triunfo




EDIÇÃO DEESPECIAL AUTOR



VOZES FANÁTICAS
A Torcida que conduziu o time
POR TRÁS DO UNIFORME
Jogador superou a depressão antes do título
TATICALIZANDO
EDIÇÃO DEESPECIAL AUTOR
VOZES FANÁTICAS
A Torcida que conduziu o time
POR TRÁS DO UNIFORME
Jogador superou a depressão antes do título
TATICALIZANDO
16 avos de final - 4
São Paulo x Ituano
Oitavas de final - 8
São Paulo x Sport
Taticalizando - 12
Como Dorival Júnior transformou o Tricolor
Quartas de final - 14
São Paulo x Palmeiras
Por trás do uniforme - 18
Da depressão à idolatria
Semifinais - 20
São Paulo x Corinthians
Vozes Fanáticas - 24
A torcida que conduziu o time
Finais - 26
São Paulo x Flamengo
Galeria dos campeões - 30
É com muito prazer que lhe apresento a primeira edição da Triunfo, uma revista futebolística dedicada a rememorar grandes conquistas, títulos inéditos e campanhas históricas. O futebol é muito mais do que um jogo; é um espetáculo marcado por momentos inesquecíveis, que moldam a trajetória de clubes, jogadores e torcedores. É por isso que precisamos relembrá-los, para que essas histórias não se percam no tempo e continuem vivas na memória de todos que acompanham o esporte com paixão.
Nesta primeira edição, escolhi a trajetória histórica do São Paulo Futebol Clube na Copa do Brasil de 2023, um troféu inédito na gloriosa galeria tricolor. Cada editoria foi pensada para aprofundar essa jornada, aproximando o leitor do fazer jornalístico por meio de um mini perfil de um atleta, análise tática da equipe e entrevista que capture a emoção da torcida. Jogo a jogo, você reviverá os momentos decisivos dessa campanha, relembrando as emoções que marcaram esse título tão esperado.
Como são-paulino, me dediquei de corpo e alma a este projeto, buscando transmitir toda a paixão que senti ao ver meu time conquistar esse troféu tão simbólico. Espero que essa revista seja mais do que um mero registro; que ela seja uma experiência única e memorável para você, leitor, assim como foi para mim. Porque, como diz a torcida:
São Paulo é sentimento, que jamais acabará” “ “
Produção
Gustavo Henn
Textos
Gustavo Henn
Fotos
Rubens Chiri, Paulo Pinto, Miguel Schincariol e Nilton Fukuda
Edição de textos
Noysle Carvalho
Diagramação
Gustavo Henn
Orientação
Helder Carvalho, Pedro Vieira e Rafaella Peres
São Paulo empata sem gols e sai vaiado do Morumbi
Na estreia da Copa do Brasil 2023, o São Paulo teve uma atuação ruim e não conseguiu confirmar seu favoritismo contra o Ituano, em jogo de ida da 3ª fase que terminou em 0 a 0. Mesmo com o retorno do atacante argentino Calleri — que ficou afastado por quase dois meses por lesão — a equipe de Rogério Ceni criou pouco e ainda viu o adversário levar certo perigo nos contra-ataques. O desempenho foi muito mal visto pela torcida tricolor, que já era motivo de insatisfação por alguns jogos e agora poderia comprometer a classificação para a próxima fase.
O jogo foi pouco movimentado e a maior parte das chances foram em chutes de fora da área. O Ituano chegou com Jonathan, que pegou rebote de Rafael e chutou por cobertura, por cima do gol são-paulino, aos seis minutos, na primeira finalização da partida. Do outro lado, Michel Araújo arriscou de muito longe e também mandou para fora a primeira finalização de sua equipe, na marca dos 29 minutos.
Aos 34, a primeira oportunidade de maior perigo no jogo foi do Ituano com Eduardo Per son, que cabeceou livre na marca do pênalti e mandou para fora, assustando o goleiro Rafael. O Tricolor respondeu logo em seguida com um lançamento de Beraldo para a área: o goleiro da equipe de Itu dividiu com Calleri e a bola sobrou para Nestor, na meia-lua, que chutou de cobertura, mas o za gueiro tirou em cima da linha. No intervalo, Ceni fez três alterações e mudou o esquema de jogo: desfez a linha de três zagueiros tirando Alan Franco e colo cando David, além de Luciano e Rafinha nas vagas de Erison e Na than, respectivamen te. Entretanto, não surtiu tanto efeito quanto esperado, e o São Paulo continuou a sofrer na segunda metade do jogo.
Muitos erros de passes de ambas as equipes marcaram a segunda eta pa, que careceu
de chances claras e teve lapsos de ofensividade são-paulina. Luciano, aos nove minutos, chutou cruzado para a defesa de Jefferson Paulino, e Michel, aos 31, chutou por cima depois de cruzamento de David. A grande chance aconteceu só nos acréscimos, mais precisamente aos 46 minutos. Depois de boa troca de passes pela direita, mais uma vez Luciano apareceu para finalizar de cabeça para grande defesa de Jefferson. Ninguém conseguiu tirar o zero do placar e a partida terminou com parte dos 28.724 são-paulinos que estavam presentes no Morumbi vaiando o time, após não sair com vantagem para o jogo de volta.
Muito antes de conquistar a Copa do Brasil em 2023, o São Paulo enfrentava um período turbulento na sua história, como fora de costume nos anos anteriores. Após dois amargos vice-campeonatos em 2022 — o do Campeonato Paulista contra o rival Palmeiras e o da Sul-Americana contra o Independiente Del Valle, do Equador —, o então técnico Rogério Ceni tinha seu cargo contestado por parte da torcida. Com a chegada de 2023 e o início de mais um Paulistão, o time de Ceni protagonizou um vexame: eliminação precoce nas quartas de finais para a modesta equipe do Água Santa.
