TCC Versão 1

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Apresentação

01. 02. 03. 04. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17.

Agradecimentos

Sumário

Introdução

Delimitação do objeto de Estudo

Justificativa e Relevância

Objetivos Geral

Específico

Metodologia

Introdução a Educação Integral

Educação integral no brasil e Anísio Teixeira

Geografia de oportunidades educacionais

“Territórios educacionais”

Arquitetura e espaço de aprendizagem

Contextualização da Cidade/Bairro

Pesquisa de campo

Questionário

Coleta de dados

Resultados

Estudo de caso

Ginásio Olímpico do Caju

Ginásio de Esportes do Col. São Luís a definir

Recomendações Técnicas para edifícios escolares

Recomendações Gerais

Recomendações específicas

Conclusão

Proposta

Contexto

Conceito

Localização e Terreno

Programa de Necessidades

Fluxograma preliminar

Introdução e Formulação do Problema

O debate acerca da educação integral tem ganhado força nos últimos anos, especialmente a partir da adesão das escolas municipais ao Programa Mais Educação, do Governo Federal, criado em 2007, com o objetivo de implementar a educação integral por meio do apoio a atividades socioeducativas no contraturno escolar.

Segundo Teixeira (1959), o conceito do termo educação integral, é entendida como uma formação escolar emancipadora de indivíduos e nação, na qual a percepção se estende para além do tempo escolar em jornada ampliada. Essa abordagem visa não apenas o desenvolvimento acadêmico, mas também o cultural, físico e emocional dos alunos, promovendo uma visão integrada da educação. Ela busca integrar saberes e práticas que preparem os estudantes para a complexidade da vida contemporânea.

A criação de territórios educacionais (GOMES at all, 2022) visa fomentar a educação integral ao integrar os espaços escolares com recursos públicos, como centros comunitários, bibliotecas, praças, parques, museus e cinemas. Essa iniciativa busca expandir os locais de aprendizagem para além dos muros das escolas, reconhecendo que a educação integral deve englobar diversas instâncias educativas e se conectar com a vida urbana. Paralelamente, é importante repensar e remodelar os ambientes dentro das escolas, buscando “desenclausurar” os estudantes. Isso implica em aproveitar os espaços abertos para atividades pedagógicas e adaptar os espaços internos de maneira a promover uma compreensão mais ampla da educação.

“O termo ‘educação integral’ é usado para descrever um modelo educacional que busca abordar as necessidades de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos de forma holística, integrando não apenas o conhecimento acadêmico, mas também aspectos emocionais, sociais, culturais e físicos. Ele se baseia na premissa de que a educação deve preparar os alunos para serem cidadãos completos e participativos na sociedade.”

(UNESCO, 2016)

O psicólogo suíço Édouard Claparède (NOVA ESCOLA, 2008), expoente no movimento Escola Nova, defendia que o pensamento, como atividade biológica do organismo humano, era acionado em situações em que fosse impossível simplesmente agir por reflexo. Diante desta perspectiva, os processos psicológicos serviriam como uma forma de adaptação ao ambiente. Neste contexto, o papel da escola seria, então, o de criar um ambiente que despertasse o interesse e criasse estímulos para as atividades dos alunos, destacando-se especialmente a relevância de uma educação que se integre à comunidade, que se proponha de maneira ampla e unificadora, reconhecendo o papel fundamental da escola como ponto de partida para disseminar a educação pelo bairro, pela comunidade e pela cidade. Sobretudo, Claparède defendia que a escola deveria proporcionar um ambiente que reflita da forma mais fiel possível a realidade da sociedade adulta (NOVA ESCOLA, 2008).

O município de Santana do Paraíso, que se destacou como o segundo com maior crescimento populacional em Minas Gerais, conforme o último Censo de 2022 do IBGE, enfrenta desafios significativos em sua educação, onde 7,1% dos jovens estão sem acesso à educação formal, um índice elevado para a Região Metropolitana do Vale do Aço. Este cenário evidencia a necessidade de abordagens educacionais que estejam em sintonia com as demandas e características locais, as práticas esportivas. No município existem cerca de dez projetos de cunho cultural e/ou esportivo que apropriam do espaço escolar para engajar as crianças e adolescentes.

Ao adentrar o bairro Águas Claras, um loteamento periférico da cidade, é possível visualizar ocupações e construções irregulares que, gradualmente, circularam e se estabeleceram nos limites de um campo gramado de futebol, atualmente utilizado pelas crianças e jovens da comunidade para a prática de esportes, evidenciando influência no cotidiano local.

