FILO
“É preciso, para começar, descrever o essencial do dispositivo. O dispositivo é um edifício. O edifício é circular. Sobre a circunferência, em cada andar, as celas. No centro, a torre. Entre o centro e a circunferência, uma zona intermediária. Cada cela volta para o exterior uma janela feita de modo a deixar penetrar o ar e a luz, ao mesmo tempo que impede ver o exterior – e para o interior, uma porta, inteiramente gradeada, de tal modo que o ar e a luz cheguem até o centro. Desde as lojas da torre central se pode então ver as celas. Em contraposição, anteparos proíbem ver as lojas desde as celas. O Panóptico não é uma prisão. É um princípio geral de construção, o dispositivo polivalente da vigilância, a máquina óptica universal das concentrações humanas.”
JEREMY BENTHAM O Panóptico
das mais óbvias) que o livro terá um interesse primário, mas ele desperta a atenção também do cidadão e da cidadã em geral, sitiados que estão pelos avatares contemporâneos dessa forma de controle e vigilância total instituídos pelo modelo de O Panóptico.
Jeremy Bentham
O PANÓPTICO
Jacques-Alain Miller
JEREMY BENTHAM (1748-1832), jurista
inglês, era também economista e filósofo. É conhecido principalmente por sua filosofia moral, sendo considerado o fundador do utilitarismo, doutrina que pregava reformas políticas e sociais e que avaliava ações com base em suas consequências. Suas ideias exerceram grande influência no desenvolvimento do liberalismo político e econômico. Foi numa viagem à Rússia, onde morava um irmão engenheiro, que Bentham iniciou as pesquisas que dariam origem ao panóptico. Sua ideia era que se fizesse uma reforma do sistema penitenciário, então obsoleto, e para isso planejou um edifício destinado a ser a nova prisão modelo.
ISBN 978-85-513-0492-1
Organização e tradução 9 788551 304921
www.autenticaeditora.com.br
Tomaz Tadeu
Jeremy Bentham, filósofo utilitarista inglês do século XVIII, descreve em O Panóptico o projeto de uma construção carcerária que se fundamentaria no “princípio da inspeção”, segundo o qual o bom comportamento dos presos seria garantido se eles se sentissem continuamente observados. A melhor maneira de se obter essa vigilância contínua seria pela arquitetura. Para isso, Bentham previa a construção de dois edifícios circulares concêntricos: no edifício exterior ficariam as celas dos presos, construídas de forma a estarem constantemente abertas à vigilância de inspetores situados na torre central, localizada no círculo interior. O Panóptico tornou-se, desde a análise que dele fez Foucault em Vigiar e punir, o paradigma dos sistemas sociais de controle e vigilância total. Em O Panóptico, o controle se faz por meio da visibilidade total e permanente das pessoas a serem controladas. Mesmo que o panóptico apareça, hoje, sob a forma de câmeras por toda parte, por exemplo, seu princípio continua plenamente ativo. Ainda que apenas como metáfora, ele não perdeu sua atualidade. Daí a importância deste livro, que traz, além das cartas que constituem o principal texto de Jeremy Bentham sobre o projeto, três ensaios fundamentais: “A máquina panóptica de Jeremy Bentham”, de Jacques-Alain Miller; “O inspetor Bentham”, de Michelle Perrot; e “Potemkim e o Panóptico: Samuel Bentham e a arquitetura do absolutismo na Rússia do século XVIII”, de Simon Werrett. As amplas implicações do panóptico e as formas de controle social contidas nas novas tecnologias (internet, circuitos de vigilância, câmeras escondidas, celulares) renovam o interesse pelo tema do panopticismo. É para os estudiosos e estudantes das áreas de História, Educação, Sociologia, Direito, Comunicação e Filosofia (para falar apenas