A Bela Adormecida

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A Bela Adormecida

Há muito, muito tempo, quando o mundo ainda era jovem e cheio de magia, existia um reino próspero governado por um rei e uma rainha bondosos.

Eles tinham tudo o que se pode desejar: um castelo magnífico, súditos leais, cofres repletos de moedas douradas e jardins floridos que se estendiam até onde os olhos alcançavam

Porém, no fundo de seus corações, havia uma tristeza profunda que nenhuma riqueza conseguia curar

O casal real sonhava dia e noite com algo que parecia impossível de alcançar: ter filhos

Todas as manhãs, ao acordar, o rei suspirava profundamente e dizia:

Minha querida esposa, como seria maravilhoso se tivéssemos um filho para alegrar nosso palácio!

A rainha, com lágrimas nos olhos, respondia com esperança:

Meu amado marido, eu sonho com uma filhinha que pudesse correr pelos nossos jardins e encher este lugar de risadas!

E o rei, sempre otimista, acrescentava:

Quem sabe Deus nos abençoe com dois pequenos, gêmeos que possam brincar juntos!

Mas os meses passavam, as estações mudavam, e o palácio continuava silencioso, sem o som de passinhos apressados ou gargalhadas infantis A melancolia tomou conta do reino inteiro Nem as festas mais grandiosas, nem os banquetes mais fartos, nem as

apresentações dos artistas mais talentosos conseguiam trazer alegria ao coração do casal real.

Os súditos também se entristeciam ao ver seus governantes tão abatidos Os jardineiros trabalhavam em silêncio, os guardas marchavam sem vigor, e até mesmo os cavalos pareciam sentir a tristeza que pairava no ar.

Certo dia, durante um verão especialmente quente, a rainha decidiu refrescar-se no riacho cristalino que serpenteava pelos jardins reais A água era tão transparente que refletia as nuvens brancas do céu, e os peixinhos dourados nadavam alegremente entre as pedras do fundo

Enquanto a rainha relaxava na água fresca, apreciando o canto dos pássaros e o perfume das flores silvestres, algo extraordinário aconteceu Uma pequena rã saltou da água, direto para uma pedra próxima Mas não era uma rã comum - seus olhos brilhavam com uma luz especial, e sua voz era doce e melodiosa

Majestade, não se aflija mais! disse a criaturinha, fazendo uma reverência respeitosa

Seus sonhos se tornarão realidade muito em breve Antes que as folhas das árvores amarelem novamente, a senhora dará à luz uma menina mais bela que todas as flores de seu jardim.

A rainha ficou tão surpresa que quase não conseguiu falar Mas havia algo na voz da rã que transmitia uma certeza profunda, uma verdade que tocou seu coração.

E realmente, como a pequena profeta havia prometido, alguns meses depois a rainha deu à luz uma menina tão linda que parecia ter sido feita pelos anjos Sua pele era suave como pétalas de rosa, seus cabelos brilhavam como raios de sol, e seus olhos eram azuis como o céu de primavera

O rei ficou tão emocionado que chorou lágrimas de alegria. Correu pelos corredores do palácio gritando:

Temos uma filha! Temos uma princesa! A mais bela criança que já existiu!

Imediatamente, o rei ordenou que se preparasse a maior celebração que o reino jamais havia visto Ele queria que todos soubessem da chegada de sua pequena princesa, que recebeu o nome de Aurora, como a deusa do amanhecer

Convidaremos toda a gente do reino! declarou o rei, animado Nobres, camponeses, artesãos, comerciantes, todos devem vir celebrar com a gente!

Mas havia convidados especiais que não podiam faltar: as fadas mágicas que viviam nas florestas distantes do reino Eram treze mulheres sábias e poderosas, conhecidas por seus dons extraordinários e por sua bondade para com os mortais

Quando os preparativos estavam quase prontos, o camareiro-mor, um homem muito responsável e detalhista, procurou o rei com uma expressão preocupada

Majestade, perdoe-me por incomodá-lo, mas descobri um problema disse ele, nervoso. Temos treze fadas para convidar, mas apenas doze pratos de ouro em nosso tesouro Se uma delas tiver que comer em prato de prata comum, como os outros convidados, pode se sentir desrespeitada E todos sabemos que uma fada ofendida pode trazer consequências terríveis.

O rei passou a noite inteira pensando no dilema Andou de um lado para o outro em seus aposentos, consultou seus conselheiros mais sábios e até mesmo rezou pedindo orientação.

