Revista PORKWORLD ED.78

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A briga vai começar A mudança na concorrência acontece enquanto Abilio Diniz conclui seu diagnóstico sobre a situação da BRF. Logo após chegar à companhia, contratou o consultor Claudio Galeazzi para avaliar cortes de custos e redução do quadro de pessoal. Em paralelo, passou a analisar oportunidades de aquisição para a BRF no exterior. Ele assumiu sem precisar se preocupar com a concorrência e com objetivo único de avançar no exterior e de ampliar a margem no Brasil. Agora, terá de olhar também pelo retrovisor. Dado seu histórico no mundo dos negócios, é difícil imaginar que ele vá assistir parado ao avanço da concorrência. O primeiro embate da guerra entre BRF e JBS pode ocorrer já nas próximas semanas. Quando vendeu marcas e fábricas para o Marfrig por exigência do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), no ano passado, a BRF exigiu que as marcas não fossem passadas adiante por, pelo menos, cinco anos. Ou seja, uma operação como a anunciada no dia 10 teria de passar por sua aprovação — o que não aconteceu. As marcas acabaram sendo vendidas para o JBS com o resto. De acordo com executivos que acompanham a negociação, dentro das próximas semanas a BRF deverá discutir a questão com o Marfrig e o JBS. Em jogo também está o pagamento que o Marfrig tem de fazer à BRF pela compra dos ativos no valor de 350 milhões de reais — que foi parcelada em cinco anos. Em caso de venda, o pagamento teria de ser antecipado. Dependendo de como a conversa

evoluir, a companhia não descarta contestar a venda da Seara na Justiça. O Marfrig diz que não rompeu o contrato e que a dívida foi passada ao JBS. “Como vendemos toda a Seara e não partes da empresa, entendemos que não há restrições”, afirma Sergio Rial, presidente do Marfrig. A BRF não concedeu entrevista. A Seara é a nova esperança dos irmãos Batista de, enfim, começar a ter lucros consistentes com sua gigantesca empresa de carnes. Apesar de ter multiplicado por 30 seu faturamento desde 2004, o JBS ainda sua para dar dinheiro. Depois de dois anos de prejuízos, a companhia deu um lucro de 763 milhões de reais em 2012 — uma margem de 1% sobre o faturamento. Isso ajuda a explicar por que, apesar de ser três vezes maior, o JBS vale menos da metade da BRF na bolsa. Se naquilo que sabem fazer melhor já não está fácil, é possível imaginar o desafio de entrar em um negócio totalmente novo. Marcas como Sadia e Perdigão se tornaram as preferidas dos consumidores após décadas de investimentos. Isso para não falar de outros pontos-chave para o sucesso nesse mercado, como logística. “Os retornos do investimento em marca não vêm em um ano ou dois”, afirma Daniela Khauaja, coordenadora da área de marketing da pós-graduação da ESPM. Para o JBS, esse é um mundo novo. Com a venda da Seara, a BRF ganha seu primeiro concorrente de peso. Ele vai incomodar de verdade daqui para a frente? É esperar para ver.

A Seara Brasil acrescentará ao faturamento anual da JBS cerca de 10 bilhões de reais. Com o negócio comprado da Marfrig, o faturamento anualizado da JBS se aproxima de 100 bilhões de reais. Inicialmente, com a integração de aves e suínos, a JBS estava prevendo entre 89 e 90 bilhões de reais. No ano passado, a JBS encerrou o ano com receita de quase 75 bilhões de reais Acompanhe o desenvolvimento do JBS O JBS não está realmente para ‘brincadeiras’. Quando entra em uma disputa, o Grupo ‘pega pesado’, investe e toma rumos para seu crescimento.

Nos últimos anos, o histórico do Grupo aponta a compra - além da recém aquisição da Seara, que poderá elevar o faturamento do grupo para R$ 100 agosto 2013 / edição 78

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