Dessarte, diante das abordagens adotadas pela educação integral no Brasil, da compreensão das demandas e práticas das comunidades dos bairros Jardim Vitória e Águas Claras e entendendo que a arquitetura tem papel fundamental no processo de concepção de um espaço físico para realização das atividades ligadas a esse tipo de educação, surgem os seguintes questionamentos:

Quais atividades são realizadas em uma escola de período integral e quais são os espaços físicos necessários para abriga-las?

Como a abordagem da educação integral influencia a configuração do espaço físico das escolas?

Como a instituição escolar de educação integral se relaciona com a comunidade local?

Imagem aérea do bairro Aguas Claras
Escola Estadual Joaquim Eliziario da Silva

Justificativa

A relevância da presente pesquisa e projeto reside na profunda análise da interseção entre educação, espaço urbano e qualidade de vida em comunidades periféricas, especificamente nos bairros Jardim Vitória e Águas Claras, localizados em Santana do Paraíso. Este município, impulsionado pelo crescimento populacional decorrente da expansão urbana da região do Vale do Aço, enfrenta desafios consideráveis de infraestrutura e acesso à educação.

Com uma população total de aproximadamente 8.2 mil habitantes, esses bairros experimentam carências de infraestrutura urbana e educacional, além de enfrentarem uma realidade socioeconômica desafiadora, evidenciada pela baixa renda per capita e pela evasão escolar de 7,1% dos jovens. A escassez de instituições educacionais, somada à falta de alternativas de lazer e desenvolvimento pessoal, contribui para a perpetuação desses desafios.

Diante desse contexto, é válido explorar soluções que não apenas abordam a questão da evasão escolar, mas também promovam o desenvolvimento holístico dos estudantes, integrando práticas esportivas, culturais e educacionais. A iniciativa da prefeitura de Santana do Paraíso em apoiar projetos sociais que utilizam as escolas municipais como espaços para atividades extracurriculares é louvável, porém, é necessário um olhar mais abrangente que considere não apenas o ambiente escolar, mas também o entorno urbano como um todo.

Particularmente, o destaque para a relação da comunidade com as práticas esportivas, evidenciada pelo uso intensivo do campo de futebol em Águas Claras, revela uma oportunidade significativa para integrar o esporte como elemento catalisador para o desenvolvimento social e educacional dessas comunidades. O campo não é apenas um local de lazer, mas também um espaço de encontro e convívio que pode ser potencializado para promover a inclusão social, o senso de pertencimento e o desenvolvimento de habilidades socioemocionais nos jovens.

Objeto de estudo

Assim, esta pesquisa e projeto buscam não apenas identificar as lacunas existentes na interseção entre educação e espaço urbano, mas também propor intervenções arquitetônicas e urbanísticas que abracem e estejam alinhadas com as abordagens propostas pela educação integral, promovendo uma conexão sólida entre a escola e a comunidade local. Ao integrar a educação integral, a arquitetura escolar e as práticas locais, este trabalho visa contribuir para o desenvolvimento holístico e inclusivo dessas comunidades, oferecendo novas perspectivas para o futuro da educação e do espaço urbano em Santana do Paraíso.

Imagem aérea do bairro Jardim Vitória

Análise Populacional

Dados de Ingresso escolar

Mapa com indice de evasão escolar da região

Perspectivas da Educação Integral:

Da Grécia Antiga à Escola Nova

A sociedade grega, conhecida como berço da cultura, da civilização e da educação ocidental, atingiu um dos ideais mais avançados de educação na Antiguidade: a educação integral, que emergiu das reflexões sobre a natureza humana (GADOTTI, 1998). Essa abordagem concebia o ser humano como uma entidade completa, abrangendo suas dimensões físicas, intelectuais e morais. A prática de exercícios físicos valorizava a disciplina do corpo, enquanto o estudo da filosofia e das ciências promovia a formação da mente. Além disso, a ênfase no desenvolvimento moral e emocional incluía a apreciação e o domínio da música e das artes.

