Ashi: longa viagem pela memória
Para a Paula, pela passagem do Tempo
A presença física destes seres é extraordinária. As ligações que estabelecem connosco assentam sempre numa confiança incondicional. O pacto que connosco fundam cumpre uma lógica da sensibilidade profunda. É uma eloquência muda e permanente. Ensinam-nos a ser em conjunto, e a praticar a justiça. São guardiões da nossa consciência, e estão sempre presentes. Dão-nos a sensação de sermos deuses, senhores do seu destino, entre as pequenas e as grandes coisas, e nós temos de estar à altura desse papel divino. Poucas outras coisas na Terra nos porão tão alto e tão frágeis no exercício do destino. São as pessoas não humanas, capazes de darem tantas lições aos humanos não pessoas. Um dia, deixam de estar na presença física, e percebemos que nos deixaram um legado espiritual infinito. A melhor maneira de o preservar é estender a mão a outro ser nobre que continue o caminho ensaiado por Ashi, a cinza, a cor da poeira do vento profundo. Ele está connosco.
Luís Alves da Costa, junho de 2016