Design Editorial: Edifício Espaço Cidadão

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SUMÁRIO

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1. Introdução e Contextualização

Histórico Ceilândia Edifício em Altura

2. Objetivo 3. Justificativa/Relevância 4. Metodologia 5. Revisão Bibliográfica

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Dimensões Morfológicas

6. Estudos de Caso

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Rockefeller Center Council House Two Camargo Correa e Morro Vermelho Conclusão

7. Descrição do Objeto de Estudo 8. Diagnóstico 9. Diretrizes 10. Memorial 11. Referências Bibliográficas 12. Lista de Imagens

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INTROD

1.

PARTE 1

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UÇÃO e CONTEXTUALIZAÇÃO Em 1969, com apenas nove anos de fundação, Brasília já tinha cerca de 80 mil habitantes em favelas para uma população de 500 mil habitantes em todo o Distrito Federal. Naquele ano, foi realizado, em Brasília, um seminário sobre problemas sociais no Distrito Federal. O problema das favelas foi o mais gritante. O governador Hélio Prates da Silveira solicitou então uma solução à Secretaria de Serviços Sociais, dirigida por Otamar Lopes Cardoso. No mesmo ano, foi instituído um grupo de trabalho que, mais tarde, se transformou em Comissão de Erradicação de Favelas.

HISTÓRICO DA CEILÂNDIA

Foi criada, então, a Campanha de Erradicação das Invasões. Em 1971, já estavam demarcados 17 619 lotes, numa área inicial de 20 quilômetros quadrados. Os lotes ficavam a oeste de Taguatinga, nas antigas terras da Fazenda Guariroba. Os lotes eram destinados à transferência dos moradores das invasões do IAPI; das Vilas Tenó-

rio, Esperança, Bernardo Sayão e Colombo; dos morros do Querosene e do Urubu; e Curral das Éguas e Placa das Mercedes. A Novacap fez a demarcação em 97 dias, com início em 15 de outubro de 1970. As remoções para a nova cidade foram iniciadas em 27 de março de 1971 quando teve início o processo de assentamento das vinte primeiras famílias da invasão do IAPI. A Região Administrativa IX (Ceilândia) foi criada em 1989 pela Lei n.º 49/89 e o Decreto n.º 11.921/89, por desmembramento da RA III - Taguatinga. A chegada constante de novos migrantes ao Distrito Federal e a criação do Programa Habitacional da Sociedade de Habitação de Interesse Social - SHIS levaram o governo a criar outras áreas em Ceilândia. Em 1976, foi criada a QNO (Quadra Norte “O”) e, em 1977, o Núcleo Guariroba, situado na Ceilândia Sul. Surgiram depois os Setores “P” Norte e “P” Sul (1979).

Em 1985, foi expandido o Setor “O”, em 1988 ocorreu o acréscimo do Setor “N”, em 1989, o Setor “P” Sul e QNQ e em 1992, o Setor “R”. Hoje a Ceilândia possui uma área urbana de 29,10 km e está subdividida em diversos setores: Ceilândia Centro, Ceilândia Sul, Ceilândia Norte, P Sul, P Norte, Setor O, Expansão do Setor O, QNQ, QNR, Setores de Indústria e de Materiais de Construção e parte do INCRA (área rural da Região Administrativa), Setor Privê, e condomínios que estão em fase de legalização como o Pôr do Sol e Sol Nascente. A Região Administrativa IX está situada a 26 quilômetros da RA I – Brasília. Figura 1. Gráfico de Comparação da População Urbana da Ceilândia.

A Ceilândia é a Região Administrativa mais populosa do Distrito Federal. Sua população urbana foi estimada, no ano de 2013, em 449.592 habitantes (PDAD 2013). A Taxa Média Geométrica de Crescimento Anual de Ceilândia, entre as duas PDAD (2011-2013), é 5,45% ao ano.

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força o crescimento vertical também para atender o setor de serviços e comércio, além de corroborar com os interesses do capital, que especula em determinadas áreas, valorizando-as, de modo a viabilizar sua reprodução.

Figura 2. Verticalização em Recife – PE.

EDIFÍCIO EM ALTURA O edifício em altura surgiu como resultado da tentativa de multiplicação do uso do solo, possibilitando assim a sua ocupação por um número cada vez maior de pessoas. Este processo de verticalização só foi possível pelo avanço das técnicas construtivas como as estruturas metálicas e o aperfeiçoamento do concreto, bem como pela invenção do elevador elétrico no final do século XIX. Atualmente a imagem dos grandes edifícios é geralmente associada ao poderio econômico e desenvolvimento tecnológico.

O surgimento das construções verticais está relacionado com o interesse em atender às demandas por habitação nos grandes centros urbanos, mas não apenas isso. A escassez de espaços para o crescimento horizontal das cidades

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No Brasil é crescente a ação do capital que, através da especulação imobiliária, gera a proliferação dos espaços verticais no meio urbano. Grandes cidades litorâneas, a exemplo de Recife e Balneário Camboriú, expressam muito bem a materialização dos objetivos do capital através da especulação, que proporciona o surgimento de incontáveis arranha-céus. No Distrito Federal a atuação do Governo distrital auxilia na valorização de determinadas áreas através da implantação de equipamentos urbanos e da elaboração de projetos que demonstram a intenção de descentralizar as atividades do Plano Piloto, incentivando assim a verticalização nas Regiões Administrativas. Edifícios altos geram impactos relevantes e substanciais no local onde estão inseridos. Por exemplo, impactos relacionados à economia (valorização ou desvalorização imobiliária), infraestrutura (aumento da densidade populacional, sobrecarga nas redes, adensamento do tráfego), microclima (sombreamento, ventilação), paisagem urbana (alteração e descaracterização da paisagem local), uso do espaço urbano, entre outros. Sendo assim, é necessário um estudo sobre esses impactos, de forma a qualifica-los e assim apontar soluções que resultem numa boa arquitetura tanto na dimensão da cidade, quanto na percepção do usuário.


GERAIS • Projetar um edifício em altura que impacte positivamente a região da Ceilândia agregando valor á cidade nas principais dimensões morfológicas da Arquitetura.

ESPECÍFICOS • Identificar as principais dimensões morfológicas a serem estudadas considerando sua relação com o objeto de estudo (edificação em altura); • Analisar cada uma das dimensões escolhidas identificando as características que qualificam os impactos da edificação em altura como elemento arquitetônico; • Realizar estudos de caso de edificações em altura exemplares nas quais se apliquem as dimensões analisadas, identificando características da edificação e extraindo recomendações para projeto;

2.

