FRONTEIRAS URBANAS - Reconexão da Divisa de Diadema

Page 1

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

FRONTEIRAS URBANAS

Reconexão da Divisa de Diadema .

Trabalho Final de Graduação apresentado à Universidade como requisito à conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo.

Autor: Hedelyn Inacio de Lima Pinto

Orientador: Prof. José Luiz Tabith SÃO PAULO 2022

Universidade Presbiteriana Mackenzie

Aos meus pais, que nunca deixaram de me levar pelas mãos.

1 3 2 4 O QUE SÃO FRONTEIRAS URBANAS? 2.1. Fronteiras Urbanas _____________ 22 2.2. Fronteiras urbanas em Diadema _ 24 2.3. Fronteiras Sociais ______________ 27 SUMÁRIO RECONEXÃO DA DIVISA DE DIADEMA 4.2. Um projeto para o Jardim Campanário ____________________ 47 4.3. Projeto CACA _______________ 59 ESTUDOS DE CASO 3.1. Parque urbano da Orla do Guaíba _ 38 3.2. Biblioteca León de Greiff _________ 40 3.3. Sesc Pompéia ___________________ 43 INTRODUÇÃO _______ 06 SURGIMENTO DO ABC 1.1. Crescimento de São Paulo na era industrial ________________________ 10 1.2. Formação da RMSP e Diadema _ 13 BIBLIOGRAFIA ______ 105 ÍNDICE DE IMAGENS, GRÁFICOS E TABELAS _ 107 CONCLUSÃO _______ 104

Devido à alta densidade populacional nos conglomerados urbanos das metrópoles há muitos pontos de convergência de territórios com características distintas, sejam elas geográficas, formais, sociais, políticas, religiosas, ou econômicas, que geram conflitos que podem ser vistos em forma de muros, grades, vias, guaritas, crimes e até guerras. Chamaremos esses lugares em conflito de fronteiras urbanas.

Para entender essas fronteiras urbanas é necessário analisar quais processos de formação da cidade e disputas territoriais foram responsáveis pela segregação, física ou não, destes territórios. São Paulo, uma das cidades mais populosas do mundo, atrai pessoas de todo o país com objetivos de empreender, trabalhar e morar. A procura por terras gera uma expansão do território urbanizado de São Paulo para as cidades vizinhas num processo de conurbação, e esse crescimento metropolitano resulta numa relação conflituosa entre centros e periferias.

INTRODUÇÃO
06
Imagem 1: Localização da Região Metropolitana de São Paulo.

Imagem 2: Subdivisão da Região Metropolitana de São Paulo.

O processo de formação dessas cidades e sua conformação física são responsáveis, junto a outros fatores, pelo seu desenvolvimento socioeconômico.

A cidade de Diadema foi escolhida como objeto de estudo devido aos seus problemas socioeconômicos e de desenho urbano. A área de estudo é um dos pontos da divisa entre Diadema e São Paulo que compreende os bairros Jardim Campanário e Vila Clara. O que motiva essa escolha, além de um pré conhecimento adquirido pela vivência do lugar, é a riqueza de características em conflito nessa região e o histórico de violência desde a sua formação que levou Diadema e sua população a serem marginalizadas até os dias de hoje.

Um exemplo é a Sub-região Sudeste da Região Metropolitana de São Paulo, mais conhecida como Região do Grande ABC, que envolve sete munícipios nascidos do desenvolvimento industrial paulista, devido à sua localização privilegiada entre a capital São Paulo e o porto de Santos, sobretudo no seguimento automobilístico: São Bernardo do Campo, Santo André, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. 07

Imagem 3: Localização da área de estudo sobre foto de satélite.

Os territórios em conflito gerando fronteiras urbanas nesta área são, por ordem de visibilidade: o Parque Estadual Fontes Ipiranga, grande área de preservação da Mata Atlântica que compreende o Zoológico e o Jardim Botânico de São Paulo, a Rodovia dos Imigrantes, a consequente zona industrial no município de Diadema próxima à Rodovia, as habitações de baixo padrão, a notória passarela para travessia da Rodovia por pedestres e ainda uma linha de alta tensão que alimenta e corta os bairros gerando terrenos residuais.

Foi necessário entender quem são os agentes desse lugar, quais são as suas necessidades e como elas são ou deixam de ser atendidas atualmente, compreender a abrangência das instituições, do transporte público e do sistema viário e identificar deficiências urbanas tais quais a falta de iluminação e asfaltamento. Buscar associar as fronteiras urbanas com conflitos mais notórios desse lugar: o desmatamento e a violência urbana.

O objetivo é compreender como a prática da arquitetura e do urbanismo pode reconectar ou conectar esses territórios de modo a minimizar os conflitos, tendo como objetivo melhorar a qualidade de vida da comunidade da Divisa, seja requalificando o território, oferecendo novos espaços para serem habitados, frequentados ou percorridos. Assimilar como empoderar uma população para ser protagonista da mudança e da quebra dos paradigmas periféricos ao atravessarem essas fronteiras urbanas, revendo a imagem do lugar e colaborando para a sua desmarginalização.

08
ABC 1
SURGIMENTO DO

1.1. CRESCIMENTO DE SÃO PAULO NA ERA INDUSTRIAL

São Paulo se desenvolveu muito no início do século XX e passou a conduzir o país devido a sua força econômica e política, que durou até a crise econômica de 1920 (ROLNIK, 2009). Nessa época o estado, sobretudo a capital, deixa de depender de café e passa a focar na industrialização, responsável pelo título de metrópole cosmopolita do município. O requinte da cultura euro-

peia dá lugar ao modernismo e produção de arte em massa, fato marcado pela semana de arte moderna de 1922 e construção do Edifício Martinelli, primeiro arranha-céu de São Paulo.

A Companhia Light, que operava os bondes na cidade de São Paulo, deixou de lado o transporte público para se dicar a geração de energia elétrica demandada pelo crescimento industrial

10
Imagem 4: Fotografia do Edifício Martinelli recém construído nos anos 1920. Imagem 5: Bonde da Light em operação na cidade de São Paulo.

industrial. Crescimento esse que aumentou a população para mais de um milhão em 1930 ao atrair imigrantes e migrantes de todo o país. Estes chegavam à procura de moradias, o que causou alta nos valores das terras paulistanas. Segundo Rolnik (2009), o abandono do transporte público piorava as condições da população pela dificuldade de acesso aos recursos essenciais, falta de produtos e aumento da inflação.

Partindo deste problema foi necessário pensar em um projeto urbanístico para a cidade garantindo o transporte rodoviário. O projeto viário radial de Prestes Maia, no entanto, cortou morros e retificou e/ou tamponou os rios que estivessem em sua rota, ocupando as várzeas e morros com avenidas, que passaram a ser ladeadas por construções, desconsiderando a perenidade da natureza, o que viria a causar inundações e desmoronamentos nos períodos de chuvas.

O transporte rodoviário permitiu o acesso às periferias da cidade, que devido à oferta de terras não demarcadas atraiu a população mais pobre que fazia o loteamento destas terras e a autoconstrução de moradias (ROLNIK, 2009). A dignidade humana,

no entanto, depende não só de moradia, mas também da oferta de infraestrutura e fontes para geração de renda que não sendo atendidos pelo estado passam a ocorrer informalmente, levando a dependência de meios ilegais e a corrupção, ou seja, a marginalização dessa população subjugada à violência.

São Paulo se tornou polo financeiro e a cidade mais populosa do Brasil. As fronteiras da cidade se expandiram com as construções das rodovias Presidente Dutra e Anchieta na década de 1940 e houve uma nova onda de industrialização da década de 1950, com o estabelecimento das indústrias metalúrgica, metalmecânica, elétrica, automobilística e petroquímica. Nas duas décadas seguintes, 1960 e 1970, de acordo com Rolnik (2009), o “milagre econômico” da ditadura militar atraiu ainda mais riquezas e migrantes que sobrecarregaram o centro da cidade. Surgem então novas centralidades na região da Avenida Paulista e arredores e o centro histórico vê seu movimento diminuído.

Com o abandono do centro pela elite, que munida de automóveis particulares se importava menos com a distância,

11

começaram a ser construídos estações de metrô e terminais de ônibus municipais na região central para atender a necessidade de deslocamento da população mais pobre.

