Auroras boreais observadas em Portugal

Page 1

Aceite para publicação em 7 de Fevereiro de 2011.

Auroras Boreais observadas em Portugal Ana Paula Silva Correia José Rodrigues Ribeiro Escola Secundária com 3º ciclo de Henrique Medina, Esposende


Introdução A aurora boreal é um fenómeno comum nas regiões próximas dos pólos. A sua raridade em latitudes médias ou baixas cria a convicção de ser impossível serem observadas em países como o nosso. Porém, em Portugal também já foram observadas auroras boreais, algumas de tal forma grandiosas que provocaram alarme entre as populações. Esta resenha cronológica – produto do levantamento feito pelos autores através da literatura científica, complementado por uma pesquisa na imprensa portuguesa, espanhola e francesa - das auroras boreais vistas em Portugal, pretende dar a conhecer esse facto, relativamente pouco divulgado. Para cada episódio, apresenta-se uma caracterização sucinta, a par de descrições que retratam o impacto nas populações. Os casos abordados cingem-se aos séculos XIX e XX, sem que tal signifique que antes não tenham sido avistadas. Em particular na última metade do século XVIII, por efeito conjugado da grande actividade solar e da posição dos pólos geomagnéticos, as auroras foram um fenómeno frequente em Portugal. Porém, dada a quase ausência de imprensa periódica, escasseiam os relatos, apesar de Vaquero & Trigo, 2005 terem recentemente publicado uma compilação das auroras avistadas em Lisboa entre 1781 e 1789.


Introdução O que provoca as auroras boreais (1) Ao contrário das auroras boreais comuns, típicas das regiões polares, as auroras observadas em latitudes baixas ocorrem normalmente apenas em períodos marcados por elevada actividade solar, associada ao aparecimento de muitas manchas solares. 200

Médias anuais do índice de manchas solares 160

Dados do Solar Influences Data Center (SIDC) Bruxelas

120

80

40

0 1700

1750

1800

1850

1900

1950

2000

Também chamado número de Wolf, o índice de manchas solares (sunspot number), criado em 1849 pelo astrónomo suíço Rudolph Wolf, é uma grandeza que mede a actividade solar, a partir do número de manchas e de grupos de manchas solares. O valor oscila ciclicamente, com um período médio de 11 anos.


Introdução O que provoca as auroras boreais (2) As erupções solares podem provocar a ejecção de matéria da coroa solar, CME (coronal mass ejection). Milhões de toneladas de electrões, protões, etc. são lançados a enorme velocidade, atingindo a Terra cerca de 3 a 4 dias depois.

FONTE: http://sec.gsfc.nasa.gov

A interacção dessas partículas de elevada energia com a magnetosfera terrestre ocasiona uma tempestade geomagnética que, para além da formação das auroras boreais, pode causar graves avarias ou perturbações em satélites, sistemas de comunicações e navegação e até a interrupção do fornecimento de energia eléctrica. Em 13 de Março de 1989, seis milhões de canadianos foram privados de energia eléctrica durante horas. As partículas provocam também a ionização ou a excitação de átomos de oxigénio e de azoto, presentes nas camadas superiores da atmosfera. Os efeitos luminosos resultam do subsequente processo de desexcitação que ocorre com emissão de luz visível. Quando este se dá a altitudes elevadas, a luz emitida é predominantemente vermelha; a altitudes mais baixas (tipicamente, 80 km), é emitida luz verde ou azul.


Introdução O que provoca as auroras boreais (3) É devido aos diferentes processos envolvidos que as auroras vistas em latitudes baixas são bastante distintas das auroras comuns, observadas nas regiões polares. A latitudes baixas, observa-se normalmente apenas a parte superior da aurora (altitude 250-400 km). Daí o tom vermelho sanguíneo, que se presta a confusões com o clarão de incêndios distantes, contrastando com a cor clara das auroras observadas nos países nórdicos.