• Projetar em nível de estudo preliminar um edifício em altura na área escolhida, levando em consideração as características observadas a partir do estudo das dimensões morfológicas e dos estudos de caso.

OBJETIVOS 9


JUSTIFICATIVA RELEVÂNCIA

3.

A Ceilândia é hoje a Região Administrativa mais populosa do Distrito Federal com aproximadamente 450 mil habitantes e Taxa Média Geométrica de Crescimento Anual de 5,45% ao ano (PDAD 2013). É uma cidade com grande potencial econômico que emprega metade de sua população economicamente ativa e tem mais de 12 mil estabelecimentos comerciais – é responsável por um quarto do Imposto sobre Circulação de Mercadoria (ICMS) recolhido pelo

ta cultura. Exemplo disso é a Feira Central, denominada como recanto dos nordestinos. Nela são oferecidas desde vestimentas até comidas típicas do nordeste. A Casa do Cantador – único monumento arquitetônico de Oscar Niemeyer no DF fora do Plano Piloto, um dos grandes orgulhos da cidade, é considerada como o Palácio da Poesia e da Literatura de Cordel. Ali, no refugio modernista é possível apreciar diversas manifestações populares nordestinas como apre-

Governo do Distrito Federal (Correio Braziliense, 2014).

sentações de repente e embolada, exposições de histórias de Cordel, shows e festas típicas que acabam se incorporando à rotina ceilandense.

A RA IX também possui forte influência cultural. Reconhecida por ser o abrigo dos nordestinos no DF, a cidade tem como características principais os elementos típicos des-

Figura 3. Gráfico de Naturalidade da População Imigrante.

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Mas Ceilândia não respira apenas ares nordestinos. Consi-

derada uma grande “favela”, até se tornar uma Região Administrativa do DF, em 1989, Ceilândia é jovem, multicultural e palco para a força de expressão da cultura Hip Hop, típica das periferias. Por toda a cidade é possível observar as manifestações representadas nas inúmeras paredes grafitadas, nas esquinas onde se houve o som das músicas de Rap e nos próprios cidadãos que incorporam a expressividade da cultura local.

A proposta de um edifício em altura visa à consolidação do centro Ceilândia, gerando emprego, comércio, atividades culturais e sociais atraindo a população da cidade e entorno. O projeto também almeja proporcionar maior fluxo e movimentação para a área, gerando mais segurança. Atividades mistas geram mais “olhos nas ruas”, atraem a população e, consequentemente, diminuem os índices de criminalidade.

A região escolhida conta com infraestrutura adequada para abrigar tal edificação. O lote está próximo da avenida principal da cidade (Hélio Prates) e ao lado da estação de metrô. A localização visa minimizar os impactos de natureza funcional.

Figura 4. Gráfico da Natureza de Violência Sofrida.


4.

METODOLOGIA • Para atingir os objetivos propostos neste trabalho, a metodologia seguiu algumas etapas, descritas a seguir: • Revisão bibliográfica visando identificar as principais dimensões morfológicas (Holanda, 2013) a serem estudadas considerando sua relação com o objeto de estudo (edificação em altura);

• Frederico de Holanda, Maria Elaine e Gunter Kohlsdorf, Joana Carla Soares Gonçalves, Débora Gregoletto e Antônio Tarcísio da Luz Reis foram os principais autores consultados; • Análise e recorte das dimensões morfológicas mais significativas para edifícios em altura;

• Neste trabalho foram analisadas apenas as dimensões práticas (funcional, bioclimática, econômica e social), pois estas permitem um estudo mais objetivo e maior facilidade para obtenção de dados que permitam a análise dos resultados; • Definição e recorte das características de cada dimensão a serem analisadas;

• Seleção de estudos de caso de edifícios em altura exemplares, a fim de realizar a qualificação de seu impacto considerando as dimensões selecionadas e suas características;

• Para o presente trabalho procurou-se edifícios em altura que fossem referência nas dimensões estudadas e pudessem fornecer subsídios para projetos de edificações em altura. Ainda julgou-se necessário selecionar para esse estudo de caso um edifício de Brasília, por estar dentro da atual realidade socioeconômica e bioclimática; • Extração de recomendações que possam subsidiar projetos de edificações em altura com boa qualificação destas dimensões;

• Análise da área de intervenção e estudo da região, com levantamento de dados que justifiquem o objetivo do edifício proposto; • Definição do conceito do projeto;

• Definição das diretrizes do projeto.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

5.

DIMENSÕES MORFOLÓGICAS DOS LUGARES O desempenho arquitetônico de uma edificação é resultado da conjunção dos vários efeitos que incidem por vezes em alguns ou em todos os aspectos morfológicos. O resultado pode ser contraditório entre os aspectos. Um edi-

fício pode ser exemplar em alguns aspectos e, no entanto, ter um péssimo desempenho em outros. Essa contradição nos ajuda a entender a realidade multifacetada da arquitetura, perceber qualidades e problemas arquitetônicos dos lugares e identificar aspectos passíveis de intervenção para melhorá-los (HOLANDA, 2013).

Frederico Holanda, em seu livro “Dez Mandamentos da Arquitetura” (2013) aponta uma lista de oito dimensões morfológicas. Dentro dessa lista, ele as divide em duas

categorias: dimensões práticas (funcional, bioclimática, econômica e social) e dimensões expressivas (simbólica, topoceptiva, afetiva e estética). No presente trabalho serão analisadas apenas as dimensões práticas, pois estas permitem um estudo mais objetivo e maior facilidade para obtenção de dados que permitam a análise dos resultados. Descrevem-se a seguir cada uma delas e suas características a serem investigadas:

Dimensão Funcional

Esta dimensão diz respeito à eficiência do elemento arquitetônico com relação às exigências práticas da vida cotidiana; é a capacidade da arquitetura para a realização de atividades pragmáticas. O espaço arquitetônico é como um recipiente físico da ocorrência de

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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Dimensão Bioclimática

Os aspectos bioclimáticos relacionam-se com as características do espaço que interferem no conforto físico dos usuários. Além das características locais do clima, observa-se como a edificação pode melhorar ou agravar as condições climáticas (KOHLSDORF, 2004). Os principais fatores a serem observados dentro dessa dimensão são os de qualidade do ar, conforto acústico, luminoso e higrotérmico (temperatura e umidade). Figura 5. Espaços Abertos x Fechado no Edifício Morro Vermelho – Setor Comercial Sul.