O psicólogo cognitivo e educacional estadunidense, ligado à Universidade de Harvard, Howard Gardner (1999) destaca que os antigos gregos não enxergavam o indivíduo como uma simples coleção de virtudes, mas sim buscavam a excelência em todas as esferas da vida, visando a integração e o equilíbrio pessoal (GARDNER, 1999) Essa busca pela excelência se refletia na educação, que visava preparar o indivíduo para ser capaz de comandar e ser obedecido, assegurando a superioridade militar e política (GADOTTI, 1998). No entanto, essa educação integral estava reservada apenas aos cidadãos livres da Grécia Antiga, excluindo a grande maioria da população, que vivia na condição de escravos. A educação estava restrita às classes

privilegiadas, especialmente à aristocracia, com o propósito de prepará-las para o poder e para a vida política. A figura do herói, idealizada nos poemas de Homero, era tomada como modelo educacional, enfatizando características especiais desse ser superior - o cavalheirismo, o amor à glória, à honra, os atributos guerreiros, a força, a destreza e a coragem.

O ensino deveria estimular a competição, as virtudes guerreiras e a oratória, de maneira a garantir “(...) a superioridade militar sobre as classes submetidas e as regiões conquistadas. O homem bem-educado tinha de ser capaz de mandar e de fazer-se obedecer” (GADOTTI, 1998). Ao contrário da educação na maioria dos povos orientais, que não valorizava a formação da personalidade individual, a educação grega dá oportunidade ao desenvolvimento do indivíduo, de sua racionalidade e capacidade para ajustar-se a novas situações. Devemos aos ideais gregos a concepção de um novo conceito de educação que ainda hoje é denominada liberal (PILETTI, 1997).

Filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles, tidos como pioneiros no campo da pedagogia, foram significativos no contexto da educação integral (GADOTTI, 1998). Sócrates (469-399 a.C.), filósofo nascido em Atenas, ao contrário das tendências pedagógicas domi-

nantes de sua época, enfatizava o diálogo e a participação dos aprendizes, como educador, preocupou-se em estimular e despertar o autoconhecimento e o desenvolvimento de um pensamento pessoal, de maneira que seus discípulos tentassem, por si próprios, buscar respostas para a construção ativa do verdadeiro saber. (GADOTTI, 1998).

Segundo Platão (427-347 a.C.), filósofo e ateniense como seu mestre, a natureza da educação era dada como um treinamento de caráter, em que uma educação cultural apropriada ajudaria a “condenar e abominar corretamente coisas desprezíveis” (A República, apud PALMER, 2005). Defendendo a educação como uma “arte de conversão” da alma, conduzindo-a do mundo das aparências ao mundo das ideias. Para o filósofo, um “ambiente educativo” favorável poderia ser criado ao expor a mente jovem a experiências culturais, como a música e a arquitetura. Os ideais de Sócrates adaptaram-se à tendência democrática da época, ao passo que a influência de Platão era mais reacionária (PILETTI, 1997).

Todavia, Aristóteles (384-322 a.C.), elabora um pensamento contrário ao idealismo de Platão - seu mestre durante 20 anos: “as idéias estão nas coisas, como sua própria essência”. Por sua vez, o pensador adotava uma abordagem mais realista e humana, baseada na intera-

ção do indivíduo com o mundo para desenvolver suas potencialidades. Aristóteles mostra-se favorável a medidas educacionais “condicionantes”, acreditando que o homem pode tornar-se a criatura mais nobre, como pode tornar-se a pior de todas, que aprendemos fazendo, que nos tornamos justos agindo justamente (GADOTTI, 1998).

Assim como os gregos, os romanos também valorizavam uma educação utilitária e militarista, destinada principalmente às elites. A imitação dos heróis romanos era um elemento central nesse processo educacional, influenciado pela cultura grega. O controle do ambiente educacional, destacado por Platão, revela como a arquitetura e o espaço desempenhavam um papel fundamental na formação das crianças, expondo-as a experiências culturais que moldavam seus caracteres (PALMER, 2005).

No auge do Império Romano, sob a influência da cultura grega que se tornara uma província romana, o sistema educacional se estruturava em três níveis clássicos de ensino (GADOTTI, 1998). As escolas do ludi-magister, responsáveis pela educação elementar, preparavam os jovens para os estudos mais avançados. As escolas do gramático, equivalentes ao ensino secundário contemporâneo, aprofundaram os conhecimentos adquiridos e introduziram os estudantes à retórica, ao Direito e à Filosofia. Assim, os estabelecimentos de ensino superior ofereciam instrução em níveis mais elevados, explorando temas complexos e promovendo o desenvolvimento intelectual dos alunos.