Durante os 90 minutos, a equipe são-paulina não conseguiu furar o bloqueio adversário e o jogo terminou 0 a 0. Na disputa por pênaltis durante a série normal, Alisson, do São Paulo, e Gabriel Inocêncio, do Água Santa, desperdiçaram suas cobranças, enquanto nas cobranças alternadas Jhegson Méndez parou na defesa do goleiro Ygor Vinhas, decretando a classificação da equipe do Água Santa. O trabalho do treinador ganhou ainda mais desaprovação depois da inesperada derrota e teve sequência apenas por mais quatro jogos, quando foi demitido após derrota no Campeonato Brasileiro.
Rato sai do banco, marca e garante a classificação são-paulina
Pelo confronto de volta, o São Paulo conseguiu se sobressair ante a equipe do Ituano, mesmo atuando fora de casa, em uma vitória magra por 1 a 0, e se classificou à próxima fase da competição. Comandado pelo novo técnico Dorival Júnior — que estava livre no mercado após boa temporada no Flamengo —, o tricolor paulista teve o controle do jogo, sem sofrer sus-
tos na defesa e finalizando bem mais que o adversário, apesar da pouca efetividade que fez a torcida ficar apreensiva durante a partida. O treinador resolveu mexer bastante na equipe e escalou um time com sete alterações em relação ao primeiro jogo, desfazendo o sistema de três zagueiros de Ceni e optando por um 4-4-2, mais ofensivo e que se mostrou também mais eficiente.
Apesar do bom desempenho do time do São Paulo, as primeiras finalizações pararam em Jefferson Paulino, que mais uma vez foi um dos destaques do jogo. Pablo Maia, após cobrança de escanteio, deu um chute forte e obrigou o goleiro a fazer a primeira boa defesa. Aos 27 minutos foi a vez de Nestor finalizar de fora da área e fazer Jefferson
espalmar a bola para cima. Cinco minutos depois, Gabriel Neves achou Nestor de novo, dessa vez quase na pequena área, mas o meia foi travado pelo defensor e não conseguiu o chute. O Ituano se defendia e jogava pelo empate, tentando levar a partida para os pênaltis.
No segundo tempo, o São Paulo manteve a postura ofensiva e continuou finalizando de fora da grande área. Alisson tentou aos cinco, mas sem sucesso. A equipe insistiu e o gol veio da mesma maneira, no brilho de um jogador muito contestado até então. Alisson inverteu a bola para Wellington Rato pelo lado direito, que fez grande jogada individual. O camisa 27 cortou pra dentro, tirou dois marcadores da jogada e deu um preciso chute de fora da área, menos de dois minutos depois dele ter entrado em campo no lugar de Gabriel Neves. Em um contra-ataque são-paulino, o meia ainda teve a oportunidade de fazer o segundo e matar o jogo já nos acréscimos, mas pegou mal na bola e chutou pra fora. Mesmo com a vitória mínima, o São Paulo avançou para a próxima fase e deu esperança aos torcedores de conquistar um título importante na temporada ao se manter vivo em mais uma competição.
O confronto contra o Ituano marcou o primeiro jogo do técnico Dorival Júnior na Copa do Brasil 2023, após estrear com vitória por 3x0 no Campeonato Brasileiro contra o América-MG.
Dupla reserva brilha e São Paulo encaminha vaga contra o Sport
Durante as oitavas de final da Copa do Brasil, o São
a estrela da dupla de atacantes Luciano e Marcos Pau lo, que vieram do banco de reservas, o tricolor cons truiu uma grande vantagem para a partida de volta, que ainda teria o fator casa a favor do São Paulo.
equilibrado: o São Paulo buscava impor seu fa voritismo e propor o jogo como de costume; já o Sport pressionava a saída de bola são-paulina pro curando aproveitar a força de sua torcida, uma vez que vinha de uma sequência incrível de 17 vitó rias consecutivas jogando em casa, com 100% de aproveitamento na temporada. A pres são inicial funcionou e as melhores chances foram da equipe mandante, mas terminaram em duas defesas es petaculares do goleiro Rafael, um dos grandes destaques da partida. Logo aos 13 minutos, Fabinho aproveitou cruzamento vindo da direita do ataque e cabeceou com muita liberdade na pe quena área, mas Rafael fez uma grande defesa esbanjando seu alto reflexo. Na sobra, Luciano Juba ainda teve a opor tunidade de finalizar, mas pegou muito embaixo da bola e chutou por cima. Pouco mais de 15 minutos depois, foi a vez de Vagner Love parar na defesa de Rafael. O centroavante do Sport fez uma linda joga da individual, passou por três marcadores e bateu cruzado de perna esquerda, ainda de fora da área, mas o goleiro são-paulino esticou o braço esquerdo e salvou o Tricolor de novo, espalmando a bola para escanteio.
Já na segunda etapa, o rumo da partida mudou completamente depois da expulsão de um jogador do Sport. O volante Fabinho cometeu duas faltas e recebeu dois cartões amarelos em menos de seis minutos, sendo consequentemente expulso, o que deixou o Leão em desvantagem numérica desde os 16 minutos do segundo tempo. Dorival Júnior aproveitou a vantagem e mexeu no time, fazendo três substituições: Luciano na vaga de Rato, Marcos Paulo na de Alisson e Gabriel Neves no lugar de Michel Araújo. Com peças mais ofensivas, o São Paulo foi buscar a vitória, e assim como no jogo anterior, não foram precisos nem cinco minutos para as alterações surtirem efeito. Em enfiada de bola de Neves, Marcos Paulo deu um passe de letra sensacional para Luciano finalizar de carrinho, na saída do goleiro, e abrir o placar. Marcos Paulo brilhou e apareceu de novo ao final do jogo, tendo seu gol evitado por Sabino em cima da linha depois de um chute colocado. O atacante, contudo, não desistiu, e no lance seguinte marcou. Ele aproveitou um cruzamento de Calleri que foi mal cortado pela defesa adversária e ampliou a vitória para 2x0, deixando o São Paulo com um pé nas quartas de finais.
e uma
Paulo sofre virada, flerta com eliminação, mas avança nos pênaltis
Em um confronto no qual o São Paulo tinha tudo para ganhar e avançar com tranquilidade, o jogo contra o Sport se mostrou um dos mais complicados pro time do Morumbi em todo o mata-mata. Jogando em casa e com uma vantagem de dois gols, a equipe são-paulina começou bem e até saiu na frente no marcador, mas acabou derrotada no tempo normal por 3 a 1. Entretanto, com o placar agregado empatado, a equipe saiu vitoriosa depois da disputa de pênaltis, e avançou assim para as quartas de finais.