Figura 6. Esquema de espaços Abertos x Fechados do Edifício Camargo Correa.

práticas utilitárias, usos e usufrutos inerentes às sociedades humanas (HOLANDA, 2013). A funcionalidade de um edifício expressa-se em suas características morfológicas que viabilizam o desempenho dos usos e destinos do mesmo. Holanda define apenas dois tipos de espaços urbanos, o que implica em efeitos intrínsecos à funcionalidade do lugar: espaços abertos e espaços fechados. Espaços fechados são aqueles delimitados por uma fronteira física, seja

um muro, uma cerca, portas, etc. Espaços fechados são espaços retirados dos espaços abertos, têm o acesso controlado, são de domínio privado a alguma instituição social. Por inerência, abertos são os espaços públicos, livres. (Figuras 1 e 2) Ainda nessa dimensão são analisadas características referentes aos fluxos, acessibilidade e segurança, classificação dos usos e atividades, quantidade e qualidade dos espaços destinados aos usos, e a relação entre os espaços.

Dimensão Econômica Outra dimensão importante a ser analisada é a econômica. Ela observa as características do espaço quanto aos custos de implantação e utilização – consumo de recursos materiais e energéticos. Os dados são quantificados em moeda e representam os custos necessários à materialização do edifício e aos usos e serviços presentes no espaço arquitetônico (KOHLSDORF, 2004). Podemos dividir essa dimensão em duas áreas: custos de infraestrutura (redes de circulação, de abastecimento de água, coleta de esgoto, distribuição de energia, materiais construtivos, manutenção) e superestrutura (taxas de ocupação, gabaritos, quantidade de unidades imobiliárias, relação entre área pública e privada).

Figura 7.Espaço Aberto no Rockefeller Center.

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Dimensão da Sustentabilidade

Com o objetivo de facilitar a análise das edificações, propõe-se observar as características bioclimáticas e econômicas sob o viés da sustentabilidade. Sendo assim, analisaremos esta nova dimensão a partir da sustentabilidade econômica (geração de energia, aproveitamento e reuso de água) e da sustentabilidade do conforto (conforto luminoso e higrotérmico). Dimensão Sociológica A presença ou não de pessoas em determinados espaços urbanos pode ser consequência de acertos ou falhas na configuração desses espaços. A dimensão sociológica analisa os fatores de cada espaço arquitetônico que propicia ou restringe encontros sociais nos espaços públicos ou privados. Abordar a arquitetura pelos aspectos sociológicos é focar as relações entre arquitetura e sociedade, especificamente quanto às relações entre configurações de edifícios, cidades e da paisagem natural entendida como arquitetura, foca-se também as maneiras pelas quais as pessoas fazem o quê, como, onde, quando e com quem: como se estruturam encontros interpessoais, de forma mais ou menos planejada, mais ou menos casual, concentrados (ou não) no espaço ou no tempo (HOLANDA, 2013). Os elementos analisados nessa dimensão são aqueles que interferem na organização de pessoas no espaço e no tempo e na percepção de outros grupos, como permeabilidades e barreiras, opacidade e transparência, etc. É válido ressaltar que aspectos das outras dimensões (funcional, bioclimática) também influenciam na propiciação ou restrição de encontros sociais nos espaços arquitetônicos. Por exemplo, um espaço aberto permite mais encontros sociais ao dispor de calçadas generosas e acessibilidade (figura 9).

Figura 8. Dimensões Morfológicas. Proposição do autor.

ESTUDO DE CASO 6.

ROCKEFELLER CENTER Introdução Rockefeller Center é um complexo de 19 edifícios de escritórios, teatros, passagens subterrâneas e espaços públicos abertos no centro de Manhattan, Nova Iorque. Um grupo coordenado de edifícios comerciais sob a mesma direção. O complexo abriga as mais diferentes atividades como lazer e entretenimento com teatros, estúdios e clubes noturnos; transações comerciais, inclusive internacionais; jornalismo; além de escritórios, shoppings, clínicas e etc. (GIEDION, 1962). A construção do complexo nos anos 30 não foi fácil. Jonh D. Rockefeller, dono do empreendimento, batalhou contra vários

fatores adversos como a quebra da bolsa de 1929, e um sócio desertor. Rockefeller Center foi construído em lugar de uma casa de ópera. A Companhia de Ópera, alegando dificuldades financeiras, desistiu do projeto, dando lugar ao empreendimento.

Uma lista de edifícios apenas não pode descrever o Rockefeller Center. Não é apenas um simples grupo de primas que se inter-relacionam, e também não é apenas mais uma corporação financeira. É um complexo de estruturas que definiu um novo núcleo para a cidade de Nova Iorque. Porque oferece à cidade muito além de espaços para escritórios e assentos de teatro, tem sido um ponto focal de Manhattan por quase um século, e não apresenta sinal de abandonar essa posição (KRINSKY, 1978).

O que faz o Rockefeller Center ser o sucesso que é a variedade de atividades que continuamente se

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ESTUDO DE CASO

realizam, todas sobre a mesma cobertura, desenhando sempre uma grande concentração de pessoas e movimento de pedestres. Todas essas atividades asseguram que nunca tenha um momento ocioso no Centro a qualquer hora do dia, qualquer dia no ano.

Além dos mais de 30 restaurantes (hoje são 41), o complexo oferece uma pista de patinação no gelo e lojas ao nível da rua e no subsolo. Murais, esculturas e bandeiras das Nações Unidas também compõe o conjunto. Apresenta também espaços públicos para exibições e estúdios de gravação. A árvore de natal do Rockefeller Center (figura 7) é provavelmente uma das mais famosas do mundo, e o paisagismo é constantemente alterado a cada estação do ano. Cerca de 240 mil pessoas usam o complexo todos os dias (VYAS, 1998).

Figura 9 e 10. Edifício RCA, o mais alto e importante do complexo.

Dados

Edificação: Rockefeller Center; Tipo: torres comerciais; Estilo: Art Deco; Localização: Centro de Manhattan, Nova Iorque; Projeto: 1929; Obras: 1931–1940 (1973); Área construída: 89,000 m2; Arquitetos: Reinhard e Hofmeister; Corbett, Harrison e MacMurray; Raymond Hood e Fouilhoux; Construção: Cerca de 75.000 trabalhadores diretamente na obra, outros 150.000 indiretamente na pré-fabricação e preparação dos Figura 11. Árvore de Natal do Rockefeller Center.

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materiais (VYAS, 1998).


Figura 12. Construção do Edifício RCA, 1932.

Funcionalidade

Figura 13. Foto icônica da construção do Rockefeller Center por Charles C. Ebbets (1932) é uma das fotografias mais reproduzidas no mundo.

Dentro da dimensão funcional, o Rockefeller Center oferece alguns subsídios importantes para um bom projeto. • Espaços abertos: Apenas 50% do terreno foram ocupados pelos edifícios com o intuito de facilitar a fluidez do tráfego de veículos e pedestres. Além disso, uma nova via foi criada para diminuir os impactos do complexo na cidade: a Rockefeller Plaza.

