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Segunda-feira, 19 de maio de 2014
JCEmpresas
Jornal do Comércio - Porto Alegre
& Negócios
RESPONSABILIDADE SOCIAL
Pedalando literatura
Projeto Bambucicloteca estimula troca de livros, contação de histórias e manifestações artísticas no parque da Redenção
Enzo contou uma história e pôde escolher um exemplar para levar para casa
Júlia Lewgoy
Grupo realiza outras ações para estimular a cultura
FOTOS: JOÃO MATTOS/JC
Na biblioteca montada no reboque de uma bicicleta feita de bambu, no parque da Redenção, a poesia não está só nos livros. “São para vender?”, pergunta a professora Édina Britto, acompanhada do filho Enzo, de 3 anos, e do marido, William Britto. “Não, são para trocar”, responde a arte-educadora Cristiane Cubas. “Eu quero esse”, aponta o pequeno, de cima da bicicleta do seu tamanho. “Então me conta uma história, Enzo.” Na Bambucicloteca, quem não tem um livro para trocar pode contar uma história e receber um exemplar. Sem paredes, grades ou senhas de acesso, a biblioteca itinerante circula nos sábados de sol. Alguns se aproximam impressionados com a bicicleta, idealizada por artistas do ateliê Art Bike Bamboo. Outros ficam encantados com as obras, por enquanto disponíveis para trocas, não para empréstimos. Há também quem nunca teve contato com um livro antes. “Já chegaram pedindo para a gente ensinar a ler. Nem todo mundo tem um livro, mas todos têm histórias de vida para contar”, diz Cristiane. Idealizada pelo coletivo Cabaré do Verbo, uma articulação de artistas que realiza atividades para incentivar a formação de plateia e o encontro com a leitura, a iniciativa é inspirada na Bicicloteca de São Paulo. O projeto paulistano, criado por um ex-morador de rua, incentiva a leitura entre pessoas sem acesso a bibliotecas. Em Porto Alegre, a Bambucicloteca pretende estar disponível a quem quiser e servir como plataforma para manifestações artísticas, contação de histórias e encontro com a literatura. “Pensamos que os livros têm que estar livres na rua e não presos em lugares fechados”, explica a mediadora. A ideologia não para por aí. Cristiane ressalta que a ação de compartilhar histórias a céu aberto representa a ideia de autonomia de aprendizagem. “É na troca de experiências que se faz conhecimento”, defende. A biblioteca comporta até 120 livros. Para o acervo, o projeto recebe apenas obras de literatura e de arte, e recusa exemplares didáticos e religiosos, apostilas e enciclopédias. Obras infanto-juvenis, em especial, são bem-vindas.
Cristiane diz que os livros precisam estar em lugares abertos, acessíveis a todos
Entre as realizações do grupo Cabaré do Verbo, além da Bambucicloteca, estão mostras artísticas, saraus, oficinas e intervenções urbanas. Em 2011, o coletivo recebeu o edital do Fundo de Apoio à Cultura (Fac) do governo do Estado. A bicicleta de bambu foi financiada com o apoio do festival FestiPoa Literária e do grupo de comerciantes Cidade Baixa em Alta. Os mediadores da biblioteca itinerante recebem uma ajuda de custo do Cabaré do Verbo, mas esperam encontrar mais gente disposta a financiar o projeto, para conquistar mais ativistas. “Em geral, as pessoas têm uma ideia de que a arte tem que ser de graça. Ela precisa ser livre, mas é um trabalho como qualquer outro”, reivindica a arte-educadora Cristiane Cubas. A função dos mediadores é estimular o contato dos transeuntes com os livros e ouvir histórias como a de Goreti Seabra, de 34 anos: “Uma vez, fui a um ferro velho, encontrei uma berlineta e uma roda aro 20 e construí minha primeira bicicleta. Foi minha maior felicidade”, conta. Da Bambucicloteca, ela foi embora com o Dom Casmurro na mão.
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