A partida começou tranquila e controlada pelo São Paulo, que neutralizou as tentativas de ataque do time pernambucano e criou as melhores oportunidades. Caio Paulista em chute cruzado, Alisson de cabeça e Calleri de perna canhota obrigaram o goleiro Renan a fazer três boas defesas para evitar o gol são-paulino ainda antes do minuto 25. Pouco tempo depois, porém, Michel Araújo tirou o zero do placar em uma jogada maravilhosa. O uruguaio tocou a bola para Lu-
ciano, que devolveu de primeira de calcanhar, Michel então conduziu no meio de três jogadores e deu um lindo corte deixando o zagueiro adversário no chão, ficou de frente pro gol e deu uma cavadinha perfeita na saída do goleiro, golaço! Depois de abrir o placar, o São Paulo diminuiu a intensidade e viu o Sport chegar com mais perigo ao seu gol. No final do primeiro tempo, depois de cobrança de escanteio afastada pela zaga tricolor, Felipinho chutou de fora da área e Rafael espalmou, mas permitiu Cassiano pegar o rebote e empatar o jogo.
No segundo tempo, domínio da equipe visitante. Rafael fez linda defesa em cobrança de falta de Luciano Juba, mas no lance seguinte não conseguiu evitar o gol. Logo aos sete minutos, o time do Sport chegou à virada em um cabeceio de Sabino, que antecipou os zagueiros adversários na pequena área em cobrança de escanteio e testou pro gol. O jogo seguiu morno e sem grandes chances de ambos os lados, com maior posse de bola pro time do São Paulo. Porém, aos 49 minutos — no quarto minuto de acréscimo —, praticamente no último lance, Sabino, em mais uma cobrança de escanteio, subiu sozinho na primeira trave e, em um cabeceio cruzado, deixou tudo igual no agregado, 3 a 3. O gol de empate no final da partida jogou toda a pressão pra cima da equipe são-paulina, que teria os pênaltis pela frente pela primeira vez na competição.
Nas penalidades, porém, o Tricolor não sentiu a pressão e teve 100% de eficiência. Wellington Rato, Calleri, Rafinha e Beraldo converteram suas cobranças, sem dar chances pro goleiro adversário. Na segunda cobrança do Sport, Rafael acertou o canto e defendeu o chute de Luciano Juba, conquistando vantagem na disputa. Na última penalidade são-paulina, o “Made in Cotia” Pablo Maia cobrou com maestria, chutando no ângulo e garantindo a classificação às quartas de finais, para o alívio de quase 50 mil torcedores que estavam presentes naquela noite no Morumbi.
Otécnico Dorival Júnior chegou ao São Paulo em um cenário conturbado, no qual o time vinha de uma sequência ruim de resultados e desempenho. O treinador, porém, chegou e pôs ordem na casa, apesar de não ter feito grandes mudanças táticas, a troca de técnico deu um novo ar à equipe são-paulina.
O São Paulo, no papel, jogava em um 4-2-3-1, com dois volantes à frente da zaga, dois meias abertos, um armador e um centroavante. A escalação considerada titular tinha: Rafael no gol; Rafinha, Arboleda, Beraldo e Caio Paulista na defesa; Pablo Maia e Alisson pelo meio; Rato, Nestor e Lucas (ou Luciano) formando a linha de três ofensiva; e Calleri no comando do ataque. Na prática, o esquema era outro, principalmente quando tinha a posse, se posicionando em um 3-2-4-1. Rafinha voltava à zaga, ficando ao lado dos zagueiros para ajudar na saída de bola, enquanto Caio Paulista subia mais para o ataque e se juntava à linha de três ofensiva, jogando rente à linha lateral. Wellington Rato ficava aberto na direita, dando amplitude ao time e bus-
cando espaçar a defesa adversária. Pablo Maia também ajudava na saída de bola, enquanto Alisson auxiliava mais na criação das jogadas, com passes para quebrar linhas de marcação ou explorando espaços nas costas da defesa. Nestor aparecia mais por dentro (liberando o corredor esquerdo para Caio), onde estava mais acostumado a jogar, e Lucas tinha liberdade para se movimentar onde aparecesse o espaço. Calleri ficava entre os zagueiros adversários, procurando fazer o pivô ou ganhar as bolas pelo alto com seu ótimo posicionamento.
A equipe tinha algumas variações eficazes de jogadas e estratégias para furar o bloqueio adversário. O time aproveitava os jogadores com bom passe como Pablo, Alisson, Lucas e Nestor e construía bastante com toques curtos por dentro, fazendo tabelas para atrair a marcação inimiga. Outra arma poderosa eram as inversões de jogo e lançamentos, para os quais também tinha excelentes atletas, como Rafinha, Rato e Beraldo. Com a amplitude criada pelos alas Caio Paulista e Rato bem abertos, o plano era
concentrar jogadores de um só lado do campo e virar o jogo, deixando frequentemente seu companheiro em uma situação de “um contra um”. O ponto fraco da equipe era a falta de velocidade nos ataques, que se devia principalmente por não ter muitos jogadores com essa característica no elenco, com exceção de Lucas Moura.
