lago Yanqi, na periferia a norte da capital, disse o porta-

-voz Wang Wenjie em conferência de imprensa. A construção foi concluída em todos os locais de reunião no Centro Nacional de Convenções, onde se realizará a cerimónia inaugural e a sessão plenária do encontro de alto nível. As reparações no centro Yanqi, o local principal do fórum, estão já também terminadas, informa o Diário do Povo. O centro de imprensa, instalado no Centro Nacional de Convenções foi concluído esta quarta-feira, enquanto

Cerca de 20 países e mais de 20 organizações internacionais assinarão documentos de cooperação com a China durante o fórum, que contará com representantes de 110 países

um homólogo temporário está também já pronto em Yanqi. O evento contará com o apoio de mais de dois mil voluntários, que receberam formação para a participação no Fórum, segundo Wang.

VERDE PÁLIDO

A organização utilizou materiais de construção recicláveis, amigos do ambiente, e papel reciclado, revelou Wang. Na tentativa de minimizar o impacto do evento na vida quotidiana dos cidadãos durante o fórum, o controlo de veículos não será aplicado, ou seja, a as autoridades não limitarão a circulação segundo o número (par ou ímpar) das matrículas. Cerca de 20 países e mais de 20 organizações internacionais assinarão documentos de cooperação com a China durante o fórum, que contará com representantes de 110 países. A iniciativa “Uma faixa, Uma rota” proposta pela China em 2013 consiste na Faixa Económica da Rota da Seda e da Rota de Seda Marítima do Século XXI. A iniciativa pretende construir uma rede de comércio e de infra-estruturas que liguem a Ásia, a Europa e África.

A China libertou dois conhecidos advogados especializados em defender os Direitos Humanos e detidos há 22 meses, após terem alegadamente confessado em tribunal que colaboraram com organizações e imprensa estrangeiras para derrubar o regime do Partido Comunista. O advogado que representa Xie Yang, um dos detidos, disse ontem que este se encontra em casa a celebrar o aniversário da mãe. Xie confessou na segunda-feira em tribunal ser culpado de incitar a subversão e perturbar processos judiciais, e apelou por uma sentença leve, com base no seu arrependimento. Apoiantes do outro activista libertado, Li Heping, dizem que o advogado natural de Pequim regressou também a casa na terça-feira. Um tribunal do norte da China anunciou em Abril que Li confessou, durante um julgamento realizado em segredo, que atacou e difamou o sistema político e legal da China.

ATAQUE À FACA EM CHANGCHUM DEIXA 18 FERIDOS Dezoito pessoas ficaram feridas na sequência de um ataque com faca, perpetrado por um homem, numa rua de Changchum, no norte da China, disseram ontem as autoridades locais. O atacante, de 50 anos, foi detido, depois de ser atingido a tiro. Nenhum das vítimas corre risco de vida, indicaram as autoridades, que estão a investigar a causa do ataque. O homem, identificado como Wang Yunwei, esteve anteriormente hospitalizado devido a problemas de saúde mental, disse a polícia, citou familiares. A China tem registado vários incidentes do género, normalmente ligados a pessoas com problemas psicológicos ou com ressentimentos com vizinhos ou com a sociedade no geral. No ano passado, um ataque à faca nas imediações de uma escola primária, no norte do país, deixou feridos sete estudantes. Em Outubro passado, um homem assassinou 16 pessoas, membros de cinco famílias diferentes, numa zona rural da província de Yunnan, no sudoeste da China.

TAIWAN DETÉM GENERAL POR ALEGADA ESPIONAGEM

Um general de Taiwan, antigo chefe do programa de mísseis, foi detido, na terça-feira, por alegada espionagem para a China, informou ontem o Ministério da Defesa da ilha. O general de divisão Hsieh Chia-kang, chefe adjunto do Comando de Defesa de Matsu (ilhas próximas da China), foi detido na terçafeira, após terem sido realizadas buscas na sua residência, em Pingtung (sul). O responsável foi levado para Kaohsiung (sul) para ser interrogado e presente ao Ministério Público. O Ministério da Defesa de Taiwan afirmou que suspeita que Hsieh tenha sido contratado pela China não apenas para espiar, mas para criar uma rede de espionagem. Hsieh encontra-se actualmente sob vigilância. Nos últimos anos ocorreram vários casos de espionagem por parte de militares e agentes de segurança de Taiwan a favor da China, mas a maioria dizia respeito a militares retirados.


13 hoje macau quinta-feira 11.5.2017

O

novo Presidente da Coreia do Sul, o liberal Moon Jae-In, afirmou ontem estar disponível para visitar a Coreia do Norte caso estejam reunidas as condições para tal, pouco depois de ter prestado juramento no cargo. “Estou disponível para ir a qualquer lado, pela paz na península coreana: se necessário irei imediatamente a Washington [e] a Pequim e a Tóquio. Se as condições estiverem reunidas irei a Pyongyang”, afirmou. Moon Jae-in, de 64 anos, do Partido Democrático, iniciou ontem um mandato de cinco anos como Presidente, após vencer as eleições antecipadas de terça-feira com 41,1% dos votos, contra os 24,03% de Hong Joon-pyo, do Partido da Liberdade (da anterior Presidente, Park Geun-hye). No discurso proferido na cerimónia de posse na Assembleia Nacional, horas depois de ter sido proclamado oficialmente vencedor, Moon comprometeu-se a trabalhar pela paz na península coreana, numa altura de crescentes receios relativamente à expansão do programa de armamento da PUB

REGIÃO

Disponível para viajar Novo Presidente da Coreia do Sul irá a Pyongyang se houver condições

Coreia do Norte, prometendo “agir rapidamente para resolver a crise de segurança nacional”.

SER VERDADEIRO

Moon Jae-In afirmou que vai “negociar sinceramente” com os Estados Unidos, o principal aliado de Seul, e com a China, o principal parceiro comercial, a controversa instalação de um

sistema de defesa antimíssil norte-americano (THAAD), no sul do país. À semelhança de Washington, Seul garantiu que tem objectivos meramente defensivos, mas Pequim, por exemplo, considerou que o THAAD tem capacidade para reduzir a eficácia dos sistemas de mísseis chineses.