Atenas, 20 de Novembro de 2003. Foto de Anthony Ayiomamitis (http://www.spaceweather.com)

Outra particularidade distintiva (também causada pela desigual altitude em que se formam) é que as auroras das regiões polares parecem cortinas luminosas e executam movimentos rápidos, ao passo que nas nossas latitudes são difusas (parecem nevoeiro) e os seus movimentos são bastante lentos. Laukvik (Noruega), 27 de Novembro de 2010. Foto de Therese van Nieuwehoven (http://www.spaceweather.com)


Auroras boreais observadas em Portugal no sĂŠculos XIX e XX


8 de Fevereiro de 1817 LOCAIS ONDE FOI VISTA Portugal: Penafiel. Espanha: NÃO AVISTADA. Outros locais: Inglaterra, Irlanda, França, Alemanha, Suíça, EUA. 100

Índice mensal de manchas solares 80

ÍNDICE DE MANCHAS SOLARES

60

Valor médio para o ano de 1831: 41,0

96 40 58

56 48 20

38 30

23

40

36

26

21

0

Ago 1816

Nov 1816

Fev 1817

Mai 1817

37


8 de Fevereiro de 1817

“Jornal de Coimbra” volume XI – parte I 1817, p. 5. Observações de Fevereiro de 1817, por Antonio de Almeida, em Penafiel.

“Journal des débats” 10.2.1817


7 de Janeiro de 1831 LOCAIS ONDE FOI VISTA

Portugal: Guimarães. Espanha: Madrid, Lérida, Múrcia. Outros locais: EUA, Inglaterra, França, Holanda, Suíça, Alemanha, Noruega, Itália. 100

Índice de manchas solares 80

ÍNDICE DE MANCHAS SOLARES Valor médio para o ano de 1831: 47,8

60 92 40

82

82 67

62 66

42 44

20

45

44

28 26 0

0

0

0

0

0 30-12-1830

4-1-1831

9-1-1831

14-1-1831

19-1-1831


7 de Janeiro de 1831 In “Efemérides Vimaranenses”, manuscrito de João Lopes de Faria, divulgado no blogue PEDRA FORMOSA da Sociedade Martins Sarmento, de Guimarães:

7 de Janeiro de 1831 – Das 7 para as 8 horas tocam os sinos a fogo em algumas torres da vila e os voluntários realistas pegam em armas por se avistar da vila para o lado norte um fumo vermelho e averiguando-se depois veio-se ao conhecimento que tinha sido uma aurora boreal.

“El Estafeta de San Sebastián” 17.1.1831


24 de Outubro de 1847 LOCAIS ONDE FOI VISTA

Portugal: Lisboa, Porto. Espanha: Madrid, Barcelona, Sevilha, Victoria, Zamora, San Fernando. Outros locais: Inglaterra, Irlanda, França, Alemanha, Itália, Estónia. 250

Índice de manchas solares 200

ÍNDICE DE MANCHAS SOLARES Valor médio para o ano de 1847:

98,5 150 232

224

192

NOTA: Tempestades geomagnéticas a 23 e a 24 de Outubro.

167 100

164

177

174 131

145 152

172 139

139 119

50 15-10-1847

20-10-1847

25-10-1847

30-10-1847

4-11-1847


24 de Outubro de 1847 “Periódico dos Pobres do Porto” 25-10-1847 Fenómeno – Ontem à noite, das 9 para as 10 horas, estando a atmosfera limpa e a Lua em todo o seu brilhantismo, apareceu um fenómeno no horizonte, que era uma muito extensa e muito larga esteira de luz avermelhada da cor do fogo, e que alguém tomou por incêndio. Estendiase majestosa e assustadora entre o Poente e o Norte, e em oposição à Lua, que conservou assim como a atmosfera o mesmo estado de brilho. Muitas pessoas que se achavam no Teatro saíram à praça da Batalha a observar, pois sobre esse sítio a cor sanguínea estava muito mais carregada, e se estendia até sobre a torre de Santo Ildefonso, onde terminou! Pouco depois se desfez, e depois sobreveio grande nevoeiro. “O Nacional” 26-10-1847 Porto Fenómeno – Anteontem à noite entre as 9 e 10 horas, com a atmosfera claríssima e a lua radiosa, apareceu entre o poente e o norte um muito extenso raio ou esteira de luz avermelhada, pessoas que se agruparam no largo da Torre da Marca supuseram ser fogo. Diz-se que desde 1828, ainda não se tinha visto um fenómeno semelhante.