Posicionamento defensivo
Para se defender, o tricolor variava muito de acordo com seu adversário. Na teoria se organizava em 4-4-2 com Lucas ficando ao lado de Calleri, mas o desenho não era necessariamente esse. Em situações de busca pelo resultado e ainda mais quando jogava no Morumbi, o time marcava em bloco alto, pressionando a saída
54 jogos (25V, 13E, 16D)
54.3% de aproveitamento 64 gols marcados
46 gols sofridos
59.8% posse de bola média
26 jogos sem sofrer gols
Fonte: SofaScore
de bola rival. Quando enfrentava equipes mais qualificadas ou ofensivas, marcava em bloco médio, deixando o zagueiro adversário com a bola e fechando os espaços. Em ocasiões mais raras, adotava a marcação individual, pressionando desde o campo ofensivo. triunfo | 13
Rafinha marca no fim e São Paulo vence o primeiro clássico
Assim como em 2022, o grande clássico Choque-Rei, disputado entre São Paulo e Palmeiras, foi sorteado na Copa do Brasil. Diferente daquele ano, os rivais paulistas agora se enfrentariam nas quartas de finais, mais uma vez com a partida de ida sendo no Morumbi. Coincidentemente, o placar também se repetiu a favor do tricolor paulista, 1x0, com um belíssimo gol de seu capitão e referência, Rafinha. A equipe contou com o apoio de 54.593 torcedores que cantaram até o fim da partida.
Tal qual um clássico e o histórico recente do confronto, o jogo começou truncado e com poucas oportunidades para ambos os lados. O São Paulo tinha mais posse de bola, porém pouco objetiva nos primeiros minutos. A equipe alviverde foi a campo com uma escalação mais conservadora, usando uma linha de cinco defensores e buscando explorar os contra-ataques e as bolas paradas. A primeira grande chance do jogo foi são-paulina, aos 32 minutos, em um lindo
lançamento de Arboleda para Calleri. O atacante dominou no peito e deu um lindo chapéu em Weverton, mas finalizou mal e mandou para fora, praticamente com o gol todo aberto. No entanto, o lance agitou a torcida no Morumbi e fez o jogo ficar ainda mais intenso. O Palmeiras respondeu e chegou, sem muito perigo, em um contra-ataque na velocidade de Endrick. O jovem atacante arrancou em velocidade, mas foi desarmado por Arboleda, que mandou para a linha de fundo. No escanteio, Richard Rios deu um chute de fora da área que passou rente à trave. No intervalo, Dorival Júnior foi obrigado a substituir seus principais jogadores de ataque devido a lesões. Calleri, que já era dúvida pro jogo por dores nas costas, e Luciano, que sentiu a panturrilha, não voltaram ao gramado.
Logo no início do segundo tempo, o São Paulo levou perigo ao gol de Weverton mais uma vez. Caio Paulista arrancou pelo lado esquerdo do ataque, invadiu a área, mas finalizou mal e mandou longe, desperdiçando mais uma boa oportunidade de gol. O Tricolor se mostrava ligado e buscava a vitória, sendo empurrado pela sua torcida, mas não conseguia transformar a posse de bola e as chances criadas em gols. O Palmeiras, enquanto isso, estava satisfeito com o empate fora de casa e não se arriscava tanto. Aos 34 minutos, David, do Tricolor, cruzou para Juan, que dividiu de carrinho com o defen -
sor palmeirense e tocou para Wellington Rato. O meia estava sem marcação e de frente pro gol, com o goleiro alviverde já fora do lance, mas ele chutou rasteiro, sem força, e a finalização foi bloqueada em cima da linha pelo zagueiro Murilo. No lance seguinte, porém, não deu pra evitar o gol são-paulino. Weverton afas -
tou um cruzamento de soco e a bola sobrou para Rato, que deu um passe para um lindo chute de Rafinha, de fora da área. O lateral contou também com a sorte de um desvio do zagueiro Luan, fazendo a bola entrar no ângulo. O gol marcado pelo capitão do São Paulo foi o primeiro e único dele na temporada e não poderia ter acontecido em um momento mais importante. O Soberano fez o dever de casa, ainda que pelo placar mínimo, venceu o jogo e levou uma importante vantagem pro jogo da volta.
Na decisão do confronto mais aguardado das quartas de finais da Copa do Brasil, o São Paulo triunfou mais uma vez contra seu arquirrival Palmeiras, vencendo a partida de virada pelo placar de 2x1 em pleno Allianz Parque. A classificação tricolor se repetiu como em 2022, ao eliminar o Palmeiras da Copa do Brasil em sua própria casa, diante de um estádio lotado apenas de sua torcida — visto que os clássicos paulistas não permitem a presença da torcida do time visitante desde 2016.
O jogo começou com grande pressão da equipe palmeirense, que buscava correr atrás da desvantagem que herdou da partida de ida. Em duas oportunidades, Rony levou perigo à meta são-paulina: primeiro em um desvio de cabeça para fora, depois de levantamento feito em uma cobrança de falta; e depois em um chute colocado de fora da área, defendido pelo goleiro Rafael. O São Paulo tentava explorar os contra-ataques e conseguiu boa jogada pela esquerda com Caio Paulista, que finalizou para
boa defesa de Weverton. Logo depois, com pouco mais de meia hora de jogo, o Palmeiras chegou ao gol em um lance que nem parecia que levaria perigo. Depois de uma troca de passes no meio campo, Piquerez recebeu passe de Raphael Veiga na lateral, e com liberdade fez o cruzamento pra área. De propósito ou não, o cruzamento saiu fechado demais, surpreendendo Rafael que até chegou a tocar na bola, mas não evitou o gol adversário.
Na segunda etapa, o São Paulo voltou ligado e empatou logo no início.
Wellington Rato levantou a bola na área ofensiva, a defesa palmeirense afastou mal e Luciano dominou na ponta da grande área. O atacante tocou para Caio Paulista na entrada da área, que driblou o marcador e bateu por entre as pernas de Weverton,
empatando o jogo para o São Paulo. A partir daí, o time de Dorival Júnior passou a controlar a partida e até chegou a virar o jogo aos 18 minutos. Em cobrança de falta, Calleri ganhou de cabeça e marcou, mas o gol foi anulado por uma suposta falta de Diego Costa no defensor palmeirense.