Finalmente, ao amanhecer, tomou uma decisão que mudaria o destino de sua filha para sempre:

Convidaremos apenas doze fadas disse com determinação A décima terceira mora tão longe que talvez nem saiba do nascimento de Aurora Assim, evitaremos problemas e todos ficarão felizes.

E assim foi feito Doze mensageiros partiram a cavalo, levando convites dourados para doze das treze fadas.

O dia da festa chegou com um sol radiante e brisa suave O palácio estava decorado com milhares de flores, fitas coloridas balançavam nas janelas, e músicos tocavam melodias alegres em todos os cantos. Convidados chegavam de todas as direções, trazendo presentes e sorrisos para a pequena princesa

As doze fadas convidadas foram as primeiras a se aproximar do berço onde dormia Aurora Cada uma trazia um presente mágico que marcaria para sempre o destino da menina.

A primeira fada, com cabelos prateados como a lua, inclinou-se sobre o berço e disse com voz suave:

Pequena Aurora, meu presente para você é a beleza Você será a moça mais linda que já pisou nesta terra, com uma beleza que tocará o coração de todos que a virem

A segunda fada, cujos olhos brilhavam como estrelas, acrescentou:

E eu lhe dou um coração puro e justo Você sempre saberá distinguir o certo do errado e será respeitada por sua honestidade.

A terceira fada, vestida com um manto dourado, proclamou:

Que a riqueza nunca lhe falte! Seus cofres estarão sempre cheios, e você nunca conhecerá a pobreza

A quarta fada, com uma voz doce como mel, afirmou:

Seu coração será generoso e caridoso Você sempre ajudará os necessitados e será amada por sua bondade.

A quinta fada, irradiando sabedoria, disse:

Sua inteligência brilhará como o sol no céu. Você será sábia, esperta e saberá resolver qualquer problema que encontrar

E assim, uma por uma, as fadas foram presenteando Aurora com dons maravilhosos: graciosidade, talento para a música, habilidade para a dança, coragem, paciência e muito mais

Onze fadas já haviam oferecido seus presentes, e a décima segunda estava se preparando para dar o seu quando, de repente, as grandes portas do salão se abriram com um estrondo assustador

Uma figura sombria apareceu na entrada. Era a décima terceira fada, aquela que não havia sido convidada Seus cabelos eram negros como a noite, seus olhos faiscavam de raiva, e seu manto escuro parecia sugar a luz do ambiente

Um silêncio tenso tomou conta do salão. A fada rejeitada caminhou lentamente até o berço, seus passos ecoando sinistros no chão de mármore Todos os convidados se afastaram, sentindo o perigo no ar

A fada olhou para a pequena Aurora, que dormia tranquilamente, alheia à tempestade que se aproximava Então, com uma voz fria que gelou o sangue de todos os presentes, ela pronunciou palavras que ecoariam através dos séculos:

Ouçam bem, todos vocês! Esta criança crescerá com todos esses belos presentes, mas no dia em que completar quinze anos, ela se ferirá com o fuso de uma roca de fiar e morrerá!

O horror tomou conta do salão A rainha desmaiou nos braços do rei, que empalideceu como se tivesse visto a própria morte Os convidados se entreolharam aterrorizados, enquanto a fada malvada ria com satisfação cruel.

Mas quando ela se virou para partir, a décima segunda fada, que ainda não havia dado seu presente, deu um passo à frente Era uma mulher jovem, com cabelos dourados e olhos cheios de bondade.

Espere! gritou ela, com voz firme Ainda não terminei!

A fada má parou e se virou, curiosa para ver o que a jovem faria

É verdade que não posso desfazer completamente sua maldição disse a décima segunda fada, dirigindo-se a todos os presentes. Mas posso modificá-la! Aurora não morrerá quando se ferir com o fuso Em vez disso, ela cairá em um sono profundo que

durará cem anos E só acordará quando um príncipe corajoso e de coração puro a encontrar e lhe der um beijo de amor verdadeiro.

Embora ainda fosse uma maldição terrível, havia esperança naquelas palavras A fada malvada, furiosa por ter seu feitiço enfraquecido, sumiu numa nuvem de fumaça negra, deixando apenas o eco de sua risada diabólica.