Ainda na década de 1970, em 1973, foi criada a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), composta por 39 municípios e elaborada “de cima para baixo” a partir de um decreto federal. No entanto a Região nunca teve uma liderança forte que unificasse as ações no setor, logo não chegou a atingir os planos de desenvolvimento previstos.

A Lei nº 8.001 de 24 de dezembro de 1973, também conhecida como a Lei de Zoneamento de São Paulo, deveria controlar a forma como a cidade cresce, ordenando o uso dos solos, foi estabelecida com a cidade já em efervescente crescimento, cabendo à ela colocar por escrito aquilo de já ocorria (SÃO PAULO, 1973). Pouco mais tarde a Lei permitiu a ocupação de zonas afastadas com conjuntos habitacionais populares oferecidos pelo Estado, contribuindo para a desigualdade e segregação social.

Essa decisão ampliou a população nas condições de

periferia citada anteriormente, sem fonte de renda, com infraestrutura precária, à margem da cidade e sujeita a violência que teve crescimento desenfreado a partir da década de 1990 e tomou conta de toda a cidade e região metropolitana, desvalorizando terras e dando face à desigualdade: você é o lugar onde você mora.

Imagem 6: Gráfico da evolução da mancha urbana na Região Metropolitana de São Paulo.

12

FORMAÇÃO DA RMSP E DIADEMA

Inicialmente ocupada por estar próxima à linha de trem que ligava Jundiai à Santos, a Região Metropolitana do ABC viu o fluxo entre as cidades aumentar devido ao movimento pendular casa trabalho durante a industrialização da década de 1970, que intensificou a interligação e a conurbação entre elas.

Imagem 7: Mapa da malha viária dos trens de carga em São Paulo.

Parte deste território, a área de 24 quilômetros quadrados hoje conhecido por Diadema, era chamado de Curral Pequeno na região central e Curral Grande da região do bairro Piraporinha, pertencia à São Bernardo do Campo, e este a Santo André. Em meados do século XVII uma congregação jesuíta construiu ali uma casa que servia de apoio logístico. Os viajantes que iam a cavalo ou cargueiros levando farinha, pólvora, sal, ouro, etc., de Santo Amaro e

1.2.
13

Embu para Santos ou para o Vale do Paraíba, tinham o Curral como rota e a casa dos jesuítas como parada.

Saindo da Avenida Antonio Piranga (...) havia um caminho de terra batida chamada Taboão (...) em seguida atravessava uma grande área coberta de vegetação e eucaliptos (hoje Avenida Prestes Maia) (...).

Nesse bairro (naquele tempo) havia apena uma grande propriedade da família Duca e do Sr Henrique Ferreira, família Alfredo Leite, família Pinelli e uma outra família espanhola. Foram esses homens os desbravadores daquelas paragens, pois lá residiam há muitos anos e cujo bairro confrontava se com as terras do município de São Bernardo do Campo e saía do Parque do Estado (São Paulo) onde está situado um dos maiores zoológicos do mundo, o Simba Safari. O loteamento da gleba deu origem hoje aos seguintes bairros – Santa Terezinha, São Judas, Paineira, Campanário, Jardim Tijuco, Jardim Ana Maria, Jardim Dupont, Jardim Damasco, Vila Marques e Santa Luzia. (ESQUÍVEL, 1988, p.24)

Em 1769, quando os jesuítas deixaram suas terras no Brasil, o território da atual Diadema, compreendido entre o Jardim Miriam em São Paulo e o Baeta Neves em São Bernardo do campo foi legalizado pelo Barão do Tietê. Posteriormente em 1922, a

Empresa Urbanística Vila Conceição comprou e loteou o território em chácaras com terras vendidas a baixo custo quando comparadas à nossa vizinha São Paulo.

O loteamento foi amplamente ocupado nos anos 1940, sem nenhuma infraestrutura urbana. Na falta de luz elétrica e saneamento se usavam lampiões de querosene, poços e fossas, na falta de médicos o Butantã cedia soro antiofídico para a população, permitindo que as vítimas de picadas de cobras (muito comuns á época) chegassem com vida ao pronto socorro em São Paulo, cujo trajeto era feito a pé, a cavalo ou automóvel particular; os nascimentos eram acompanhados por duas parteiras da região, uma do centro e uma do Serraria.

Na falta de emprego na região muitos partiam todos os dias para São Paulo a cavalo, a pé ou na jardineira "generosa", primeiro transporte de massa que fazia o trajeto Eldorado Jabaquara três vezes por dia. O próximo passo em relação ao transporte foi dado por volta de 1965, com a abertura de concorrência pública para transporte público coletivo.

14

A atual Igreja Matriz de Diadema foi aberta pela família

Esquível e batizada Capela de Diadema. Com a ajuda do Padre João, do Jabaquara, e o envolvimento da população, passou logo a promover através da religião, das missas, festas e eventos uma vida social própria dos moradores da Vila de Nova Conceição (em homenagem a Nossa Senhora da Conceição, padroeira da atual

Diadema). A capela foi elevada à Paróquia em 1958.

Imagem 10: Foto da Capela de Diadema em 1953. Imagem 8: Foto da jardineira “generosa”
15
Imagem 9: Foto da primeira linha de ônibus na Avenida Alda em 1952.

Essa união da população mobilizou um médico, Dr. Ferraz Alvim, a fazer atendimentos na região e o Sr. Jurandir a abrir a primeira farmácia. Entre 1947 e 1948 houve um esforço de um grupo de famílias para investir na ampliação da rede elétrica da Light para um pequeno trecho central do Distrito.

Alguns moradores de Nova Conceição passaram a ocupar cargos púbicos no Município de São Bernardo do Campo, até que, em 1947 o Sr. Esquível foi eleito vereador, levando muitas propostas de melhorias de infraestrutura urbana da sua região para a câmara de São Bernardo do Campo, as quais nunca foram atendidas.

Em 1948 a Vila de Nova Conceição foi renomeada pelo Dr. Miguel Reale como “Distrito de Diadema”, o nome Diadema faz referência à coroa de todos os santos (São Bernardo, Santo André e São Caetano) e a de Nossa Senhora da Conceição.

Em 1951 foi inaugurado o primeiro grupo escolar do Distrito de Diadema, na região central, construído com doações e investimentos dos moradores mais abastados da região, hoje conhecido por Escola Municipal de Educação Básica Professor

Francisco Daniel Trivinho, foi na época reconhecida, celebrada e premiada, apesar da falta de apoio público. Fundou-se no Grupo Escolar Filinto Muller a primeira escola noturna para alfabetização de adultos, à luz de lampeões, onde lecionava o senhor Esquível.

Imagem 11: Foto do primeiro grupo escolar de Diadema nos anos 1950.

Ainda nessa década conquistou-se o primeiro Cartório, o primeiro posto telefônico, consultórios de dentistas, jornaleiros, agência postal, coleta de lixo, posto policial e etc., dando ao Distrito maior autonomia. Conforme o distrito progredia com suas

16

novas construções e arrecadação de impostos pela sede, necessitava de infraestrutura para acolher a população residente.

As causas e razões do movimento de emancipação de diadema, deve se buscar no tratamento discriminativo dado por São Bernardo do Campo ao antigo distrito de Diadema. De 1955 a 1958, a renda do distrito vinha crescendo a ponto de superar os gastos que a sede [São Bernardo] aplicava aqui. (ESQUÍVEL, 1988, p.49)

Durante a Segunda Guerra Mundial houve crescimento industrial em São Paulo e no ABC paulista devido sua posição estratégica entre a capital e o porto de Santos que recebia e exportava matéria prima e mercadoria produzida. Posicionada no meio deles estava Diadema, no qual a sede não permitia a instalação de indústrias apesar do interesse delas devido o baixo custo das terras. O fator decisivo para se iniciar o processo de emancipação foi quando São Bernardo do Campo redesenhou as bordas do Distrito de modo a deixar a fábrica da Mercedes Benz fora dos limites de Diadema.