O árbitro Anderson Daronco ainda foi chamado à cabine do VAR (árbitro de vídeo), mas manteve a sua decisão de campo, que gerou muita revolta são-paulina. Após isso, os mandantes tiveram mais a posse e tentavam chegar ao empate no agregado, mas sem conseguir criar nenhuma oportunidade clara de gol. Já na parte final do jogo, o São Paulo conseguiu fazer o gol que decretou sua classificação. Em um lançamento para o ataque, David ganhou no alto e tocou de cabeça para Juan, que escorou e devolveu
pra David sair sozinho na cara do gol. O atacante conduziu, deixou o zagueiro sentado no chão e chutou rasteiro, na saída do goleiro para virar o jogo.
Com o resultado, o São Paulo chegou a sua segunda semifinal seguida de Copa do Brasil e esperaria o vencedor do confronto entre Corinthians e América-MG. Além disso, o Tricolor eliminou pela segunda vez consecutiva o rival alviverde e aumentou sua vantagem em mata-matas contra ele em toda a história, sendo essa sua 16ª classificação contra apenas 5 do Palmeiras.
para a partida, que não conseguiu entrar em campo pois tinha perdido seu pai no dia anterior. Na comemoração do gol, Caio Paulista homenageou o companheiro de time ao mostrar sua camisa.
“ “ É tão bom ver esses caras calados aí p#rr@!”
- Luciano, sobre a torcida do Palmeiras após o segundo gol do São Paulo.
Jogador chegou a ter pensamentos suicidas antes de virar peça fundamental do título
ou apenas Alisson, é natural de Minas Gerais e iniciou sua carreira de jogador de futebol na equipe do Cruzeiro, onde passou grande parte da sua carreira e obteve destaque. No clube mineiro, conquistou um Campeonato Mineiro (2014), dois Campeonatos Brasileiros (2013 e 2014) e uma Copa do Brasil (2017), sendo importante principalmente nessa última conquista. Sua passagem foi marcada por lesões, sobretudo nos anos de 2014 e 2015, que limitaram sua participação na maioria dos jogos. Em 2018, se transferiu para o Grêmio, no qual virou peça importante mesmo que não fosse titular sempre. Foi importante na campanha da Libertadores do time gaúcho, que terminou na semifinal, e manteve um bom desempenho
nos anos seguintes, tornando o Grêmio o clube que mais vestiu a camisa na carreira. Depois de um ano ruim no rebaixamento gremista em 2021, foi anunciado pelo São Paulo como novo reforço para 2022.
Ida ao São Paulo
Alisson teve um começo promissor no tricolor paulista, sendo titular em 11 dos 16 jogos do Campeonato Paulista e marcando gol na semifinal contra o Corinthians. Entretanto, mais uma vez sofreu com lesões: uma entorse no joelho em junho, que o afastou por dois meses, e uma lesão na coxa que o tirou das últimas oito rodadas do Campeonato Brasileiro. Seu desempenho não foi como o esperado, e o meia era frequentemente criticado pela torcida são-paulina. Com a chegada de 2023, Alisson ficou afastado por quase dois meses por questões pessoais. Posteriormente, revelou que enfrentou um período de depressão, em uma entrevista à ESPN. Depois de perder a fi -
nal da Sul-Americana e com sua lesão na coxa, Alisson se cobrou muito para se recuperar e estar bem, o que afetou sua saúde mental. Depois de um amistoso na pré-temporada, ligou para Rui Costa — diretor de futebol do São Paulo — e disse que não queria mais jogar futebol. O jogador enfrentou algumas crises de ansiedade e não conseguia sequer ver nada relacionado a futebol, inclusive seu próprio filho jogar. Ele contou com o apoio da psicóloga do clube e de sua esposa, mas passava todos os dias sem querer sair do quarto. Em um certo dia, Alisson ligou para um companheiro do clube pedindo ajuda, pois estava querendo tirar a própria vida. “Três companheiros me ajudaram, o Rafinha, o Luan e o Luciano. O Luciano foi junto com meu empresário e com o Mayke do Palmeiras até o lugar onde eu estava e não deixaram fazer o que eu estava pretendendo”. Ele afirmou que o principal fator para vencer essas dificuldades foi ter aceitado ajuda, porque era uma pessoa muito fechada e que guardava tudo pra si.
“ “
Se não fossem as pessoas que me amam, eu teria feito algo de errado”
Superado esse episódio, Alisson teve a virada de chave no São Paulo em julho, na partida de volta contra o Palmeiras na Copa do Brasil. Na ocasião, Dorival Júnior o escalou como um segundo volante — devido à ausência de Pablo Maia —, posição essa muito mais defensiva que a que normalmente fez durante sua carreira. A partir desse jogo, começou a ter ótimas atuações e não largou mais essa nova função, formando uma ótima dupla com Pablo Maia. Ele se tornou o “motorzinho” do time e caiu nas graças da torcida, sendo crucial no título do tricolor do Morumbi.
Nome: Alisson Euler de Freitas Castro
Nascimento: 25/06/1993
Posição: Meia central, Meia atacante
Altura: 1,74m
Pé: Direito
Jogos na carreira: 482
Gols: 53
Assistências: 56
Fonte: Transfermarkt (04/11/2024)
São Paulo vê rival largar na frente por vaga na final e segue sem vencer em Itaquera
OSão Paulo saiu em desvantagem pela primeira vez nesta edição da competição e teria que contar, mais do que nunca, com a força de sua torcida no Morumbi para reverter o placar. As semifinais da Copa do Brasil reservaram mais um clássico para o tricolor, dessa vez, contra o Corinthians. A partida de ida foi disputada na Neo Química Arena — estádio no qual o São Paulo nunca havia vencido —, e o resultado foi mais uma vitória para os mandantes, dessa vez por 2x1.
