O Espírito Santo — Sinclair Ferguson (Capítulos 1 e 2)

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O Espírito Santo — Sinclair B. Ferguson

substancialidade, sempre expressou o que muitos cristãos experimentam: o Espírito Santo é visto um tanto distante e impessoal em comparação com o Pai e o Filho. “Não sabemos o que são os espíritos, nem o que é nosso próprio espírito”, escreveu Abraham Kuyper.3 Quanto menos capazes somos nós de compreender o Espírito de Deus! O quê ou quem é o Espírito Santo?

O Santo ruach

O significado da raiz do termo bíblico “santo” (Heb. q`Dov, q{D#v; Gr. hagios) tem sido alvo de muita discussão. Mas há um consenso geral de que a raiz deste termo traz consigo ideias tais como “cortar” ou “separar de”, “ser colocado à distância”; daí o sentido de “ser posto à parte” a fim de pertencer a Deus. Empregando esta linguagem metaforicamente especial, o Antigo Testamento frisa a “diversidade” do Ser do Espírito. A ilustração clássica disto, o encontro devastador de Isaías com o Santo de Israel (Is 6.1-13), exemplifica o modo como a imagem espacial é empregada para comunicar distância moral. Deus é “sublime”, enquanto Isaías é humilde; “elevado” (RSV, AV) e “exaltado” (NVI), enquanto Isaías é prostrado. A presença de Deus (“as abas de suas vestes”) enche o templo, enquanto Isaías recua-se num canto. A santidade de Deus é a visão da pureza de seu eterno e infinito Ser. À maneira de comparação, Isaías se sente impuro e perdido. As palavras bíblicas para “espírito” (Heb. ruach;4 Gr. pneuma) são termos onomatopéicos. Sua formação etimológica e seu som comunicando certo matiz de seu significa3  Abraham Kuyper, The Work of the Holy Spirit, tr. H. De Vries (Nova Iorque: Funk & Wagnalls, 1900), p. 118. 4  Embora tecnicamente traduzido por rûah, por conveniência a forma familiar, ruach, é usada em todo este livro.

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