O início do mandato presidencial de cinco anos sem a normal transição de dois meses, devido às eleições antecipadas, vai obrigar Moon a depender, nesta fase inicial, dos ministros e assessores do governo da antecessora, Park Geun-hye. O novo Presidente irá designar o primeiro-ministro, “número dois” na Coreia do Sul, e o chefe de gabinete. As duas escolhas têm de ser aprovada pelo parlamento. Estas foram as primeiras presidenciais antecipadas desde que a Coreia do Sul voltou a realizar eleições democráticas, em Dezembro de 1987, convocadas após a também inédita destituição de um Presidente eleito democraticamente. Park Geun-hye, de 65 anos, destituída e colocada em prisão preventiva em Março, começou a ser julgada no início do mês devido ao escândalo de corrupção e de tráfico de influências, conhecido como “Rasputina”, arriscando uma pena que pode ir até à prisão perpétua.

FILIPINAS CHEFE DAS FORÇAS ARMADAS NOMEADO MINISTRO DO INTERIOR

O Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, anunciou ontem que o actual chefe das Forças Armadas, general Eduardo Año, é o próximo ministro do Interior, dias depois de nomear outro militar para a pasta do Ambiente. Año, 55 anos, assumirá o Departamento do Interior e Governos Locais em Outubro, afirmou Duterte numa conferência de imprensa em Manila antes de partir para uma deslocação a vários países da região. Há dias, Duterte escolheu o ex-chefe do Exército Roy Cimatu como ministro do Ambiente em substituição de Gina Lopez, cuja nomeação não foi ratificada pelo Congresso devido a uma polémica sobre a sua decisão de fechar mais de metade das explorações mineiras do país por prejuízos ecológicos. Na conferência de imprensa, Duterte anunciou ainda ter nomeado para ministro dos Negócios Estrangeiros o senador Alan Peter Cayetano, firme defensor da sangrenta repressão do Presidente contra as drogas.


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cidade ecrã

ARTES, LETRAS E IDEIAS

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Rui Filipe Torres1

Sisterhood de Tracy Choi, aplaudido no Indie Lisboa

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O catálogo do Festival o filme é apresentado desta forma : “Duas massagistas (Seiya e Kay), na Macau dos anos 1990, tornam-se melhores amigas e criam juntas o bebé de Kay, como uma família. Até que, no dia da entrega do território à China, as duas discutem violentamente e nunca mais se falam. Anos mais tarde, Seiya regressa a Macau, mas apenas encontra o filho da amiga, já adulto, e uma cidade completamente diferente: os casinos e as luzes de néon transformaram a pacata localidade na Las Vegas do Oriente. Sisterhood, da macaense Tracy Choi, é um filme que olha com saudade aquilo que Macau foi e já não é.” O filme é isso, mas bastante mais. O filme de 2017, realizado e montado por Tracy Choi com argumento Kin Yee Au, que resulta do primeiro concurso do programa de apoio às longas metragens do Instituto Cultural em 2013, é uma obra cinematográfica fluida, aberta, onde pulsa a vida contemporânea.

O filme transporta-nos à centralidade do amor na vida das protagonistas, dá a ver uma cartografia da construção dos afectos e como a vida banal dos quotidianos vividos tem sempre qualquer coisa de heróico, de grandioso, quando o amor acontece. Fala de outras possibilidades de famílias contemporâneas quando duas

O filme transporta-nos à centralidade do amor na vida das protagonistas, dá a ver uma cartografia da construção dos afectos e como a vida banal dos quotidianos vividos tem sempre qualquer coisa de heróico, de grandioso, quando o amor acontece

jovens mulheres decidem juntas, serem ambas mãe, de um filho que vai nascer da gravidez de uma delas que aconteceu em resultado de um modo de vida, a forma encontrada para pagar as contas, e não de desejo e afecto partilhado. É uma ousadia radical, uma manifestação de amor sem condicionamentos, sejam estes de género, sociais, ou económicos. Ambas sabem, na cidade do jogo e das massagens, as dificuldades da decisão, mas não as temem. Sabem que o corpo grávido se transforma e se afasta dos padrões do das profissionais da massagem, e facilmente uma barriga que cresce é uma condenação a ficar sem o local de trabalho. E conhecem também o olhar estigmatizado do instituído. Uma coisa são duas jovens mulheres que partilham um apartamento, outra uma família monoparental de duas jovens mulheres e um bebé partilhado. A sabedoria do filme, resulta de, numa história vivida na contingência do quotidiano, a alegria e a espontaneidade dos afectos irromperam exactamente como na vida, sem aviso prévio. Resulta dos pequenos ges-

tos visíveis, como quando um carro de bebé é empurrado pelas protagonistas em que as mãos felizes na partilha da acção se sobrepõem como num abraço, e tem de afastar-se por defesa, na ocultação da visibilidade da expressão afectiva em resultado da fobia social perante o não igual. O tempo é outro elemento de trabalho na narrativa, o tempo que muda a cidade, o tempo que muda as protagonistas. Metáfora e símbolo, é o momento da transição da soberania a 20 de Dezembro 1999, o momento de rotura na relação afectiva entre as duas mães do mesmo filho. Uma fica, outra parte. Mas, para a protagonista, a dor da separação, apesar da saída do território ser sobre a protecção serena e dedicada de um homem rendido e amante, pode ser atenuada, mas não varrida da memória do corpo. O regresso ao território é uma inevitabilidade. O regresso à cidade de pertença onde a memória e também a materialidade do que a define e identifica permanece, bem como um filho, nascido do corpo de outra mulher, agora ele, em crise de adolescência. Só o regresso a Macau permite o ponto final da dor da rotura pela separação. A cidade mudou, mas é nela que pode ser feliz.