Os moradores mais proeminentes do centro de Diadema se reuniram para discutir o que era necessário para entrar com o pedido oficial de emancipação. Depois, para conquistar assinaturas

e votos em prol da causa visitaram e convocaram moradores de todos os bairros apontando as deficiências urbanas causadas pela marginalização sofrida pelo distrito. Apesar de encontrarem resistência por parte da Assembleia Legislativa do Estado e da Prefeitura de São Bernardo do Campo, Diadema teve o direito ao plebiscito deferido em dezembro 1958. Tendo a votação ocorrido no natal e a declaração de emancipação às vésperas do ano novo. Após eleição do prefeito professor Eduardo Caiaffa Esquível em 1959, o distrito, já emancipado, foi declarado município em 1960.)

Nesse tempo tínhamos mais ou menos cerca de onze mil habitantes, constituídos de muitos mineiros e nordestinos que vinham a São Paulo em busca de trabalho. Aqueles que tinham menos poder aquisitivo, procuravam fugir dos grandes centros para lugares onde pudessem ter melhores condições de vida. Assim no caso de Diadema, afluiu para aqui , uma grande número de famílias, sendo que algumas com mais posses, adquiriram um terreno, ou então uma casa por um preço que pudessem pagar e até mesmo invadiam as áreas livres do município, formando se várias favelas o que fez aumentar o grande número da população de forma incontrolável. (ESQUÍVEL, 1988, p.92)

17

Para dar início a documentação da nova cidade foi feito o levantamento dos pagantes de impostos. O Instituto Geográfico do Estado demarcou os limites do município, agora reconhecido pelos militares e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O desenhista e arquiteto Rubens Falasque, a partir da nova demarcação e do loteamento que teve acesso junto à prefeitura de São Bernardo do Campo, desenhou o primeiro mapa da cidade de Diadema que possibilitou o zoneamento do território, conforme descrito por Esquível (1988): “zona Industrial Pesada, Industrial Leve, Industrial Incomodativa ou Perigosa, zona Turística, Comercial, Residencial e Perímetro Urbano.”

As primeiras ações do prefeito denotam a intenção de tornar Diadema uma cidade industrial, além de que as medidas tomadas em prol da infraestrutura urbana concentravam se na região central e nos bairros principais Piraporinha e Eldorado: Construção do paço municipal, retificação, alargamento, construção de guias e sarjetas (esta se tornando obrigatória no governo de Michels alguns anos depois), asfaltamento e infraestrutura para captação de águas pluviais de algumas das

ruas principais, como a atual Avenida Presidente Kennedy; e extensão da rede de iluminação pública do Centro para Piraporinha e Eldorado. Na mesma época foi construído o cemitério municipal no centro da cidade

Em 1963, tendo como objetivo o fornecimento de água potável e instalação de esgotos, foi feito o primeiro estudo topográfico e de subsolo do Município pelo Instituto Geográfico e Geológico do Estado. Nos anos seguintes o prefeito Lauro Michels criou uma taxa para manutenção dos serviços de esgoto do município e proibiu o despejo de esgoto e detritos em vias públicas (lembrando que boa parte do município ainda não tinha rede de esgoto).

Quando falamos de desenvolvimento nas áreas de saúde e educação voltamos a citar a região dos bairros Paineiras e Campanário pela primeira vez desde o loteamento, pois só estes tinham postos médicos além de Piraporinha, que fazia o acompanhamento do desenvolvimento das crianças, e do Pronto Socorro Municipal que funcionava no centro; nos anos 70 foi construída no Jardim Canhema a Santa Casa de Misericórdia de

18

Diadema. Foram instaladas na Escola do Jardim Campanário 3 salas de aula e 2 na Escola do Jardim Paineiras, enquanto surgiam de forma crescente novos grupos escolares por toda a cidade.

Espalhados pela cidade chegaram alguns telefones públicos e postos policiais, no centro chegaram os Correios, a Caixa Econômica Federal, a Junta de Alistamento Militar e o IBGE. Para atender às necessidades da população, principalmente a migrante, foi criado um Centro de Assistência Social, responsável por medidas como tratamento dentário nas escolas, fornecimento de alimentos e medicamentos e a fundação da “Casa dos Nordestinos”, que já não existe atualmente.

Em 1969 Diadema precisava de empréstimos da Caixa Econômica, mas estes só eram cedidos à municípios que tivessem Plano Diretor e de Planejamento em andamento. Para tanto a prefeitura recorreu a empresa Grupo de Planejamento Integrado (GPI) que já tendo feito o levantamento de Cotia ao extremo do ABCD paulista tinha informações suficientes para o planejamento da infraestrutura da cidade, sobretudo esgotos, rios e águas pluviais. A adutora que traria água da represa Guarapiranga

deveria chegar à divisa de Diadema (Cidade Ademar) ainda naquele ano.

Num dos levantamentos no que diz respeito à população, foi verificado que o número de operários que trabalhavam em Diadema era muito inferior ao número daqueles que residiam em Diadema. O interesse da prefeitura era que todos residissem e trabalhassem no nosso município, pois que a mão de obra ainda era pequena, embora ali já se encontrassem instaladas em pleno funcionamento muitas indústrias. (ESQUÍVEL, 1988, p.113)

A população de diadema em 1988 era formada por 35% mineiros e 45% nordestinos, pois residir em Diadema era um modo de estar próximo ao metrô pagando menos do que em São Paulo. Era comum os migrantes chegarem aqui sem nada, nem mesmo documentos, e se instalarem com suas famílias nas favelas. A prefeitura com poucos recursos dependia de arrecadações e voluntários para prestar assistência: emitindo documentos, doando roupas, alimentos, dando atendimento médico e oferecendo empregos nas indústrias locais.

Diadema tinha grandes áreas de terra livres que junto à localização: proximidade à Rodovia Anchieta que dava acesso ao porto de Santos, atraiu logo em seu primeiro ano de emancipação

19

120 indústrias para a cidade, estando metade em funcionamento e metade em construção à época. Como era de interesse do município, as condições financeiras eram facilitadas para a instalação das indústrias.

As indústrias de Diadema se sobressaíam por ter maquinários mais modernos. A maior empresa a se instalar aqui na época foi a Conforja (metalúrgica). Os principais campos de atuação dessas indústrias eram de insumos para o setor automobilístico, metalúrgicas e indústrias químicas, havendo exceções como a fábrica de colchão Trorion e outras do setor têxtil. A indústria de forma geral cresceu durante a época da Ditadura Militar brasileira.

Não conseguindo apoio do Senai, em 1970, o Sr. Esquível construiu na Avenida Sete de Setembro, no centro, a Escola Técnica Industrial de Diadema. Com o apoio do município foi sediada no mesmo ano a Primeira Feira Industrial de Diadema (FID), ocasião na qual os industriais apresentaram seus produtos colocando Diadema no mapa das cidades industriais.

Imagem 13: Foto do construção da Imbra, primeira indústria de Diadema, nos anos 1950.
20
Imagem 12: Foto da Favela do Vermelhão, no Jardim Campanário, nos anos 1980.

O QUE SÃO FRONTEIRAS URBANAS?

2

O termo “urbano” acende no consciente coletivo a imagem de um lugar com construções em lotes bem demarcados, edifícios altos, avenidas, carros, semáforos e faixas de pedestres, como antagonismo ao lugar rural, com predominante cobertura verde e poucas vias de acesso entre as raras e espaçadas construções. Mas do que se trata o “urbano”? Os dicionários Aurélio e Houaiss são unânimes em dizer que urbano é aquilo relativo à cidade, e que cidade é uma concentração de pessoas que exercem atividades não agrícolas: mercantis, industriais, financeiras e culturais.

Conceituamos o meio ambiente em sua terminologia mais ampla derivada do direito ambiental, em acordo com Silva (2014): o meio ambiente natural, aquele que não demanda de esforços humanos para se desenvolver; o meio ambiente artificial, aquele que sofre qualquer tipo de ação antropológica, seja rural, arquitetônica ou de infraestruturas; o meio ambiente cultural, que acolhe a cultura material e imaterial e o meio

ambiente do trabalho, que deve prover salubridade e condições adequadas ao trabalho e, por fim, o meio ambiente misto, que combina uma ou mais das opções anteriores, ou seja, a cidade.

Assim como o campo agrícola se difere de uma floresta nativa, pois é pensado sob a ótica da sobrevivência e inovação das atividades agropecuárias, com suas cercas, pastos, canteiros de plantação, silos e estradas e cidade não é um espaço que simplesmente está lá, seu território é construído e transformado segundo as necessidades e vontades da população que nele vive ou dele se apoderam e esse território se desenvolve sob a mesma lei mercadológica que o concede o título de cidade.

