Mário Soares foi o maior. O maior político, o maior português do século XX, o lutador mais permanente pelas liberdades democráticas, o homem que nunca quebrou, como se sempre soubesse que a conquista da liberdade era certa e a sua prevalência é incerta.
O pensamento é sempre livre mesmo na reclusão forçada. Mas Soares fez do pensamento o prefácio da ação, impaciente por fazer e paciente pela vitória desse fazer. Como se a sua força tivesse vontade própria. Talvez por isso nos pareça que nunca se sacrificou, mesmo se foi perseguido, preso, deportado, exilado. Talvez porque ele era sempre vida, fosse na zanga do confronto, na calma do debate ou na alegria surpreendente daquela gargalhada larga.
Hoje, foi hoje que Soares morreu e hoje queremos celebrar a vida, chorar a morte e prometer que Soares connosco não morrerá. Não é uma promessa que lhe fazemos a ele mas a nós: depois do luto haverá mais que memória, estátuas e efemérides, haverá mais que os seus livros nas estantes e que os livro