Ficção: 2016, 97′, DCP Argumento: Kin Yee Au Fotografia: Cheong Sin Mei Música: Ellison Lau Som: Nip Kei Wing Montagem: Tracy Choi Com: Gigi Leung, Fish Liew, Jennifer Yu Produtor: Wai But Tang, Yuin Shan Ding, Jacqueline Liu Produção: One Cool Film ProductIon Países: República Popular da China/ Macao, Hong Kong

1 - Cineasta. Licenciado em Ciências da Comunicação pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Mestrando em Desenvolvimento de Projecto Cinematográfico na Escola Superior de Teatro e Cinema do Instituto Politécnico de Lisboa.


15 hoje macau quinta-feira 11.5.2017

diários de próspero

António Cabrita

Intervalos 05/05/17 Na Mongólia, o sonhador pode sonhar por um outro, ou até sonhar por numerosas outras pessoas. Leio e pasmo. Aí estava um negócio - fosse eu um xamã de igual qualidade. De qualquer dos modos esta é a única explicação que encontro para um sonho que me perseguiu durante anos, ao ponto de se ter cunhado como uma recordação que eu reportava ao vivido. Durante uma década estive convencido de que quando me casei com a minha primeira mulher tínhamos ido viver para uma casa emprestada, na Avenida Todi, em Setúbal, até a nossa, oferecida pelos pais da noiva, estar pronta. Era um apartamento, num primeiro andar de grandes janelas rasgadas – a casa fora em tempo adaptada a loja –, um T-0 com kitchnet. O facto é que aí vivi – seis meses - o único período de pacificação do casamento, ternos, unidos, degradando-se tudo quando nos mudámos para a nossa casa. Anos depois, sempre que voltava a Setúbal, palmilhava a avenida, procurando a casa, em vão. Todavia, eu tinha presente cada pormenor do seu interior, a mesa redonda de mogno com flores de marfim embutido, os cadeirões com almofadas vermelhas, a estante de boa madeira que em noites ímpares acordava em mim sonhos de larápio, a Clara no balcão da cozinha a rechear as beringelas, o tapete com dois peixes em 69… A avenida é que teimava em desmentir-me. Quando eu e a minha ex-esposa nos pudemos reaproximar sem dano ou atribulações, perguntei-lhe pela casa, e jurou-me que fôramos para a casa nova no próprio dia do casamento. Ainda não estou convencido, apesar de a partir de hoje ter por certo que um sonho de outrem me visitou e que não passamos do atelier de alguém. 07/05/17 Bom, só estão volvidas duas semanas sobre o 25 de Abril e por isso aproveito para contar uma das suas engasgadelas ocultas menos conhecidas. Nessa madrugada os tanques saíram dos quartéis para irem tomar os Ministérios, e - ao descerem a via magna que é a Avenida da Liberdade em Lisboa paravam nos semáforos.

na generalidade, os pides nem sequer foram julgados. Os que fugiram, na maior parte para o Brasil, não tardaram a regressar e a encontrar acolhimento, como empresários ou especialistas da segurança.

Foi uma Revolução em que os tanques – o respeitinho é muito bonito! -, estacavam nos semáforos. Nada define tanto os portugueses como esta oscilação, ou antes esta dupla injunção de carácter: o medo à autoridade foi-lhes de tal forma inculcado que mesmo no curso de uma revolução se res-peita escrupulosamente a lei. Parece-me que os portugueses eram na generalidade, e supinamente, norte-coreanos. O extraordinário e incomodativo filme de Susana Sousa Dias, Natureza Morta, que passei esta semana aos alunos, mostra o júbilo profundo com que as massas ignaras se empanturravam quando eram visitadas por Salazar ou pelo cardeal Cerejeira: vê-se no lampejo dos olhos, na adesão de cada poro, o fascismo confortava-lhes em festas e ritos a irrelevância quotidiana, o

sentirem-se um «zero à esquerda»; era um carnaval investido de beatice, e onde cada cidade competia com o seu santo. Os portugueses moviam-se como espectros sequiosos de alegria. Há uma geometria suplicante, invariável, naqueles olhares de júbilo que associo à esquadria sem falhas com que se marcha nos dias de desfile na Coreia. É inimitável o que consegue a cegueira das massas, sendo por isso inesquecível. No dia 26 de Abril já ninguém era fascista, só os Pides (os esbirros da polícia política de Salazar), e mesmo esses foram rapidamente perdoados. Quarenta anos a serem malhados pelos torcionários da Pide, ou a serem afeiçoados pela sílabas amendoadas da catequese, deram aos portugueses “a visão” de que eles não passavam de “rapazes desviados”, a merecerem redenção. E por isso,

O extraordinário e incomodativo filme de Susana Sousa Dias, Natureza Morta, (...) mostra o júbilo profundo com que as massas ignaras se empanturravam quando eram visitadas por Salazar ou pelo cardeal Cerejeira: vê-se no lampejo dos olhos, na adesão de cada poro, o fascismo confortava-lhes em festas e ritos a irrelevância quotidiana, o sentirem-se um «zero à esquerda»

09/05/17 Vagueio, intervalado pelo mundo, acácias vermelhas, libelinhas, por um “tô a pedi” tatuado nas costas, e pelo ronrom das viaturas, plácidas como a tarde. E seguindo-me o passo abranda um jipe, novo, enquanto se baixa um vidro. - Doutor… - Uma jovem bonita, que apesar de familiar me escapa à lembrança. Sorri e rebola os olhos - Sou eu… Gaguejo - Foste minha aluna? Sim. Diz-me o nome. Faz-se-me luz, mas conhecera-a de cabelo rapado e não com umas extensões à Beyoncé… e sem aparelho nos dentes. - Já sei. Foste minha aluna de… Adianta-se: - Do corpo e quê, quê, quê e tal e tal... O tal e tal é da sua autoria, o quê, quê, quê… é um bordão de linguagem das gentes da Beira. - Estás muito diferente… - Observo, e provoco – E vê-se que estás bem na vida. - Não é? – Concorda ela, e justifica – Sou doutora! - Também eu, mas não ando num carrão destes… - O profe? O profe só gosta de ler… - E tu… - gracejo – continuas a aprofundar o quê quê quê quê, ou deixaste-te de leituras? - Xii, professor, não tenho tempo para me coçar e tenho um niño… - Falamos espanhol? - Não é? É do trabalho, trabalho numa empresa espanhola… - Boa. E qual é a área da empresa? - Consultoria e quê, quê, quê, quê… Repete, accionando a ignição: - Então vai lá à tua vida…- Rebolo os olhos para o interior do carro, para que ela perceba que aprovo o fausto de um consultor – Gostei de te ver… Olha, já agora, que achaste das eleições em França? - Xiii! França é maningue longe. Aquilo tem alguma coisa a ver com a nossa realidade, profe? - Talvez quê, quê, quê...- Replico, pensando – Estamos tramados Senghor, para eles não há nem a mosca nem teia... Ela mete a mudança e acena, feliz. - Sucessos… - desejo-lhe. Um txopela segue-a, em tosses. Quê, quê, quê, tropeça ele, como quem diz.


