O Elefante Mágico

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O ELEFANTE MÁGICO Marcelo Mário de Melo ~ ilustrações

Hassan Santos

[À minha afilhada Nina e à sua irmãzinha Anita]


Copyright © 2015 Editora IMEPH Texto: Marcelo Mário Melo Ilustrações: Hassan Santos Todos os direitos reservados.

Editorial Lucinda Marques Administrativo Ana Thais Feitosa Pedagógico Amelia Albuquerque Revisão Raimundo Jaguaribe Rouxinol do Rinaré Editoração e Projeto Gráfico Hassan Santos

Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)

Magalhães, Sérgio. O Elefante Mágico. / Marcelo Mário Melo ; Ilustrações : Hassan Santos. – 1. ed. – Fortaleza : Editora IMEPH, 2015. 24 p. : il. 22,5 x 22,5 cm ISBN 978-85-7974-101-2 1. Literatura infantil e juvenil. 2. Conto. I. Título. CDD 028.5

Rua: Carlos Vasconcelos, 1926 – Aldeota – 60115–171 Fone: 85-3261.1002 – Fortaleza – Ceará – Brasil www.imeph.com.br – imeph@imeph.com.br


Marcelo Mário de Melo é pernambucano de Caruaru e jornalista. Escreve poemas, histórias infantis, minicontos, textos de humor e notas críticas. Publicou diversos livros, participa de antologias de poesia e texto de humor e tem vários títulos inéditos. Hassan Santos é pernambucano do Recife e designer gráfico. Faz ilustrações, fotografias e trabalhos de pesquisa em arte-educação. Participou de exposições e publicações.



Fofão era um elefante que gostava muito de crianças. Passava pelas escolas da cidade, em horas de recreio, para brincar com elas. Os professores e as famílias o conheciam. As crianças o adoravam. Quando ele ia chegando, começavam a fazer fila para subir no seu dorso. Ele as envolvia com a tromba e as colocava em cima. Quando pegava mais de uma criança, a tromba se espichava como um elástico. Na hora da descida, a tromba virava um escorrego. Outras vezes a tromba se espichava carregando crianças, podendo chegar à altura do muro, das árvores e do telhado.


Um dia o elefante perguntou: “Quem quer conhecer a lua?”. Um grupo de crianças respondeu em coro: “Eu quero!” Ele lhes estendeu a tromba, que virou uma escada rolante apontada para o céu. Elas foram subindo na tromba que se esticava. E chegaram à lua. Os pais, as mães, os professores, podiam ver as sombras das crianças brincando lá em cima. Cada vez que uma criança acenava para uma pessoa na terra, a imagem do seu rosto descia à altura do telhado, como uma televisão suspensa no espaço. Os familiares ficavam tranquilos, porque confiavam no Elefante Mágico.




Quando chegaram na lua, as crianças foram recebidas por pessoas e animais que tinham o corpo de nuvem e os olhos de brilhante – adultos e crianças, gatos, cachorros, coelhos, cavalos. À frente de todos, um elefante-nuvem igualzinho ao elefante mágico que vivia na terra. Foi ele que deu as boas vindas ao grupo. - É um grande prazer receber vocês aqui na lua. Vamos brincar e nos divertir muito. Eu sou Fofante, irmão gêmeo do Elefante Mágico que vive na terra. Todo ano a gente troca de lugar. Eu escorrego para lá e ele sobe até aqui. Por um ano eu vivo como elefante de carne e osso e ele vive como elefante de nuvem. Assim ficamos sempre sabendo das coisas da lua e das coisas da terra. Principalmente, da vida das crianças. Primeiro vou mostrar a vocês as quatro fases da lua. Vejam ali no telão: meia lua, lua cheia, quarto crescente, quarto minguante.


Agora vamos passear e brincar. Podem fazer as perguntas que quiserem. E aproveitem bem, porque daqui a pouco os pais de vocês vão querer que voltem para casa. E quando uma criança perguntava sobre alguma coisa, de repente, a coisa aparecia. Uma perguntou: “onde estão as pessoas?”. E surgiram pessoas-nuvens. Outra perguntou: “aqui tem sorveteria?”. E apareceu uma sorveteria de nuvem, com todo tipo de picolé e sorvete de caldas gostosas.