As paisagens contidas num território são resultado das transformações econômicas e lutas sociais que conformam o espaço e modificam o meio ambiente natural, criando um meio ambiente misto: artificial, cultural e do trabalho. Daremos aos encontros físicos de espaços com diferentes características o nome de fronteiras, assim como aos encontros de lugares com realidades

2.1.
22
FRONTEIRAS URBANAS

discrepantes dentro de um mesmo espaço da cidade.

Existe na cidade uma hierarquia de poder que decide como o território será moldado, e os agentes dessa transformação podem estar em consenso ou em completo conflito, cabendo à ciência política do urbanismo, quase sempre associada ao estado, mitigar esse diálogo e encontrar a resposta cabível para cada situação. Ao menos seria esse o cenário ideal, mas a urgência das necessidades da população em geral e a pressão financeira do mercado dentro de uma lógica capitalista muitas vezes atropelam o processo de pensar a cidade e pesar as consequências de cada decisão sobre sua forma física.

Sampaio (2011) revelou que o planejamento do espaço urbano nunca deixou de ser a extensão das relações de troca capitalista que já trás um componente intrínseco a violência. Sampaio (2011) também defende uma posição teórica de que a violência urbana não pode e não deve ser enfocada como a criminalização clássica da violência e, portanto, inverteu sua leitura pela ótica da urbanização capitalista. (CARNEIRO, 2013, p.03)

Pensando sob uma lógica orgânica, há mais sobre o que se debruçar do que o “corpo” da cidade. Consideramos aqui

território como o espaço físico, a terra, o solo em si; espaço como território que foi palco de disputas sociais e econômicas. A cidade é mais complexa que o território, pois ela também é lugar. O lugar é o espaço habitado pelo homem, dotado de valores simbólicos e sentimentais e que sofre ação do tempo, criando na sociedade memórias afetivas. São essas memórias que diferem o lugar do espaço genérico (Koolhas, 1995), desprovido de personalidade e afetividade, tal qual um aeroporto. O lugar, tal qual a mente humana, requer cuidados, logo devemos tratar também a psique da cidade, preocupando se com o que é o consciente e o inconsciente coletivo daquela população sobre o lugar que ela habita.

As relações entre as estruturas de poder e as formas de organização do espaço, para Lacoste (1988, p. 49), acabam sendo massacrantes para aqueles que não estão no poder. Romper essas relações de dominação exige o despertar do sono onírico às classes sociais excluídas de informações (mesmo as confusas e a parciais) dotando os de conhecimento que lhes permitam também a ler e interpretar uma carta (não só a geográfica). São “fronteiras urbanas” excludentes que devem ser transpostas para garantir ao espaço urbano um sistema territorial que valoriza o espaço público e uma melhor sociabilidade dos seus habitantes. (CARNEIRO, 2013, p.03)

23

FRONTEIRAS URBANAS EM DIADEMA

Como já foi dito, existe na cidade uma hierarquia de poder que decide como o território será moldado e podemos atribuir a ela a responsabilidade sobre as transformações do território e consequentes cicatrizes, físicas ou não, sobre a cidade. Se fronteira é a separação de realidades distintas que fragmentam o território, vamos identificar esses fragmentos.

O principal fragmento, perceptível já no mapa estadual, é o Parque Estadual Fontes Ipiranga, popularmente conhecido como Mata do Estado, que contempla os Parques Zôo Safari, Zoológico e Botânico do município de São Paulo e o Planetário pertencente à Universidade de São Paulo (USP).

A área de estudo está situada na Região Norte de Diadema, onde de situam os Bairros Jardim Campanário, Paineiras e Parque Reid, que fazem divisa com os Bairros Vila Clara e Jardim Celeste em São Paulo.

O parque é parte natural desse território, sua posição no topo da hierarquia do território da cidade é indiscutível. O que o faz ser percebido como “algo de fora” é a forma como sua relação com o resto da cidade foi imposta, as verdadeiras fronteiras são as grades que separam as pessoas da natureza. Apesar de cumprir o importante papel de preservação da Mata Atlântica e ter potencial para oferecer espaços de lazer e educação, o Parque Estadual Fontes Ipiranga representa para o município de Diadema apenas uma grade onde a cidade acaba no extremo norte após o bairro Jardim Campanário, tornando o parque um não lugar para essa população.

2.2.
24
Imagem 28: Mapa de Diadema.

Diadema está estrategicamente posicionada entre São

Paulo e São Bernardo do Campo, na rota para o porto de Santos. No processo de implantação da energia elétrica um trecho de linha de alta tensão cortou esse território, configurando uma cicatriz urbana. Devido a sua posição geográfica e já abundante atividade industrial (próximo à Rodovia Anchieta) Diadema

representava interesse mercadológico entrando na rota de implantação da Rodovia dos Imigrantes, inaugurada em 1976. Mais do que um fragmento a Rodovia dos imigrantes é também uma cicatriz que corta a cidade ao meio.

As indústrias se instalaram nas margens da Rodovia, ocupando o espaço da mata nativa e formando uma nova camada ou fragmento: Os parques industriais. A oferta de empregos nestas industrias atraem famílias do interior e de outros estados, sobretudo Minas Gerais e estados do nordeste brasileiro, que com urgência para se instalarem e sem condições financeiras se apropriam do território próximo as industrias, nas margens da rodovia e da mata. A população cresce rápido e desordenadamente, criando uma densa camada de território

residencial e favelado que divide muros com as indústrias.

A Rodovia desenha a divisão de bairros, exigindo a construção de viadutos e passarelas para possibilitar o trânsito dos moradores, o que embora resolva o problema inicial são muito pouco interessantes do ponto de vista da cidade, constituem lugares sem atividade comercial, com pouco movimento de pedestres e iluminação deficiente, isso somado ao fácil acesso à rodovia como rota de fuga gera nesses pontos um grave problema de segurança pública, o que afasta cada vez mais a comunidade de usufruir e habitar plenamente estes espaços.

A implantação da Rodovia contribuiu muito para o crescimento populacional e a valorização das terras do município. Apesar do inegável avanço econômico, a população continua crescendo e o plano diretor de Diadema não previu como se daria a ocupação do espaço da cidade, então as residências de baixa renda estão entremeadas com as indústrias, havendo a necessidade de construir vielas e em alguns casos escadarias para vencer a topografia acidentada e permitir a comunicação dessa periferia com a microcentralidade do bairro e o restante do

25

município.

É do interesse da cidade de Diadema que a população não precise se deslocar para fora das divisas para estudar e trabalhar, mas também é inegável a importância da cidade de São Paulo, em âmbito local e nacional, sobretudo quando se fala em quantidade de oportunidades. É natural que as pessoas busquem a metrópole. Para facilitar o dia a dia da população é preciso oferecer melhores condições dentro do município e facilitar o transporte intermunicipal. Apesar da conurbação, as diferenças de gestão política colocam a divisa de municípios como fronteira urbana.

26

FRONTEIRAS SOCIAIS

Segundo Maricato (1995, p51):

O município de Diadema, apresentava um dos piores quadros sociais e ambientais da metrópole paulistana no início dos anos 80 com 25% da população morando em favelas e uma alta densidade de ocupação do solo. No entanto essa condição tem apresentado uma mudança muito grande e significativa Em 1983 Diadema exibia 82,96 óbitos de crianças com menos de 1 ano de idade para cada 1000 nascidos vivos. Em 1994 essa taxa é de 23,00. (PM DIADEMA) Essa grande mudança se deveu a investimentos diretos na área de saúde somados aos investimentos na melhoria da qualidade ambiental de vida.

Os exames pré natais atingem a praticamente 100% das mulheres de Diadema. Das 194 favelas existentes, 129 foram urbanizadas o que vale dizer que aproximadamente 60.000 pessoas passaram a contar com água tratada, rede de esgotos, iluminação pública, galerias de água pluvial, muros de arrimo contra desmoronamentos e um sistema viário e de pedestres. Este sistema permitiu a entrada nos locais, da coleta do lixo, da ambulância, do gás a domicílio, além de melhorar o acesso aos transportes. Segundo a Delegacia Sede de Diadema da Polícia Civil, os crimes, sob cuja rubrica são contabilizados: os homicídios, as tentativas de homicídios, os assaltos, roubos, agressões, porte de armas, e porte de drogas, tiveram diminuição em todas essas modalidades durante o período de 1991 a 1994.