Figura 14. Mapa de Cheios e Vazios do Rockefeller Center.

Figura 15. Mapa do Concourse no Rockefeller Center.

• Implantação: Rockefeller Center está situado no coração de Manhattan e é abastecido por grandes e importantes vias automotivas além de várias estações de metrô.

• Fluxos:Além da Rockefeller Plaza, que permite maior fluidez para atrair e distribuir fácil e eficientemente grande concentração de pedestres e veículos, o Centro dispõe de uma gigantesca rede de passagens subterrâneas (Concourse) que conecta todos os edifícios do Rockefeller Center e abriga estações do metrô (figura 12). O complexo trabalha bem com a distribuição dos fluxos, evitando conflitos entre veículos e pedestres e com transições entre áreas de estar e áreas de circulação bem resolvidas.

Figura 16. Desenho esquemático dos fluxos.

Figura 17. Mapa turístico parcial da cidade de Nova Iorque.

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ESTUDO DE CASO

• Acessibilidade: Rockefeller Center está de acordo com as normas de acessibilidade locais. As calçadas são largas (pelo menos 6 metros de largura) e contam com rampas bem acessíveis.

• Quantidade e qualidade dos espaços (públicos): Aproximadamente 15% do terreno foram reservados para as praças que caracterizam o complexo. “O canal de jardins (Figura 15) faz da área um oásis de beleza em meio á cidade que não para de crescer” (VYAS, 1998). Figura 19. Canal de jardins na Rockefeller Plaza.

Figura 18. Calçadas da Rockefeller Plaza.

Sustentabilidade Embora construído numa época em que pouco se falava sobre sustentabilidade, o Rockefeller Center foi planejado com o intuito de ser confortável tanto para o pedestre, quanto para os usuários.

• Espaços abertos: Apenas 50% do terreno foram ocupados pelos edifícios. Essa diretriz também visava permitir maior ventilação e iluminação natural.

• Conforto Térmico e Luminoso: Os edifícios foram projetados a partir da relação com os outros edifícios e com os espaços abertos. Cada um deles foi planejado de dentro para fora, moldado nas dimensões que melhor se adaptariam aos usos. Também foram impressos em 3D para realização de testes de insolação e ventilação natural.

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Em todos os edifícios a circulação vertical é agrupada no centro, junto com áreas de serviço. Em volta, usou-se um limite de 27 pés (8,23 metros) cujas experiências demostraram ser a máxima distância para iluminação natural adequada para usos residenciais e comerciais.

• Geração de Energia: O complexo hoje conta com 363 placas de painéis fotovoltaicos para suprir parte de suas necessidades energéticas. Essa medida foi implantada em 2007.

Figura 20. Painéis Fotovoltaicos na cobertura do Edifício Internacional.


Social

Rockefeller Center foi projetado para atrair pessoas praticamente 24 horas por dia, seja a trabalho, compras, passeios turísticos, alimentação, teatro ou apenas um passeio por suas calçadas sombreadas por árvores ou praças ajardinadas. Alguns fatores contribuem para o sucesso social do complexo que congrega milhares de pessoas todos os dias. • Permeabilidade: Apenas 50% do terreno foram ocupados pelos edifícios. Além disso, boa parte dos edifícios é acessível ao público, que também conta com o Concourse.

Figura 21. Vitrines no nível do pedestre.

• Transparência: As fachadas dos edifícios são dominadas por vitrines, conferindo permeabilidade e evitando fachadas cegas.

• Diversidade de Atividades: Rockefeller Center oferece uma grande variedade de entretenimento e lazer em seu recinto. Grande parte do sucesso social do complexo se deve ao fato de que ele foi projetado e desenvolvido tendo os usuários em mente (VYAS, 1998).

Figura 22. Vista da Praça com a pista de patinação no gelo, fontes, escultura e vegetação.

• Atrativos: Atrativos para a população fazem com que o complexo nunca esteja vazio. Vegetação, lojas e restaurantes, esculturas, murais e praças são alguns dos fatores que atraem as pessoas para o Centro.

Figura 23. Vistas do Rockefeller Center.

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ESTUDO DE CASO

COUNCIL HOUSE TWO Introdução

Council House 2 (CH2) é um revolucionário edifício de escritórios sustentável projetado para a prefeitura da cidade de Melbourne. Ele vai de encontro a uma antiga necessidade de abrigar funcionários públicos da prefeitura e traz vida a uma área subutilizada do centro da cidade. O processo de planejamento do CH2 foi incrivelmente colaborativo e inovador – desafiando abordagens tradicionais para sustentabilidade e projeto de edifícios em altura. O time de projeto incluiu arquitetos, engenheiros, artistas, especialistas ambientais e futuros ocupantes do edifício (WEBB, 2005). Em 2004 a prefeitura de Melbourne enfrentou um problema com acomodação de funcionários. Ao

Figura 24. Vista do CH2.

invés de alugar escritórios comerciais o governo decidiu construir um edifício que não apenas respondesse aos espaços de trabalhos necessários, mas que fosse referência no desenvolvimento em sustentabilidade. CH2 foi projetado não só

com o intuito de conservar energia e água, mas também de melhorar o conforto de seus ocupantes através da qualidade do ambiente interno do edifício.

Dados

Edificação: Council House Two (CH2); Tipo: CH2 é um edifício de escritórios de 10 pavimentos que comporta cerca de 540 funcionários da prefeitura de Melbourne; possui comércio no térreo e estacionamento no subsolo; Localização: Centro de Melbourne, Austrália; Projeto: 2004 – 2005; Obras: 2005 – 2006; Área construída: 12,536 m2; Projeto: DesignInc;

Custos: 51 milhões de dólares que incluem: • 29,9 milhões para o edifício em si (2.334$/m2 ou 58,5% do custo); • 11,3 milhões nos sistemas de sustentabilidade (884$/m2 ou 22,1% do custo); • 2,8 milhões em educação e treinamento dos funcionários para o uso adequado de todos os sistemas do edifício (218$/ m² ou 5,5% do custo); • 7,1 milhões para acabamento e necessidades específicas da prefeitura como geradores de emergência, sistemas de segurança e automação, paisagismo interno e externo (553$/m2 ou 13,9% do custo). Estacionamento: 20 vagas para carros no subsolo, além de uma vaga para deficientes físicos. O CH2 também conta com biciO CH2 também oferece subsídios para um bom projeto na dimeO

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Funcionalidade

CH2 também oferece subsídios para um bom projeto na dimensão funcional:

• Quantidade e qualidade dos espaços: A partir de um projeto voltado para o conforto dos usuários, o CH2 apresenta espaços confortáveis tanto para funcionários quanto para eventuais visitantes.