19 de Dezembro de 1847 LOCAIS ONDE FOI VISTA

Portugal: Lisboa. Espanha: Madrid. Outros locais: EUA, Canadá, Inglaterra.

250

Índice de manchas solares 200

ÍNDICE DE MANCHAS SOLARES Valor médio para o ano de 1847: 98,5 NOTAS: Tempestades geomagnéticas a 17 e a 20 de Dezembro. Entre 12 e 20 de Dezembro, fortes abalos de terra sentidos em Lisboa e imediações.

150 209 100

144 125 121

133

97

107

97

87 69

86

100102

57

50 1-12-1847

6-12-1847

11-12-1847

16-12-1847

21-12-1847


19 de Dezembro de 1847

“El Clamor Publico” 21.12.1847 Madrid

“Revista Universal Lisbonense” 29.12.1847


17 e 18 de Outubro de 1848 LOCAIS ONDE FOI VISTA

Portugal: Porto, S. Miguel (Açores). Espanha: Sevilha, Valladolid. Outros locais: EUA, Reino Unido, Áustria.

250

Índice de manchas solares

200

ÍNDICE DE MANCHAS SOLARES Valor médio para o ano de 1848: 124,7

150

187 100 134

146

177

135 117 92

110105

50 8-10-1848

13-10-1848

18-10-1848

23-10-1848

28-10-1848


17 e 18 de Outubro de 1848 “O Angrense” 30.11.1848

“El Clamor Publico” 24.10.1848 Madrid


17 de Novembro de 1848 LOCAIS ONDE FOI VISTA Portugal: Lisboa, Porto, Açores. Espanha: Ferrol,

Corunha, Santiago de Compostela, Pontevedra, Baiona, Santander, Valladolid, Barcelona, Ávila, Madrid, Toledo, Valência, Ca rtagena, Sevilha, Cádiz, Huelva, Baleares, Canárias.

Outros locais:

Reino Unido, França, Itália, Alemanha, Rússia, Estónia, EUA, Cuba, Austrália. 250

Índice de manchas solares

ÍNDICE DE MANCHAS SOLARES

200

Valor médio para o ano de 1848: 124,7 150

NOTAS: Tempestades geomagnéticas a 17 e a 18 de Novembro. Perturbações nas comunicações telegráficas.

204

195

170 100 107

100

104

99

87 67

70

50

7-11-1848

12-11-1848

17-11-1848

22-11-1848

27-11-1848


17 de Novembro de 1848 “O Angrense” 30.11.1848

“Periódico dos Pobres do Porto” 18-11-1848 Aurora Boreal – Ontem apareceu sobre o horizonte a mais perfeita aurora boreal que temos aqui observado. Pelas 8 horas e meia da tarde a sua base abrangia um arco de uns 120º de noroeste a nordeste; sobre um segmento de luz branca e viva, assentava uma zona purpúrea e brilhante que abrangia aquele segmento, e que pouco a pouco se aproximava do zénite, para o qual convergiam raios brancos que cortavam a intervalos a zona purpúrea. Parece que começou pelas 6 horas para nordeste e foi estendendo até aquela largura. Pelas 11 horas apenas restava a luz branca, tendo começado a esvaecer do lado onde começara. A Lua ainda não estava sobre o horizonte.