2.3.
27
Imagem 14: Foto do Jardim Maria Tereza no bairro do Campanário, início dos anos 1990.

A memória de uma população deixa marcas sobre um lugar, marcas que não podemos mapear. A população que passou anos vivenciando homicídios, desovas de cadáveres, assaltos violentos e abordagens policiais abusivas não deixa de ter medo quando os índices estatísticos melhoram, cada acontecimento violento nos dias de hoje é um gatilho que faz retomar a história daquele lugar. A população de fora, que ouviu as histórias e viu os noticiários na mídia, marcou na memória aquele lugar como perigoso e segue enxergando o como não amistoso.

Quando o poder público precisa resolver problemas tão primários, como saneamento, segurança e desmatamento, é esperado que outras questões, como o lazer e a reurbanização segundo parâmetros mais atuais e abrangentes, sejam deixadas de lado. Para reverter a imagem de um lugar no imaginário popular e criar novas memórias sobre ele é preciso criar novos diálogos e desenhos, além do básico e do senso comum, que permitam a população e ao lugar superar o passado e florescer.

Imagem 15: Print de conversa entre passageiro e motorista de aplicativo.

Imagem 16: “Meme”, montagem cômica a respeito de Diadema

Imagem 17: “Meme”, montagem cômica a respeito de Diadema

28

FIM DE SEMANA NO PARQUE

Letra de MANO BROWN

Chegou o fim de semana

Todos querem diversão

Só alegria, nos estamos no verão Mês de janeiro, São Paulo Zona Sul .

Todo mundo a vontade calor céu azul, Eu quero, aproveitar o sol Encontrar os camaradas, pra um basquetebol não pega nada.

Estou a uma hora da minha quebrada logo mais, quero ver todos em paz! 1,2,3 carros na calçada Feliz e agitada toda playboisada as garagens abertas, eles lavam os carros desperdiçam a água Eles fazem a festa

Vários estilos, vagabundas, motocicletas Coroa rica, boca aberta A isca predileta.

29

De verde fluorescente, Queimada, sorridente

A mesma vaca loura circulando como sempre

Roda a banca dos playbois no Guarujá

Outros manos se esquecem

Na minha mão não se cresce Sou assim e to legal

Até me leve a mal

Malicioso e realista, sou eu Mano Brown Me de 4 bons motivos Pra não ser Olhe o meu povo nas favelas E vai perceber

Daqui eu vejo uma caranga do ano Toda equipada e um tiozinho guiando Com seus filhos ao lado Estão indo ao parque Eufóricos, brinquedos eletrônicos automaticamente eu imagino

30

A molecada lá da área

Como é que tá

Provavelmente correndo pra cá e pra lá Jogando bola descalços

Na rua de terra

Brincam do jeito que dá Gritando palavrão é o jeito deles eles não tem vídeo game

As vezes nem televisão Mas todos eles tem Doun São Cosme e Damião A única proteção

No último Natal Papai Noel escondeu um brinquedo

Prateado, brilhava no meio do mato

Um menininho de dez anos

Achou o presente era de ferro Com 12 balas no pente E o fim de ano foi muito melhor Pra muita gente

31

Eles também gostariam de ter bicicletas

De ver seu pai fazendo cooper

Tipo atleta, Gostam de ir ao parque

E se divertir

E que alguém os ensinasse a dirigir mas eles só querem paz

E mesmo assim é um sonho

Fim de semana no parque Santo Antonio REFRÃO

Vamos passear no parque, deixa o menino brincar

Vamos passear no parque, eu vou rezar para não chover.

Olha só aquele clube que dá hora

Olha aquele campo, olha aquela quadra Olha, quanta gente.

Tem sorveteria, cinema, piscina quente

Olha quanto boy, quanta mina Afoga essa vaca dentro da piscina

32

Tem corrida de cart, dá pra ver

É igualzinho o que eu vi ontem na TV

Olha só aquele clube que dá hora

Olha o pretinho vendo tudo do lado de fora

Nem se lembra do dinheiro

Que tem que levar

Do seu pai, bem louco gritando Dentro do bar

Nem se lembra de ontem De hoje

O futuro, ele apenas sonha através do muro milhares de casas amontoadas ruas de terra.

Esse é o morro

A minha área me espera Gritaria na feira.

Vamo chegando eu gosto disso Mais caro humano

Na periferia a alegria é igual

É quase meio dia a euforia é geral

É lá que moram meus irmãos

33

Meus amigos

E a maioria por aqui

Se parece comigo

E eu também sou bam bam bam

É o que mando , o pessoal desde

As 10 da manhã, está no samba

Preste atenção no repique é atenção

No acorde (Como é que Mano Brown? Neto NJ)

Pode crê pela ordem

A número, número 1 em baixa renda da cidade, comunidade zona sul e

Dignidade

Tem um corpo na escadão a tiazinha

Desce o morro

Polícia a morte

Polícia socorro

Aqui não vejo nenhum clube poliesportivo

Pra molecada freqüentar nenhum incentivo

O investimento no lazer é muito escasso

É o centro comunitário é um fracasso.

34

Mas ai, se quiser se destruir

Está no lugar certo

Tem bebida e cocaína sempre por perto a cada esquina, cem, duzentos metros, nem sempre é bom ser esperto

Shimitch, Taurus, Rossi Dreher ou Campari

Pronúncia agradável

Estrago inevitável

Nomes estrangeiros que estão no nosso meio Pra matar M.E.R.D.A..

Como se fosse ontem Ainda me lembro

7 horas sábado, 4 de dezembro 1 bala, 1 moto, com dois imbecis Mataram nosso mano

Que fazia o morro mais feliz

E indiretamente ainda faz Mano Rogério esteja em paz

35

A molecada do Parque Regina

Refrão

To cansado dessa porra, de toda essa bobagem

Alcoolismo, vingança, treta, malandragem

Mães angustiadas, filho problemático

Famílias destruídas, fins de semana trágicos

O sistema quer isso

A molecada tem que aprender

Fim de semana no Parque Ipê

Vigiando lá de cima
36

PROJETOS DE REFERÊNCIA

3

A Orla do Guaíba é um dos mais preciosos sítios naturais de Porto Alegre. Com o abandono a área estava sofrendo problemas de segurança e vandalismo tornando a mais um problema do que um atrativo para a cidade.

A prefeitura então encomendou o projeto do parque de 1,5km de extensão ao longo do lago com o intuito que recuperar a região urbana e ambientalmente.

O projeto está bem conectado a malha urbana, sendo facilmente acessado por pedestres, ciclistas, carros e transporte público e integra a população ao espaço através da oferta de pontos de encontro como bares, cafés, sanitários e centros esportivos.

3.1.
PARQUE URBANO DA ORLA DO GUAÍBA Local: Porto Alegre, Brasil
38
Imagem 18: Imagem digital 2D do parque linear da Orla do Guaíba.

O projeto paisagístico é pensado com cuidado aos aspectos ecológicos deste habitat ribeirinho e procura reintroduzir espécies nativas ao ambiente, promovendo sua regeneração. A vegetação nativa remanescente permanece respeitada pelos elementos construídos, implantados ao seu redor. Para cada setor (por exemplo, áreas sujeitas a cheias naturais ou as áreas secas mais elevadas), foram selecionadas espécies específicas. De modo geral, o projeto funciona não apenas como um plano de regeneração, mas como um ambiente aberto, vivo e permanente de educação ambiental. (VADA, 2021)

Além de atrativo para a população e atrativo turístico o espaço do parque é ponto de encontros periódicos de grupos esportivos, artísticos e de estudo e passa a acolher eventos públicos da prefeitura e da própria população. A ocupação do território o torna constantemente vigiado e portanto seguro para as pessoas e natureza presentes.

Imagem 19: Foto noturna do parque linear da Orla do Guaíba.

39

3.2. BIBLIOTECA LEÓN DE GREIFF (a forma e a relação com o terreno)

Local: Medellín, Colômbia

Ano: 2007

Como parte de um amplo projeto urbano para recuperação da imagem e da vida pública de Medellín, cidade que agrega populações migrantes de situações de guerra em outras partes do país, ora reconhecida pela extrema violência e assentamentos precários, a Biblioteca Parque León de Greiff, construída em 2007, com 4191m², é um exemplo de como os programas públicos estão sendo inseridos dentro das comunidades com o fim de reduzir os índices de violência urbana, já tendo alcançado queda de 70% na taxa de homicídios.

