Uttara Gita

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UTTARA GITA A Busca e a Conquista da Unidade e o Caminho para a Libertação Espiritual – O CântiCO Final entre Krishna e arjuna sObre a COmpreensãO de brahma e a uniãO COm O tOdO –Tradução, Introdução e Comentários de Lúcia Helena Galvão P3_UTTARA GITA.indd 3 22/07/22 11:17

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Editor: Adilson Silva Ramachandra Gerente editorial: Roseli de S. Ferraz Preparação de originais: Gilson César Cardoso de Sousa Gerente de produção editorial: Indiara Faria Kayo Editoração eletrônica: Ponto Inicial Design Gráfico Revisão: Luciane Gomide Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Índices para catálogo sistemático: 1. Raja yoga : Filosofia oriental 181.45 Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427

Copyright © 2020 Lúcia Helena Galvão Maya. Copyright © 2022 da edição da Editora Pensamento-Cultrix Ltda. 1a edição 2022.

Uttara gita : a busca e a conquista da unidade e o introdução e comentários de Lúcia Helena Galvão. -- 1. ed. -- São Paulo : Editora Pensamento, 2022. Título original: The Uttara gita ISBN 978-85-315-2231-4 1. Raja yoga I. Galvão, Lúcia Helena.

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A Luís Carlos Marques Fonseca.Sempre. P3_UTTARA GITA.indd 5 22/07/22 11:17

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7 Sumario Apresentação de Elson de Barros Gomes Júnior.......... 9 Prefácio da autora: o Uttara Gita dentro do universo dos “Gita”, e o que são esses textos sagrados ................... 13 Introdução: Uttara Gita – A Iniciação de Arjuna ........... 17 UTTARA GITA ................................................................. 21 Primeira Estância ....................................................... 23 Segunda Estância ....................................................... 43 Terceira Estância ........................................................ 63 Uttara Gita: Comentários sobre o texto por Lúcia Helena Galvão ............................................ 69 O conhecimento de Brahma e a Unidade ..................... 69 P3_UTTARA GITA.indd 7 22/07/22 11:17

8 O conhecimento dos Tattvas e o domínio sobre eles ..... 72 A barca e o desapego .................................................. 76 Pranava: a devoção libertadora ................................... 84 A fricção entre os Aranis e Pranava ............................. 89 Tudo no Uno e o Uno em Tudo ................................... 92 Conclusão ......................................................................... 101 Sugestões de leitura adicional ......................................... 105 Referências bibliográficas ................................................ 109 P3_UTTARA GITA.indd 8 22/07/22 11:17

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As ondas sonoras dessa canção entram na alma. Agora traduzida para o português pela filósofa Lúcia Helena Galvão, que admiro e respeito como uma grande mestra, uma Pandit, uma Rishi dos tempos modernos, que sabe ˜

Apresentacao

Fazer a apresentação de um livro traduzido e comen tado pela professora e filósofa Lúcia Helena Galvão é uma honra incomensurável para quem está aqui aos pés do Himalaia, em território indiano, em estado de êxtase e profunda felicidade, lendo essa magnífica obra, o Uttara Gitta. Recordando minha infância, quando aprendia com meu avô os cânticos do Bhagavad Gita em sânscrito, agora sentindo mais uma canção sagrada em que Krishna ensina Arjuna como compreender Brahma, unindo-se ao todo, já em uma idade adulta e partindo para o fim de uma vida terres tre. Um bálsamo para a compreensão da finitude para a ver dadeira liberdade do Moksha em Samadhi.

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É um dom sobrenatural a didática para os ensinamen tos milenares soprados do Oriente para a compreensão de ocidentais, acostumados a uma linguagem de consumo e de urgência na sobrevivência. Conseguir penetrar muitos mil anos das revelações não deixará a pessoa a mesma de antes dessaGrandesleitura.mestres, de tempos em tempos, encarnam na Terra para iluminar o coração e a mente dos humanos. Essa luz se irradia como uma brisa soprando as velas que impulsionam o barco da jornada de cada um. Muitas vezes essa luz sopra sem atingir o objetivo por falta de compreensão dos ensina mentos. O grande diferencial da mestra Lúcia Helena é que essa luz que ela sopra com sua encantadora didática atinge a todos independentemente do estágio em que cada um esteja. Obras como o Ramayana e o Mahabharata, com o Gita inserido, serão melhor absorvidas graças a essa tradução comentada do Uttara Gita, em linguagem límpida e compreensível. Auspiciosamente, essa mensagem chega agora ao Brasil. Uma seta com o farol na encruzilhada do entendimen to e sentido de uma vida humana. Assim como Helena Petrovna Blavatsky, Jiddu Krishnamurti e Cecília Meireles, que traduziu O Gitanjali de Rabindranath Tagore, a contri buição de Lúcia Helena para a compreensão da sabedoria da

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10 descrever a essência da cultura e sabedoria milenar indiana na linguagem ocidental, de uma forma fluida e compreensível para quem quer sentir o sabor dessa cultura.