16 (F)UTILIDADES TEMPO

MUITO

hoje macau quinta-feira 11.5.2017

?

NUBLADO

O QUE FAZER ESTA SEMANA Amanhã

MIN

25

MAX

31

HUM

70-95%

EURO

8.72

BAHT

EXPOSIÇÃO | “PINTURAS A ÓLEO” DE LUK TIN CHEE 18h30 | Clube Militar

Sábado

CINEMA | “TRAINSPORTING”, DE DANNY BOYLE 17h30 | Cinemateca Paixão | Até 17/5 CINEMA | LUSOPHONE FILM FEST 19h | Casa Garden

O CARTOON STEPH DE

SUDOKU

Domingo

CONCERTO | JAZZ SUNDAY SESSIONS Live Music Association | A partir das 21h00 CINEMA | LUSOPHONE FILM FEST 19h | Casa Garden

Diariamente

EXPOSIÇÃO DE AGUARELAS DE CHU JIAN & HERMAN PEKEL Fundação Rui Cunha | Até 25/5 EXPOSIÇÃO “AMOR POR MACAU” DE LEE KUNG KIM Museu de Arte de Macau | Até 9/7 SOLUÇÃO DO PROBLEMA 33

EXPOSIÇÃO “AD LIB” DE KONSTANTIN BESSMERTNY Museu de Arte de Macau (Até 05/2017)

Cineteatro

PROBLEMA 34

UMA SÉRIE HOJE

EXPOSIÇÃO “VIAGEM SEM TÍTULO” Museu de Arte de Macau | Até 14/5

C I N E M A

1.16

PÁRA TUDO

CONCERTO | TETÉ ALHINHO, MORNAS AO PIANO Teatro D.Pedo V | 20h00 às 22h00

EXPOSIÇÃO “I AM 038: UMA EXPOSIÇÃO DE UM ARTISTA AUTISTA” Torre de Macau | Até 14/5

YUAN

AQUI HÁ GATO

CONCERTO | “UMA NOITE COM PIANO NA GALERIA” Fundação Rui Cunha | Das 18h00 às 21h00

EXPOSIÇÃO | “TENTATIVE NOTEBOOK - WORKS BY RUI RASQUINHO” Art for All Society, Jardim das Artes | 16h00

0.23

Que se dê passagem rápida. Já, abram alas. Prioridade a quem vem de cima, com pressas que determinam quem é quem nesta vida. Que o mundo pare e fique em suspenso, enquanto o cortejo do poder transcende o tempo, congela-o e passa a zarpar numa comitiva imperial. Tudo é oficial, protocolar, solene, de uma formalidade que esmaga o mais comum animal. Aliás, transforma por comparação todos em animais, em seres desprovidos de civilidade. Não que eu esteja interessado nesse veneno humano de calculismo e vazio de aparência. Estou noutro plano, ciente e orgulhoso do muro biológico que me separa dos humanos. Mas quando vem alguém importante a Macau fico à janela a ver a diminuição de todos os outros homens e mulheres. Minguam como uma lua em fase descendente. Vergam-se perante a magnificência do poder, à hierarquia que se reveste de forças de Estado. Erguem-se barreiras, inundam-se as ruas de polícias que parecem bonecos da Playmobil, cerca-se a grande Autoridade por pequena autoridade, em prisões concêntricas e infinitas. Sirenes gritam a anunciar a pressa vertiginosa, a abrir alas entre a carne e o betão. Somos paisagem que passa célere com o esquecimento como destino. Passam a rasgar pelo mundo com indiferença solene. E nós, pobres animais, ficamos com o dia parado a ver passar o cortejo. Pu Yi

“TWIN PEAKS” | DAVID LYNCH

“Twin Peaks” aparece nos ecrãs da televisão em 1990 e não demorou dois episódios a reunir uma legião de fãs. Era o universo de David Lynch em formato de série para que o pudéssemos acompanhar melhor e ficar na expectativa, semana a semana, do que viria a seguir. O nome é o lugar onde Dale Cooper tenta descobrir o assassino de Laura Palmer. Os habitantes são personagens que vacilam entre uma existência real ou imaginada. Vinte sete anos depois, “Twin Peaks” vai voltar aos ecrãs e nada como ver, de uma vez só, a sequela de David Lynch. Sofia Margarida Mota

Alien: Covenant SALA 1

ALIEN: COVENANT [C] Fime de: Ridley Scott Com: Michael Fassbender, Katherine Waterston 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 SALA 2

KING ARTHUR: LEGEND OF THE SWORD [C] Fime de: Guy Ritchie Com: Charlie Hunnam, Jude Law, Berges-Frisbey, Eric Bana 14.30, 16.45,19.15 21.30

SALA 3

29+1[B] Fime de: Kearen Pang Com: Chrissie Chau, Joyce Cheng, Ben Yeung, Babyjohn 14.30, 16.30, 21.30 SALA 3

GIFTED [B] Fime de: Marc Webb Com: Chris Evans, Octavia Spencer, Mckenna Grace 19.30

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Isabel Castro; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Sofia Margarida Mota Colaboradores António Cabrita; Anabela Canas; Amélia Vieira; António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; João Paulo Cotrim; João Maria Pegado; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Manuel Afonso Costa; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fa Seong; Fernando Eloy; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