28-29 de Agosto de 1859 LOCAIS ONDE FOI VISTA

Portugal: Lisboa, Porto, Viana do Castelo, Braga, Açores. Espanha: Madrid, Sevilha, Granada, Tortosa, Pontevedra, Canárias. Outros locais: EUA, Canadá, Cuba, Guatemala, Jamaica, Reino Unido, França, Itália, Suíça, Grécia. 200

Índice de manchas solares

ÍNDICE DE MANCHAS SOLARES Valor médio para o ano de 1859: 93,8

NOTAS: Enormes tempestades geomagnéticas a 28 de Agosto e a 1-2 de Setembro. Graves perturbações registadas nas linhas telegráficas por todo o planeta.

150

100

161 164 146

145

138

143

142

132

126 112

154

147

106 108 104

118 102

96

97

89

77 50

20-8-1859

24-8-1859

28-8-1859

1-9-1859

5-9-1859

9-9-1859


28-29 de Agosto de 1859 “O Viannense” 29.8.1859 Viana do Castelo

“O Parlamento” 31.8.1859 Lisboa


12 e 17 de Outubro de 1859 LOCAIS ONDE FOI VISTA

Portugal: Terceira (Açores), Lisboa. Espanha: NÃO AVISTADA. Outros locais: EUA, Reino Unido, França, Itália, Croácia. 200

Índice de manchas solares

ÍNDICE DE MANCHAS SOLARES Valor médio para o ano de 1859: 93,8 150

NOTAS: Tempestade geomagnética, com fortes perturbações das agulhas magnéticas, por toda a Europa, a 12 de Outubro. Nesse dia, máxima declinação magnética do Outono em Lisboa). Comunicações telegráficas interrompidas em França e Inglaterra, durante algum tempo.

162

156

100 140 125 127

141

131

124 112 100 87

96 99

121 109

107 94

102

111 114

72 50 5-10-1859

9-10-1859

13-10-1859

17-10-1859

21-10-1859

25-10-1859


12 e 17 de Outubro de 1859

“O Angrense” 24.10.1859 MEMORIAS DA ACADEMIA REAL DAS SCIENCIAS DE LISBOA Tomo II (nova série), 1861, pp. 18-22 (...) No presente mez, ainda que menores, as perturbações teem continuado, tendo havido uma outra aurora, que parece ter sido vista em Lisboa. (...) Lisboa, 20 de outubro de 1859.

“Journal des débats” 15.10.1859


12 de Agosto de 1860 LOCAIS ONDE FOI VISTA

Portugal: Porto, Terceira (Açores). Espanha: Madrid. Outros locais: França, Alemanha, Áustria. 200

Índice de manchas solares

ÍNDICE DE MANCHAS SOLARES Valor médio para o ano de 1860: 95,8 150

NOTAS: Perturbações das agulhas magnéticas em vários pontos do planeta entre 7 e 13 de Agosto. A 12 de Agosto, máxima declinação magnética do Verão em Lisboa. Perturbações nas linhas telegráficas em Espanha, entre 11 e 14 de Agosto.

100

154

148 132

127

121

121 121

121

126

121

127 116

109 88

79

77

84

88

88 75 58

50

1-8-1860

5-8-1860

9-8-1860

13-8-1860

17-8-1860

21-8-1860


12 de Agosto de 1860 “O Comércio do Porto” 13-8-1860 Aurora boreal – Ontem, às 10 horas da noite, apareceu a NO uma aurora boreal que, esvaindo-se gradualmente, às 11 e meia tinha desaparecido.

“O Angrense” 18.8.1860


24 e 25 de Outubro de 1870 LOCAIS ONDE FOI VISTA Portugal:

Porto, Lisboa, Coimbra, Figueira Castelo, Guimarães, Braga, Évora, Moncorvo, Guarda, Campo Maior.

da

Foz,

Viana

do

Espanha: Madrid, Barcelona, Santander, Gerona, Baleares, Canárias. Outros locais:

EUA, Reino Unido, França, Bélgica, Alemanha, Suíça, Áustria, Croácia, Itália, Grécia, Egipto, Iraque, África do Sul, Nova Zelândia. 250 Índice de manchas solares

ÍNDICE DE MANCHAS SOLARES Valor médio para o ano de 1870: 139,0 NOTAS: Tempestades geomagnéticas a 24 e 25 de Outubro. Data deste episódio a introdução da expressão “aurora boreal”no vocabulário político espanhol. Um subserviente e alarmado governador provincial telegrafou a Madrid a pedir instruções sobre o que deveria fazer. A resposta irónica do ministro foi: “ Quando aparece uma aurora boreal, o governador deve de imediato apresentar a demissão”.