Nos primeiros 45 minutos, o jogo teve pouca emoção. Os times tiveram a cautela que um clássico de mata-mata pede e a partida começou muito estudada, com poucas chances de gol e muita troca de passes, sem se arriscarem demais. Os lances de maior perigo vieram em chutes de fora da área: primeiro Renato Augusto para o lado do Corinthians, que obrigou Rafael a fazer boa defesa aos 32 minutos, em um chute no qual a bola quicou antes da pequena área e dificultou a defesa; depois, Pablo Maia para o lado do São Paulo, que chutou forte e a bola passou perto da trave direita de Cássio, aos 41 da primeira etapa. Ainda no primeiro tempo, o tricolor perdeu Calleri, sua grande referência ofensiva, que pediu substituição ao sentir dores na coxa direita e desfalcou a equipe na segunda parte do jogo.
Se o primeiro tempo foi bem calmo e parado, o segundo teve seu cenário completamente diferente, com três gols. Com pouco mais de dois
minutos, Renato Augusto abriu o placar para a equipe alvinegra. Em jogada pela direita, Maycon pegou o rebote de um chute que bateu na defesa do São Paulo, e, de costas pro gol, rolou para Renato, que arriscou da entrada da área e balançou as redes de Rafael, inaugurando o marcador. O chute teve desvio em Alisson e parou lá no cantinho direito do goleiro. Porém, pouco tempo depois veio a reação tricolor. Juan — que havia entrado na vaga de Calleri — fez o pivô e tocou para Luciano, na entrada da área. O camisa dez são-paulino chutou e acertou a trave, mas contou com a sorte de um desvio no pé direito de Cássio que mandou a bola para as redes: jogo empatado! Na comemoração, Luciano deu uma voadora na bandeirinha de escanteio — que possuía o escudo corintiano — e foi em direção à torcida, causando muita revolta dos torcedores, jogadores e até da comissão técnica. Pela “provocação”, Luciano recebeu um cartão amarelo que o tiraria do jogo da volta. O fato gerou grande repercussão nas redes sociais e também entre os jogadores, já que o Luciano costuma ser um jogador polêmico. O jogo continuou equilibrado e com raras oportunidades de gol, com leve superioridade são-paulina. Entretanto, o Corinthians aproveitou uma falha defensiva e foi mais eficiente. Aos 35 minutos, Murillo fez um lindo lançamento para Renato Augusto nas costas de Caio Paulista, que aproveitou o erro do lateral esquerdo e colocou seu time à frente do placar novamente.
Com a derrota, o São Paulo continuou sem vencer no estádio rival e, mais do que nunca, teria agora que contar com a força de sua torcida no Morumbi para reverter, pela primeira vez, o placar agregado na competição.
DECISIVO! Luciano em
Com show de Lucas e golaço de Rato, São Paulo vence e vai à final
OSão Paulo se classificou, pela segunda vez em sua história, para a final da Copa do Brasil, após reverter o placar agregado contra a equipe do Corinthians em vitória por 2x0 no Morumbi. Antes mesmo da partida começar, o São Paulo já contava com dois fatores favoráveis. A torcida são-paulina fez uma enorme festa na chegada do ônibus tricolor ao estádio, com queima de fogos e bandeiras, cantando o tempo todo para incentivar os jogadores. Além disso, no intervalo de três semanas entre as partidas de ida e volta, o São Paulo repatriou Lucas Moura, jogador fundamental para a classificação — ainda mais pela suspensão de Luciano.
O primeiro tempo foi de domínio total são-paulino, suficiente para reverter a desvantagem do jogo em Itaquera. Logo aos 12 minutos, Wellington Rato fez jogada pela direita, cruzou para Calleri, mas o argentino não pegou em cheio na bola e Cássio fez a defesa. No mesmo lance, porém, o goleiro corintiano saiu errado, Pablo Maia recuperou a bola e tocou novamente para Rato. O camisa 27 conduziu, cortou para a perna esquerda e de fora da área mandou na gaveta, sem chance de defesa. O São Paulo continuou a pressionar e aos 31 minutos ampliou o placar. Em lance que começou com Nestor pela
esquerda, Lucas recebeu na entrada da área e levantou para Rato, que tocou de cabeça pra pequena área. Lucas se projetou nas costas de Gil e apareceu sozinho pra completar pro gol, o seu primeiro em sua volta ao Morumbi. Ainda na primeira etapa, Lucas fez mais uma linda jogada, tabelando com Nestor e driblando os zagueiros, mas seu chute parou na defesa de Cássio.
Na segunda etapa, o time são-paulino continuou melhor que o Corinthians até os 30 minutos. Calleri finalizou duas vezes: de cabeça, sem muito perigo; e de letra, defendida por Cássio — nessa ainda foi marcado impedimento. A grande chance tricolor foi desperdiçada por Rato, que recebeu livre dentro da área
e de frente pro gol, mas chutou muito forte e mandou por cima. Aos 36 minutos, o camisa dez corintiano, Matías Rojas, arriscou um chute de longe que iria no ângulo direito do gol, mas Rafael voou na bola e fez uma defesa espetacular. Giuliano também teve tudo pra empatar, mas chutou pra fora depois de cruzamento de Renato Augusto. No último lance do jogo, em bola levantada na área do São Paulo, Renato es -
corou de cabeça e novamente Giuliano teve a bola do empate, mas parou em mais uma defesa monumental do goleiro Rafael — novamente foi assinalado o impedimento, mas se saísse o gol, certamente o lance seria revisado pelo VAR. Classificado, o São Paulo agora iria enfrentar o elenco mais valioso da América do Sul e até então atual campeão da própria Copa do Brasil, o Flamengo, ex-clube de Dorival Júnior.