40
Imagem 20: Foto aérea da Biblioteca León de Greiff.

Imagem 21: Planta superior da Biblioteca León de Greiff.

Em vez de construir a biblioteca como bloco único dividiu-se o programa em três blocos assentados tirando grande proveito da topografia acidentada do terreno com contenções em muro de gabião e estrutura de concreto. Da esquerda para a direita na planta os blocos abrigam o auditório, a biblioteca, e por fim um centro comunitário que concentra também as atividades administrativas. A volumetria resultante cria meios seguros e acessíveis de circulação entre os níveis e um mirante para o bairro e a extensa área verde utilizada como espaço de lazer pela comunidade.

41

Flexibilidade de usos. Toda a cobertura sinuosa que interligando os blocos funciona como uma parte seca da praça pública. As coberturas dos três blocos tem a laje inclinada formando arquibancadas sem uso definido e abertas ao público 24 por dia. Algumas salas dentro do bloco do centro comunitário também ficam abertas em período integral para atividades protagonizadas pela população. A colocação do objeto no terreno e a divisão em blocos permitem a ampliação futura do projeto para atender novas demandas.

Cada bloco tem a estrutura individual à conexão sinuosa. A estrutura dos blocos é composta por 4 eixos, duas paredes portantes de concreto armado nas laterais e 2 eixos com compridos pilares retangulares no centro e dois pilares menores na parte posterior. As lajes são todas em grelhas de concreto armado, permitindo grandes vãos com pouca interferência na planta.

Imagem 22: Cortes transversais dos blocos das Biblioteca León de Greiff.

42

SESC POMPÉIA (a organização)

Local: São Paulo, Brasil

Autor: Lina Bo Bardi Ano: 1986

Localizado no Bairro Pompéia, o Sesc Pompeia é facilmente acessado por ônibus, metrô, trem, carro (estando também próximo à Marginal Tietê, porém não possui estacionamento) e a pé numa escala mais local.

Após o projeto nos galpões industriais da antiga fábrica de tambores, foi construído do zero, em uma parte nos fundos do terreno o setor esportivo do Sesc Pompeia. A obra apresenta-se volumetricamente como três prismas, um retangular de 30 x 40 metros, outro retangular de 14 x 16 metros e a caixa d’agua cilíndrica com 8 metros de diâmetro.

3.3.
Imagem 23: Foto do interior do Sesc Pompéia.
43
Imagem 24: Foto superior de satélite do Sesc Pompéia.

O terreno é cortado por um córrego, o Córrego das Águas Pretas, que foi coberto com um deque de madeira, usado como solário e espaço de convivência. A presença do córrego exigiu uma distância mínima entre os blocos esportivos, vencida aereamente pelas rampas.

Imagem 26: Maquete Eletrônica do Sesc Pompéia.

Circulação horizontal em amarelo: internamente se dá no entorno das quadras no bloco maior e no hall no bloco menor; externamente liga os dois blocos com duas passarelas de concreto protendido que mudam de formato a cada andar, numa sucessão de Vs e Ys de diferentes angulações.

Imagem 25: Diagrama de circulação dos blocos esportivos do Sesc Pompéia.

44

Excetuando-se os três últimos andares em roxo poderíamos definir o bloco menor como bloco servidor e o bloco maior como bloco servido, as atividades de lazer acontecem no bloco maior e nos últimos andares do menor; a circulação vertical, os vestiários e os setores médico e administrativo ocorrem no bloco menor, dando suporte à estas atividades através das rampas que interligam ambos os blocos.

Imagem 27: Diagrama setorização dos blocos esportivos do Sesc Pompéia.

45

RECONEXÃO DA DIVISA DE DIADEMA

4

UMA PROPOSTA PARA O JARDIM CAMPANÁRIO

Identificadas as fronteiras urbanas e sociais podemos partir para as análises e propostas.

O mapeamento traz a leitura visual das fronteiras urbanas levantadas no capítulo anterior.

Podemos enxergar a dimensão das manchas e a extensão das cicatrizes sobre o território estudado. Todas as manchas e eixos lidos como fronteiras urbanas tem um ponto em comum: o início da Rua Alfenas onde há uma passarela de transposição sobre a Rodovia.

4.1.
47
Imagem 29: Mapa das fronteiras urbanas na área de estudo.

O mapa ao lado mostra as principais vias de acesso que conectam Diadema ás regiões do Jabaquara, Saúde, Ipiranga e Morumbi. A seta aponta um problema de mobilidade: a falta de conexão entre estas importantes vias , o que impossibilita uma opção de conexão rápida entre o bairro e o Metrô, dificultando o transporte dos milhares de habitantes da região que fazem o movimento pendular diário entre casa e trabalho ou estudo. A extremidades apontada à direita é o início da Avenida Curió e a extremidade à esquerda é o inicio da Rua Alfenas.

48
Imagem 30: Diagrama das vias principais de acesso ao bairro Jardim Campanário.

Identificada a RUA

como centro da integração entre as cicatrizes urbanas, lhe daremos o título de FRONTEIRA URBANA a ser superada neste estudo de urbanismo. O breve levantamento fotográfico (julho/2021) traz vistas da rua, da passarela no início até o final, sem saída, para reconhecimento da área de intervenção.

INÍCIO DA RUA ALFENAS PASSARELA

ALFENAS Imagem 31: Foto da passarela sobre Rodovia dos Imigrantes. Imagem 32: Foto da Rua Alfenas. Imagem 36: Vista Steetview Rua Alfenas. Imagem 33: Foto da Rua Alfenas. Imagem 34: Foto da Rua Alfenas. Imagem 35: Foto da Rua Alfenas.
49
Imagem 37: Vista Steetview Rua Alfenas.

Analisando essa sobreposição dos mapas de zoneamento do Plano Diretor do Município de Diadema de 2019 (DIADEMA, 2019) e do Plano Diretor do Município de São Paulo de 2014 (SÃO PAULO, 2014) vemos que a Rua Alfenas, destacada em preto está entre a Macroarea de Preservação dos Ecossistemas Naturais em São Paulo e a Macroarea de renovação urbana em Diadema e assim sendo exige um masterplan focado em melhorias urbanas e na preservação do meio ambiente de Floresta Amazônica.

Imagem 38: Mapa de zoneamento por macrorregiões do PDE de São Paulo

50

Aproximando a Macroarea de Preservação do Ecossistemas

Naturais, é possível ver uma diferença na classificação do solo das bordas do Parque Estadual Fontes do Ipiranga em relação ao seu núcleo. As bordas não fazem parte da Reserva de Mata Atlântica, logo é passível de intervenções, o que nos dá margem para trabalhar no projeto urbano.

Imagem 39: Diagrama sobre mapa de zoneamento das área verdes do PDE de São Paulo

51

Objetivo principal (porquê)

Transpor as Fronteiras Urbanas

O
MASTERPLAN
52
Imagem 40: Masterplan completo.

RUA ALFENAS

Diretriz (como)

1° _ Estender a Rua Alfenas em sua extremidade “sem saída” conectando a à Avenida Curió, usando a margem do parque e dando acesso ao Jardim Celeste em São Paulo

AV. CURIÓ

Imagem 41: Diagrama da extensão projetada.

Proposta (o quê)

Reconectar a Divisa de Diadema

Imagem 42: Masterplan, aproximação da extensão da via Alfenas.

53

Imagem 43: Diagrama do viaduto projetado.

AV. ENG. ARMANDO ARRUDA PEREIRA

Proposta (o quê)

Reconectar a Divisa de Diadema RUA ALFENAS

Diretriz (como)

2° _ Transformar a passarela no início da Rua Alfenas em viaduto, conectando a à Avenida Engenheiro Armando de Arruda Pereira, dando acesso à Vila Clara em São Paulo

Imagem 44: Masterplan, aproximação do viaduto.

54

Proposta (o quê)

Imagem 45: Diagrama da extensão do parque linear

Colocar as áreas do parque à disposição do lazer da população de Diadema.