200

150 220 205 178 100

142

187

196

184 141

174 151

166 142

154

157

145 121

130 135

132 112

115

50

12-10-1870

16-10-1870

20-10-1870

24-10-1870

28-10-1870

1-11-1870


24 e 25 de Outubro de 1870

“Jornal do Porto” 25.10.1870

“O Tribuno Popular” 26.10.1870 Coimbra


12 de Fevereiro de 1871 LOCAIS ONDE FOI VISTA

Portugal: Lisboa Espanha: NÃO AVISTADA Outros locais: -----200

Índice de manchas solares

ÍNDICE DE MANCHAS SOLARES Valor médio para o ano de 1871: 111,2 150

NOTA:

A 12 de Fevereiro, máxima declinação magnética desse mês em Lisboa.

175

166

162

100 136 136

139

166 163 165 168

147

126

114 96 75 73

109 106 95

59 64

50 5-2-1871

10-2-1871

15-2-1871

20-2-1871

25-2-1871


12 de Fevereiro de 1871 “Jornal do Porto” 15.2.1871

ANNAES DO OBSERVATÓRIO DO INFANTE D. LUIZ Volume nono, 1871, pág. 29 FEVEREIRO 1871 Dia 12: Aurora boreal de intensidade pouco considerável e variável, vista por vezes desde as 7.30 às 9.40 da noite.

“A Revolução de Setembro” 15-2-1871 Aurora boreal – No domingo viu-se em Lisboa uma aurora boreal que durou desde as 8 horas até às 9 e meia da noite.


4 de Fevereiro de 1872 LOCAIS ONDE FOI VISTA Portugal: Porto, Aveiro, Coimbra, Guimarães, Lisboa. Espanha: Saragoça, Barcelona, Valência, Granada, Alicante, Canárias. Outros locais: França, Croácia, Turquia, Guatemala, Rep. Dominicana, Arábia. 200

Índice de manchas solares

ÍNDICE DE MANCHAS SOLARES Valor médio para o ano de 1872: 101,6 150

NOTAS: Enorme tempestade geomagnética a 4 de Fevereiro. Extensas e prolongadas interrupções das comunicações telegráficas em todo o Mundo.

163

168

162 151

100

138

135 103

148

148

154

145

134

126

113

96 97 92

90 55 57

52

50 27-1-1872

1-2-1872

6-2-1872

11-2-1872

16-2-1872


4 de Fevereiro de 1872 “O Comércio do Porto” 7-2-1872 AVEIRO – Segundo refere o “Distrito de Aveiro”, no domingo, por volta das 8 horas da noite, apresentou-se o céu de uma cor avermelhada na direcção do nordeste a norte. Era uma aurora boreal que, estendendo-se depois para o sul, foi-se dissipando pouco a pouco até que desapareceu.

“Jornal do Porto” 6.2.1872

“O Tribuno Popular” 7.2.1872 Coimbra


7 de Julho de 1872 LOCAIS ONDE FOI VISTA Portugal: Porto, Viana do Castelo, Valença, Póvoa de Varzim, Guimarães, Aveiro, Viseu. Espanha: NÃO AVISTADA Outros locais: Áustria, Eslovénia, Irlanda. 200

Índice de manchas solares

ÍNDICE DE MANCHAS SOLARES Valor médio para o ano de 1872: 101,6

150

196

NOTAS: Perturbações magnéticas em 7-9 de Julho. A 8 de Julho, máxima declinação magnética desse mês em Lisboa.