Dentre os teóricos educacionais notáveis da época, destaca-se Marco Fábio Quintiliano, cuja obra “Instituto Oratória” reflete sobre as responsabilidades do educador e aborda diversas questões pedagógicas (GADOTTI, 1998). Quintiliano defendia um ensino que estivesse em sintonia com a natureza humana, adaptando-se às características individuais de cada aluno. Ele enfatizava a importância de um ambiente educacional propício, identificado pelo termo “schola”, onde a alegria e o prazer pelo aprendizado eram cultivados. Nesse espaço, o ludimagister, ou mestre do brinquedo, desempenha um papel fundamental no ensino da leitura e da escrita, incentivando o gosto pelo jogo entre as crianças. Para Quintiliano, essas atividades lúdicas

não apenas facilitavam o aprendizado dos costumes, mas também contribuíam para o desenvolvimento moral dos alunos.

Após a decadência do Império Romano e as invasões bárbaras, a influência da cultura greco-romana no Ocidente começou a enfraquecer. No entanto, a intervenção da Igreja Cristã desempenhou um papel crucial na educação dos novos povos, difundindo sua fé e preservando parte da herança cultural greco-romana. Surge então uma nova ideologia, fundamentada nos ensinamentos do cristianismo, que substituiu a visão de mundo enaltecida pela cultura da antiguidade clássica. O ideal de heroísmo e aristocracia foi gradualmente substituído pelo poder e pelos princípios de Cristo, que passaram a ser os critérios de vida e verdade predominantes.

Dessa forma, durante a Idade Média, a educação refletiu os grandes eventos da época, incluindo a disseminação da pregação apostólica a partir do século I depois de Cristo. Com a adoção do cristianismo como religião oficial do Império no século IV, a educação foi centralizada na ideologia do Estado cristão. A Igreja Cristã buscava universalizar sua doutrina, integrando-a com os princípios greco-romanos, resultando na implementação de dois sistemas educacionais distintos: um voltado para o povo, com ênfase na catequese e na doutrinação dogmática; e outro para o clero, com uma abordagem mais humanista e filosófico-teológica, que preservava a tradição e a cultura clássica. Em ambos os casos, pregava-se a disciplina, a obediência e a fidelidade à fé cristã. No entanto, o sistema educacional, organizado em educação elementar, secundária e superior, reservava para as classes inferiores apenas o ensino rudimentar, priorizando a instrução religiosa. Como ressalta GADOTTI (1998), “a educação elementar ministrada em escolas paroquiais por sacerdotes tinha como objetivo doutrinar, em vez de instruir, as massas camponesas, mantendo-as dóceis e conformadas”.

O período das grandes navegações e da invenção da imprensa teve um impacto profundo na sociedade, marcando avanços significativos nas relações comerciais e na disseminação do conhecimento. O renascimento pedagógico, por sua vez, reacendeu a crença no potencial do indivíduo para superar obstáculos e valorizou a

cultura greco-romana, que havia sido eclipsada pelos ideais religiosos. Ao contrário do pensamento teocrático predominante na Idade Média, o Renascimento enalteceu as humanidades, compreendendo os conhecimentos essenciais para formar e desenvolver o ser humano. Nesse contexto, a educação emergiu como um sinal de protesto, abraçando os princípios da educação moderna e laica (GADOTTI, 1998 p.64).

Entretanto, essa educação humanista ainda estava restrita à aristocracia, refletindo um caráter elitista que alcançava principalmente o clero, a nobreza e a burguesia ascendente, enquanto as massas populares eram deixadas à margem do sistema educacional. A educação religiosa promovida pelos jesuítas, como resposta à Reforma Protestante, era essencialmente ornamental, destinada à formação daqueles que detinham o poder, enquanto para o restante da população restava a catequese, perpetuando a subserviência aos dogmas religiosos (GADOTTI, 1998 p.65). Embora o período tenha testemunhado avanços na educação, especialmente através de alguns humanistas, como Montaigne, que defendia uma abordagem mais realista e reflexiva, ainda persistia a exclusão das massas populares do acesso à educação.

Os séculos XVI e XVII foram marcados por avanços técnicos e científicos que transformaram a sociedade e deram origem às primeiras formulações teóricas pedagógicas. O surgimento do processo de industrialização, impulsionado pela ascensão de uma nova classe social, criou a necessidade de uma força de trabalho instruída, levando à ampliação do acesso à educação além da elite (GADOTTI, 1998 p.76). A revolução linguística do século XVI, exemplificada por René Descartes (1596-1650) e as contribuições de John Amos Comenius (1592-1670), que propôs uma organização escolar abrangente dividida em níveis, refletiram mudanças significativas na educação (GADOTTI, 1998: p.79).