Diretriz (como)

1° _ Recuar as grades do Parque Estadual Fontes Ipiranga ao longo de toda a Rua Alfenas e parte da Avenida Curió criando o Parque Linear Campanário.

Imagem 46: Masterplan do parque linear com destaque para as guaritas.

55

Equipamentos ao longo do parque:

- Mobiliário urbano: bancos, mesas e lixeiras Brinquedos de playground

- Aparelhos de academia ao ar livre Mesas de xadrez e ping pong

- Estações de vigilância e apoio ao usuário

Imagem 47: Planta do projeto das estações de vigilância e apoio ao usuário.

.
56
Contribuir para a desmarginalização do bairro
1° _ Requalificação da Rua Alfenas 20m 3m 1m 2,4m 1m 3,5m 3,5m 2,5m 5m
Proposta (o quê)
Diretriz (como)
57 2m
Imagem 48: Corte perspectivado do projeto de requalificação da Rua Alfenas.

Contribuir para a desmarginalização do bairro

Diretriz (como)

2° _ Objeto arquitetônico

Para definir o programa do objeto arquitetônico foi feito um levantamento da infraestrutura existente. Apesar da infraestrutura consolidada o estudo aponta duas deficiências:

- Não existem escolas de período integral em Diadema. Escassez de áreas verdes e de lazer visitáveis pela população Além da área verde a mancha da zona industrial chama atenção no mapa pela sua extenção e aponta uma potencialidade:

- Empregos no setor industrial. A oferta de empregos dentro do bairro evita o transporte casa trabalho em grande escala.

Imagem 49: Mapeamento de equipamentos e terrenos vazios no território.

Proposta (o quê)
58

PROJETO CACA (CENTRO DE ACOLHIMENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE)

Programa principal: Centro de Acolhimento da Criança e do Adolescente. Espaço para crianças e adolescentes frequentarem diariamente fora do horário de aula. Auxiliando na formação e descoberta de habilidades e afastando as crianças da violência da rua e/ ou pobreza da residência.

Atividades: Recreação, lição de casa, reforço escolar, refeitório, cochilo, artes, esportes, informática, pré vestibular, preparação para o primeiro emprego e atendimento odontológico.

Este programa ocuparia funcionaria de segunda a sexta, nos períodos da manhã e da tarde, o que representa menos da metade do “tempo” de uma semana e não representa um aproveitamento muito interessante e inteligente do espaço.

Gráfico 1: Horas por períodos da semana

Tabela 1: Distribuição do valor adicionado por setores no grande ABC em 1996 (%)

MANHÃ FIM DE SEMANA NOITE

TARDE PERÍODOS

Esta tabela reforça a leitura do mapa de que a atividade industrial é muito representativa na economia de Diadema. Uma breve pesquisa sobre a área de atuação das indústrias do bairro aponta a indústria química como principal. Contraditoriamente, na lista de cursos técnicos oferecidos no município faltam cursos voltados para essa vocação.

Programa

secundário: Escola técnica profissionalizante.

O espaço oferece cursos técnicos voltados a vocação industrial do bairro para adultos e adolescentes a partir de 16 anos.

Cursos oferecidos: Técnico em cosmetologia, técnico em química e técnico em segurança do trabalho

4.2.
59

Diadema é conhecida pelo adensamento urbano e o terreno escolhido é um dos poucos ainda não construídos no bairro Jardim Campanário.

O terreno está classificado como Área de Preservação Espacial 2, segundo a lei de zoneamento do munícipio, e o projeto está sujeito a índices urbanísticos diferenciados como mostra a tabela, extraída da Lei de Zoneamento (LEI COMPLEMENTAR Nº 473, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2019).

Além da vegetação extensa outra característica marcante do terreno é a topografia acidentada, com um morro central e caindo para o lado da Favela do Vermelhão.

Imagem 50: Modelo topográfico do terreno.

Tabela 2: Parâmetros urbanísticos complementares ao PDE de Diadema

60
61
Imagem 51: Levantamento fotográfico (Streetview) do contorno do terreno.

PARTIDO ARQUITETÔNICO

1- Flexibilidade de usos Blocos independentes

- Múltiplas entradas e rotas de circulação

Salas com depósitos para guarda de materiais

2 – Integração com a natureza

- Acessos e blocos assentados em níveis segundo a topografia do terreno Objeto entremeado com a vegetação natural

3 – Segurança pública

Parque Centro de Acolhimento da criança e do Adolescente

Escola técnica Profissionalizante

MANHÃ

TARDE NOITE

- Movimentação todos os dias e em todos os horários Iluminação noturna servindo ao projeto e ao entorno (efeito edifício lanterna)

Gráfico 2: Programas do projeto por dia e período.

PROGRAMA DOMINGO SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO
62
ESTUDOS DE IMPLANTAÇÃO
Imagem 52: Vista aérea do estudo. Imagem 53: Vista aérea do estudo.
63
Imagem 54: Plantas do estudo.
PROPOSTA FORMAL E SETORIZAÇÃO 64
Imagem 55: Modelo esquemático volumétrico.

ESTUDOS DAS COBERTURAS

65
Imagem 56: Com pilado de estudos da cobertura da quadra.

Terreno natural Fundações Muros de contenção Corte de terra Vigas baldrame e balanço Vigas Pilares metálicos auxiliares Contrapiso e laje

SEQUÊNCIA CONSTRUTIVA DE UM BLOCO TIPO
66
Imagem 57: Diagrama 3D de execução do projeto.

Laje Laje bi nervurada em cubetas Vigas principais 1° pav. Pilares principais 1° pav.

Pilares em mão francesa no 2° pav. para transição dos pilares da cobertura

Imagem 58: Diagrama 3D de execução do projeto.

Laje bi nervurada em cubetas Vigas principais 2° pav.

Pilares da cobertura

67

Alvenarias em bloco de concreto aparente

Fonte: Lajes Itaim Vigotas em balanço

Vigas metálicas tipo I

Pilaretes H sobre viga I

Fixação das vigotas na Viga I Fixação das treliças nos pilaretes H Treliças metálicas

Imagem

68
59: Diagrama 3D de execução do projeto.

Estrutura metálica auxiliar para fixação de painel

Estrutura metálica das arquibancadas

Imagem 60: Diagrama 3D de execução do projeto.

Caibros metálicos

Aplicação de piso acústico Aplicação de telha metálica acústica tipo sanduíche com pintura branca

Fonte: Vibrasom

Revestimento das arquibancadas com painéis wall

Fonte: leomadeiras

Painel wall

Corte esquemático do piso acústico

69

Esquadrias em alumínio pintura branca (Linha Gold_Hydro)

Guarda corpos em alumínio pintura branca (Linha Universal Varanda_Hydro)

Brises verticais articulados translúcidos em policarbonato fosco

Fechamento da quadra em chapa metálica perfurada

Fonte: Archdaily Filtragem da luz solar e efeito edifício lanterna

Imagem 61: Diagrama 3D de execução do projeto.

Fonte: Danpal
70

IMPLANTAÇÃO DO PROJETO

Imagem 62: 71
72 VÔO DE PÁSSARO Imagem 63:
73
Imagem 64:
VISTA AVENIDA CURIÓ

VISTA LATERAL FAVELA DO VERMELHÃO

74
Imagem 65:
1
3

As cidades são compostas por camadas temporais e sociais, físicas ou não, que contam sua história. Cada camada mostra um momento da luta pelo solo, as preferências de quem detinha o poder naquela época. O tecido urbano atual é o resultado somado de todos esses momentos: uma “pele” marcada por sucessivas cicatrizes e a sociedade é a psique dotada de todas as memórias não materiais dessa história.

A cidade está longe de ser a realização de um projeto urbanístico iniciado sobre uma folha em branco, existem vontades e urgências da sociedade que não podem contar com o tempo de se pensar uma cidade, então se fazem parcelamentos do solo, favelas onde haviam florestas, rodovias, muros e grades que provocam a descontinuidade do espaço físico.

Resultado do processo de construção impensada da cidade surge a segregação social, na qual as pessoas são divididas pela quantidade e qualidade do espaço sobre o qual vivem. A oferta de infraestrutura urbana e espaços públicos

segue a lógica das necessidades urgentes da população, sem levar em consideração suas cicatrizes e seu futuro.