17 hoje macau quinta-feira 11.5.2017

bairro do oriente LEOCARDO

TOM HOOPER, LES MISÉRABLES (2012)

Celui qui n’est pas elle

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EALIZOU-SEnopassado domingo a segunda volta das eleições presidenciais francesas, e vou poder finalmente falar do assunto sem ser apelidado de mil e uma coisas, como “esquerdalho” e “marxista” entre as mais simpáticas. Não que isso me inibisse de todo – só não estava para me chatear, pronto – mas há silêncios que depois sabem bem, recompensadores. Hmmm, cheirai os lírios dos campos onde o ar é salúbre porque os fascistas não mandam. E viva a União Europeia! Claro que esta não é uma vitória definitiva, pois a seguir vêm aí as legislativas, mas pronto, a casa não veio abaixo, e Macron fez bem o papel do “outro que não Le Pen”, ou no linguajar nativo da velha Gália, “celui qui n’est pas elle”. E porque pouco importa o que Macron é, foi, ou representa, se é banqueiro, se foi socialista ou se casou com a s’tora e tem um enteado mais velho que ele. Não é ninguém em especial, é a “marca branca” na prateleira do supermercado, se quiserem. E ainda bem que preferiram essa, pois a outra, a “de marca”, já há muito que passou do prazo de validade. O projecto da sra. Le Pen e da sua Frente Nacional não é um projecto; é um anti-projecto. Suportada na revolta daqueles a quem esta democracia nada deu (e muitos simplesmente porque nada investiram), a plataforma da FN é baseada numa política

de terra queimada, do baralha e torna a dar, do medo e da intimidação. E no fundo deste fétido vespeiro jaz a rainha vespa, parideira de assassinas: a imigração. Foi fácil identificar os desiludidos com a derrota de Le Pen nas redes sociais. São os tais que andam já a algum tempo a pedir se chovem...atentados. Agora dizem que a França “acabou”, e que “se rendeu ao Islã” (estes eram brasileiros, acho), e querem que tudo rebente à grande e à francesa! Para quê? Para depois dizerem que tinham razão, ora essa. São uns queridos. A sério, não vejo mais ninguém a fazer claque pelos terroristas

Pouco importa o que Macron é, foi, ou representa, se é banqueiro, se foi socialista ou se casou com a s’tora e tem um enteado mais velho que ele. Não é ninguém em especial, é a “marca branca” na prateleira do supermercado, se quiserem. E ainda bem que preferiram essa, pois a outra, a “de marca”, já há muito que passou do prazo de validade

e a pedir que aconteçam atentados do que estes. E vergonha na cara, temos hoje ou não havia na praça? E Macron, o tal que não Le Pen, pode ser jovem, alto ou baixo, e por acaso tem uns olhos todos giraços, o franciú, não interessa – é a vontade da democracia que tanto desprezam, por isso respeitem-na, pázinhos. É a vontade de quem continua a acreditar num projecto que representa oito décadas de paz, e rejeita o retrocesso ao tempo da barra dura, dos muros, dos murros e dos burros, das “limpezas da casa” que são tudo menos limpas, e que é aquilo que Le Pen e a sua FN pretendem trazer, ao vivo e as cores. Faltam as legislativas, é verdade, mas esta batalha está ganha. Não me vêem a dizer isto muito frequência, mas desta vez lá vai: Vive la France! PS: Não podia terminar sem deixar um grande bem-haja ao director deste jornal, ainda o diário da liberdade (já viram que até parece o Liberátion e tudo, ah ah), por ter a coragem de romper o silêncio confrangedor a que a imprensa estrangeira da região se tem remetido quanto a estes temas, digamos, “distantes”. No programa de debate da TDM do último Domingo, o exmo. Sr. director teve digno gesto de recordar as alminhas adormecidas ou atordoadas, que muita da propaganda destes movimentos fascistas é baseada em notícias falsas, em mentiras. É bom que se tenha dado este murro na mesa “in public”, e nem era preciso ir muito longe – basta verificar a veracidade dos factos e começar a pôr de parte as fontes de água poluta. Para quem mesmo assim prefere a contra-informação, não sei o que mais lhe diga. Olhe, boa sorte?

OPINIÃO


18 OPINIÃO

hoje macau quinta-feira 11.5.2017

“Classic geopolitical concerns such as the nuclear nonproliferation regime, the maintenance of the reputation of United States as nuclear and global hegemon, SinoJapanese hostility, Sino-US distrust and the Taiwan Straits issue, and the desire of Russia to participate in regional security and development schemes are all super-imposed on and shape the fundamental insecurity of Korea.” Complexity, Security and Civil Society in East Asia: Foreign Policies and the Korean Peninsula Peter Hayes and Kiho Yi

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palavra dissuasão soa a mofo, pois trata-se de uma construção da Guerra Fria, e era uma teoria complicada, seguida de um conjunto de políticas em evolução que mantiveram os Estados Unidos e a União Soviética em um Armagedão nuclear. Foi em grande parte uma bolinha de neve durante a era do após Guerra Fria. Trata-se do passado e actualmente com um novo conjunto de ameaças em todo o mundo, como na Coreia do Norte, Síria, Estados Bálticos e Mar do Sul da China, o governo do presidente Donald Trump poderá ser beneficiado se reaprender e reaplicar as lições de dissuasão para esta nova era turbulenta. Qual a razão pela qual a dissuasão interessa? A primeira razão é porque o poder americano de dissuadir é fraco para manter as alianças dos Estados Unidos, e a administração de Donald Trump pode não conseguir impedir outros países de os atacar com armas nucleares. Muito poucos duvidariam da disposição dos Estados Unidos, ou da sua capacidade para neutralizar qualquer país que lançasse um ataque nuclear contra o seu território. A administração Obama redescobriu o seu significado, quando a Rússia anexou a Crimeia e invadiu a Ucrânia, e constatou que os Estados Unidos tinham um problema crescente em dissuadir os adversários de usar armas convencionais, ou mesmo comandos especiais operacionais para atacar Estados regionais fracos, o que é profundamente desestabilizador. A segunda razão pela qual a dissuasão importa, é que as ameaças à segurança dos Estados Unidos e dos seus aliados estão a aumentar. As guerras das últimas décadas, especialmente a partir do 11 de Setembro de 2001, tiveram um grande custo para os Estados Unidos. Os Estados Unidos lutaram em guerras prolongadas como nos Balcãs, no colapso da Somália, nos conflitos do Iraque, Afeganistão, Líbia e Síria, e viveram a crescente crise sobre as ambições nucleares do Irão, mas nenhuma dessas ameaças era existencial. Ainda não existiu qualquer ameaça que pusesse em causa a sobrevivência do povo americano, ou a destruição em larga