Social

Apesar de ser um edifício voltado para o funcionalismo público, o CH2 propicia interações sociais entre funcionários e moradores da região.

• Atrativos: Todos os pavimentos do CH2 contam com balcões com vegetação. O edifício ainda possui um terraço jardim acessível para os funcionários para um momento de descontração e interação com outros funcionários. • • Diversidade de atividades: O piso térreo conta com lojas e restaurantes que servem não apenas os funcionários do CH2, mas também pedestres e moradores da região.

Figura 25. Terraço Jardim com vegetação e obras de arte. Ótimo para uma pausa no expediente.

Sustentabilidade

Council House Two foi projetado para ser referência mundial em sustentabilidade. Estima-se que o retorno dos valores investidos com os sistemas de sustentabilidade ($11,3 milhões) ocorrerá em seis anos. Abaixo algumas características dentro dessa dimensão: • Geração de Energia: Os sistemas de geração de energia na cobertura do edifício incluem painéis de células fotovoltaicas, aquecedor solar, gerador a gás e turbinas eólicas.

Figura 27. Placas solares na cobertura.

Figura 26. Placas solares na cobertura.

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• Aproveitamento e reuso de água: O CH2 conta com uma estação de tratamento de água que coleta água da chuva de toda a rua (Little Collins) e ainda dos lavatórios e descargas. A água então é reutilizada para regar a vegetação, descargas sanitárias e nas torres de resfriamento. O edifício ainda aproveita a água da chuva coletada pelo terraço.

Figura 29. Esquema do Ciclo da água do CH2.

• Conforto Térmico e Luminoso: O edifício conta com várias soluções para garantir o conforto térmico da qualidade do ar e níveis de iluminação adequados: •

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• • • •

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A qualidade do ambiente interno é assegurada pela constante troca de ar através dos dutos verticais que distribuem o ar coletado de fora do edifício para todos os andares; Exaustores bem localizados nos forros retiram o ar quente dos ambientes internos; Painéis gelados no forro ajudam a proporcionar ambiente interno mais confortável para os usuários; As torres de umidificação funcionam como chuveiros, sendo responsáveis pelo resfriamento da envoltória do edifício além de resfriar o ar no nível térreo; Brises verticais operáveis; A casca: Protege a fachada e permite ventilação natural nos banheiros; Exaustores acima do forro garante a total retirada do ar quente dos ambientes internos; Fachada (norte) e telhado verde ajudam no sombreamento e controle da qualidade do ar;

• • •

Prateleiras de luz e varandas em todos os pavimentos funcionam como brises horizontais na fachada norte; Vegetação próxima às janelas reduzem a claridade do lado externo e o brilho da cidade; Água aquecida pelas placas solares é utilizada para ajudar no aquecimento

• •

durante as manhãs de inverno; Durante a noite as janelas se abrem automaticamente para que o ar frio externo resfrie o ambiente interno; O calor das atividades cotidianas que é absorvido pelas placas de concreto dos forros é removido pelo ar frio noturno.


Figura 30. Esquema dos sistemas sustentรกveis do CH2.

Figura 31. Esquema dos sistemas sustentรกveis do CH2.

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Figura 32. Esquema dos sistemas sustentรกveis do CH2.


EDIFÍCIOS CAMARGO CORREA E MORRO VERMELHO Introdução Os edifícios Camargo Correa e Morro Vermelho foram concebidos em 1974 pelo arquiteto João Filgueiras Lima. São duas torres de escritórios ligados por uma grande passagem coberta. A solução proposta pelo arquiteto utiliza dois blocos idênticos com as torres de circulação vertical em posições opostas e diferenças nas cores dos “brises-soleil” que caracterizam cada edifício e enriquecem visualmente o conjunto sem prejudicar a unidade desejada.

O partido arquitetônico se definiu pela opção inicial de separar as áreas destinadas a escritórios da circulação vertical, serviços comuns e sanitários coletivos. O resultado foram dois blocos justapostos que atendem melhor a funcionamentos específicos e permitiram a aplicação de sistemas construtivos distintos e adequados a cada um deles (LATORRACA, 2000). O partido traz como principal vantagem áreas inteiramente livres na zona de ocupação dos escritórios, favorecendo a organização dos espaços internos, quer em grandes salões, como em ambientes menores, com divisórias fixas ou móveis, de acordo com o programa de cada pavimento. A proposta também favorece a padronização e a disciplina dos elementos da construção, possibilitando o emprego de métodos construtivos mais econômicos, como, por exemplo, a pré-fabricação de elementos, utilizada na maior parte do edifício (figuras 29, 30 e 31). Dados

Figuras 34. Croquis do Arquiteto.

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Figura 33. Foto dos dois edifícios em 1974.

Edificação: Edifícios Camargo Correa e Morro Vermelho; Tipo: Cada edifício possui 15 pavimentos de escritórios além de terraço; possuem comércio no térreo e estacionamento no subsolo; Localização: Setor Comercial Sul (SCS), Brasília; Projeto: 1974; Área construída: 8.353 m2; Projeto Arquitetônico: João Filgueiras Lima; Projeto Paisagístico: Alda Rabello; Painéis decorativos, estudo de cores das fachadas e desenho dos azulejos: Athos Bulcão; Vagas de garagem: 162 vagas em cada edifício.


Social Por estarem próximos à estação do metrô, e no SCS, milhares de pessoas passam pelos edifícios Camargo Correa e Morro Vermelho todos os dias. O projeto levou isso em consideração ao planejar transparência e permeabilidade nos edifícios, além de ser um polo agregador para o setor.

Funcionalidade

Figuras 35. Croqui do Arquiteto com alterações.

Os Edifícios Camargo Correa e Morro Vermelho oferecem importantes subsídios para um bom projeto na dimensão funcional: • Espaços Abertos: Cerca de 60% do lote é aberto, com passagens cobertas ou caminhos e praças. O Complexo recebe todos os dias, além dos funcionários dos próprios edifícios, milhares de pessoas que transitam pela região.

• Atrativos Os edifícios Camargo Correa e Morro Vermelho contam ainda com um belo projeto paisagístico que os distinguem no SCS. Ainda contam com obras de arte e azulejos de Athos Bulcão.

• Permeabilidade Além da permeabilidade da passagem coberta que liga os dois edifícios, cada edifício é permeável no decorrer dessa passagem.

• Transparência As duas fachadas principais dos edifícios Camargo Correa e Morro Vermelho são transparentes, com vitrines ou janelas. • Diversidade de Atividades Os dois edifícios de escritórios contam com lojas no térreo, gerando assim diversidade de usos e agregando mais pessoas para a área.

