Florianópolis-SC – Março/2020 – N. 152 – Edições A ILHA – Ano 39
passos lentamente. Não olho para a frente, olho para os lados. Uma senhora deixa cair as compras. Passo por ela sem parar. Não paro, mas meus passos são lentos. Quero desligar-me da c onstrução, da pintura... Há uma loja de móveis. Meus passos são lentos, c h e g a m a p a r a r. Ve j o u m e s p e l h o. Serei eu? Eu? Não. Estou sem roupa d e b a i xo, d eve r i a ficar transparente. O que passa pela sua frente, espelho? Serão máquinas
sem roupa de baixo, animais, sons, que mais? Serão latas de tinta...? Não sei, não quero saber. Veja só que coisa engraçada! Um palhaço, não consigo rir. Há alguma máquina trabalhando comigo nisso tudo? Vo l t o - m e p a r a a frente... e... esbarro-me. A construção está logo ali, a pouc os metros de mim. Dirijo meu olhar para o andaime, não há ninguém. Há uma lata de tinta. Antes, há um bar. Volto-me para o bar sentindo... não sentindo nada. Uma
tabuleta indica o resultado da extração de hoje da loteria federal. Vejo números, mas eles nada me indic am, não compro bilhetes da loteria. São máquinas. Volto a caminhar, a lata de tinta não vejo mais, pois não olho para cima. Estou com o pé direito na fachada da construção. De repente... (Primeira parte da novela HORA H, uma sequência de capítulos que podem s e r l i d o s s e p a ra damente, como contos.)
LEIA o Blog CRÔNICA DO DIA
Em http://lcamorim.blogspot.com.br Literatura, arte, cultura, cotidiano, poesia. Todo dia um novo texto: um conto, uma crônica, um artigo, um poema. Leia e comente. Sua opinião é importante para que possamos melhorar o conteúdo. 27