– Elson de Barros Gomes Júnior Cônsul-Geral A.H. da Índia em Minas Gerais

11 mãe Índia para o Ocidente cumpre-se em um Dharma ma ravilhoso, que é fazer a ponte entre o Oriente e o Ocidente, ligando as necessidades profundas de um buscador que não conseguia entender o que buscava, por estar em uma linguagem complexa e incompreensível pelo tempo. Em uma ótica que transforma o conhecer em conhecer-se, não como o ego, mas como o TODO, o Atma, e assim vivenciar essa experiência. Na Índia, fala-se que mais vale um grama de prática do que uma tonelada de teoria. O Uttara Gita traz essa compreensão de vivenciar muito além do intelecto, perseguin do a sabedoria real por meio da transcendência da compreen são mental. É como um boneco de sal que entra no oceano e se transforma em oceano, superando as três Gunas no ilimitado e na infinita beatitude. Digo sempre que a mãe Índia é uma ma triarca de sabedoria para o universo, e para entender esse poço inesgotável de sabedoria é preciso ter alma de Shákti, alma do feminino criador, conservador e transformador. Superar Tamas, Rajas e Sattva e se fundir no eterno e ainda ensinar com o espírito de aprendiz. Tornar possível ao leitor moderno penetrar nesse impenetrável mundo de Sat-Chit-Ananda, por meio do Uttara Gita, é uma maravilhosa missão para este mo mento tão carente de verdades transformadoras. Resta-me agradecer à mestra Lúcia Helena Galvão por cumprir este magnífico Dharma. Om Tat Sat.

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Trata-se de uma das obras que relatam um diálogo entre Krishna, oitavo avatar do deus Vishnu, e o príncipe pandava Arjuna, que aqui, diferentemente do Bhagavad Gita,

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omentar um clássico sagrado indiano é sempre uma aventura ousada, e nós nos lançaremos a ela nestes comentários à obra chamada Uttara Gita, dotados sempre da humildade e lucidez necessárias para um em preendimento desse porte.

Prefacio

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O UTTARA GITA dentro do universo dos “Gita” e o que são estes textos sagrados

um grande mestre hindu, no sé culo VI d.C., já comentava o Uttara Gita. Portanto, a obra an tecede essa data, sendo anterior ao próprio Shankarasharia, grande mestre vedantino. Dessa forma, concluímos que deve ter sido redigido em uma época que tem, como tempo limite, o século V d.C., aproximadamente.

vamos falar sobre o nome desse clássico e seu significado: Gita significa canção, cântico, e Uttara significa último; trata-se, então, do último cântico, o canto final. Esse clássico faz parte de uma sequência de obras denominadas Gita, que, em geral, são trechos inseridos em obras maiores. Um exemplo bem conhecido dessa família de cânticos sagrados é o Bhagavad Gita, que integra o Mahabharata, o épico por excelência da Índia. Há outros Gita dentro do mesmo Mahabharata, como o Anugita, sequência do Bhagavad Gita, e outros. Grandes obras indianas, como o outro famoso Itihasa, o épico intitulado Ramayana, costu mam ter o seu ou os seus Gita. Contudo, curiosamente, o Uttara Gita não faz parte de obra alguma. Trata-se de uma obraDiz-seindependente.queGaudapada,

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14 surge idoso e interessado em saber como não retornar mais ao mundo após sua morte, que já vislumbra como um horizonte próximo. Em suma, o tema abordado é o da finitude em contraste com a eternidade, busca permanente do ser humano.Preliminarmente,

No entanto, a tradição desses cânticos é muito antiga e continua até os dias de hoje. Na atualidade, sabemos que existem pelo menos 39 Gitas, entre os quais o Bhagavad Gita, o Ashtavakra Gita e o Avadhoota Gita são bastante populares na Índia. Todos esses Gitas fazem parte integrante das escrituras sagradas hindus e foram compostos nos tem pos antigos. O mais novo deles, Nisargadatta Gita, o qua dragésimo Gita, foi composto já no século XXI.