Figura 36. Paisagismo do edifício Camargo Correa.

• Implantação: Os edifícios estão situados no SCS, importante centro econômico de Brasília, a menos de 100 metros de estação de metrô e ônibus. Ainda contribui para amenizar a deficiência de estacionamentos do setor com garagem no subsolo. O acesso à garagem por via alternativa atenua o congestionamento de tráfego na via superior de distribuição aos estacionamentos (LATORRACA, 2000). • Fluxos: O acesso à garagem por via alternativa cria, como convém, em relação aos dois edifícios, níveis de circulação distintos para veículos e pedestres. A passagem coberta que faz a ligação entre os dois edifícios é permeável e não cria barreiras quanto ao principal fluxo (metrô – SCS)

Figura 37. Vista aérea com anotações do autor.

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CONCLUSÃO

Dentre os resultados destes estudos de caso, pode-se citar alguns subsídios para projetos de edificações em altura, à luz das dimensões morfológicas da arquitetura (HOLANDA, 2013). É importante salientar que os edifícios que serviram como estudos de caso de edifícios são referências no Brasil e no mundo.

Apresentam-se a seguir três quadros resumo das características gerais e específicas levantadas nestes estudos de caso, e que levam indicativamente a um bom desempenho de cada dimensão analisada – funcional, social e da sustentabilidade. Os quadros apresentam três colunas, indicando Aspectos e Características Específicas de cada aspecto daquela dimensão, além dos Resultados Esperados com o uso indicado destes subsídios.

Sustentabilidade

O projeto arquitetônico dos Edifícios Camargo Correa e Morro Vermelho foi acompanhado de um estudo detalhado da insolação local visando o ideal conforto térmico dos usuários. • Conforto Térmico e Luminoso: A partir dos gráficos de insolação, foram elaborados brises móveis horizontais para as fachadas norte, e verticais para a fachada sul que controlam quase totalmente a penetração da luz solar nos edifícios. Embora previstos os sistemas de ar condicionado, os edifícios possuem um sistema de resfriamento que consiste em uma central frigorígena no 2º subsolo que distribui água gelada para todas as unidades pré-fabricadas das fachadas. Nos vazios dos pilares correm os dutos de água gelada que resfriam toda a estrutura e os condutores de águas pluviais (LATORRACA, 2000).

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Figuras 38, 39 e 40. Croquis do Arquiteto.


Aspectos Espaços Abertos Implantação

6.4.1. Quadro Resumo 1. Dimensão Funcional

Características Específicas Calçadas generosas;

Praças. Proximidade de transporte público;

Resultados Esperados Facilitar a fluidez de veículos e pedestres.

Fluxos

Localização adequada para usos e quantidade de fluxos. Evitar conflitos nos fluxos de pedestres e veículos;

Acessibilidade

Rampas e calçadas acessíveis.

Identificar áreas de estar e áreas de circulação.

Quantidade e quali- Calçadas largas; dade dos espaços Espaços públicos generosos e bem cuidados.

Aspectos Permeabilidade

Facilitar a fluidez de veículos e pedestres; Não sobrecarregar o sistema viário. Facilitar a fluidez de veículos e pedestres;

Espaços de transição (estar-circulação) bem resolvidos. Valorizar o pedestre e o portador de necessidades especiais. Facilitar a fluidez de veículos e pedestres; Estimular o uso dos espaços públicos e praças.

6.4.2. Quadro Resumo 2. Dimensão Social

Transparência

Características Específicas Resolver circulação e áreas de estar com espaços abertos e caminhos adequados de forma a minimizar as barreiras. Evitar fachadas cegas.

Diversidade de Atividades

Diversificar usos.

Atrativos

Elementos visuais como: Obras de arte; Vegetação;

Lojas e praças;

Aspectos Energia Água

Resultados Esperados Proporcionar ao pedestre facilidade de se locomover e conforto visual. Gerar mais segurança para o pedestre além de proporcionar maior conforto visual. Atrair pessoas de diferentes classes e perfis; Gerar mais segurança por proporcionar atividades que se complementam; Proporcionar conforto visual para o pedestre; Agregar pedestres e usuários dos espaços arquitetônicos.

6.4.3. Quadro Resumo 3. Dimensão da Sustentabilidade

Características Específicas Fontes alternativas de energia;

Resultados Esperados Reduzir custos com energia elétrica;

Reuso de água não potável.

Reduzir demanda do sistema público de drenagem pluvial. Melhorar o conforto do usuário de forma a maximizar a efetividade e minimizar custos com despesas médicas.

Iluminação e ventilação natural. Aproveitamento de água da chuva;

C o n f o r t o Sistemas de controle de luz solar; Térmico e Sistemas de controle da qualidade do ar (ventilação natural); Luminoso

Obter eficiência energética. Reduzir custos com água potável;

Sistemas de resfriamento ou aquecimento sustentáveis.

25


7.

DESCRI

PARTE 2

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ÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO O lote escolhido está voltado para a Avenida Hélio Prates, a principal da Ceilândia. Está localizado numa área central, próxima à estação de metrô e às estações de ônibus. Por se tratar de uma área comercial e institucional, esta tem um fluxo intenso de pessoas e veículos.

A legislação atual vigente para a área de intervenção é o Plano diretor Local (PDL) da Região administrativa da Ceilândia – Lei Complementar nº 314, de 1º de setembro de 2000. Esta lei trata de assuntos como ordenamento territorial, uso do solo, coeficiente de aproveitamento, afastamentos obrigatórios, listagem de atividades incômodas e exigência de vagas de estacionamento. Esta lei está a muito defasada e não há normas que a complementem. Alguns aspectos não são contemplados pelo PDL como, por exemplo, gabarito máximo.

Figura Figura 41. Localização do projetondia. s 38, 39 e 40. Croquis do Arquiteto.

O lote conta com excelente infraestrutura viária e funcional, está voltado para a Avenida Hélio Prates. Nela estão as principais linhas de transporte público (ônibus) da cidade. O ponto de ônibus mais próximo encontra-se à frente do lote. A menos de 200 metros do lote está estação de metrô de Ceilândia. Porém é uma área de grande concentração de pessoas que ainda não está consolidada e carece de tratamento urbanístico, paisagístico e de acessibilidade.

DIAGNÓSTICO

8.

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Figura 42. Mapa de situação da Região Administrativa da Ceilândia.

Figura 45. Mapa da Região Administrativa da Ceilândia.

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Figura 43. Mapa da Região Administrativa da Ceilândia.