escala do seu território, e nenhuma situação ameaçou directamente os principais aliados dos Estados Unidos, à excepção da guerra psicológica que a Coreia do Norte tem criado com o desenvolvimento de um denominado, mas não comprovado programa nuclear, com armas nucleares capazes de atingir a Coreia do Sul, Japão e menos provável, o solo americano. As ameaças emergentes ao longo do próximo quarto de século, provavelmente, serão muito mais consequentes. A China, Rússia e Coreia do Norte estão a modernizar rapidamente os seus arsenais nucleares e actualizar os seus sistemas de defesa. A Rússia e a China também estão a melhorar amplamente as suas capacidades militares convencionais, mudando o equilíbrio de poder e criando novas incertezas. As armas químicas e biológicas são mais fáceis de obter do que nunca, a ameaça dos ataques cibernéticos parece ilimitada e o terrorismo internacional não vai desaparecer em breve. Como será possível aos Estados Unidos dissuadir essas ameaças? Deve em primeiro lugar, entender que não existe uma dissuasão global. Em vez disso, precisa de impedir um adversário específico de tomar uma acção especial. A dissuasão significa antecipar as intenções de um adversário e influenciá-las. Os Estados Unidos não podem, por exemplo, dissuadir a Rússia. No entanto, podem planear dissuadir o presidente Vladimir Putin de apoderar-se da Estónia, rapidamente. Há dois anos, os especialistas em geoestratégia advertiram que tal cenário era bastante provável. A NATO e os Estados Unidos desde então, tomaram medidas para incutir dúvidas na mente dos líderes russos, que tal ataque poderia ter êxito. Os Estados Unidos, igualmente, podem impedir a Coreia do Norte de iniciar um ataque nuclear contra a República da Coreia ou do Japão, ou iniciar um ataque convencional de grande escala contra a Coreia do Norte. Em ambos os casos, os Estados Unidos e os seus aliados oferecem respostas credíveis que seriam tanto esmagadoras quanto devastadoras. É de acreditar que será difícil, senão impossível, os Estados Unidos ou mesmo a China impedir a Coreia do Norte de continuar com o seu programa de desenvolvimento de armas nucleares, pois está a fazer por instinto de sobrevivência, ou pelas provocações regulares do sul, que lhe trouxeram atenção internacional e recompensas ao longo de décadas. O fim do programa nuclear norte-coreano exigirá um acordo negociado, que possivelmente obrigará que a China seja uma garantia do regime. A abordagem holística para essas ameaças deve incluir o aumento das capacidades da administração de Donald Trump para antecipar ameaças emergentes, incluindo eventos, que são improváveis ​​que aconteçam, mas que seriam devastadores se ocorrerem. Os Estados Unidos nunca conseguirão prever o futuro, mas podem antever múltiplas possibilidades e tomar as medidas apropriadas. Os planeadores civis

GABRIELE MUCCINO, THE PURSUIT OF HAPPINESS

A diplomacia de

e militares, também devem desenvolver políticas e capacidades específicas para dissuadir as grandes ameaças que podem augurar, devendo enfatizar os meios convencionais de dissuasão, mais do que os meios nucleares. As ameaças dos Estados Unidos precisam de ser credíveis e prepararem-se para dissuadir em vários domínios, incluindo o espaço e o ciberespaço, devendo adaptar as capacidades de dissuasão e mensagens para influenciar distintos potenciais adversários. O que afasta Vladimir Putin pode não perturbar Kim Jong-un. Algumas ameaças não serão antecipadas ou dissuadidas, como as pandemias, desastres naturais ou ataques furtivos, por exemplo. Aumentar a resiliência nacional poderá ajudar os Estados Unidos a recuperarem-se mais rapidamente e de forma mais sólida de quaisquer desastres ou ataques que ocorram. A interrupção pode ser inevitável, mas a antecipação, dissuasão e resiliência po-

dem ajudar. Os Estados Unidos, amigos e aliados, por mais de sete décadas, construíram uma ordem internacional liberal que abriu uma era de paz e prosperidade sem precedentes. Actualmente, e após quinze anos de guerras inconclusivas, desencanto generalizado com o desempenho económico do país e uma eleição presidencial polarizadora que dividiu os americanos, e que levaram à eleição de um presidente mal preparado e imprevisível, que após cem dias de governo, apresenta 54 por cento de descontentamento e que começam a desconfiar do seu governo. As grandes mudanças de poder e realinhamentos estão a ocorrer por todo o mundo. A administração de Donald Trump terá de lidar com a modernização militar russa e chinesa e posições mais agressivas, mas procurar a sua cooperação em questões de segurança globais e económicas, exigirá uma diplomacia hábil de “Cubo de Rubik”. O pensamento multidimensional e a capacida-


19 hoje macau quinta-feira 11.5.2017

OPINIÃO perspectivas

JORGE RODRIGUES SIMÃO

Cubo de Rubik

de de gerir relacionamentos ambíguos, com governos que têm interesses compartilhados e conflituantes será um desafio. As perspectivas de crescimento dos Estados Unidos são melhores do que as de outro grande país desenvolvido, e está melhor posicionado do que qualquer dos seus rivais para resolver problemas, incluindo a dívida, empregos, deslocação e demografia. O lento crescimento global, a fraqueza do mercado de trabalho interno e a relação recorde da dívida/PIB serão enormes desafios. Os Estados Unidos não enfrentam nenhuma ameaça existencial, mas a liderança americana será necessária para enfrentar ameaças potencialmente existenciais de armas nucleares russas e chinesas, ameaças biológicas emergentes e alterações climáticas repentinas. Reduzir estas ameaças supranacionais é um interesse central dos Estados Unidos. Os únicos adversários não aliados dos Estados Unidos são a Coreia do Norte e os violentos movimentos jiadistas,

como o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL na sigla inglesa), a Al Qaeda e grupos similares. A nova era que se apresenta, está cheia de desafios importantes aos interesses dos

