



Copyright © 2022 Josué Limeira (texto)
Copyright © 2022 Vladimir Barros (ilustração)
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edição geral e preparação de texto Sonia Junqueira revisão André Figueiredo Freitas projeto gráfico Vladimir Barros diagramação Christiane Costa
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Limeira, Josué
A revolução dos bichos em cordel / Josué Limeira ; ilustrador Vladimir Barros. -- Belo Horizonte : Yellowfante, 2022.
ISBN 978-65-88437-86-5
1. Cordel - Literatura infantojuvenil 2. Orwell, George, 1903-1950 I. Barros, Vladimir. II. Título. 21-85480 CDD-028.5
Índices para catálogo sistemático:
1. Cordel : Literatura infantil 028.5
2. Cordel : Literatura infantojuvenil 028.5 Eliete Marques da Silva - Bibliotecária - CRB-8/9380
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A YELLOWFANTE É UMA EDITORA DO GRUPO AUTÊNTICAA nossa dedicatória Vai pra quem sempre lutou Pela paz e o bem-estar E com o coração doou Tempo pra humanidade, Buscando a liberdade Contra todo opressor. E de forma especial, Dedicamos esses versos A quem, neste universo, Trata bem os animais, Faz isso de coração, Tornando-se um vencedor Com tantas belas conquistas. Um Viva! Aos idealistas Da revolução do amor.
Josué Limeira / Vladimir BarrosUma adaptação da obra de George Orwell.
9 1. A reunião
12 2. A revolução
20 3. A colheita e a criação dos comitês
28 4. A batalha do estábulo
36 5. O golpe
44 6. A construção do Moinho de Vento
54 7. As confissões
62 8. A batalha do Moinho de Vento
74 9. A República da Granja dos Bichos
88 10. Todos os animais são iguais
Oqueo leitor tem em mãos não é apenas um livro, mas uma verdadeira obra de arte cunhada com as técnicas tradicionais da literatura de cordel. Uma obra que ultrapassou gerações, fomentando ideais e idealizando princípios. Um obra que, tratada com louvor pela própria história, é, agora, (re)tratada com a sensibilidade de um cordelista.
Não há dúvidas sobre o poder transformador das letras e da literatura. O poeta é um mensageiro das palavras, capaz de fazer com que o leitor mergulhe em um universo fantástico e único. Josué Limeira é um poeta. Brindou-nos com a obra de Antoine de Saint-Exúpery, O Pequeno Príncipe (1943), dando-lhe moldes populares através da métrica e da cadência: surgiu, assim, O Pequeno Príncipe em cordel, livro finalista no 58º Prêmio Jabuti, em 2016, e merecedor de destaque na mídia e nas livrarias. Reconhecimento merecido, porque Josué Limeira tem uma identidade, uma marca. Sua poesia tem a leveza necessária para conquistar o leitor e é dotada de um dinamismo brilhante que imanta do princípio ao fim a obra adaptada.
George Orwell escreveu o seu A Revolução dos Bichos (Animal Farm) no ano de 1945, no contexto social opressor em que a União Soviética entrara com Josef Stalin e o início da Guerra Fria. Sucesso de vendas ainda nos tempos atuais, o livro traz uma grande e importante mensagem para a sociedade. Na reescrita, é impressionante a dinâmica, a técnica e o desvelo que Josué Limeira imprime à narrativa em versos. Fiel à mensagem original, o poeta, com sua habitual ousadia e habilidade, cria uma nova obra, um novo livro. Surge, então, um novo A Revolução dos Bichos, uma apreciação receptiva e histórica de um poeta do povo. A literatura de cordel não se resume apenas aos “livrinhos de feira”, como muitos a conceituam erradamente. Ela é, na verdade, um universo de arte no qual se trans -
figura, com competência, determinada narrativa em outra com métrica, cadência e simplicidade perfeitas, perfeitamente cadenciada e grandiosamente simples. O poeta Josué Limeira faz isso com a habilidade de quem é detentor do entendimento da construção desse gênero poético, e isso faz com que a obra de George Orwell ganhe outro brilho.
São dois autores e duas obras que, obras que, de culturas desiguais, convergem na beleza e na originalidade. Tempos diferentes, estilos variados e propostas heterogêneas, mas que conduzem os leitores a um admirável e formidável resultado final: uma história singular moldada pela inspiração e sensibilidade de seus autores.
Dessa forma, faz-se necessário encerrar por aqui este breve prefácio para, avidamente, nos aprofundarmos em uma leitura importante, fascinante e provocadora e conhecermos o universo surpreendentemente sensível de Josué Limeira.
FELIPE JÚNIOR
Poeta e professor em Recife




Nas terras da Inglaterra Lá na Granja do Solar, O dono, o Sr. Jones Vivia a se aperrear. Dos animais judiava, Da granja se descuidava E a crise chegou por lá.
Os bichos, em certa noite Marcaram uma reunião. Esperaram o Sr. Jones Entrar no seu casarão. Ele estava embriagado E com a cerveja do lado Seguia com o lampião.
Fechou o seu galinheiro Mas esqueceu das vigias. Atravessou todo o pátio, O sol desaparecia. Tirou a bota do pé. Na cama, sua mulher, Ressonando, já dormia.
Desligou a luz do quarto E foi logo se deitar. De repente, um alvoroço Começou a se instalar. Os bichos, lá no celeiro, Esperavam o fazendeiro Finalmente cochilar.
Correra durante o dia Um boato esquisito: Que o porco Major sonhou E estava meio aflito. Seu sonho iria contar E com os bichos conversar, Revelando seu conflito.
revolução dos bichos
Com 12 anos de idade, Já bastante corpulento, O porco velho, Major, Recostado em seu assento, Era muito respeitado, Por todos, admirado, Por ser sábio e de talento.

Os bichos foram chegando, Os três cachorros primeiro, Porcos, vacas e galinhas, Tudo isso no celeiro. Ovelhas, pombas e patos E veio também um gato, Chegando por derradeiro.
Sansão veio com Quitéria, Dois cavalos de tração. Maricota, a cabra branca, E o bode Julião, Muito bom em cantoria, Pena que muito fedia E era brabo como o Cão.
Veio Benjamim, o burro, O animal mais idoso. Nunca ria e mal falava: Era bicho cuidadoso. Mimosa, a égua branca, Vaidosa, botando banca Veio rebolando o dorso.
Todos estavam presentes, Mas tinha uma exceção: Era o corvo Moisés, Animal de estimação, Que fora domesticado, Dormia fora, afastado, Lá na casa do patrão.
Depois de acomodados, Major se pôs a falar: – Camaradas, o meu sonho, No final eu vou contar. Mas agora, camaradas, É sobre minha jornada Que eu quero conversar.

– Não viverei muito tempo E tenho a obrigação De falar sobre esta vida, Pois fiz a reflexão Na solidão da pocilga. Uma coisa me intriga Nesta dura e vil missão.
– Que sentido tem a vida? Vejam a realidade: Nossa vida é miserável, Curta e de dificuldades. Trabalhamos todo dia Até morrer em fatias No cutelo da maldade.
– Nosso alimento é pouco, Nosso trabalho é forçado. Nenhum animal na Inglaterra É feliz, livre ou amado. Vivemos na escravidão, E sabem qual a razão? O tal do homem malvado.
– O nosso solo é fértil, E o clima é agradável. Viver aqui na Inglaterra Deveria ser saudável, Mas temos um inimigo. Não esqueçam o perigo Desse ser desagradável.
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