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O livro é composto por três estâncias ou capítulos pou co extensos. Trata-se de uma leitura relativamente complexa para quem não está familiarizado com a nomenclatura reli giosa hindu, com seus nomes em sânscrito e muitos termos pertencentes à sua tradição. Ainda assim, é uma obra que vale a pena ler e estudar como um instrumento filósofico para vermos a nós mesmos, e à vida, como uma grande jornada de autoconhecimento e contínua transformação espiritual.

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Relembramos que muitas dessas obras são eloquentemen te transmitidas pela tradição oral antes de chegar à forma es crita; por isso, talvez tenham uma antiguidade ainda maior. Então, o nome Uttara Gita faz referência ao último cântico, dentro da mesma ideia: um diálogo entre Arjuna e Krishna. Ele ocorre no momento em que Arjuna já é maduro, já viveu toda a sua vida; toda a sua experiência no mundo já foi recolhida e ele volta à presença de Krishna com uma pergunta: como poderá ele, ao morrer, livrar-se do processo de reencarnação e unir-se a Brahma, ao grande mistério do Universo, ao Uno.

De acordo com essa história, enquanto desfrutava da ri queza e do poder de seu reino, Arjuna se apegou ao mundo materialista; mais tarde, porém, à medida que envelhecia, o desapego despertou nele, mostrando-lhe que agora seria li berado imediatamente da Roda de Samsara, o contínuo fluxo de mortes e renascimentos das nossas encarnações. O início e o fim abruptos do texto sugerem que ele talvez tenha sido composto como uma obra auxiliar. Mas também é classifica do como texto independente, isto é, um texto não relaciona do a qualquer épico ou Purana conhecidos até hoje. Convido-os, então, para a leitura deste texto fundamental, com toda as reverberações no campo das reflexões e conclusões que ele pode gerar na vida do observador mais atento, entregue a uma leitura meticulosa. Desejo-lhe uma boa e produtiva leitura.

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–Lúcia Helena Galvão, verão de 2022

Introducao

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Detalhadamente, Krishna vai explicando desde a mecani cidade da composição e decomposição dos veículos diante da morte até a necessidade de identificação com o Uno que, con quistada em vida, faz com que o retorno a este mundo, com suas ilusões e desejos já extintos, não seja mais necessária.

Aqui, narra-se as inquietudes do príncipe Arjuna, já maduro, muitos anos após a épica batalha descrita no Bhagavad Gita. Sentindo aproximar-se o fim de sua vida, Arjuna submete a Krishna suas dúvidas sobre o ato de morrer, suas intercorrências e como é possível não mais voltar a encarnar neste mundo.

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– A Iniciação de Arjuna –

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A leitura anterior do Gita mostra-se importante para esta belecer as bases de compreensão desse peculiar diálogo entre um nobre e um deus, ou entre aquilo que há de mais elevado no humano e o que há de mais plausível no divino, ambos ten do como sede a própria essência do homem.

o leitor encontrará um conjunto de práticas e posturas mentais e físicas para que a morte possa pro vocar a fusão da consciência individual com o Uno. A segunda estância oferece uma visão da “anatomia esotérica” do homem, com todas as energias e canais que, quando o candidato está pronto, podem elevá-lo ao máximo de suas possibilidades; a terceira estância vai reiterar a inutilidade de leituras sagradas e práticas para aquele que não conhece e supera o mundo, com seus apetites e apelos, até se fundir na Realidade Única.

** São Paulo, Pensamento, 2a edição, 2020.

Meu contato com essa obra ocorreu dentro de um ci clo de pesquisas e leituras de obras relacionadas ao processo da morte segundo antigas tradições; O Livro Egípcio dos Mortos* (recensão de papiros por E. A. Wallis Budge) e O Livro Tibetano dos Mortos** (Bardo Thödol) haviam deixado impressões fortes e uma linha geral de pensa mento permeada por dúvidas. Nesse sentido, a precisão e a objetividade de conceitos do Uttara Gita foi um apoio imprenscindível.Naprimeiraestância,

* São Paulo, Pensamento, 1985 (fora de catálogo).

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Trata-se de uma leitura que, como dizemos popu larmente, “mostra o caminho das pedras” da evolução hu mana, desdenhando de todas as ilusões e autoenganos e colocando em foco o essencial: a postura de consciência a ser alcançada. Mais uma joia entre os Gita, esta é uma obra que não deixa seu leitor, se predisposto a tanto, no mesmo ponto consciencial em que encontrou. – Lúcia Helena Galvão, verão de 2022

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