A administração de Donald Trump terá de lidar com a modernização militar russa e chinesa e posições mais agressivas, mas procurar a sua cooperação em questões de segurança globais e económicas, exigirá uma diplomacia hábil de “Cubo de Rubik”

Estados Unidos, e exigirá que se adaptem a mudanças e realinhamentos internacionais significativos. Os realinhamentos na Ásia incluem a sempre agressiva Coreia do Norte, que continua a testar as suas armas nucleares e os mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs na sigla inglesa) para os lançar. A China reafirmou o seu apoio básico ao regime norte-coreano, apesar das relações com o jovem líder Kim Jong-un, estando a exercer pressão no sentido da desistência do programa nuclear, que será extremamente difícil de acontecer. A Coreia do Norte é o país mais secreto e estranho do mundo. A fome é horrenda e desenfreada. A tortura e a execução comuns, infligidos por uma única família que perpetua um culto de personalidade, tornou-se em um hábito. O seu líder, exibe a letal paranóia dos ditadores, tendo assassinado vários altos funcionários e familiares, mais recentemente, o seu meio-irmão em um aeroporto da Malásia como uma advertência

pública. O líder norte-coreano aprendeu com Muamar Kadafi o que acontece quando um tirano desiste de armas nucleares. Quer no exterior, como internamente, o medo garante a sobrevivência e as suas ogivas nucleares proliferam. Os seus testes de ICBMs aceleram e por erro de cálculo ou desenho, a Coreia do Norte poderá desencadear uma calamidade nuclear. As três décadas de mudança de estratégias americanas, como ameaças, negociações, sanções, ajuda e isolamento, deixaram aos Estados Unidos e aos seus aliados um perigo nuclear. A China, ex-inimigo da Coreia do Sul, tornou-se no seu principal parceiro comercial, mas as relações têm sido desgastadas, pelas crescentes ameaças de um ataque nuclear pela Coreia do Norte, levando os Estados Unidos a instalar o sistema anti-mísseis balístico, denominado de “Sistema de Defesa Terminal de Área a Grande Altitude (THAAD na sigla em inglês) ”. A China considera que o dispositivo é uma ameaça à sua segurança. As Filipinas, sob a presidência de Rodrigo Duterte, melhoraram as relações com a China e Rússia, e criticaram duramente os Estados Unidos. Enquanto os Estados Unidos são muito populares no país, a postura do presidente Duterte lançou alguma dúvida sobre o futuro do “Tratado de Defesa Mútua”, acordado em 30 de Agosto de 1951, entre os dois países, acrescido das graves violações aos direitos humanos, pelo assassinato de traficantes e consumidores de droga, considerados crimes contra a humanidade. O Vietname ameaçado pelas reivindicações marítimas da China está a fortalecer os laços de segurança com o Japão e os Estados Unidos. Outros países da “Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN na sigla em inglês) ” e a Austrália também estão a trabalhar com os Estados Unidos para melhorar suas capacidades marítimas. O Japão está a aumentar as despesas militares, e a fomentar relações de defesa mais fortes com o Vietname, Birmânia, Filipinas e Austrália, para equilibrar a influência da China. O recente pedido de desculpas do Japão à Coreia do Sul pelo uso de “mulheres de conforto”, abre a porta para uma maior cooperação em questões de segurança entre os dois países. O Japão preocupado com as actividades marítimas da China, tem forçado o “Conceito de Diamante” no qual os Estados Unidos, Japão, Austrália e Índia formariam os quatro pontos de uma zona de segurança, em forma de diamante no Indo-Pacífico. A Índia há muito tempo segue uma política externa não-alinhada, compartilhando com os Estados Unidos preocupações sobre a construção naval chinesa no Indo-Pacífico. Ao mesmo tempo, a Índia está a alargar a cooperação em matéria de segurança com o Japão, cooperando em tecnologia de defesa, partilha de conhecimentos e modernização de infra-estrutura nas Ilhas Andaman, mantendo vínculos estreitos com a Rússia, seu fornecedor tradicional de armas.


quinta-feira 11.5.2017

Tin-tin-lou.../Tin-tin-lou/Ninguém sabe donde vem/Quem ele é/que nome tem/Chamam-lhe Tin-tin-lou/O resto.../está tudo bem.” Margarida Ribeiro

Ambiente MACAU E HONG KONG COM ELEVADOS NÍVEIS DE POLUIÇÃO

Oiçam como eu respiro

SIRP NOVO SECRETÁRIO-GERAL PASSOU POR MACAU

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ÚLIO Pereira, secretário-geral do Sistema de Informações da República (SIRP) desde 2005, vai deixar o cargo e ser substituído pelo diplomata José Júlio Pereira Gomes, também ele com um passado que inclui Macau. O novo secretário-geral das secretas portuguesas trabalhou no território como assessor do secretário-adjunto para a Administração, como director do Serviço de Administração e Função Pública. Foi administrador do Fundo de Pensões de Macau e assessor diplomático do Governador de Macau, de 1986 a 1989. O anúncio da substituição foi feito em comunicado pelo gabinete do primeiro-ministro, António Costa, em que se explica que Júlio Pereira já tinha solicitado oportunamente a sua saída de funções, mas que se mantém em funções até ao final da visita do papa Francisco a Portugal, sexta-feira e sábado. O chefe do Governo anunciou também que propôs ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que Júlio Pereira seja agraciado com a Ordem do Infante D. Henrique e revelou ter consultado o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, como líder do principal partido da oposição, antes de escolher José Júlio Pereira Gomes para o cargo. No comunicado, o gabinete de António Costa sublinha que o novo secretário-geral do SIRP tem uma “vasta experiência em relações internacionais e em matérias de segurança e defesa”. José Júlio Pereira Gomes é licenciado em Direito pela Faculdade de Lisboa, trabalhou na Comissão Europeia dos Direitos do Homem do Conselho da Europa e é diplomata de carreira desde 1984. Foi secretário de Estado da Defesa Nacional do primeiro Governo socialista de António Guterres, de 1995 a 1997, representante permanente de Portugal no Comité Político e de Segurança da União Europeia e na União Europeia Ocidental (2002–2005), embaixador de Portugal na República Checa (2008–2015) e na Suécia desde Fevereiro de 2015. Foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito.