172 177 169 100

114

124

124

117 99 100

130

132 108

96 93 100

99 82 78

93

87

50 30-6-1872

5-7-1872

10-7-1872

15-7-1872

20-7-1872


7 de Julho de 1872 “O Comércio do Porto” 8-7-1872 Aurora boreal – Ontem, depois das 9 horas da noite, patenteou-se para o lado do poente uma aurora boreal bastante intensa, que se estendia por grande espaço da abóbada celeste. Este fenómeno apresentava, como sempre, o aspecto de um grande incêndio longínquo, o que a princípio assustou algumas pessoas. A aurora boreal às 10 horas tinha desaparecido.

“O Comércio do Porto” 12-7-1872 VALENÇA – Do “Noticioso” de anteontem Às 10 horas da noite do dia 7 do corrente, viu-se em Caminha uma aurora boreal. Do cais daquela vila desfrutava-se perfeitamente, porque se estendia em direcção da Guardia em frente de Seixas. AVEIRO – Do “Campeão das Províncias” de anteontem Das 10 para as 11 horas da noite de domingo, manifestou-se com todo o brilho e extensão uma aurora boreal, tomando a parte norte da atmosfera e tornando clara a noite como se fizesse luar. Foi aqui muito vista. “O Comércio do Porto” 18 de Julho de 1872 GUIMARÃES, 15 de Julho Presenciou-se aqui no dia 7 do corrente, pelas 10 horas da noite, uma aurora boreal ao noroeste desta cidade.

“O Viriato” 12.7.1872 Viseu “Aurora do Lima” 8.7.1872 Viana do Castelo


25 de Janeiro de 1938 LOCAIS ONDE FOI VISTA

Portugal: Lisboa, Porto, Esposende, Barcelos, Madeira. Espanha: Madrid, Barcelona, Sevilha, Pontevedra, Vigo, Cádiz, Huelva. Outros locais: Reino

Unido, França, Bélgica, Holanda, Alemanha, Suíça, Áustria, Polónia, Escandinávia, Itália, Croáci a, Grécia, Norte de África. 200 Índice de manchas solares

ÍNDICE DE MANCHAS SOLARES Valor médio para o ano de 1938: 109,6

NOTA: Tempestades geomagnéticas a 22 e a 25 de Janeiro.

150

100

149 134 104

106 111

118

110 110

119 123 122 104

108 94 76

67

79 76

76 59

50

12-01-1938

16-01-1938

20-01-1938

24-01-1938

28-01-1938


25 de Janeiro de 1938

“O Cávado” 30.1.1938 Esposende


21 de Janeiro de 1957 LOCAIS ONDE FOI VISTA

Portugal: Matosinhos, Viana do Castelo, Trancoso, Meda, Unhais da Serra. Espanha: Madrid, Sevilha, Lugo, Orense, Gijón, Ávila, Jerez de la Frontera, Huelva, Canárias. Outros locais:

Inglaterra, Bélgica, Alemanha, Suécia, 250 Checoslováquia, Áustria, Croácia, Suíça, Itália, Croácia, Marrocos. Índice de manchas solares

200

ÍNDICE DE MANCHAS SOLARES Valor médio para o ano de 1957: 190,2 150

NOTAS: Interrupção das comunicações intercontinentais via rádio durante dez horas. Perturbação das comunicações telefónicas em Inglaterra.