Estatísticas de Lucas no jogo:
90 minutos jogados
1 gol
2 passes decisivos
79% de acerto nos passes
4 faltas sofridas
1 desarme
Fonte: SofaScore
O retorno de um ídolo no momento certo
Torcedor conta como foi ver primeiro grande título e a importância da torcida para conquista
Aequipe do São Paulo, antes da competição começar e até durante ela, nunca foi vista como grande candidata ao título, principalmente pela fase que vinham enfrentando e por nunca terem conquistado esse troféu, além de também não possuírem o melhor elenco e grandes investimentos. Entretanto, havia um fator que entraria em cena e mudaria totalmente esse cenário: a presença e apoio de sua torcida. Leonardo Rocha, de 18 anos, é torcedor do São Paulo desde pequeno e acompanhou de perto a conquista inédita. “Sempre fui são-paulino. Meu pai também é, meus tios, avós, amigos, e também moro há um ou dois quilômetros do estádio. Nunca nem passou pela minha cabeça torcer pra outro time”, conta. Ele frequenta o Morum -
bi desde quando tinha cinco anos, e atualmente vai aos jogos uma vez por mês, acompanhado de seu pai, Glauco, e de seu irmão, Daniel. Leonardo faz parte de uma geração de torcedores são-paulinos que não viu as grandes glórias do clube, como o início da década de 90 e principalmente o período entre 2005-2008, e justamente por isso o título da Copa do Brasil passou a ter ainda mais importância e significado. “Quando criança a gente sempre ouvia ‘São Paulo único tricampeão mundial’, mas a gente não via isso, era uma diferença muito grande. Todos esses anos de sofrimento, depois da Sul-Americana de 2012, criaram um contexto que foi acumulando uma angústia pra essa geração, que foi liberada na Copa do Brasil”, explica.
Ele compartilha um pouco como foram as experiências que viveu durante os jogos de volta da semifinal e da final. “Eu e meu irmão não tínhamos ingresso pro jogo da semifinal, infelizmente não conseguimos, mas fomos na recepção do ônibus antes da partida”. A princípio, a ideia deles era sair da escola, recepcionar o time antes do jogo e ir para casa assistir pela televisão, mas eles não contavam com tamanha festa da torcida são-paulina. “Até tentamos ir pra casa, mas tava a cidade inteira lá, tinha muito mais gente sem ingresso além de nós que foi só para a recepção”, conta Leonardo. A solução então foi parar em um bar próximo para assistir ao jogo — que também estava lotado — e só depois retornar para casa. “Nem dava para ver a televisão direito, de tanta gente que tinha na rua. Estava uma atmosfera absurda, nunca vi nada igual na minha vida”, continua.
Final
No jogo da final, no Morumbi, o roteiro foi ainda mais emocionante para Leonardo. Mais uma vez, ele e seu irmão não conseguiram ingressos a tempo e ficariam de fora do jogo mais importante de suas vidas, até que chegou o grande dia. “Mal consegui dormir na noite anterior, estava muito ansioso e só conseguia pensar no jogo. Foi quando de manhã, meu amigo me liga e pergunta se eu queria ir no jogo, na hora eu nem acreditei”, relata. Seu amigo, Dudu, tinha um parente com cadeira cativa no estádio que não iria conseguir ir naquele dia, então ele convidou Leonardo para ir. “Chegando lá, estava a maior loucura, não tem nem como descrever. Era um mar de gente, como uma onda, você conseguia sentir a energia, era contagiante”. O que ele estava presenciando pode ser definido pelo conceito de egrégora, que nada mais é do que a força espiritual formada a partir das soma de energias mentais, físicas e emocionais de duas ou mais pessoas, comum entre grandes torcidas de futebol. Leonardo ficou posicionado em um lugar onde conseguiu ver perfeitamente o gol do São Paulo, que ficou “tatuado” em sua memória. “O
Atmosfera do Morumbi na entrada das equipes na final
“ “
Foi a torcida quem ganhou o título pro São Paulo”
chute tinha a direção perfeita, deu pra ver a curvatura da bola, ela passou no meio de todo mundo e foi na bochecha do gol”. O melhor momento para ele, entretanto, ainda estava por vir com o apito final do árbitro, quando não conteve a emoção. “Foi o momento na minha vida inteira que mais senti alívio, comecei a chorar. Tive a oportunidade de sentir uma emoção que estava há muito tempo entalada. É uma sensação muito diferente”, descreve. A torcida tricolor, composta por milhares de “Leonardos” que viram pela primeira vez a conquista de um título importante, foi crucial para o triunfo do time. “A torcida não foi só muito importante, foi ela quem ganhou o título pro São Paulo”, afirma Leonardo. Ele explica que isso fica ainda mais visível se for analisada a campanha em jogos fora de casa no Brasileirão daquele ano. “É só ver a quantidade de jogos que o São Paulo ficou sem vencer no Brasileirão, no qual só foi ganhar na penúltima rodada. Isso prova a força da torcida, que foi fundamental pro título”, conclui.
Calleri desencanta e São Paulo abre vantagem na final em pleno Maracanã
Aprimeira metade da decisão foi disputada no Maracanã, com grande festa da torcida do Flamengo, mas foi o tricolor quem saiu na frente, vencendo por 1x0 com gol de Jonathan Calleri. O São Paulo garantiu um ótimo resultado para a partida de volta, que contaria com a força de sua torcida no Morumbi, mais uma vez, como fator determinante.
Tanto o elenco recheado de craques quanto a grande festa da torcida rubro-negra não foram capazes de evitar o triunfo são-paulino em pleno Maracanã, com grande domínio principalmente no primeiro tempo. O fator responsável por isso foi o controle tricolor do meio de campo, que trocou passes
com mais facilidade e teve 60% da posse de bola. As primeiras chances também foram criadas pelo São Paulo, concentradas pelo lado esquerdo de ataque. Aos 12 minutos, Nestor cruzou para Calleri, que finalizou de carrinho pra defesa de Matheus Cunha. O Flamengo respondeu aos 36, em uma arrancada de Gerson que tocou para Bruno Henrique já dentro da área, mas
o atacante flamenguista cruzou fraco e Beraldo conseguiu fazer o corte. Pouco tempo depois, mais um cruzamento de Nestor pelo lado esquerdo, mas nem Calleri nem Rato conseguiram alcançar a bola. De tanto insistir, o gol veio. O São Paulo aproveitou a marcação alta do adversário e Wellington Rato inverteu o jogo para Caio Paulista, que aproveitou a defesa desarrumada, disparou em velocidade e fez o passe para Nestor. Dessa vez, um cruzamento tão perfeito que até enganou o goleiro rubro-negro, que ficou no meio do caminho, e deixou o gol livre para o cabeceio de Calleri. O camisa nove apareceu no lugar e na hora certa e marcou o primeiro gol dele na competição, abrindo o placar na final.