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ACAU e Hong Kong registaram ontem níveis de poluição atmosférica considerados perigosos para a saúde, com a concentração média das partículas PM 2,5, as mais lesivas, a atingir picos bastante acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde. A informação disponibilizada na página de Internet da Direcção dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) indica que às 18:00, Macau registava valores das PM 2.5 entre os 100 e 140 microgramas por metro cúbico, bastante acima do limite recomendado pela Organização Mundial de Saúde, que estabelece uma média diária de 25. Duas horas mais tarde, pelas 20:00 o índice das PM 2.5 nas várias zonas na região de Macau tinha subido para valores entre os 100 e 160 microgramas por metro cúbico. “Dado que hoje (ontem) o vento esteve relativamente fraco não privilegia a dispersão de poluentes na atmosfera. O principal poluente nas bermas das estradas é PM 2.5 e o na área geral é ozono”, disseram os Serviços Meteorológicos e Geofísicos numa resposta escrita à Lusa.

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ODOLFO Ávila vai disputar a temporada completa do Campeonato Chinês de Carros de Turismo (CTCC), que arranca já este fim-de-semana no Circuito Internacional de Zhuhai. O piloto português corre pela SAIC Volkswagen 333 Racing. Ávila participou em duas provas do CTCC na passada temporada, mas em ambas as provas viu os seus resultados condicionados por problemas técnicos no Volkswagen Lamando GTS, assinala-se em nota de imprensa. “Porém, o andamento e empenho de Ávila não passaram despercebidos à equipa que, este ano, espera contar com ele na luta pelo título de pilotos e construtores no campeonato de automobilismo mais popular da República Popular da China”, lê-se no mesmo comunicado. “Quero agradecer à SAIC Volkswagen 333 Racing por me ter dado esta oportunidade, que é também o reconhecimento do trabalho que fiz nas duas provas do CTCC em que participei na temporada passada”, afirmou o piloto de Macau.

Macau registou valores das PM 2.5 entre os 100 e 140 microgramas por metro cúbico, bastante acima do limite recomendado pela OMS, que estabelece uma média diária de 25 “No entanto, à tarde, os poluentes no ar foram afectados pela reacção fotoquímica que ocasionou um aumento de concentrações de ozono, provocando a elevação do índice de poluição. Espera-se que amanhã (hoje) o vento continue, relativamente, fraco e a previsão para a qualidade do ar é de moderado a insalubre”, acrescentou.

DISCREPÂNCIAS

As medições da qualidade do ar divulgadas pela Air Quality Index China (AQICN), uma organização não-governamental do interior da China, mostram valores de poluição atmosférica em Macau discrepantes dos que são reportados

pela Direcção dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos de Macau. A título de exemplo, o AQICN, a Calçada do Poço, no centro da Península de Macau, registava às 18:00 o valor de 196 microgramas por metro cúbico, enquanto a subestação Norte indicava 189. Não obstante os valores discrepantes, os Serviços Meteorológicos e Geofísicos indicavam pelas 19:45 locais que a prática de actividades ao ar livre era “não adequada” na berma da estrada e “não aconselhada” nas restantes quatro zonas de Macau em que são disponibilizados os valores do índice da qualidade do ar em tempo real. Durante o dia de ontem, Hong Kong também registou índices de poluição atmosférica “muito elevados” e “graves” para a saúde nas áreas financeiras e comerciais mais movimentadas da cidade, de acordo com o portal do governo de Hong Kong que mede a qualidade do ar. O departamento para a ProtecçãoAmbiental atribuiu a concentração de poluição atmosférica a uma corrente de ar das zonas industrializadas do Delta do Rio das Pérolas e a ventos ligeiros que impedem a dispersão de poluentes, segundo o portal Hong Kong Free Press.

Ávila num Volkswagen Piloto no Campeonato Chinês de Carros de Turismo

No defeso, a equipa trocou a sua base de operações de Xangai para Zhaoqing e, ao mesmo tempo, aproveitou a paragem de Inverno para evoluir o carro da classe “Super Cup 2.0L” introduzido na última temporada. “A equipa sofreu uma reestruturação a nível técnico e essa foi uma das razões para eu ter aceite este convite. O carro também sofreu algumas evoluções, principalmente

a nível de motor e aerodinâmica”, explica Rodolfo Ávila. “Já tive a oportunidade de testar o Lamando GTS na sua última especificação, no circuito de Guangdong, e as melhorias em termos de fiabilidade e performance são notórias”, acrescenta.

SENTIR PRIMEIRO

Quanto aos objectivos para a temporada, Ávila é comedido

nas expectativas, dado que a equipa esta temporada ainda não mediu forças com a oposição em condições iguais. “Como testamos sempre sozinhos, só iremos saber onde nos posicionaremos face à concorrência depois dos primeiros treinos livres oficiais. Obviamente que quero lutar pelos lugares cimeiros, mas a prioridade será sempre ajudar a equipa na luta pelos títulos de pilotos e construtores”, conclui. O CTCC é composto por oito eventos – sete na República Popular da China e um na Coreia do Sul –, sendo que cada um deles tem duas corridas. Além da SAIC VW, também a Ford, KIA, Hayma e BAIC estão representadas oficialmente no campeonato. Aprova de abertura, em Zhuhai, arranca na sexta-feira com duas sessões de treinos-livres. A qualificação está marcada para a tarde de sábado, pelas 16h20, enquanto as duas corridas de dez voltas se realizam no domingo, pelas 8h40 e 13h10.


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