Nos dias que se seguiram, o rei tomou medidas drásticas para proteger sua filha Mandou que todos os soldados do reino percorressem cada cidade, cada aldeia, cada casa, recolhendo e queimando todas as rocas de fiar existentes. Também proibiu, sob pena de prisão, que qualquer pessoa possuísse, fizesse ou vendesse fusos

Se não há fusos no reino, Aurora estará segura pensou o rei, acreditando que havia encontrado a solução perfeita

E assim, da noite para o dia, a arte de fiar desapareceu do reino As mulheres tiveram que encontrar outras formas de fazer tecidos, e gradualmente, todos pareceram esquecer como era uma roca de fiar

Os anos passaram como folhas levadas pelo vento. Aurora cresceu exatamente como as fadas haviam prometido. Era impossível olhar para ela sem se encantar: seus cabelos eram dourados como espigas de trigo maduro, seus olhos azuis como lagos cristalinos, e sua pele tinha a suavidade da seda

Mas não era apenas sua beleza que conquistava as pessoas Aurora tinha um coração tão bondoso que sempre se preocupava com os outros Quando os servos do castelo ficavam doentes, ela própria cuidava deles Se os camponeses passavam por dificuldades, ela mandava comida e remédios. Sua inteligência era brilhante - ela aprendia tudo rapidamente e sempre sabia o que dizer para consolar os tristes ou animar os desanimados

Os súditos do reino a adoravam. Quando ela passava pelas ruas, as pessoas acenavam das janelas, as crianças corriam para cumprimentá-la, e até mesmo os animais pareciam reconhecer sua bondade

Chegou então o dia fatídico: o décimo quinto aniversário de Aurora. O rei e a rainha, talvez por estarem tão felizes vendo sua filha crescer saudável e protegida, decidiram participar de uma caçada nas florestas distantes Durante todos aqueles anos, eles haviam se convencido de que a maldição havia sido vencida

Não há mais fusos no reino inteiro dizia o rei para si mesmo Aurora está segura

Mas o destino tem uma forma peculiar de se cumprir.

Naquela manhã ensolarada, Aurora acordou sentindo-se inquieta Seus pais haviam partido ao amanhecer, e o castelo parecia mais silencioso que o normal Ela tentou bordar, tentou ler, tentou tocar harpa, mas nada conseguia afastar a estranha sensação de que algo importante estava para acontecer

Decidiu então explorar partes do castelo que raramente visitava Subiu escadas que há anos não pisava, abriu portas que permaneciam fechadas, e percorreu corredores cobertos de poeira e teia de aranha.

Foi assim que chegou a uma pequena porta de ferro forjado, escondida atrás de uma tapeçaria antiga. A porta rangia como se não fosse aberta há décadas, mas Aurora sentia uma força estranha a empurrando para frente

Atrás da porta havia uma escada em caracol que subia pela torre mais alta do castelo Cada degrau de pedra ecoava sob seus pés, e o ar ficava mais frio à medida que ela subia.

Finalmente, chegou a um quartinho no topo da torre A porta estava entreaberta, e de dentro vinha um som estranho e ritmado que ela nunca havia escutado antes.

Aurora empurrou a porta e entrou O quarto era pequeno e aconchegante, com uma janela que dava vista para todo o reino Raios de sol dourado entravam pela janela, iluminando uma figura que fez Aurora parar de respirar por um momento.

Era uma velhinha de cabelos brancos como neve, sentada numa cadeira de madeira antiga Em suas mãos, ela segurava um objeto que girava rapidamente, puxando fios de linho que se transformavam em linhas. Aurora nunca havia visto nada igual.

Bom dia, minha querida menina disse a velhinha com uma voz doce e cansada, sem levantar os olhos de seu trabalho.

Bom dia, senhora respondeu Aurora, fascinada Que coisa interessante a senhora está fazendo? Que instrumento é esse?

A velhinha sorriu, ainda concentrada em seu trabalho:

Ora, criança, estou fiando! Este é um fuso, e com ele transformo fibras em fio. É uma arte muito antiga, que existia muito antes de você nascer.

Aurora se aproximou mais, hipnotizada pelo movimento rápido do fuso Parecia tão fácil, tão natural, tão... convidativo.

Parece divertido! exclamou ela, com os olhos brilhando de curiosidade Posso tentar também? Deve ser muito fácil!

E antes que a velhinha pudesse responder, antes que pudesse pensar nas consequências, Aurora estendeu a mão e tocou o fuso

Naquele exato momento, o mundo parou

A ponta afiada do fuso perfurou o dedo delicado da princesa Uma gota de sangue vermelho como rubi brotou, e com ela, uma sonolência irresistível tomou conta de Aurora.

Seus olhos se fecharam lentamente, suas pernas fraquejaram, e ela se deitou na cama simples que havia no quarto. Um suspiro suave escapou de seus lábios, e então... silêncio.

