A cidade como um canteiro de negócios.

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do seu próprio capital, através de acionistas majoritários, às vezes camuflados sob outras roupagens. Os casos da Cyrela (cf. Quadro 1) e da Bouygues S.A. (cf. Quadro 2) são emblemáticos. A Bouygues S.A. criou uma empresa de gestão financeira apenas para controlar o patrimônio da família Bouygues; essa empresa, liderada por Martin e Olivier Bouygues, filho e neto de Francis Bouygues, criador da empresa de construção em 1952, chama-se SCDM e detém, ao menos desde 2006, porcentagem de ações variando de 18 a 28%. No Brasil, Elie Horn continua detendo parte significativa das ações da Cyrela em seu nome próprio (23,20% em outubro de 2011), mas de 2006 a 2009 possuía, além das ações que lhe são nominativas, duas outras empresas em seu nome, a EH Capital Management (regulada por leis das Ilhas Britânicas) e a Erinor Sociedad Anónima (empresa regulada no Uruguai). Analisando o Quadro 1, abaixo, em parte reprodução do quadro construído por Lúcia Shimbo, em parte colaboração nossa, atualizando-o para as empresas de nosso interesse com dados de 2007 e de 2011, percebemos que em dois anos, a importância dos grupos controladores formados por núcleos familiares históricos ou por antigos administradores das companhias foi bastante reduzida, o que pode significar tanto uma retração desses administradores na composição do capital social das empresas, como também um aumento do capital tornado público pela companhia, com os follow-on (novas ofertas de ações); consequentemente, ocorreria uma diminuição da porcentagem equivalente das ações desses antigos líderes dentro da composição total do capital da companhia. No caso da Cyrela e da Gafisa, o controle da empresa pelos seus núcleos históricos de gestão na sua estrutura de capital mostrou-se menos importante em 2011 que em 2009 e 2007. Se em 2007 41,3% das ações da Cyrela eram detidas pelo grupo controlador88, em 2009 esse número foi reduzido para 35,24% e para 28,38% em 2011. O capital da Gafisa já é mais pulverizado, com apenas um acionista com mais de 5,10% do capital social da empresa (Blackrock).

88 A estratégia da Cyrela de continuar controlando as finanças da empresa é singular. Em 2007, Elie Horn, fundador da companhia, mantém-se como acionista importante individualmente, mas sua participação torna-se maior na medida em que consideramos como parte do capital em sua detenção aquele relativo às empresas de investimentos em seu nome, como a Erineor (que segue normas uruguaias), a EH Capital Mortgage (que segue regulamentação das Ilhas Virgens Britânicas).

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