Figura 44. Mapa de Situação e Implantação do lote.

Figura 46. Mapa de Uso do Solo.

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DESCRIÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO

Figura 47 . Mapa Operacional.

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Figura 48. Carta das Condicionantes Ambientais.

Figura 49. Croqui do autor.


9.

DIRETRIZES

1. Edifício de caráter comercial e cultural (dimensão social): • Torre com serviços; • Plataforma com comércio e equipamentos culturais; • Estimular vida noturna (segurança); • Praças na frente e no fundo do lote com o objetivo de agregar e atrair pessoas; 2. Bom desempenho bioclimático e energético (sustentabilidade): • Orientação, forma, aberturas; • Materiais construtivos; • Geração de energia sustentável; • Áreas verdes; 3. Boa inserção no contexto urbano, acessibilidade e fluxos. (funcional): • Implantação e situação; • Consideração do entorno existente, topografia; • Acessos e meios de transporte; • Promover permeabilidade no lote, priorizando fluxo de pedestres, considerando inclusive o fluxo existente de pessoas que vão e chegam da estação do metrô e pontos de ônibus.

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PARTE 3

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10. MEMORIAL Funcionalidade

O Edifício Espaço Cidadão possui ótima localização, sendo abastecido pela Hélio Prates, que é a principal avenida da cidade. A poucos metros da estação de metrô e das paradas de ônibus, o projeto visa estimular o transporte público, aliviando assim a imensa frota de carros da região. O projeto também levou em consideração o crescente número de pessoas que utilizam a bicicleta como meio de transporte. Além de contar com ciclovias na região, o edifício conta com bicicletário e fácil acesso para os ciclistas. A acessibilidade do prédio é garantida com calçadas largas e confortáveis, acesso nos diferentes níveis do transeunte, escadas com suaves e circulação vertical bem localizada no centro do projeto. Há grande preocupação com os principais fluxos do pedestre para evitar barreiras físicas e visuais.

Os espaços foram planejados para proporcionar conforto tanto para o usuário de permanência prolongada quanto para o transeunte. A transição dos usos e atividades é levada em conta de forma a não gerar conflitos. As salas e lojas comerciais são amplas e podem receber diferentes usos, gerando assim diversidade de usos e público ao projeto. Sustentabilidade Uma das principais marcas do projeto é a preocupação com a sustentabilidade bioclimática e econômica. Além de levar em

consideração o conforto térmico, sonoro e luminoso do usuário, o projeto conta com várias características que visam reduzir os gastos com energia e manutenção.

Primeiramente, o Edifício Espaço Cidadão conta com nota máxima na etiquetagem da envoltória. Isso já representa grande economia de energia elétrica no uso de condicionadores de ar e conforto para o usuário. Grandes janelas e a pouca profundidade das torres em forma de lâminas proporcionam melhor aproveitamento da luz natural difusa. Porém, a própria forma do edifício contribui para minimizar o desconforto da iluminação solar direta. Outra solução sustentável é a ventilação cruzada sobre os forros, que retiram o ar quente acumulado embaixo das lajes e contribui para o resfriamento do ambiente. Brises nas maiores fachadas permitem essa ventilação e a constante renovação do ar em todos os ambientes.

Social

O projeto visa gerar uma nova centralidade social em Ceilândia, com equipamentos culturais, comerciais e institucionais para a região. As torres de uso comercial com planta livre proporcionam diversos usos para serviços e comércio. A plataforma é ocupada por lojas, restaurantes e lanchonetes, espaço institucional, uma grande livraria com espaços para exposições e apresentações, salas de cinema e salas para exposição cultural. Logo na entrada ao nível inferior localiza-se a praça, que é o espaço central do projeto. Ela tem espaço para abrigar shows e exposições de diversos eventos de caráter cultural. A escada para o nível térreo superior pode ser utilizada também como arquibancada ou como palco.

Por fim, o Edifício Espaço Cidadão também é sustentável na geração de energias renováveis. O projeto conta com turbinas eólicas no topo da torre e placas solares devidamente anguladas para maximizar a captação da energia solar e proporcionar sombreamento para parte do edifício.

O consumo elétrico médio de um edifício comercial em Brasília é de 120kW/ano/m² (AMORIM, 2004). A geração de energia renovável pelas turbinas eólicas e placas solares equivale a aproximadamente 7% do gasto energético do edifício.

Figura 50. Turbina eólica Ropatec

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MEMORIAL

Figuras 51, 52. Selo de eficiência energética (direita) e formulário para cálculo de etiquetagem (esquerda)

Figura 53.. Corte esquemático mostrando soluções bioclimáticas. Do autor.

Figura 54. Gráfico informativo da turbina eólica Ropatec SA70.

Figura 55. Cálculo de geração de energia fotovoltaica e consumo anual do edifício.

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11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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12. LISTA DE IMAGENS

Figura 1, página 7. Gráfico de Comparação da População Urbana da Ceilândia. Fonte: PDAD Ceilândia 2013. Figura 2, página 8. Verticalização em Recife. Fonte: Internet. Disponível em: <http://farm3.static.flickr.com/ 2551/4195412060_4b1703dd07_b.jpg>. Acesso em 06 mai. 2015. Figura 3, página . Gráfico de Naturalidade da População Imigrante. Fonte: PDAD Ceilândia 2013. Figura 4, página 10. Gráfico da Natureza de Violência Sofrida. Fonte: PDAD Ceilândia 2013. Figura 5, página 12. Espaços Abertos x Fechado no Edifício Morro Vermelho – Setor Comercial Sul. Foto do Autor. Figura 6, página 12. Esquema de espaços Abertos x Fechados do Edifício Camargo Correa. Fonte: LATORRACA, Giancarlo. João Filgueiras Lima, Lelé. Série Arquitetos Brasileiros, São Paulo, Blau, Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, 2000. Figura 7, página 18. Espaço Aberto no Rockefeller Center. Fonte: Street View. Figura 8, página 13. Dimensões Morfológicas. Proposição do autor. Figuras 9 e 10, página 14. Edifício RCA, o mais alto e importante do complexo. Fonte: Prof. Dra. Claudia David Naves Amorim, 2015. Figura 11, página 14. Árvore de Natal do Rockefeller Center. Fonte: Juliana M. Jordão. Disponível em: <http://jmjarquitetura. com.br/blog/index.php/curiosidade-arvore-de-natal-do-rockfeller-center-em-nova-york/>. Figura 12, página 15. Construção do Edifício RCA, 1932. Fonte: New York Daily News. Disponível em: <http://www.nydailynews. com/new-york/new-york-city-skyscrapers-construction-gallery-1.1092286?pmSlide=1.1092285>. Figura 13, página 15. Foto icônica da construção do Rockefeller Center por Charles C. Ebbets (1932) é uma das fotografias mais reproduzidas no mundo. Fonte: Dailymail. Disponível em: <http://www.dailymail.co.uk/news/article-2206050/The-picture-proves-iconic-photograph-workers-eating-lunch-Rockefeller-beam-publicity-stunt.html>. Figura 14, página 15. Mapa de Cheios e Vazios do Rockefeller Center. Desenho do autor. Figura 15, página 15. Mapa turístico parcial da cidade de Nova Iorque. Fonte: gonyc. Disponível em: < http://gonyc.about.com/ od/manhattan/ss/Rockefeller-Center-Neighborhood-Map.htm>. Figura 16, página 15. Mapa do Concourse no Rockefeller Center. Fonte: VYAS, Alok. Principles & Pratice of Urban Design. University of Michigan, 1998. Disponível em: <http://alokv.tripod.com/plan_port/rc519.html>. Acesso em 15 mai. 2015. Figura 16, página 15. Desenho esquemático dos fluxos. Desenho do autor.