Mas a magia não parou ali Como ondas invisíveis, o encantamento se espalhou por todo o castelo Um por um, todos os habitantes começaram a adormecer onde estavam

O rei e a rainha, que haviam acabado de retornar da caçada, adormeceram no trono antes mesmo de tirar suas capas Os cavalos cochilaram em pé nas estrebarias, ainda com os arreios As galinhas no galinheiro, os cães no pátio, os gatos nos telhados - todos caíram no mesmo sono profundo.

Na cozinha, o cozinheiro adormeceu com a colher na mão, bem no meio de preparar o jantar. Os servos que lavavam louças pararam com as mãos ainda dentro da água. Os guardas dormiram apoiados em suas lanças, e as damas da corte adormeceram enquanto penteavam os cabelos

Até mesmo o fogo das lareiras se apagou suavemente, e o vento parou de soprar nas árvores O tempo parecia ter parado no reino inteiro

E então, algo ainda mais extraordinário aconteceu. Ao redor do castelo, começou a crescer uma floresta densa e misteriosa. Não era uma floresta comum - as árvores cresciam com velocidade sobrenatural, seus galhos se entrelaçavam formando paredes impenetráveis, e espinhos afiados como navalhas protegiam cada entrada

Em poucos dias, o castelo desapareceu completamente atrás da vegetação As torres sumiram, os muros ficaram invisíveis, e até mesmo a bandeira real, que tremulava no mastro mais alto, não podia mais ser vista

Nas aldeias vizinhas, as pessoas contavam histórias sobre o castelo desaparecido e a princesa que dormia em seu interior Pais contavam para filhos, avós para netos, e a lenda de Aurora, a Bela Adormecida, passou a fazer parte do folclore local.

Ela está lá dentro, esperando diziam os mais velhos Esperando por alguém corajoso o suficiente para salvá-la

Muitos jovens tentaram, ao longo dos anos, atravessar a floresta mágica Cavaleiros corajosos, príncipes aventureiros, heróis de todo tipo se aproximaram da barreira verde, mas nenhum conseguiu passar

Os espinhos pareciam ter vida própria Quando alguém tentava cortá-los, eles cresciam ainda mais grossos Quando tentavam queimá-los, o fogo se apagava misteriosamente E quando os mais corajosos tentavam forçar passagem, os galhos se moviam como braços gigantes, agarrando os intrusos e os ferindo até que desistissem

Alguns conseguiam escapar, voltando para casa feridos e derrotados Outros, mais teimosos, nunca mais foram vistos - suas ossadas se perderam para sempre entre os espinhos cruéis

Assim passaram os anos Dez, vinte, cinquenta, oitenta A floresta permanecia impenetrável, e Aurora continuava dormindo em sua torre, tão bela quanto no dia em que se feriu com o fuso.

Até que, numa manhã de primavera, quando se completavam exatamente cem anos desde o batizado de Aurora, um jovem príncipe chegou à região. Ele era alto e forte, com cabelos castanhos que brilhavam ao sol e olhos verdes como esmeraldas Seu nome era Alexandre, e ele vinha de um reino distante

O príncipe havia escutado a lenda da Bela Adormecida de seu bisavô, que por sua vez havia ouvido de seu próprio avô Era uma história que passava de geração em geração, ganhando novos detalhes a cada nova versão

Dizem que ela é a moça mais bela que já existiu contou um velho morador da aldeia

Mas cuidado, jovem Muitos tentaram salvá-la e falharam Alguns nunca voltaram

A floresta é amaldiçoada alertou outro. Os espinhos cortam como espadas, e os galhos se movem sozinhos

Desista dessa ideia aconselharam todos. É perigoso demais.

Mas o príncipe Alexandre sentia algo diferente em seu coração Não era apenas curiosidade ou sede de aventura - era como se uma força invisível o chamasse, como se seu destino estivesse entrelaçado com o da princesa adormecida.

Preciso tentar disse ele, com uma determinação que impressionou a todos Sinto que este é o meu destino

E assim, naquela manhã especial que marcava exatamente cem anos desde a maldição, o príncipe Alexandre se dirigiu para a floresta mágica

Mas quando se aproximou do lugar onde deveria estar a barreira de espinhos, ele viu algo que o deixou sem palavras Em vez da floresta ameaçadora que havia engolido tantos heróis, estendia-se à sua frente um caminho de flores perfumadas

Rosas vermelhas, lírios brancos, margaridas douradas - milhares de flores formavam uma estrada colorida que parecia convidá-lo a entrar O ar estava cheio de um perfume doce e suave, e borboletas dançavam entre as pétalas

O príncipe entendeu que havia chegado o momento certo Cem anos se haviam passado, e a maldição estava pronta para ser quebrada

Ele caminhou pela estrada de flores, que se abria diante dele e se fechava suavemente atrás, como se fosse um rio mágico Pássaros cantavam nas árvores, e o sol filtrava através das folhas, criando padrões dourados no chão

Finalmente, o castelo apareceu à sua frente, exatamente como havia sido descrito nas lendas. Mas tudo estava em silêncio absoluto. A ponte levadiça estava abaixada, e dois guardas dormiam profundamente ao lado do portão, suas armas ainda nas mãos.