A prática da arquitetura e do urbanismo, não como produção de um objeto ideal, mas como ferramenta para cuidar das feridas, ou problemas, de hoje preocupando-se com o processo de cicatrização, do espaço e da sociedade, pode mudar a forma da cidade que teremos amanhã e consequentemente melhorar a qualidade de vida da sociedade.

“A gente não quer só comida

A gente quer comida, diversão e arte

A gente não quer só comida

A gente quer saída para qualquer parte”

(TITÃS, 1987)

CONCLUSÃO 104

AGUILAR, Carolina Bracco Delgado de. Produção do espaço urbano a partir da implantação do trecho sul do rodoanel, em São Bernado do Campo: Impasses e perspectivas. 2019. 143 f. Dissertação (Mestrado) Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2009.

CAPILLÉ, Cauê. Arquitetura como dispositivo político: introdução ao projeto de Parques Biblioteca em Medellín. 2017. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/884133/arquitetura como dispositivo politico introducao ao projeto de parques biblioteca em medellin. Acesso em: 13 mar. 2021.

CARNEIRO, José Gustavo Viégas. Cidades Fractais: As Fronteiras Urbanas E Suas Correlações Com A Violência Urbana. Estudo De Caso Da Cidade De Rio Claro/Sp. Revista Geonorte, Rio Claro, v. 1, n. 3, p. 1445 1461, jun. 2013. Disponível em: https://periodicos.ufam.edu.br/index.php/revista geonorte/article/view/1245. Acesso em: 10 maio 2022.

DIADEMA. Lei Complementar nº 473, de 18 de dezembro de 2019. Dispõe sobre o Plano Diretor do Município de Diadema estabelecendo as diretrizes gerais da política municipal de desenvolvimento urbano, e dá outras providências. Diário Oficial, 21 de dezembro de 2019. Disponível em: https://www.cmdiadema.sp.gov.br/legislacao/leis_integra.php?chave=10047319. Acesso em 02 nov. 2020.

ESQUÍVEL, Sylvia Ramos. "Diadema": Sua História. São Paulo: João Scortecci, 1988. 168 p.

GEHL, Jan. Cidades para pessoas. São Paulo: Perspectiva, 2009.

JACOBS, Jane. Morte e vida das grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

LEFEVRE, Henry. Direito a cidade. São Paulo: Centauro, 2009.

MARICATO, Ermínia. Metrópole na periferia do capitalismo: Ilegalidade, desigualdade e violência. São Paulo: Hucitec, 1996.

REIS ALVES, Luiz Augusto dos. O conceito de lugar. 207. Disponível em: https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.087/225. Acesso em: 13 mar. 2021.

ROLNIK, Raquel. São Paulo. São Paulo: Publifolha, 2009.

105
BIBLIOGRAFIA

SANTOS, Milton. Espaço e método. São Paulo: Edusp, 2020.

SÃO PAULO (Cidade). Lei nº 8.001, de 24 de dezembro de 1973. Dispõe sobre o Uso e a Ocupação do Solo Urbano, altera e complementa a lei nº 7805, de 1º de novembro de 1972, e dá outras providências. Diário Oficial da Cidade, 28 de dezembro de 1973, p. 1. Disponível em: http://legislacao.prefeitura.sp.gov.br/leis/lei-8001-de-24-de-dezembro-de-1973/consolidado. Acesso em: 15 fev. 2022

SÃO PAULO (Cidade). Lei nº 16.050, de 31 de julho de 2014. Aprova a Política de Desenvolvimento Urbano e o Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo e revoga a Lei nº 13.430/2002. Diário Oficial [da] Cidade de São Paulo, 1º de agosto de 2014, v. 59, n. 140 Suplemento. 352 p. Disponível em: https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/arquivos/PDE-Suplemento-DOC/PDE_SUPLEMENTO-DOC.pdf. Acesso em: 15 fev. 2022.

. 2014. Disponível em: https://carollinasalle.jusbrasil.com.br/artigos/112302880/ampliacao da aplicacao de principios do direito ambiental a outros ramos do direito. Acesso em: 13 mar. 2021. URBANO. In: Au´rélio URBANO. In: Hauaiss

BIBLIOGRAFIA 106
SILVA, Tiago Kortkamp Carneiro da; MARTINS, Gustavo Souza Silveira. Ampliação da aplicação de princípios do direito ambiental a outros ramos do direito

Imagem 1: Disponível em <https://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3o_Metropolitana_de_S%C3%A3o_Paulo acesso em 20 de novembro de 2020.

Imagem 2: Disponível em https://rnews.com.br/ha 45 anos surgia a rmsp regiao metropolitana de sao paulo.html acesso em acesso em 20 de novembro de 2020.

Imagem 3: Edição de autoria do aluno sobre imagem de satélite do Google Earth.

Imagem 4: Disponível em https://saopauloantiga.com.br/o real legado do edificio martinell/ acesso em 26 de fevereiro de 2022.

Imagem 5: Disponível em: https://saopauloantiga.com.br/tag/bonde da light/ acesso em 26 de fevereiro de 2022.

Imagem 6 : Disponível em: http://orservasaude.fundap.sp.gov.br/RGMETROPOLITANA/ acesso em 14 de setembro de 2020.

Imagem 7: Arquivo digital da Emplasa.

Imagem 8 a 14: Disponível em Centro da memória de Diadema.

Imagem 15: Disponível em https://brasil.elpais.com/sociedade/2020-01-10/quando-seu-bairro-e-definido-como-zona-de-risco-por-um-app-de-transporte.html acesso em 24 de maio de 2022.

Imagem 16: Disponível em https://www.facebook.com/Diadema01/photos/a.114425130295308/285959493141870/?type=3 acesso em 24 de maio de 2022.

Imagem 17: Disponível em https://imgs.app/amp/whatsapp-zapzap-imagens-imagina-gEbT9V acesso em 24 de maio de 2022.

Imagens 18 e 19: Disponíveis em: https://www.archdaily.com.br/br/907892/parque urbano da orla do guaiba jaime lerner arquitetos associados?ad_source=search&ad_medium=search_result_projects acesso em 04 de abril de 2022.

Imagens 20 a 22: Disponíveis em: https://www.plataformaarquitectura.cl/cl/02-5937/parque-biblioteca-leon-de-grieff-giancarlo-mazzanti acesso em 09 de fevereiro de 2022. mazzanti acesso em 09 de fevereiro de 2022.

Imagens 23, 25 e 27: Disponíveis em: https://www.archdaily.com.br/br/01-153205/classicos-da-arquitetura-sesc-pompeia-slash-lina-bo-bardi acesso em 24 de outubro de 2019.

Imagem 24: Disponível em: https://www.google.com/maps/place/SESC+Pomp%C3%A9ia/@ 23.5261111, 46.685522,17z/data=!3m1!4b1!4m5!3m4!1s0x94 cef809b81cc479:0xbf35620145c1e2cc!8m2!3d 23.5261111!4d 46.6833333?hl=en US acesso em 24 de outubro de 2019.

Imagem 25: Disponível em: https://www.behance.net/gallery/40359473/Sesc Pompeia acesso em 24 de outubro de 2019.

ÍNDICE DE IMAGENS 107

Imagem 28: Disponível em: http://www.diadema.sp.gov.br/cidade/25811 mapas acesso em 20 de novembro de 2021.

Imagens 29 e 30: Edição de autoria do aluno sobre imagem de satélite do Google Earth.

Imagens 31 a 35: Fotografias do arquivo pessoal do aluno.

Imagens 36 e 37: Disponíveis em: https://www.google.com/maps/place/Campan%C3%A1rio,+Diadema+ +State+of+S%C3%A3o+Paulo/@ 23.6688376, 46.6308248,15z/data=!3m1!4b1!4m5!3m4!1s0x94ce44d1a10d91b9:0 x4f92045425d5f3aa!8m2!3d-23.6715327!4d-46.6205712?hl=en-US acesso em 20 de março de 2022.

Imagens 38 e 39: Disponíveis em https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/marco regulatorio/plano diretor/arquivos/ acesso em 12 de setembro de 2021.

Imagens 40 a 46: Diagramas e projetos de autoria do aluno sobre imagem de satélite do Google Earth.

Imagens 47 e 48: Autoria do aluno.

Imagem 49: Diagrama de autoria do aluno sobre imagem de satélite do Google Earth.

Imagens 51 a 94 : Autoria do aluno.

108

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.