se surpreenda o leitor caso venha “a seNãoidentificar, em mais de um momento,
C a m p o s D e C a r va l h o | A l u a v e m d a Á s i a
com esse insano andarilho, que candidamente se confessa falsário, ladrão, mentiroso, assassino e também vítima inocente da opressão universal, sempre movido, ao mesmo tempo, por compaixão e perversidade, sonho e miséria. Carlos Felipe Moisés Poeta e crítico literário
”
Muitos críticos citam, a propósito de “Campos de Carvalho, o exemplo de Henry Miller. É uma aproximação bastante pertinente, embora lateral. Em Campos de Carvalho, há veios subterrâneos que escapam às influências de um romancista. Pessoalmente, gostaria de aproximá-lo a Swift. Mas este é um assunto crítico. Swift ou Miller, ou Swift e Miller, Campos de Carvalho adquiriu autonomia e substância para ser ele mesmo, com o seu inclemente testemunho. Carlos Heitor Cony Escritor
“Aos dezesseis anos matei meu professor de Lógica. Invocando a legítima defesa – e qual defesa seria mais legítima? –, logrei ser absolvido por cinco votos contra dois, e fui morar sob uma ponte do Sena, embora nunca tenha estado em Paris.
”
”
de Carvalho zombou de tudo o “queCampos lhe pareceu estúpido e cruel, fazendo da vida de cada um de seus narradores, em cada um de seus livros, um poema onde se pode ler, sem atenuantes, o absurdo. Juva Batella Escritor
”
ISBN 978-85-513-0088-6
9 788551 300886
Campos De Carvalho
A lua vem da Ásia
A lua vem da Ásia, romance emblemático de Campos de Carvalho (1916-1998), completa agora 60 anos e permanece atual, vibrante, único. Esta obra-prima da literatura brasileira ousou ser diferente num momento em que ser diferente era muito mais difícil. Surrealismo, humor nonsense, rebeldia, combate à hipocrisia e ao establishment são seus principais ingredientes. A narrativa, uma pseudobiografia em forma de diário, abriga as reminiscências de um herói bufão que vive em um hotel com um quê de claustro burlesco. Os funcionários do estabelecimento são sentinelas risíveis; o maître ministra sopas e banhos aos hóspedes; o gerente é aficionado por disciplina e horários; sua esposa aplica injeções em quem encontra pela frente; para evitar ladrões, grades nas janelas. Hotel de luxo, campo de concentração, mas, na verdade, um hospital de alienados. Aqui o nonsense, embora delicioso, é só um pretexto: o que se pretende é a representação da realidade crua à qual tentamos inutilmente escapar, evidenciando o absurdo da existência e a vida bruta que expõe suas vísceras. Campos de Carvalho não transigiu um milímetro no propósito de aliar a um profundo sentimento humanista a implacável lucidez de quem desconfia e sabe que o mundo se finge de sério. E isso importa muito. Noel Arantes Doutor em Literatura pela Unicamp e professor universitário