O príncipe passou por eles sem fazer ruído No pátio, viu um espetáculo extraordinário: cães dormindo deitados no chão, cavalos cochilando nas estrebarias, pássaros imóveis nos galhos das árvores Era como se o tempo tivesse parado há exatamente cem anos

Dentro do castelo, a cena se repetia Os servos dormiam onde haviam caído, com vassouras e panos ainda nas mãos. Na cozinha, o cozinheiro roncava suavemente sobre a mesa, cercado por panelas e utensílios cobertos de poeira

O príncipe subiu as escadas principais, seus passos ecoando no silêncio absoluto. Passou por salões onde nobres dormiam em cadeiras douradas, por corredores onde damas repousavam no chão de mármore, por bibliotecas onde escribas cochilavam sobre pergaminhos antigos

Guiado por um instinto que não conseguia explicar, ele procurou e encontrou a pequena porta de ferro que levava à torre Seus pés conheciam o caminho, como se já houvesse estado ali antes.

Subiu a escada em caracol, sentindo o coração bater mais forte a cada degrau A porta do quarto no topo da torre estava entreaberta, e uma luz dourada vazava por ela

O príncipe empurrou a porta e entrou

E ali, dormindo na cama simples, estava Aurora

Ela era ainda mais bela do que todas as lendas haviam descrito Seus cabelos dourados se espalharam sobre o travesseiro como raios de sol, sua pele tinha a palidez delicada das pétalas de rosa, e um sorriso suave brincava em seus lábios, como se estivesse tendo o mais doce dos sonhos.

O príncipe se aproximou devagar, hipnotizado pela beleza da princesa Ele sabia o que precisava fazer - todas as versões da lenda terminavam da mesma forma.

Inclinando-se sobre Aurora, ele depositou um beijo suave em seus lábios rosados

E então, o milagre aconteceu.

Os olhos de Aurora se abriram lentamente, revelando um azul profundo como o céu de verão. Ela piscou algumas vezes, como se estivesse despertando de um sonho muito longo, e então sorriu - o sorriso mais belo que o príncipe já havia visto

Você veio sussurrou ela, como se sempre soubesse que ele chegaria

Naquele mesmo instante, o encantamento se desfez por todo o castelo O rei e a rainha despertaram no trono, piscando confusos. Os cavalos relincharam nas estrebarias, os cães latiriam no pátio, e os pássaros voltaram a cantar nos telhados.

O cozinheiro acordou e imediatamente voltou a mexer suas panelas, os servos continuaram lavando as louças como se nada tivesse acontecido, e os guardas retomaram suas posições, sem perceber que cem anos haviam passado

O fogo das lareiras se reacendeu sozinho, o vento voltou a soprar nas árvores, e a vida retornou ao normal no castelo como se por mágica.

O rei e a rainha, assim que se recuperaram da confusão inicial, correram para a torre Quando viram Aurora desperta e sorrindo, choraram lágrimas de alegria e gratidão.

Minha filha querida! exclamou a rainha, abraçando Aurora com força Você voltou para nós!

Como podemos agradecer? perguntou o rei ao príncipe, com os olhos cheios de lágrimas Você salvou nossa filha e nosso reino!

O príncipe Alexandre, que já estava perdidamente apaixonado pela princesa, pediu humildemente sua mão em casamento Aurora, que havia se encantado com a coragem e a bondade do jovem, aceitou com alegria

A festa de casamento foi ainda mais grandiosa que o batizado de Aurora Pessoas de todo o reino vieram celebrar, e desta vez, todas as treze fadas foram convidadas - inclusive a décima terceira, que pediu perdão por sua maldição e presenteou o casal com uma bênção especial de felicidade eterna.

E assim, Aurora e Alexandre se casaram e viveram felizes para sempre, provando que o amor verdadeiro é capaz de vencer até mesmo a magia mais poderosa.

O reino prosperou sob seu governo sábio e bondoso, e a história da Bela Adormecida se tornou uma lenda de esperança, lembrando a todos que não importa quão longa seja a noite, o amanhecer sempre chega para aqueles que sabem esperar e acreditar no poder do amor

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