Formação de formadores – Reflexões sobre as experiências da Licenciatura

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Desde a origem dos prólogos na história do teatro grego, onde a tragédia era anunciada por uma personagem que em forma de diálogo ou monólogo fazia a exposição do tema da tragédia, ou a apresentação dos elementos precedentes ou elucidativos da trama a ser desenvolvida, até os sinônimos atuais de preâmbulo, prefácio, pródomo, prelúdio, proêmio, que aparecem em trabalhos de caráter científico, mantém-se uma regularidade que é considerar a lógica de raciocínio para tratar do objeto, do tema, da problemática na história, real e concreta. Entram aí os precedentes históricos. Ao contrário do epílogo, que anuncia o final da trama, o prólogo tem a responsabilidade de anunciar o surgimento do escrito, e principalmente que contribuição ele traz para a luta de classes. É isso que encontramos no Prefácio de Marx à 2ª edição de 1869 da obra O 18 de Brumário de Luís Bonaparte (Marx, 2011). Da mesma forma, Engels, ao escrever o Prefácio ao livro A situação da classe trabalhadora na Inglaterra (2008), escrito em 1845, inicia anunciando o objeto e o que foi obrigado a se dedicar, em particular, para tratar da história social da Inglaterra, a saber, “a situação da classe operária, porque ela é a base real e o ponto de partida de todos os movimentos sociais de nosso tempo, porque ela é, simultaneamente, a expressão máxima e a mais visível manifestação de nossa miséria social” (p. 41). Nesse prefácio, Engels destaca que o conhecimento dos fatos é uma necessidade imperiosa. Nesse sentido, portanto, destaco como precedentes históricos desta obra que agora chega as suas mãos, escrita por este destacado elenco de autores, o fato de que a Educação do Campo, considerando o conteúdo do Dicionário de Educação do Campo, organizado por Roseli Caldart, Isabel Pereira, Paulo Alentejano e Gaudêncio Frigotto: […] nomeia um fenômeno da realidade brasileira atual, protagonizado pelos trabalhadores do campo e suas organizações, que visa incidir sobre a política de educação desde os interesses sociais das comunidades camponesas. Objetivo e sujeitos a remetem às questões do trabalho, da cultura, do conhecimento e das lutas sociais dos camponeses e ao embate (de classe) entre projetos de campo e entre lógicas de agricultura que têm implicações no projeto de país e de sociedade e nas concepções de política pública, de educação e de formação humana. Como conceito em construção, a Educação do Campo, sem se descolar do movimento específico da realidade que a produziu, já pode configurar-se como uma categoria de análise da situação ou de práticas e políticas de educação dos trabalhadores do campo, mesmo as que se desenvolvem em outros lugares e com outras denominações [Povos Tradicionais, quilombolas, indígenas, ribeirinhos, caiçaras, povos da floresta, das águas, dos atingidos por grandes obras, extrativistas]. E, como análise, é também compreensão da realidade por vir, a partir de possibilidades ainda não desenvolvidas historicamente, mas indicadas por seus sujeitos ou pelas transformações em curso 10

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