Marcos Bagno
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A produção deste livro mostrou-nos que escrever para professores exige muito mais do que reflexão e disciplina: vimos que é necessário compartilhar, no sentido de ter parte e também de tomar parte. Dessa forma, o desafio foi fazer o exercício de compartilhar o conhecimento acadêmico que temos e, ao mesmo tempo, apoderar, tomar parte do cotidiano da sala de aula. A proposta deste livro é que ele não apenas se aproxime do leitor-professor, mas que possibilite intensificar o diálogo entre a produção acadêmica e o fazer docente.
L etramento
Alfabetização e letramento são atualmente temas recorrentes na produção acadêmica e na produção editorial voltada para a área da Educação. Entretanto, vale questionar: quais têm sido os diálogos possíveis entre esses temas e as práticas de professores alfabetizadores? Foi esse o mote que nos levou a propor esta nova coleção do Ceale, Alfabetização e Letramento na Sala de Aula, a qual aborda temáticas que tangenciam o cotidiano dos professores. Assim, este primeiro volume da coleção trata de assuntos como: planejamento escolar, avaliação diagnóstica, interação na sala de aula e letramento literário.
[A lfabetização
Os artigos reunidos neste volume se encaminham precisamente na direção de identificar e conectar os fios capazes de unir alfabetização e letramento num único esforço teórico-prático de constituição de um saber e de um agir efetivo contra as disparidades sociais ainda tão profundas no Brasil, que separam numa hierarquia injusta os que têm pleno domínio dos recursos da cultura letrada daqueles que não o têm e dos quais, porém, num flagrante parodoxo, esse domínio é incessantemente exigido.
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Desenvolvida no campo das pesquisas antropológicas, a noção de letramento logo se revelou importantíssima para outras áreas de conhecimento e, sobretudo, para a teoria e a prática pedagógicas. Afinal, a introdução da escrita na vida dos indivíduos e dos grupos sociais causa profundo impacto e lança uma grande responsabilidade sobre aqueles que a promovem. Daí a importância de conjugar as ações de alfabetização – a aquisição da tecnologia do saber escrever/ler – com a promoção contínua do letramento – o uso socialmente situado dessa tecnologia e seu poder de intervenção na vida do cidadão e das comunidades.
1 Alfabetização e Letramento na sala de aula
No Brasil, os estudos sobre letramento, embora relativamente recentes, já têm produzido importantes frutos teóricos e práticos. É possível dizer que, atualmente, todos os programas e políticas importantes de ensino de língua trazem a marca desses estudos. Mais recente ainda, porém, é a busca de interlocução efetiva entre os conceitos de alfabetização e de letramento, uma interlocução necessária para a promoção de um ensino de língua efetivamente capaz de inserir os aprendizes no tipo de cultura que é a nossa contemporânea, uma cultura eminentemente letrada.
ISBN 978-85-7526-354-9
Centro de alfabetização, leitura e escrita – FaE / UFMG
quando, o quê, de que maneira, com que objetivos sociopolíticos, com que expectativas, com quem e para quem ler e escrever.
Alfabetização e letramento na sala de aula Maria Lúcia Castanheira Francisca Izabel Pereira Maciel Raquel Márcia Fontes Martins (Orgs.)
Poderíamos traçar aqui, talvez, um paralelo com a ampliação, também ocorrida no domínio da antropologia, da noção de competência lingüística (o conhecimento intuitivo que todo falante tem do funcionamento de sua língua materna) para a de competência comunicativa: a ativação desse conhecimento lingüístico em diferentes situações e contextos de interação social por meio da linguagem. Assim, não basta saber “a língua”, é preciso aprender a usar essa língua como atividade de inter-relação e de transformação social. De igual modo, não basta “saber ler e escrever”, é preciso aprender onde,
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