Quando uma criança tinha alguma necessidade, também as coisas apareciam. Se alguém tinha vontade de fazer xixi, no mesmo momento, aparecia um banheiro de nuvem, com letras luminosas indicando: XIXI AQUI. Tudo na lua tinha a forma arredondada de meia-lua ou lua cheia: as casas, as ruas, as praças, os parques, as coisas. As comidas eram iluminadas e brilhantes. Quando as crianças estavam comendo ou bebendo alguma coisa, suas línguas ficavam acesas.


As praias da lua tinham partes de água quente e partes de água fria, como se fossem piscinas. Os peixes eram de nuvem. Havia golfinhos brincalhões e tubarões mordedores com dentes de nuvem. As mordidas faziam cócegas e davam massagem. Quando os tubarões tinham fome, apareciam na sua frente pedaços de carne-nuvem, que eles comiam. O parque de diversões da lua era uma maravilha. Havia todos os brinquedos que há na terra, só que de nuvem, fofinhos, macios e brilhantes.




O escorrego era especial. Imaginem. De repente, a lua cheia ia secando a barriga e virava meia-lua, transformando-se num escorrego gigante. As crianças eram levadas por um vento puxador até o alto da meia-lua e começavam a escorregar. Depois a meia-lua virava uma montanha russa da altura do Monte Ewerest, o ponto mais alto da terra. Quando acabava a corrida, o arco-íris se aproximava cintilando as sete cores para uma nova brincadeira. Começava uma subida de escada rolante pelo arco-íris, transformado em tobogã. As crianças podiam passear por todas as cores e ir mudando de cor. Até que chegava a hora do retorno ao chão de nuvem da lua.


Com as crianças brincando na lua, a mãe de uma delas chega perto do Elefante Mágico, que estava na terra, e lhe diz: - Me pega na tromba, arma a escada rolante que eu quero ir lá em cima buscar a minha filha. - Nada disso, responde o Elefante. A tromba mágica é só para as crianças. - Mas é que está chegando a hora de meus filhos dormirem. Eu ainda vou ter de enfrentar o trânsito. Aí pode atrasar muito – insiste a mãe. - Então vamos fazer assim, responde o Elefante. Todos os pais podem ir embora, que as crianças serão devolvidas, cada uma, na sua casa.




- Mas isso pode demorar muito! diz a mãe impaciente. Os primeiros podem chegar logo, mas os outros vão chegar em casa muito tarde. Você vai entregar as crianças de uma por uma. E a última, bem que pode ser a minha filha. Muito calmo, o elefante responde: - Eu lhe garanto que todas as crianças vão chegar em casa na mesma hora. Pode ficar tranquila. - E como é que pode ser isso? - Pode deixar por minha conta. Esqueceu que eu sou um Elefante Mágico? Faço uma mágica e resolvo o assunto. Pode confiar e vá para a sua casa tranquila. - Está certo, Elefante. Vou confiar em você, respondeu mãe.


Nessa ocasião, na lua, já havia crianças com os olhos piscando de sono, outras se recostando e cochilando no fofinho das nuvens. De repente, elas foram sendo levadas pelo vento puxador até a tromba-escorrego do Elefante Mágico. E começou o retorno à terra. Mas dessa vez foi de um jeito diferente e muito mais mágico! Antes, as crianças desciam na escola, onde os pais as pegavam. Agora, várias trombas saíram paralelamente, em direção às suas casas, e chegaram todas na mesma hora, como havia prometido o Elefante Mágico.






Foi uma chegada mais do que maravilhosa. Quando a tromba se aproximava, uma parte do telhado da casa se recortava e ficava suspensa no ar, para facilitar a passagem da tromba-escorrego, que deixava a crianรงa em cima da sua cama. E teve mais. Em um segundo, as roupas das crianรงas foram trocadas por pijamas de nuvem e voaram para o guarda-roupa, dobradas e limpas, como se nunca tivessem sido usadas. Durante o sono as crianรงas continuaram a passear e brincar em sonho pelas belezas da lua. E elas gostavam muito de contar esses sonhos.





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