209 193 191 170 170

100

155 134

177

100

168

150

143 121

184 141

112

107 108

86 50

12-01-1957

17-01-1957

132

22-01-1957

27-01-1957


21 de Janeiro de 1957 “O Comércio do Porto”

22-1-1957

Um fenómeno celeste com todas as características duma aurora boreal, foi observado, ontem, à noite, sobre a área de Matosinhos O fenómeno, interessante, como todos, foi observado por muitas pessoas, a avaliar pelo número de telefonemas recebidos na sede do Comércio do Porto. Seriam 22 horas de ontem, quando surgiu, sobre a área de Matosinhos, possivelmente, rubro clarão, primeiramente de formas arredondadas, que, depois, se foi alargando, na direcção do mar, muito intenso, a princípio, talvez durante cinco minutos, foi diminuindo a intensidade dessa luz, deslocando-se lentamente, na direcção Senhora da Hora – Matosinhos, precisamente. A princípio, atribuiu-se o facto a qualquer grande incêndio, cujas chamas se reflectissem na atmosfera. No entanto, verificada a inexistência de qualquer sinistro do género, houve que dar nova versão ao caso e, assim, forçoso foi integrar aquilo que se viu no imenso circuito dos fenómenos celestes, de resto sem grande esforço, dado que o fenómeno reúne todas as características de uma aurora boreal. Segundo insuspeita informação dum sacerdote que, anteontem, estava, à noite, na região do Marão, também ali foi observado o mesmo fenómeno, com surpresa e, até, certo receio, dos habitantes da região, a quem foi necessário prestar esclarecimentos convenientes, que serviram e bastaram para sossegar a boa gente, prestes a ser tomada por pânico. De resto, não é de admirar que os fenómenos celestes causem actualmente, certa apreensão nas camadas menos cultas, dado o estado de espírito vigente, compreensivelmente inclinado a ver em tudo as consequências funestas da maldade humana.


21 de Janeiro de 1957

“Diário de Lisboa” 23.1.1957

“Diário de Lisboa” 22.1.1957


Algumas observações duvidosas • 14 de Novembro de 1837: Foi avistada uma aurora boreal em Sevilha e nas Canárias. É por isso muito provável que também em Portugal tenha sido observada. Valerá a pena pesquisar. • 8 de Agosto de 1872: Segundo “O Viriato”, bissemanário de Viseu, foi avistada uma nessa cidade. Não encontrámos ainda observações noutros locais, nem registos meteorológicas que a confirmassem. Mas como nessa data a actividade solar e as perturbações magnéticas eram intensas, o relato poderá ser correcto. • 25 de Setembro de 1909: Segundo o DN, em Resende foi observada uma aurora boreal, coincidindo com uma das maiores tempestades magnéticas solares do século XX e com observações de auroras boreais em vários pontos do globo. Não se conhecem contudo relatos de outras localidades do país.


Fontes (1) COLECÇÕES DE JORNAIS: Hemeroteca Municipal de Lisboa, Hemeroteca Digital Biblioteca Nacional de Portugal, BN Digital Biblioteca Pública Municipal do Porto Biblioteca Pública de Braga Biblioteca Geral da Faculdade de Letras da Universidade do Porto Biblioteca Municipal de Viana do Castelo Biblioteca Municipal de Esposende Universidade de Coimbra, Biblioteca Geral Digital Centro de Conhecimento dos Açores, Biblioteca Digital Fundação Mário Soares, Arquivo e Biblioteca Digital Biblioteca Nacional de España, Hemeroteca Digital CSBG, Prensa Galega Biblioteca Municipal de Donostia – San Sebastián, Hemeroteca Digital ABC, Hemeroteca LA VANGUARDIA, Hemeroteca Diputacion Provincial de Huelva, Hemeroteca Digital Bibliotéque Nationale de France, Gallica Biblioteca Nazionale Braidense, L Emeroteca Digitale


