Como eu imagino você

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– Seria muito idiota falar que eu nunca vi esse cara na minha vida antes, né? Mais silêncio. – Pelo amor de Deus, fala alguma coisa! – imploro. – O que você quer que eu fale?! – Sei lá, você sempre sabe o que dizer! Se eu pudesse enxergar, diria que Lucas está sorrindo. – Vamos com calma. Você sonhou com um cara que não conhece. Sei lá, isso não acontece com todas as pessoas do mundo, mas também não é nada de muito anormal, entende? Deve ser alguma memória que ficou presa na sua cabeça, algo que volta de vez em quando. O simples fato de você ter pensado muito no cara depois da primeira vez que sonhou, porque eu sei que você fez isso, já te deu motivos para voltar a sonhar com ele. Meu amigo está certo. Respiro fundo. – Ele é bonito, pelo menos? – Lindo. Aparentemente, seu único defeito é apenas existir nos meus sonhos – respondo. Passamos mais algum tempo conversando sobre trivialidades, sentados perto da água, onde poucas pessoas circulam. Sou branquela demais e sei que depois de hoje estarei totalmente vermelha por causa do sol forte. A marca da minha regata permanecerá por um longo tempo no meu corpo. – Já está tarde e você precisa me salvar – falo depois de algum tempo. – O que é agora, Cinderela? – Mamãe teve a brilhante ideia de chamar um cara para cuidar das flores da minha avó exatamente no dia em que ela resolve viajar. Você sabe sobre o meu pânico de ficar sozinha em casa com estranhos, então estou intimando você para quebrar o galho. – Não posso, Lena. Já tinha combinado de ajudar meu pai na loja hoje. Deveria ser proibido trabalhar no sábado. Sem esperança, termino dizendo: – Deveria ser proibido deixar cegas sozinhas com estranhos.

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