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LISTA DE IMAGENS

Figura 18, página 16. Calçadas da Rockefeller Plaza. Fonte: Street View. Figura 19, página 16. Canal de jardins na Rockefeller Plaza. Fonte: VYAS, Alok. Principles & Pratice of Urban Design. University of Michigan, 1998. Disponível em: <http://alokv.tripod.com/plan_port/rc519.html>. Acesso em 15 mai. 2015. Figura 20, página 16. Painéis Fotovoltaicos na cobertura do Edifício Internacional. Fonte: Benjamin Chasteen/The Epoch Times. Disponível em: <http://www.theepochtimes.com/n2/united-states/rockefeller-center-welcomes-solar-powered-christmas-tree-lights-251728.html>. Figura 21, página 17. Vitrines no nível do pedestre. Fonte: Street View. Figura 22, página 17. Vista da Praça com a pista de patinação no gelo, fontes, escultura e vegetação. Fonte: Hakanu, 2006. Disponível em: < http://www.flickriver.com/fotos /51405727@N00/364800520/>. Figura 23, página 17. Vistas do Rockefeller Center. Fonte: Sayumi Studio. Disponível em: < https://sayumicortesdalmaut.wordpress.com/2012/06/23/villard-houses-nyc/>. Figura 24, página 18. Vista do CH2. Fonte: Prefeitura de Melbourne. Disponível em: <http://www.melbourne.vic.gov.au/>. Figura 25, página 19. Terraço Jardim com vegetação e obras de arte. Ótimo para uma pausa no expediente. Fonte: Prefeitura de Melbourne. Disponível em: <http://www.melbourne.vic.gov.au/>. Figura 26, página 19. Placas solares na cobertura. Fonte: ESD. Disponível em: < http://www.geschkegroup.net/sustain_02. html>. Figura 27, página 19. Vista das turbinas eólicas no topo do CH2. Fonte: Wikipedia, 2010. Disponível em: <https://en.wikipedia. org/wiki/Council_House_2#/media/File:Council_House_2_ Melbourne_east_and_turbine_detail.JPG>. Figura 29, página 20. Esquema do Ciclo da água do CH2. Desenho do autor. Figura 30, página 20. Esquema dos sistemas sustentáveis do CH2. Pelo autor. Figura 31, página 20. Esquema dos sistemas sustentáveis do CH2. Pelo autor. Figura 33, página 22. Foto dos dois edifícios em 1974. Fonte: LATORRACA, Giancarlo. João Filgueiras Lima, Lelé. Série Arquitetos Brasileiros, São Paulo, Blau, Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, 2000. Figura 34, página 22. Croquis do Arquiteto. Fonte: LATORRACA, Giancarlo. João Filgueiras Lima, Lelé. Série Arquitetos Brasileiros, São Paulo, Blau, Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, 2000. Figura 35, página 23. Paisagismo do edifício Camargo Correa. Foto do autor. Figura 36, página 23. Croqui do Arquiteto com alterações. Fonte: VIOTTI, Luísa. Morro Vermelho e Camargo Correa. Brasília, 2013. Figura 37, página 23. Vista aérea com anotações do autor. Figuras 38, 39, 40, página 24. Croquis do Arquiteto. À direita detalhe do sistema de resfriamento. À esquerda, estudo de insolação de Brasília. Fonte: LATORRACA, Giancarlo. João Filgueiras Lima, Lelé. Série Arquitetos Brasileiros, São Paulo, Blau, Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, 2000. Figura 41, página 25. Croquis do Arquiteto. Fonte: LATORRACA, Giancarlo. João Filgueiras Lima, Lelé. Série Arquitetos Brasileiros, São Paulo, Blau, Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, 2000. Figura 42, página 28. Mapa de situação da Região Administrativa da Ceilândia. Fonte: Wikipedia. Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/20/Distrito _Federal_RA_Ceilandia.svg>. Acesso em 06 mai. 2015. Figura 43, página 28. Mapa da Região Administrativa da Ceilândia. Fonte: Google Maps. Acesso em 06 mai. 2015. Figura 44, página 29. Mapa de Situação e Implantação do lote. Fonte: Google Maps. Acesso em 06 mai. 2015. Com alterações. Figura 45, página 28. Mapa da Região Administrativa da Ceilândia. Fonte: PDL Ceilândia. Figura 46, página 29. Mapa de Uso do Solo. Fonte: PDL Ceilândia. Figura 47, página 30. Mapa Operacional. Fonte: BRAZ, Raquel; CARDOSO, Camila; RONDON, Gabriela. Trabalho Acadêmico. Brasília, 2014. Figura 48, página 30. Carta das Condicionantes Ambientais. Pelo autor. Figura 49, página 30. Croqui do autor. Figura 50, página 33. Turbina eólica Ropatec SA70. Fonte: Internet. Disponível em: <http://www.ropatec.it/content/SA70/42/ en>. Acesso em 06 jun. 2016. Figuras 51, página 34. Selo de eficiência energética (direita) e formulário para cálculo de etiquetagem (esquerda). Fonte: Inmetro. Figura 52, página 34. Corte esquemático mostrando soluções bioclimáticas. Do autor. Figura 54, página 34. Gráfico informativo da turbina eólica Ropatec SA70. Fonte: Internet. Disponível em: <http://www.ropatec.it/content/SA70/42/en>. Acesso em 06 jun. 2016. Figura 55, página 34. Cálculo de geração de energia fotovoltaica e consumo anual do edifício. Fonte: Internet. Disponível em: <http://www.americadosol.org/simulador>. Acesso em 30 jun. 2016.

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