Laços

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para o interior do interior do fim do mundo, chamado “Passeio dos Três”. O lugarejo era tão pequeno que poucos haviam ouvido falar. Diziam que quem ali vivia era pela infelicidade de ali ter nascido, ou porque queria se esconder. Rafinha tinha outro propósito, além de esconder-se, dar um tempo às picaretagens; gostaria de herdar o tantinho de terra da vovó; criar seus meninos longe dos malandros da cidade grande e aos cuidados da experiente velhinha. O carro verde-oliva estacionou em frente à casinha de madeira, nada muito luxuosa, mas jeitosinha. De cara, Rafinha vira a possibilidade de melhorá-la, certo de que a “avó”, depois de tanto tempo afastada do saudoso “netinho”, não lhe negaria nada. Bateu na porta com certa insistência. A velha atravessou a sala com firmeza nas pernas. Em nada lembrava a senhorinha frágil que choramingava no programa da tarde à procura do netinho... Para depois descansar em paz. Quando ela abriu a porta, deparou-se com Rafinha, Janice e o par de gêmeos. O homem grande, forte, quase o dobro de seu tamanho, trouxe-lhes as boas vindas, sorriu e exclamou. - Vovó! Sou Joca. - Você!? Dona Iracema olhou de alto a baixo o casal que se apresentava como seus parentes e viu que daquele mato poderia sair coelho. A chácara que, num futuro breve, Joca herdaria, precisava de vários reparos, o que, de cara, ele prontificou-se a fazer. Aos olhos do “neto”, a velha se mostrava cansada e abatida, por isso deveria passar a maior parte do dia descansando.

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