Fontes (2) ARTIGOS EM REVISTAS CIENTÍFICAS: Carapiperis, L. N. “Some appearances of the aurora borealis in Greece”, Geofis. Pura e Appl., 35, 139-142, 1956. Cliver, E. W. and Svalgaard, S. M. “The 1859 solar-terrestrial disturbance and the current limits of extreme space weather activity”, Solar Phys., 224, 407-422, 2004. Lisac, I. and Marki, A. “The auroral events observed form Croatia and a part from surruonding countries”, Geofizika, 15, 53-68, 1998. Nevanlinna, H. “A study on the great geomagnetic storm of 1859: Comparisons with other storms in the 19th century”, Adv. Space Res., 38, 180-187, 2006. Rico Sinobas, M. “Noticia sobre las auroras boreales observadas en España durante el siglo XVIII y parte del XIX”, Memorias de la Real Academia de Ciencias Exactas, Físicas y Naturales ,III (3), 77–91, 1855. Silverman, S. M. and Cliver, E. W. “Low-latitude auroras: the magnetic storm of 14-15 May 1921”, J. Atmos. Solar Terr. Phys., 63, 523535, 2001. Vaquero, J. M., Gallego, M. C. and García, J. A. “Auroras observed in the Iberian Peninsula (1700-1855) from Rico Sinobas’ catalogue”, J. Atmos. Solar Terr. Phys., 65, 677-682, 2003. Vaquero, J. M. and Trigo, R. M. “Auroras observed in Portugal in the late 18th century obtained from printed and manuscript meteorological observations”, Solar Phys., 231, 157-166, 2005. Vaquero, J. M., Trigo, R. M. and Gallego, M. C. “Sporadic aurora from Spain”, Earth Plan. Spa., 59, e49-e51, 2007. Vaquero, J. M. et al “The 1870 space weather event: Geomagnetic and auroral records”, J. Geophys. Res., 113, A08230, doi:10.1029/2007JA012943, 2008. Vázquez, M. , Vaquero, J. M. and Curto, J. J. “On the connection between solar activity and low-latitude aurorae in the period 17151860”, Solar Phys., 238, 405-420, 2006. Vázquez, M. and Vaquero, J. M. “Aurorae Observed at the Canary Islands”, Solar Phys., DOI: 10.1007, 2010.


Fontes (3) OUTRAS PUBLICAÇÕES: Actas das Sessões da Academia Real das Sciencias de Lisboa – vol III, 1849. (Google book) Memorias da Academia Real das Sciencias de Lisboa – tomo II (nova série), 1861. (Google book) Humboldt, Alexander von “Cosmos”, Bohn edit., London, 1848. (Google book) Arago, Dominique F. “Meteorological Essays”, Longmans, London, 1855 (Google book) Lowe, Edward “A Treatise on Atmospheric Phenomena”, Longmans, Nottingham, 1846 (Google book) Annaes do Observatório do Infante D. Luiz, 1870, 1871, 1872. (http://www.idl.ul.pt/sign/anais.html) Giornale di farmacia-quimica e scienze accessorie, 1831. Biblioteca italiana, vol 61, 1831. Revista de la Real Academia das Ciencias Exactas , Físicas y Naturales, 1860 .(site da instituição, http://www.rac.es) Ana Paula S. Correia e José R. Ribeiro "Como Esposende presenciou a aurora boreal de 1938" Farol de Esposende, 5 Setembro 1996

SITES: http://sidc.oma.be/sunspot-data/dailyssn.php - valores do índice de actividade solar http://helios.gsfc.nasa.gov/cme.html - CME, coronal mass ejections http://solar.physics.montana.edu/press/faq.html - CME, coronal mass ejections http://en.wikipedia.org/wiki/Aurora_(astronomy) - auroras boreal e austral http://www.spaceweather.com – imagens de auroras http://pedraformosa.blogspot.com/ - efemérides vimaranenses (Sociedade Martins Sarmento)


Agradecimentos • Ao Professor José Manuel Vaquero, da Universidad de Extremadura, Cáceres, pelo artigo “Auroras observed in the Iberian Peninsula (1700-1855) from Rico Sinobas’ catalogue”. • Ao Dr. António Amaro das Neves, presidente da direcção da Sociedade Martins Sarmento, pelas informações a respeito de auroras boreais observadas em Guimarães. • Ao Dr. Bernardo Silva Barbosa, director do periódico “A Aurora do Lima”, o jornal mais antigo do continente, pelos recortes de notícias sobre auroras boreais.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.