Nenhum texto de Freud foi traduzido de maneiras tão diferentes. Em português, “Das Unheimliche” já foi traduzido como “O estranho” e, mais recentemente, como “O inquietante”; já em outras línguas, como equivalentes a “A inquietante estranheza”, “O inquietante familiar”, “O sinistro”, “O ominoso”, “O perturbador” etc. Essa simples enumeração nos mostra o desafio de traduzir o intraduzível. Na presente edição, o leitor tem em mãos uma tradução não apenas original, mas também ousada e rigorosa: O infamiliar. O “infamiliar” não é resultado da fidelidade à língua de partida, mas, ao contrário, a uma marca visível da impossibilidade da tradução perfeita. Desse modo, não deixa de ser também uma “intradução”, que, em vez de esconder o problema da inevitável equivocidade da tradução, o faz vir à tona.