Com o Iluminismo, surge uma luta das classes populares pelo acesso à educação, impulsionada por ideais de racionalismo e oposição ao absolutismo. Filósofos como John Locke (1632-1704) enfatizaram a razão como guia do homem, e Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) inaugurou uma nova era na história da educação ao valorizar a infância e a individualidade da

criança (PILETTI, 1997). As ideias de Rousseau influenciaram outros educadores, como Pestalozzi, Herbart e Fröebel, que destacaram a importância da educação infantil e enfatizaram a autoatividade e a experiência na aprendizagem (GADOTTI, 1998). Apesar dos avanços, a democratização da educação enfrentou obstáculos, e a divisão entre educação para governar e educação para o trabalho persistiu, refletindo as desigualdades sociais da época.

Após o advento da escola pública burguesa, o movimento da Escola Nova, emergindo no início do século XX, surge como uma vigorosa redefinição da educação. Em um contexto marcado por amplas transformações, conflitos bélicos e avanços tecnológicos, a instituição escolar passa a ocupar um lugar central para a disseminação de novas ideias e propostas de reforma, introduzindo filosofias e métodos pedagógicos que revolucionaram o processo educacional, tornando-o mais eficaz. A teoria e a prática dos adeptos da Escola Nova enfatizam a autoformação e a atividade espontânea da criança, fundamentando o ato pedagógico na ação e centrando o aluno como o fulcro das perspectivas educativas (GADOTTI, 1998).

Estes críticos da Escola Nova reportam os métodos da escola tradicional – caracterizada pela autoridade e disciplina – que fomentava a repetição e a mera acumulação de conteúdo, relegando o aluno a uma participação passiva no processo de construção do conhecimento. Com esta nova filosofia pedagógica, os métodos ativos ganham destaque – o aluno transcende sua condição de mero ouvinte para assumir um papel verdadeiramente ativo, envolvendo-se em experimentações, práticas e descobertas a partir de suas próprias investigações. A figura do professor como único transmissor de verdades absolutas é substituída por um papel mais orientador e facilitador da aprendizagem.

O educador norte-americano John Dewey (1859-1952) foi pioneiro na formulação do novo ideal pedagógico, defendendo um ensino pragmático e instrumentalista que visava a preparar o indivíduo para a vida em sociedade, enfatizando a importância da convivência democrática. Os ideais da Escola Nova, preconizados por Dewey, se alinhavam com a ideia de construção de um novo tipo de indivíduo dentro do contexto

burguês da sociedade (GADOTTI, 1998; PILETTI, 1997).

Uma das principais contribuições da Escola Nova foi a introdução de métodos de ensino inovadores, nos quais o aluno era colocado como protagonista de sua própria experiência educativa. Isso implicava o uso de métodos ativos e criativos no processo de aprendizagem. William Kilpatrick (1871-1965), discípulo de Dewey, desenvolveu o método de projetos, que tinha como foco a realização de atividades práticas pelos alunos, buscando um ensino mais integrado e menos fragmentado (PILETTI, 1997).

Por exemplo, o método dos centros de interesses, concebido pelo médico belga Ovide Decroly (1871-1932), representou uma importante contribuição da Escola Nova. Esse método, inicialmente aplicado na escola elementar e posteriormente nos jardins de infância, promovia o conhecimento do meio ambiente pela criança e estimulava a cooperação e o trabalho em equipe. Os centros de interesses permitiam que o ensino e a aprendizagem ocorressem a partir de experiências concretas, levando a criança a passar por três etapas: observação, associação de ideias e expressão (GADOTTI, 1998; VILARINHO, 1987).

Essas abordagens refletem a essência da Escola Nova, que valorizava a atividade e a experiência como elementos centrais da prática educativa. Essa concepção da educação como vida, e não apenas como preparação para a vida, foi fundamental para os movimentos que marcaram o início do século XX e influenciaram a reformulação da escola em diversos contextos ao redor do mundo. Ademais, E não somente os ideais escolanovistas destacam a importância do ambiente na formação dos indivíduos, diversos filósofos, desde Confúcio (551 a.C) até Santo Agostinho (354 - 430), contribuíram com ideias fundamentais para o campo da pedagogia, ressaltando a interseção entre uma educação formadora de indivíduos integrais e arquitetura dos espaços de aprendizagem, demonstrando como o espaço físico pode influenciar significativamente o processo educacional ao longo da história.

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