Pintando poesia

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Neusa Sorrenti

Poemas inspirados em telas de José Heleno Sorrenti

Copyright © 2008

Neusa Sorrenti – Texto

José Heleno Sorrenti – Telas

Copyright desta edição © 2019 Editora Yellowfante

Todos os direitos reservados pela Editora Yellowfante. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos, eletrônicos, seja via cópia xerográfica sem a autorização prévia da editora.

concepção e edição geral Sonia Junqueira

edição de arte

Norma Sofia – NS Produção Editorial Ltda. FotograFia Daniel Mansur revisão Marta Sampaio

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Sorrenti, Neusa

Pintando poesia / Neusa Sorrenti ; poemas inspirados em telas de José Heleno Sorrenti. – 3. ed. – Belo Horizonte : Editora Yellowfante, 2019. ISBN 978-85-513-0675-8

1. Poesia - Literatura infantojuvenil

2. Sorrenti, José Heleno I. Sorrenti, José Heleno.

II. Título.

19-30177 CDD-028.5

Índices para catálogo sistemático:

1. Poesia : Literatura infantil 028.5

2. Poesia : Literatura infantojuvenil 028.5

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A YELLOWFANTE É UMA EDITORA DO GRUPO AUTÊNTICA

Neusa Sorrenti

Poemas inspirados em telas de José Heleno Sorrenti

3ª edição

Para nossos pais, Cecília Michetti e Nico Sorrenti, esta canção a quatro mãos.

Pintar poesia Escola rural Afinação Haicais Festa no arraial O contador de histórias Choro de telha Imigrantes Menino do carro de boi Yabiru Manhã no povoado Galope combinado O tamanho do mundo Mulinha ciumenta Minha terra sem palmeiras Vida de gado Primeiro amor Congado Dia das compra Rio da encosta Fazer versos Biografias Epígrafes 39

Com letras de fogo eu pinto um poema de alma aldeã.

Estrofes têm tintas que alternam calor de febre terçã.

Às vezes, tão fortes!, tatuam na vista penas de jaçanã.

O verso é uma flor, granada de seda, tal qual a romã suspensa no galho, exposta ao tempo, fruta temporã.

Palavras são grãos de um tom encarnado cortando a manhã.

O poema é o galho que prende mistérios feito um talismã

chamando o leitor pra compartilhar tão árduo afã

de lutar com as palavras – que o Poeta avisou ser a luta mais vã.

No entanto, poeto – com as tintas que tenho e amor de artesã.

Há um menino, há um moleque morando sempre no meu coração. Toda vez que o adulto fraqueja ele vem pra me dar a mão (Milton Nascimento e Fernando Brant)

O salão grande, varrido com vassoura de alecrim, se apronta todo cheiroso pra receber os meninos que pulam como arlequins.

Crianças de todo lado chegam nas asas do vento. São como flores do campo: rudes, belas e atentas, mastigando o pensamento.

Pés meio sujos de barro, roupa lavada com anil e um cheirinho faceiro que a gente sente, de longe como o das rosas de abril.

A mestra faz cara séria. Ronda os bancos, prende o ar ao ver as mãos vacilantes, errantes, na folha branca, tentando fazer o A. No recreio, farelinhos das broinhas de fubá brilham entre arcos e cordas com as bolinhas de gude até o sino tocar.

Quem me dera se eu pudesse percorrer a mesma estrada, voltar ao salão da escola pra ter medo do ditado e sofrer com a tabuada...

Na madrugada, o luar tem poesia. O seresteiro não tem hora pra chegar, ninguém se importa se começa um novo dia, pois qualquer hora é hora boa pra cantar!

(Geraldo Magela Pereira)

Um galo no meio da tarde desenha o tom do mormaço.

Seu peito arranha o vento com longas penas de aço.

Caminha amassando o verde com esporas de capitão.

A crista rubra reflete fiapos do sol no chão.

Depois se acomoda na noite como um cachorro de rua.

Por fim, afina seu canto com o diapasão da Lua.

Vê, estão voltando as flores.

Vê, nessa manhã tão linda.

Vê, como é bonita a vida.

Vê, há esperança ainda. (Paulo Soledade)

Margaridas choram no jardim abandonado: saudades do dono.

Violetas em bando vêm brincar de primavera com o vento de outono.

As flores desenham os arabescos da vida: chegada e partida.

Flores indecisas entre o amarelo e o vermelho consultam o Sol.

Felicidade foi-se embora e a saudade no meu peito ainda mora. E é por isso que eu gosto lá de fora, porque sei que a falsidade não vigora.

As festas de Sant’Ana foram embora e meu olhar teimoso ainda procura aquela barraquinha que é saudade das prendas carregadas de ternura.

Que faço da lembrança das meninas, do forró, da sanfona e do clarão da Lua, lá no céu, brilhante ilha, iluminando a estrada do sertão?

O som de uma viola ouço baixinho, ponteada bem pras bandas da porteira, porque agora é outro o meu caminho.

Já distante, a modinha se calou. Meu Deus, por que as férias são tão curtas e a gente não esquece o que passou?

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