Já na segunda etapa, o São Paulo diminuiu o ritmo e permitiu que o Flamengo tivesse mais a bola, também por sua alteração feita no intervalo. Um pouco antes dos dez minutos, Éverton Ribeiro — que entrou na vaga de Victor Hugo — fez boa jogada e cruzou para Pedro finalizar de cabeça, mas Beraldo cortou em cima da linha. No lance seguinte, Alisson finalizou de fora da área e quase ampliou a vantagem, mas a bola foi à esquerda do gol de Matheus Cunha. O São Paulo se defendia bem e tentava encaixar um contra-ataque, enquanto o Flamengo atacava mas esbarrava em muitos erros técnicos e em sua desorganização ofensiva. Depois de uma sequência de chutes de fora da área sem muito perigo para Rafael, a equipe flamenguista se aproveitou de um erro de Gabi Neves e quase empatou com Cebolinha.
O atacante escapou pela esquerda e tentou cruzar, mas foi travado por Arboleda. No rebote, pegou mal de pé esquerdo e chutou por cima da meta são-paulina.
Com o apito final do árbitro, jogadores do São Paulo se atiraram no chão por tamanho cansaço e intensidade da partida, e foram recompensados com a vitória. A equipe estava mais perto do que nunca do título inédito, separados apenas por 90 minutos que seriam disputados no Morumbi.
O elenco tricolor se mostrou muito unido e focado para triunfar sobre a equipe rubro negra no Maracanã
A partida contra o Flamengo foi caracterizada por muita luta, entrega e suor dos jogadores são-paulinos, que se doaram em campo, abriram a vantagem no primeiro tempo e correram o dobro na segunda etapa para evitar o empate
Nestor faz golaço, São Paulo empata e é
Ojogo mais importante nos últimos anos da história são-paulina terminou da maneira mais feliz pro Tricolor. Com gol marcado por Rodrigo Nestor, o São Paulo empatou em 1x1 com o Flamengo e se sagrou campeão pelo agregado de 2x1. Em um Morumbi completamente lotado e em um clima digno de final, o Soberano se tornou o primeiro clube brasileiro a ser “campeão de tudo” e voltou a conquistar um troféu nacional 15 anos depois do Brasileirão de 2008.
O jogo começou muito agitado e com superioridade do Flamengo, que criou a primeira chance com menos de um minuto. Pedro saiu na cara do gol depois de passe de cabeça de Gerson, mas Rafael saiu bem da meta e fez a primeira defesa do jogo. Com pouco menos de dez minutos, uma notícia preocupante pro São Paulo: Arboleda, referência na zaga são-paulina, sentiu e teve que ser substituído por Diego Costa. O Flamengo continuou atacando e, aos 18 minutos, Ayrton Lucas lançou para Gerson, que deu um drible em Beraldo e chutou cruzado, mas parou novamente em grande defesa de Rafael. A partir dos 20 minutos, o São Paulo se acalmou, superou o nervosismo inicial e conseguiu equilibrar o jogo e atacar com perigo. Wellington Rato tabelou com Nestor pela direita e chutou forte de canhota, a bola passou rente
ao travessão de Rossi, mas foi pra fora. No lance seguinte, em bola alçada na área, Lucas deu um lindo chute de bicicleta que passou muito perto da trave, assustando o goleiro. Sem converter suas chances em gol, o São Paulo viu o Flamengo abrir o placar com Bruno Henrique, aos 44 minutos. Erick Pulgar invadiu a área com liberdade e chutou cruzado, obrigando Rafael a fazer a defesa e mandar na trave, que pra sorte do Flamengo, rebateu em Bruno Henrique e foi para as redes. No entanto, o São Paulo reagiu rápido. No quarto minuto de acréscimo, Rato cobrou falta em direção à área e Rossi saiu de soco para afastar. O goleiro, porém, mandou para a entrada da área, onde estava Nestor, que ajeitou o corpo e deu um lindo chute de primeira, fazendo um golaço pra empatar o jogo. O cria da base — que durante alguns anos sofreu com muitas críticas da torcida — não conteve a emoção e foi às lágrimas na comemoração.
No segundo tempo, assim como no Maracanã, o Flamengo foi pra cima e o São Paulo soube se defender. O rubro-negro se aproveitou do desgaste dos jogadores do São Paulo e criou chances com Gerson e Arrascaeta, mas que não tiveram muito perigo. O técnico do Flamengo, Jorge Sampaoli, fez alterações ofensivas, colocando Luiz Araújo e Gabriel Barbosa, enquanto Dorival Júnior foi obrigado a substituir Caio Paulista por cansaço e Alisson que já estava amarelado. Com a partida caminhando pro
fim, Luciano teve a chance de matar o jogo depois de linda jogada de Michel Araújo e de Lucas, mas chutou pra fora. Já nos acréscimos, Ayrton Lucas quase empatou o agregado, porém mais uma vez brilhou a estrela de Rafael para fazer a defesa.
Ao soar o apito final, o São Paulo finalmente conquistou o título inédito da Copa do Brasil,
para consagrar uma campanha histórica e marcante, e para os mais de 60 mil torcedores no Morumbi e os 20 milhões de são-paulinos espalhados pelo país soltarem o grito que estava entalado há tempo:
“ “
Não falta mais NADA na galeria tricolor!”
- Jorge Iggor, durante sua narração na partida, após o árbitro apitar e encerrar o jogo.
x Flamengo campeão